RESILIÊNCIA E EDUCAÇÃO: EXAMINANDO CONCEITOS E POSSIBILIDADES Gilsani Dalzoto Salles Secretaria de Estado da Educação/Paraná Nei Alberto Salles Filho Universidade Estadual de Ponta Grossa RESUMO O presente artigo analisa as dimensões do conceito de resiliência na área de educação. Trata-se de um olhar mais detalhado sobre um conceito que se expressa como a capacidade de responder de forma mais consistente aos desafios e dificuldades do mundo, reagindo com flexibilidade e capacidade de recuperação diante desses desafios e de circunstâncias desfavoráveis. A partir desse entendimento discutimos como a pessoas (profissionais da educação) e organizações (escolas) mais resilientes podem atender melhor às mudanças educacionais desse início de século. Palavras-chave: Resiliência, educação, escola ABSTRACT The present article analyzes the dimensions of the resilience concept in the education area. It is treated of a more detailed look on a concept that is expressed as the capacity to answer from a more consisting way to the challenges and difficulties of the world, reacting with flexibility and recovery capacity before of those challenges and of unfavorable circumstances. From that understanding we discussed how the people (professionals of the education) and organizations (schools) more resilient can assist better to the education changes of that century beginning. Keywords: Resilience, education, school. A universo educacional, particularmente nos anos 90 do século XX e início do século XXI, tem sido marcado pelo grande avanço teórico sobre as relações humanas e sociais que se estabelecem nas escolas e as possibilidades de superar problemas dessa natureza. Os problemas são, em linhas gerais, as dificuldades que as pessoas (professores, gestores, funcionários) tem de superar situações desfavoráveis no cotidiano, adquirindo posturas rígidas, que, no limite, geram confrontos sem solução, descaso ou simplesmente a aceitação de qualquer forma de imposição externa. O que vemos em muitas escolas são profissionais da educação (professores, gestores e funcionários) que por essa postura acabam potencializando situações de extremo desrespeito pessoal e profissional aos seus pares ou ainda não se comprometendo com o trabalho, tanto na dimensão individual quanto coletiva. A outros ainda que acabam caminhando em outra direção onde para evitar as brigas e não ser chamados de displicentes, não questionam normas e “ordens” muitas vezes impostas ou sem sentido. Do que foi dito logo acima, não pretendemos falar sobre a melhor maneira do ser humano, em nosso caso específico profissionais da educação, comportar-se no contexto escolar. Pelo contrário, buscamos argumentar em função do esclarecimento de que a sociedade atual tem contribuído de maneira decisiva para os comportamentos acima, deixando as perspectivas de sonhos, cooperação, participação e crescimento pessoal e coletivo praticamente como utopia ou ingenuidade. Para pensar nessas questões nos apoiamos no conceito/termo/idéia de resiliência. Embora já exista tanto na literatura internacional quanto nacional inúmeros escritos sobre o tema, ainda conceito de resiliência não tem sido muito estudado Brasil, ao contrário da Europa e Estados Unidos onde várias pesquisa são desenvolvidas. Como conceito chave para nossa argumentação, nos utilizaremos fundamentalmente os estudos encaminhados por Tavares (2000) que diz: Resiliência é a capacidade de responder de forma mais consistente aos desafios e dificuldades, de reagir com flexibilidade e capacidade de recuperação diante desses desafios e circunstâncias desfavoráveis, tendo uma atitude otimista, positiva e perseverante e mantendo um equilíbrio dinâmico durante e após os embates – uma característica de personalidade que, ativada e desenvolvida, possibilita ao sujeito superarse e às pressões de seu mundo, desenvolver um autoconceito realista, autoconfiança e um senso de autoproteção que não desconsidera a abertura ao novo, à mudança, ao outro e à realidade subjacente. (TAVARES, 200, p. Seguindo os estudos de Tavares (2000), a palavra resiliência é muito utilizada na Física como sendo a capacidade de tensão, pressão e deformação não permanente dos materiais. Exemplo disso são pontes, que mesmo sofrendo deformações momentâneas, devido ao tráfego intenso de veículos, adaptam-se, ajustam-se e resistem ao impacto sem ceder ou quebrar. Essa idéia começa a ser pensada na Psicologia nos anos 1980 buscando uma analogia com a noção da ponte, ou seja, uma metáfora para dizer que o indivíduo submetido a situações de risco, estresse e experiências adversas (deformações momentâneas) se ajustar e adaptar-se positivamente, mantendo-se no foco de suas ações/intenções. Considerando a realidade atual, particularmente a sociedade brasileira, como uma realidade muito difícil e com inúmeros problemas, muitas pessoas acabam desenvolvendo defesas psicológicas (como por exemplo culpar a todos pelo seu fracasso – a globalização, o presidente do país, o patrão, etc) e culturais (participar de grupos – religiosos, gangues, etc) que, de uma maneira geral, são formas de resiliência. Para Tavares (2000) é no contexto acima que o conceito de resiliência deve ser questionado e deve ser desenvolvido, porque diz que uma pessoa resiliente não é apenas aquela que resiste de qualquer forma, mas sim aquele que resiste e mantém um padrão positivo na ressitência, ou seja, a pessoa que passando pelas situações difíceis consegue ampliar seus horizontes e caminhar com autonomia. Segundo Ruegg (1997, p.09 apud TAVARES, 2000, p.34) resiliência deve ser vista como: “uma qualidade de resistência e perseverança da pessoa humana face às dificuldades que encontra e mostra a evolução do conceito – das realidades materiais, físicas e biológicas, para as realidades imateriais ou espirituais”. Com isso podemos entender que a grande e fundamental diferença do conceito de resiliência entre a Física e a Psicologia (ou seja, com o fator humano envolvido) é que os seres humanos podem ter uma capacidade de adaptar-se e ajustar-se não de maneira meramente passiva, mas na medida em que adaptam-se às pressões e dificuldades cotidianas, podem construir novas formas de relação, mais verdadeiras, participativas, solidárias, enfim, relações com mais qualidade. Nesse sentido, Tavares afirma: A intenção é que esta qualidade não ocorra como um mecanismo de defesa, mas sim com o objetivo de educar, repensar atitudes, para a formação de sujeitos e grupos sociais mais resilientes. Os conceitos de auto-estima e auto-conceito, as diferentes dimensões da pessoa – ser, estar, ter, poder, querer – são aspectos essenciais, uma vez que o desenvolvimento de capacidades de resiliência passa pela mobilização e ativação dessas dimensões. (TAVARES, 2000, p.) Nas palavras do autor, parece clara a noção que não adianta apenas falarmos que a pessoas deve ser “melhor”, mais “amiga”, mais “tolerante”, no sentido “romântico”, mas sim realmente pensar e repensar atitudes, valores e possibilidades de buscar desenvolvimento humano real, tanto individualmente quanto no coletivo. Retornando para nossa análise, vamos que para os profissionais da educação, ainda existe um bom caminho a ser trilhado, pois, uma dimensão e melhoria individual, onde as perguntas são: O que eu quero ser? Quero estar na educação mesmo? O que eu quero ter na vida? O que eu posso ter? O que eu realmente quero na minha vida? Junto a estas questões outra se coloca: Será que eu posso, quero, tenho vontade, perfil para as coisas que venho fazendo? É aqui que outro aspecto toma importância; a ampliação do conceito de resiliência para as organizações, que para Tavares (2000) seriam os atributos da pessoa resiliente que estariam presentes nas organizações (em nosso caso as escolas): maior flexibilidade, abertura, disponibilidade, liberdade, autonomia, responsabilidade, solidariedade e tolerância, de modo que pudessem responder melhor às demandas educacionais. Como vemos, o discurso educacional é recheado das palavras acima, mas que muitas vezes parecem figurar apenas nos documentos oficiais ou na redação dos Projetos Pedagógicos das escolas. A prática desses valores se perde em meio ao emaranhado burocrático e nos hábitos cotidianos competitivos, intolerantes e dependentes de quem trabalha na Educação. Buscando sintetizar o momento inicial dessa argumentação apontamos mais alguns elementos sobre a resiliência: Tal como em outras muitas noções, também a de resiliência evoluiu do concreto para o abstracto, das realidades materiais, físicas e biológicas para as realidades imateriais ou espirituais [...]. Em termos comparativos, podemos dizer que nas ciências dos materiais, resiliência é a qualidade de resistência de um material ao choque com o objetivo de produzir ligas mais flexíveis, leves e consistentes. Em medicina, resiliência seria a capacidade de um sujeito resistir a uma doença por si próprio ou com a ajuda de medicamentos [...]. Ser resiliente, para o homem da sociedade emergente, seria desenvolver capacidades físicas ou fisiológicas conducentes a determinados níveis de “endurance” física, biológica ou psicológica e até a uma certa imunidade que lhe possibilite a aquisição de novas competências de ação que lhe permita adaptar-se melhor a uma realidade cada vez mais imprevisível e agir adequada e rapidamente sobre ela, resolvendo os problemas que esta lhe coloca. (grifo nosso). (RUEGG, 1997 apud TAVARES, 2001, p. 45) Percebemos acima que resiliência na educação remete à capacidade que as pessoas tem, tanto individualmente quanto em grupo de resistir a situações difíceis sem perder seu equilíbrio inicial, isto é, a capacidade de ajustar-se constantemente de maneira positiva. Isso quer dizer resistir às pressões do cotidiano escolar, mantendo o foco nos objetivos principais do trabalho e da escola. Para Tavares, esta capacidade pode ser fortalecida com o desenvolvimento do autoconceito e da auto-estima da pessoa. Além disso comenta que algumas vezes a dimensão espiritual como abertura à esperança também contribui nesse fortalecimento. Aqui um ponto de extrema importância para reflexão. Se a resiliência se constrói em grande medida pela dimensão da auto-estima, auto-conceito e pela religiosidade, porque essas questões não são tratadas na formação dos profissionais da educação? Ou quanto são levantadas, parecem figurar entre assuntos “menores”? As questões normalmente situam-se em dois pólos: o primeiro relacionado unicamente à questão salarial e o segundo às práticas escolares, metodologias, didática, etc. Obviamente as duas questões são fundamentais, mas junto a elas deveria figurar (e muitas iniciativas nesse sentido ganham corpo) igualmente as ações voltadas à qualidade de vida do profissional da educação (saúde física, mental, social e espiritual). O objetivo maior dessa dimensão não é que as pessoas se tornem insensíveis, passivas e conformadas, pelo contrário, que ela seja menos violenta, segura, justa e pacífica nas suas relações cotidianas. O que pensamos é que a Educação para o século XXI, dentro de um mundo onde internet, celular, enfim, as tecnologias de ponta, convivem ainda com milhões de pessoas sem comida, sem saneamento básico, reféns de desigualdades e injustiças sociais, precisa pensar no desenvolvimento de mecanismos físicos, biológicos, psíquicos, sociais, éticos, religiosos que contribuam para tornar a pessoas mais resiliente, sendo menos vulnerável aos problemas e mais predisposto a ser um agente eficaz na transformação do espaço que vive. Para isso, temos que rever métodos, processos de ensino-aprendizagem, conteúdos, meios, além de repensar as atitudes e o envolvimento dos sujeitos. Além disso, para pensarmos em estruturas (em nosso caso escolas) mais resilientes temos que considerar: O desenvolvimento de estruturas mais resilientes não deverá nunca encaminhar-se no sentido do pensamento, mas da abertura ao outro reforçando assim os laços, as relações intra e interpessoais em plataformas autênticas, verdadeiras, mais justas, em que a liberdade, a responsabilidade, a confiança, o respeito, a solidariedade, a tolerância não sejam palavras vãs. Para isso não podemos continuar a alicerçar a convivialidade entre as pessoas no medo, na desconfiança, na injustiça, na traição, na exploração, na exclusão, no desespero, procurando depois a segurança com mais polícia, subindo os gradis, reforçando e sofisticando as fechaduras. Mas, como desenvolver esta qualidade nas pessoas e nas sociedades? Este desenvolvimento se passa através da mobilização e ativação das capacidades do sujeito de SER, ESTAR, TER, PODER e QUERER. Destacamos, nesse ponto, algumas idéias de Paulo Freire que ajudam a clarificar essa noção de novos olhares, nos quais a resiliência nos faz refletir . contribuição fundamental que é Paulo Freire em seu livro Pedagogia da Autonomia. Para FREIRE (1996, p136): É preciso que saibamos que, sem certas qualidades ou virtudes como amorosidade, respeito aos outros, tolerância, humildade, gosto pela alegria, gosto pela vida, abertura ao novo, disponibilidade à mudança, persistência na luta, recusa aos fatalismos, identificação com a esperança, abertura à justiça, não é possível a prática pedagógicoprogressista, que não se faz somente com ciência e técnica. Nessas palavras, podemos buscar itens fundamentais para pensar no “ser educador”, na medida em que amor, humildade, gosto pela vida e trabalho e abertura ao novo, são qualidades que educadores e educadoras nunca podem abrir mão. Numa palavra são “direitos” que temos que nos permitir. No caso da Pedagogia do Movimento é realmente pensar corpo enquanto espaço fundamental de vida e relação. Ora, a grande diferença hoje em educação, é que cada vez mais percebemos que de nada adianta o professor ter um belo discurso, apenas repetindo outros autores ou estabelecendo palavras de ordem, se elas não vem acompanhadas de uma ação prática e concreta, que realmente o estudo e a reflexão façam diferença no cotidiano das relações humanas e sociais. Aqui entra o importante papel do professor em ajudar a descobrir as qualidades suas e de seus alunos, buscando confiança para enfrentar o cotidiano, por mais adverso e difícil que ele se apresente. Seria um processo de “querer bem e querer o bem”, onde a afetividade passa a ser um fator pedagógico concreto na tentativa de aproximar o humano das relações escolares. Aqui mais uma vez em FREIRE (p.160) encontramos as palavras no lugar certo. Esta abertura ao querer bem não significa, na verdade, que, porque professor, me obrigo a querer bem todos os alunos de maneira igual. Significa de fato, que a afetividade não me assusta, que não tenho medo de expressá-la. (...) Na verdade, preciso descartar como falsa a separação radical entre seriedade docente e afetividade. Não é certo, sobretudo do ponto de vista democrático, que serei tão melhor professor quanto mais severo, mais frio, mais distante e “cinzento” me ponha nas minhas relações com os alunos”. Essa constatação de Freire tem sido a cada dia mais endossada por estudos como teorias da inteligência emocional, inteligências múltiplas, educação integral com bases holísticas entre outras, que mostram definitivamente que somos inteiros em educação, ou seja, aprendemos integralmente e não por partes e que o corpo todo (emoção, percepção, ação) está presente na escola. Poderíamos dizer que nessa breve aproximação de Paulo Freire, temos elementos que nos fazem acreditar que pessoas e organizações devem buscar cada vez mais esse olhar sobre a discussão sobre resiliência, com a clareza que ela situa-se em uma nova dimensão paradigmática, mas que não exclui as tensões e angústias do cotidiano, mas procura um olhar mais objetivo no enfrentamento destas. Teremos, nessa apreciação que: Para que se possa atingir a este novo paradigma, a formação dos cidadãos para novas organizações terá que ser feito em moldes diferentes, e surge a pergunta: será que as escolas dos diferentes subsistemas de ensino e formação estão atentas a esta nova realidade e já perceberam o seu alcance? Estarão efetivamente preparadas e predispostas para estes enormes desafios? Os discursos já apontam para este caminho, mas a prática ainda está muito longe. Tornar as pessoas e as organizações mais resilientes é uma prioridade na formação do novo cidadão. Mais é um imperativo social e comunitário não só a nível local, mas também regional e global. Procuramos nesse texto buscar de maneira introdutória uma aproximação ao conceito de resiliência e sua repercussão na área educacional, basicamente mostrando que é uma idéia que traz dimensões relacionadas à individualidade e coletividade. Pensar em pessoas mais resilientes, implica em supor seres humanos mais autônomos, críticos, participativos, sensíveis e amorosos. Não podemos mais tratar como normais atitudes de intolerância, fatalismo, radicalismo, egoísmo e irresponsabilidade. Sabemos que elas existem e precisamos colocá-las na vida cotidiana, de maneira realista, buscando melhores formas de comprometimento em nossas ações individuais e coletivas. Como enfatiza Alarcão: Portanto, uma organização que pretende ser mais reflexiva, flexível, organizada, democrática de qualidade e eficaz, não poderá descurar esse tipo de exigências nos sues objetivos e nas respostar que pretende fornecer, sempre que é chamada a intervir. Não se pode ficar muito tempo pensando, refletindo, dialogando, à espera de encontrar a situação ideal As organizações serão tanto ou mais resilientes quanto mais e melhor se aproximarem das pessoas em relação ao conceito de resiliência, ou seja, mais autêntica, abertas, flexíveis, responsáveis, autônomas e colaborantes, solidárias e tolerantes, que são, efetivamente, atributos da qualidade de resiliência. Sabemos hoje que, as organizações mais democráticas, rápidas, eficazes, flexíveis e persistentes são as que respondem melhor aos desafios dos novos tempos. Referencias Bibliográficas José Tavares (Org.) Maria Angela Mattar Yunes – Heloísa Szymanski Anabela M. S. Pereira – Helena Ralha Simões Maria Aparecida Campos Diniz de Castro Editora Cortez, São Paulo, 2001. ALARCÃO, I. (org) Escola reflexiva e nova racionalidade. Porto Alegre: Artmed Editora, 2001. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996. RUEGG, F. Valorizar as potencialidades da criança. A resiliência, conceitos e perspectivas TAVARES, J. (org) Resiliência e educação. São Paulo: Cortez, 2001. RESILIÊNCIA E EDUCAÇÃO: EXAMINANDO CONCEITOS E POSSIBILIDADES Gilsani Dalzoto Salles Secretaria de Estado da Educação/Paraná Mestre em Educação/UEPG Nei Alberto Salles Filho Universidade Estadual de Ponta Grossa Mestre em Educação/UNIMEP Resiliência é a capacidade de responder de forma mais consistente aos desafios e dificuldades, de reagir com flexibilidade e capacidade de recuperação diante desses desafios e circunstâncias desfavoráveis, tendo uma atitude otimista, positiva e perseverante e mantendo um equilíbrio dinâmico durante e após os embates – uma característica de personalidade que, ativada e desenvolvida, possibilita ao sujeito superarse e às pressões de seu mundo, desenvolver um autoconceito realista, autoconfiança e um senso de autoproteção que não desconsidera a abertura ao novo, à mudança, ao outro e à realidade subjacente. (TAVARES, 2002, p.35) Resiliência Na FÍSICA Capacidade de tensão, pressão e deformação não permanente dos materiais. Exemplo disso são pontes, que mesmo sofrendo deformações momentâneas, devido ao tráfego intenso de veículos, adaptam-se, ajustam-se e resistem ao impacto sem ceder ou quebrar. Na PSICOLOGIA Idéia que começa a ser pensada nos anos 1980 buscando uma analogia com a noção da ponte, ou seja, uma metáfora para dizer que o indivíduo submetido a situações de risco, estresse e experiências adversas (deformações momentâneas) se ajustar e adaptar-se positivamente, mantendo-se no foco de suas ações/intenções. Na EDUCAÇÃO Considerando a realidade atual, particularmente a sociedade brasileira, como uma realidade muito difícil e com inúmeros problemas, muitas pessoas acabam desenvolvendo defesas psicológicas (como por exemplo culpar a todos pelo seu fracasso – a globalização, o presidente do país, o patrão, etc) e culturais (participar de grupos – religiosos, gangues, etc) que, de uma maneira geral, são formas de resiliência. Para Tavares (2000) É no contexto acima que o conceito de resiliência deve ser questionado e deve ser desenvolvido, porque diz que uma pessoa resiliente não é apenas aquela que resiste de qualquer forma, mas sim aquele que resiste e mantém um padrão positivo na resistência, ou seja, a pessoa que passando pelas situações difíceis consegue ampliar seus horizontes e caminhar com autonomia. Remete à capacidade que as pessoas tem, tanto individualmente quanto em grupo de resistir a situações difíceis sem perder seu equilíbrio inicial, isto é, a capacidade de ajustar-se constantemente de maneira positiva. Se a resiliência se constrói em grande medida pela dimensão da auto-estima, auto-conceito e pela religiosidade, porque essas questões não são tratadas na formação dos profissionais da educação? Ou quanto são levantadas, parecem figurar entre assuntos “menores”? As questões normalmente situam-se em dois pólos: o primeiro relacionado unicamente à questão salarial e o segundo às práticas escolares, metodologias, didática, etc. Obviamente as duas questões são fundamentais, mas junto a elas deveria figurar (e muitas iniciativas nesse sentido ganham corpo) igualmente as ações voltadas à qualidade de vida do profissional da educação (saúde física, mental, social e espiritual). O objetivo maior dessa dimensão não é que as pessoas se tornem insensíveis, passivas e conformadas, pelo contrário, que ela seja menos violenta, segura, justa e pacífica nas suas relações cotidianas.