RITMOS BIOLÓGICOS Cronobiologia: disciplina que estuda os ritmos biológicos Ritmos a) Circadianos: vigília-sono (periodicidade em torno de 24h) b) Infradianos: batimento cardíaco (periodicidade < 24h) c) Ultradianos: ciclo menstrual, ciclo das marés (periodicidade > 24h) Marcapassos: osciladores primários, que exibem ritmicidade geneticamente determinada, auto-sustentada, endógena, mesmo na ausência de pistas temporais externas (= relógio biológico). EX: pessoas mantidas em cavernas por períodos de várias semanas ou meses continuam dormindo e acordando com uma periodicidade de aproximadamente 25h! Natureza rítmica dos processos biológicos Relógio ambiental =temporizador externo A privação de temporizadores externos (ritmo claro-escuro) não abole e nem desorganiza o ciclo vigília-sono, ainda que fique um pouco defasado. ZEITGEBERS Vias eferentes Vias aferentes Temporizador externo Claro-escuro Duração do fotoperíodo Órgão fotossensível Trato retinohipotalâmico Ritmos Biológicos Temporizador interno Relógio biológico SNC Núcleosupraquiasmático (HIPOTÁLAMO) Outras áreas do SNC Órgãos efetuadores Ritmos circadianos Glândula Pineal Ritmos infradianos Relógio Biológico Mecanismos neurais da ritmicidade Núcleo supraquiasmatico (NSQ) : Relógio biológico AFERÊNCIAS Retina (Trato retino-hipotalamico) EFERÊNCIAS Outros núcleos do hipotálamo Tálamo O NSQ cicla mesmo quando as conexões neurais são eliminadas ou quando os núcleos são mantidos em cultura e possui um ritmo próprio. Porem pode se sincronizar aos ritmos ambientais externos como as oscilações fotoperiodicas. Lesão no NSQ: abole o ciclo vigília-sono e vários outros ritmos Glândula pineal: sintetiza e libera a melatonina GÂNGLIO CERVICAL SUPERIOR (neurônio pós-ganglionar) HIPOTÁLAMO RETINA NSQ N. paraventricular Trato retinohipotlamico MEDULA TORACICA Coluna intermédio lateral (neurônio pre-ganglionar) Durante o dia, a retina estimula o NSQ cujos neurônios são inibitórios. Como conseqüência, os neurônios do núcleo paraventricular deixam de estimular os neurônios pré-ganglionares simpáticos da medula e a produção de melatonina é baixa durante o dia (ou quando o fotoperiodo é longo). A noite, acontece o contrário e a concentração de melatonina aumenta. O seu aumento induz o sono. RETINA SNA simpático HIPOTÁLAMO + NSQ N. paraventricular - pré-ganglionar + EPITÁLAMO pós-ganglionar + Gl. pineal + Diminuição da luz Diminuição do efeito inibitório do NSQ Liberação do SNA simpático Melatonina Indução do sono Primavera/Verão Outono/Inverno Regressão Gonadal parada de postura Ciclo vigília-sono Por que dormimos? - Não sabemos direito mas a sua privação causa muitos transtornos. O que é sono? - Perda reversível do estado de consciência - Estado de limiar reduzido aos estímulos ambientais, postura estenotipada (deitado e de olhos fechados) e período de reduzida atividade motora - Experiências oníricas = sonho Caracterização do sono 1) Comportamento 2) Atividade cerebral (Eletroencefalograma – EEG) 3) Atividade muscular (Eletromiograma – EMG) 4) Movimentos oculares (eletro-oculograma – EOG) 5) Atividades viscerais (FC, Pa, FR, etc) Não dormir ou dormir mal: dificuldades para realizar atividades cognitivas Medicina do trabalho Nível da atenção VIGILIA Atenção Estado Consciente Fases do sono SONO Estado Inconsciente 100% Desempenho Comportamental Nível máximo de atenção Sono Coma Vigília Nível de atividade cortical Euforia Quando dormimos somos “desligados” de uma vez. E quando acordamos também. Haverá um sistema geral atenuador/ativador do córtex? Sistema de modulação difuso Características dos neurônios - Origem no tronco encefálico; - Cada neurônio influencia uma grande quantidade de células pós-sinápticas em diferentes regiões do SNC - Os NT são liberados no fluido extracelular ao invés de numa fenda sináptica; - Os receptores dos NT são metabotrópicos - A velocidade de transmissão nervosa é muito baixa. SARA Cerebelo Impulsos visuais FORMAÇÃO Tronco RETICULAR Encefálico Impulsos auditivos Medula Vias ascendentes Vias descendentes Que mecanismos estão envolvidos no processo de alternância entre os estados de vigília e sono? Já que dormimos de uma vez haveria um sistema atenuador/ativador geral de todo o sistema nervoso central? Há um sistema modulador das atividades corticais? O sistema de modulação difuso Participação no ciclo O sistema de modulação difuso Alterações do estado de consciência CONSCIÊNCIA: capacidade de reconhecimento da realidade externa e interna e a capacidade de responder aos estímulos: refere-se ao grau de vigília que se encontra uma pessoa. ALTERAÇÕES DO ESTADO DE CONSCIÊNCIA Coma: estado em que não é possível despertar uma pessoa mesmo com fortes estímulos. Estupor: estado em que apenas estímulos externos vigorosos e diretos são capazes de despertar o paciente. Confusão/Obnubilação: compreensão inadequada das impressões exteriores, com perplexidade e prejuízos de atenção e orientação; é estar "sonolento". Hiperalerta: estado de hiperatividade autonômica e respostas exageradas (causadas por uso de drogas (anfetaminas, cocaína), abstinência (benzodiazepínicos), ou estresse pós-traumático. ELETROENCEFALOGRAFIA (EEG) O EEG revela a atividade elétrica cerebral resultante de populações de neurônios corticais em atividade em função do tempo. Dois eletrodos pareados na superfície do couro cabeludo captam essa atividade elétrica. Ritmos das ondas do EEG (eletroencefalograma) Eletrodo superficial EEG rápido: as células corticais estão em ritmo dessincronizado Córtex cerebral EEG lento: as células corticais estão em ritmo sincronizado; FREQUENCIA - no. de ondas na unidade de tempo (ritmo) AMPLITUDE - tamanho da onda Durante a vigília o EEG apresenta ritmos de ondas dessincronizadas e bastante rápidas. Ritmo : Ondas de baixa amplitude e freqüência entre 8-13Hz. Rítmo : Ondas de amplitude mais baixa de maior freqüência (14Hz) Acordado de olhos fechados Olhos abertos Quando começamos adormecer os rimos EEG alteram-se profundamente, apresentando 4 estágios distintos. Tipos e estágios do Sono O sono tem dois estados: a) SONO NÃO-REM b) SONO REM O sono Não-REM apresenta 4 estágios, durante os quais as ondas se tornam cada vez mais lentas e aumentam a amplitude. O EEG se torna sincronizado e a profundidade do sono aumenta. O sono REM é um tipo de sono onde EEG fica dessicronizado e ocorre movimentos rápidos dos olhos (rapid eyes movements). Numa noite de sono (8horas), passamos por ciclos de sono que se repetem umas 5 vezes. Entre a fase IV e a I ocorre o sono REM. A medida que o sono chega ao fim, a profundidade diminui e a duração do sono REM aumenta. Estagio Estagio Estagio Estagio Total de Sono I: 4 a 5% II: 45 a 55% III: 4 a 6 % IV: 12 a 15% VIGILIA: Predominam as ondas ESTÁGIO 1 (5 min) Predomina as ondas ; Responde a perguntas mas não se lembra do que disse ou ouviu; quando estimulado, desperta com sobressalto ESTÁGIO 2 (10 a 20min) Surgem os fusos e os complexos K ESTÁGIO 3: Fusos interrompidos por ondas d ESTÁGIO 4: Sono profundo Predominam as ondas δ; redução do tônus cervical Ambos somam 20 a 40 min) SONO REM (5 a 15 min) Sono com sonhos O EEG e o EOG se assemelham da vigília Além das alterações cíclicas do EEG ocorrem oscilações viscerais e somáticas, particularmente durante os episódios de sono REM. a) Aumento dos movimentos oculares b) Atonia muscular c) Aumento da freqüência cardíaca d) Aumento na freqüência respiratória e) Ereção peniana A arquitetura do sono varia entre as pessoas e com a idade MECANISMOS NEURAIS DO SONO Ao despertar as ondas cerebrais se tornam rápidas 1) 2) Ativação cortical Percepção sensorial, integração sensório-motora, orientação a) Animal dormindo: estimulação do SARA desperta EEG dessicronizado b) Animal acordado: estimulação do tálamo dorme EEG sincronizado O tálamo Neurônios talâmicos 1. VIGÍLIA - altamente excitáveis (Glu) - modo de transmissão continuo - EEG: ondas dessincronizadas 2. SONO - inexcitáveis (GABA) mas os canais de Ca++ sensíveis à hiperpolarizaçâo se abrem - modo em salvas de PA - EEG: ondas sincronizadas 2 1 Córtex Tálamo Córtex os neurônios corticais estão em franca atividade arrítmica; EEG desssincronizado A estimulação glutamatérgica nos neurônios talâmicos geram PA em modo continuo, conforme a atividade da via aferente. NGL Glu + Vias aferentes Córtex Os neurônios corticais passam a exibir ritmos sincronizadas. EEG sincronizado A estimulação gabaergica do núcleo reticular do tálamo causam salvas de PA. NGL Gaba - Núcleo reticular A atividade talâmica é regulada pelo sistema de modulação difuso VIGÍLIA EEG de ondas rápidas SONO EEG de ondas lentas CÓRTEX CEREBRAL Modo de Transmissão continuo Salvas de PA TÁLAMO N. reticular ACh Neurônios colinérgicas do sistema de modulação difuso Tronco encefálico FOR GABA NGL Relê tálamo-cortical ? Glu Vias aferentes visuais O que causa o sono REM? • Atividades do núcleo da formação reticular pontina (N. reticular pontino oral e caudal) pois sua destruição abole o sono REM e estão em atividade durante o sono REM • Dispara em salvas e quando isso acontece os núcleos tálamocorticais disparam em modo de transmissão dessincronizando o EEG (ondas PGO ou ponto-geniculo-occipitais). • São controladas por aferências colinérgicas e aminérgicas (5-HT e Dopamina) que se silenciam durante os estágios do sono. No sono REM predomina um clima colinergico. • Os neurônios colinergicos pontinos causam forte inibição dos neurônios motores somáticas causando intensa atonia Mecanismos neurais do Sono REM Sono REM EEG de ondas rápidas Córtex Cerebral Modo de transmissão Tálamo PA em salvas Núcleos da Rafe (5HT) REM off Núcleo reticular pontino ACh REM On Lócus ceruleus (Nor) REM off REM REM REM REM REM Ach Nor 5HT Os neurônios histaminérgicos do HIPOTALAMO POSTERIOR VIGÍLIA EEG de ondas rápidas CÓRTEX CEREBRAL + Modo de Transmissão continuo Tálamo Glu Vias aferentes sensoriais HIS Hipotálamo anterior GABA A atividade GABAergica do HA inibe o HP e induz o sono Hipotálamo posterior Coma permanente Sincronização do EEG Drogas anti-histamínicas causam sonolência Como despertamos? • Estimulação das vias sensoriais aferentes com maior intensidade, ativando o SARA • Atividade aumentada do locus ceruleus durante a transição sono REM e a vigília, dessincronizando ainda mais o EEG. Durante o sono há estimulação para o aumento de GH RETINA HIPOTÁLAMO + NSQ N. paraventricular - Diminuição do efeito inibitório do NSQ Liberação da atividade de núcleos hipotalâmicos neuroendócrinos. + Adeno-hipófise + GH