y o c u -tr a c k .c Educação escolar: velhos e novos desafios Diva Chaves Sarmento* Resumo O presente texto originou-se de convite para falar a alunos do Mestrado Profissional em Educação Matemática da Universidade Federal de Juiz de Fora. Trata-se de uma reflexão sobre a educação escolar, a escola construída na modernidade, os questionamentos desse modelo para atender às demandas do século XXI e o sistema escolar brasileiro nesse contexto. São referenciadas as políticas governamentais, a formação de professores, a articulação entre os entes federados no Brasil, a descontinuidade das políticas, a avaliação. Espera-se avançar em ações que aproximem o mundo acadêmico e a escola e se construam caminhos para superar os velhos e novos desafios. Palavras-chave: Formação de professores, Educação escolar. Acredito que vivemos um momento histórico em que há um consenso sobre a importância da educação, com ênfase para a educação escolarizada. Multiplicam-se as avaliações em larga escala em todos os níveis de ensino. Buscam os países e as unidades escolares situarem-se bem posicionados nas escalas resultantes, entendendo-se que tais escalas refletem os índices de qualidade procurados na educação. A perspectiva é que a divulgação dos resultados oriente políticas de governo, a escolha dos pais e ações administrativas nas escolas. Esse contexto transformou os Estados em agentes dos processos de avaliação. Por outro lado, tenta-se entender a vantagem acadêmica de um país em relação a outros. Por exemplo, explicar o fato de 50% dos alunos cubanos conseguirem resolver problemas complexos de matemática, sendo que apenas 10% dos alunos * Doutora – PPGE/FACED/UFJF. Email: [email protected] .d o m o w w w .d o C lic k to bu y bu to k lic C w w w N O W ! h a n g e Vi e N PD ! XC er O W F- w m h a n g e Vi e w PD XC er F- c u -tr a c k .c y o c u -tr a c k .c brasileiros o fazem (Carnoy, 2009). Há, também, uma preocupação em responder questões do tipo: para que servem as escolas? (Young, 2007); ainda é possível falar de escola à francesa? (Robert, 2007). Ou, então, proclamar a necessidade de “rupturas urgentes em educação” (Demo, 2010). Ressalta-se uma inquietação com a escola, uma per cepção de que algo vai mal e que essa instituição precisa ser cobrada, controlada, provocada a mudar para ser capaz de responder aos desafios de uma sociedade em profundas mutações. É perspectiva do presente trabalho trazer algumas considerações nesse sentido para ampliar o debate e promover novas reflexões. Diva Chaves Sarmento A instituição escolar Educ. foco, Juiz de Fora, Edição especial, p. 189-217 jul. / out. 2012 190 A escola como instituição está estreitamente relacionada ao contexto socioeconômico que a gerou. É um espaço político e os valores e crenças que orientam a prática escolar são socialmente construídos. Assim ela reflete e refrata as demandas dos diversos setores sociais e o que se ensina nas escolas é uma seleção dos conhecimentos e valores que permeiam esse contexto social. As escolas, também, refletem as contradições de classe. As avaliações internacionais têm mostrado que alcançar altos índices escolares não tem relação direta com a riqueza do país onde as escolas se situam. Aspectos culturais, po líticos, organizativos, históricos, formação de professores, currículos, o papel do Estado estão entre os fatores que podem explicar o desempenho dos sistemas escolares. O Brasil não tem obtido bons resultados nas avaliações internacionais. O Programa Internacional de Avaliação de Estudantes-PISA, que avalia jovens com a idade de 15 anos, a cada triênio, em países industrializados (membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE, e convidados como o Brasil), classificou o País em 53º. lugar num total de 65 países, na última avaliação. Em leitura, quase 50% dos estudantes brasileiros ainda alcançam apenas o nível I. Em Matemática, 69%, também, se restringem a esse nível, resolvendo somente problemas mais básicos, apresentando dificuldades de aplicar .d o m o w w w .d o C lic k to bu y bu to k lic C w w w N O W ! h a n g e Vi e N PD ! XC er O W F- w m h a n g e Vi e w PD XC er F- c u -tr a c k .c y o c u -tr a c k .c a matemática. O desempenho, também, é baixo em Ciências. Apesar disso, o Brasil melhorou em relação aos resultados do ano 2000. Na mesma avaliação, Xangai, na China, ficou em primeiro lugar, vindo a seguir Hong Kong, Singapura, Korea do Sul. Os sistemas nacionais de ensino e a ideia de escola pública, laica e obrigatória emergem com a modernidade capitalista e sua instituição está estreitamente relacionada ao desenvolvimento do Estado-Nação. Tais sistemas, embora apresentem diferenças entre si, caracterizam-se como um serviço público, pelo papel preponderante do Estado central e pela perspectiva de democratização, possibilitando o acesso do maior número possível de alunos aos níveis maiores de escolaridade (Robert, 2007). As ações governamentais, expressas em leis, decretos, resoluções, portarias, traduzem as perspectivas e os programas de governos que assumem a condução de um Estado em determinados períodos de tempo, provocando constantes mudanças na área educacional. Essas mudanças são resultado das mais diversas influências decorrentes de demandas dos vários setores que compõem a sociedade, das relações de classe, das pressões decorrentes das relações internacionais. No contexto da globalização e da internacionalização do capital, o Estado-Nação tem tido sua autonomia limita da quanto às decisões políticas e percebe-se, cada vez mais, a presença de organismos internacionais que, apoiando eventos, projetos, publicações, realizando pesquisas e avaliações, tentam direcionar a área da educação, priorizando a perspectiva econômica. Como essas pressões impactam a escola? Como os resultados das avaliações interferem no dia a dia da escola? Como fica o professor nesse contexto? Não é pretensão de esse trabalho dar resposta a todas essas questões, mas levantar elementos que permitam com preender melhor o processo. .d o m c u -tr a c k Educação escolar: velhos e novos desafios A escola da modernidade As origens da escola moderna são seculares e suas o w w w .d o C lic k to bu y bu to k lic C w w w N O W ! h a n g e Vi e N PD ! XC er O W F- w m h a n g e Vi e w PD XC er F- 191 Educ. foco, Juiz de Fora, Edição especial, p. 189-217 jul. / out. 2012 .c y o c u -tr a c k .c marcas foram se impondo, assim como suas contradições. Petitat (1994, p. 69) observa que a: Diva Chaves Sarmento expansão do uso da escrita, erosão do monopólio da Igreja em proveito dos grupos dominantes, criação de escolas como locais de transmissão de técnicas de escrita, de leitura e de cálculo, e também como locais para a formação em práticas jurídicas, médicas e comerciais. foram transformações que acompanharam o Renasci mento urbano e comercial na Europa. Destaca, também, que “o ideal de igualdade de oportunidades numa sociedade desigual começa a afirmar-se por ocasião da desintegração da sociedade feudal (p. 5). Nos séculos XVIII e XIX, no entanto, é que o Estado vai assumir o controle do ensino, constituindo-se os sistemas escolares no movimento, também, secular de emergência dos estados-nações. Expressa a separação de poderes entre Estado e Igreja e tem a ver com as mudanças em relação à moral não mais vista sob valores estritamente religiosos. Os primeiros a tornarem a escolaridade obrigatória foram a Prússia em 1763, no movimento de unificação da Alemanha, a Dinamarca em 1814 e a Grécia em 1834 (Soysal e Strang apud Candeias (2001)) e, a partir daí o movimento se expande. O relatório e o projeto de decreto sobre a organização geral da Instrução Pública, na França, apresentados por Condorcet à Assembléia Nacional, em 1792, no contexto da Revolução Francesa, apresentam os princípios e a pro posta de organização que marcam a estrutura escolar, com algumas variações até hoje. Os princípios que guiaram seu trabalho foram: Educ. foco, Juiz de Fora, Edição especial, p. 189-217 jul. / out. 2012 192 oferecer a todos os indivíduos da espécie humana os meios (condições) de prover suas necessidades, de assegurar seu bem-estar, de conhecer e de exercer todos os seus direitos, de entender e de cumprir seus deveres; assegurar a cada um deles a facilidade de aperfeiçoar seu engenho (habilidade), de se tornar capaz das funções sociais às quais ele tem o direito de ser chamado, de desenvolver toda a extensão de talentos (capacidades) que ele recebeu da natureza (Lopes, 1981). .d o m o w w w .d o C lic k to bu y bu to k lic C w w w N O W ! h a n g e Vi e N PD ! XC er O W F- w m h a n g e Vi e w PD XC er F- c u -tr a c k .c y o c u -tr a c k .c Condorcet propunha uma educação elementar para todos e o secundário e o superior para os que pudessem a eles se dedicar, segundo a disponibilidade de tempo e o mérito. Tal proposta era impregnada de valores iluministas e pensavase, assim, dotar os homens de condições para preencher as funções necessárias à sociedade, promover o progresso e dominar os recursos para dar conta das necessidades, apon tando remédios para todos os males, atingindo os meios para a felicidade individual comum. Esses ideais e a perspectiva de construção de uma identidade nacional em torno de concepções políticas e culturais comuns levaram à expansão da escola pública pela Europa e depois pelo mundo na esteira das colonizações e avanço do capital. Todo esse processo passa a ser questionado a partir da segunda metade do século XX, na medida em que os valores da modernidade entram em crise. Entre os anos 1970 e 1990, teóricos de esquerda (Althusser, 1980; Bourdieu & Passeron, 1975; Willis, 1991) apontam a face reprodutiva da escola. Apesar dos ideais de igualdade, tal instituição nada mais fazia do que garantir a reprodução social, mantendo elite e trabalhadores em seus devidos lugares. O ensino primário e profissional para uns e o secundário e superior para outros. Ressalta-se, também, seu caráter disciplinador (Foucault, 1977). Nos anos 1990, difundem-se as ideias neoliberais e a defesa de que o mercado deveria preponderar sobre o Estado na condução das políticas econômicas e industriais, inclusive na educação. Segundo Young (2007), a “lógica dessa posição foi seguida com entusiasmo por governos de ambos os partidos (na Inglaterra) com profundas implicações para as escolas”. A partir da Inglaterra, a retomada dos princípios do liberalismo expande-se pelo mundo levando a reformas dos estados, na linha do Estado Mínimo, e, também, a reformas na Educação. Os organismos internacionais como o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional, a OCDE, principalmente, assumem projeção nesse contexto e passam a influenciar as políticas dos estados-nacionais, inclusive na área da Educação. A ideia de educação para todos se impõe e, em 1990, na Tailândia, em conferência convocada pela .d o m o w w w .d o C lic k to bu y bu to k lic C w w w N O W ! h a n g e Vi e N PD ! XC er O W F- w m h a n g e Vi e w PD XC er F- c u -tr a c k Educação escolar: velhos e novos desafios 193 Educ. foco, Juiz de Fora, Edição especial, p. 189-217 jul. / out. 2012 .c y o c u -tr a c k .c Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e o Banco Mundial são definidas “posições consensuais, sintetizadas na Declaração Mundial de Educação para Todos, que deviam constituir as bases dos planos decenais de educação, especialmente dos países de maior população no mundo1, signatários desse documento (Brasil, 1993). Cada país, dependendo de seu contexto histórico e de sua posição no âmbito econômico internacional, vai alterando suas políticas, buscando alcançar uma qualidade, agora, referenciada pelos padrões que orientam as avaliações internacionais. A partir das últimas décadas do século XX, o esforço de democratização escolar tem aberto a escola para todos e colocado sobre ela inúmeras expectativas. Robert (2007, p. 218), analisando a França, aponta: Diva Chaves Sarmento as finalidades da educação multiplicaram-se tanto que ninguém mais consegue achar seu rumo: pede-se, ao mesmo tempo, que o sistema educativo (...) instrua, eduque, socialize (...) dê chances iguais a todos, faça com que todos tenham êxito e selecione as elites, eleve o nível geral e responda aos desafios econômicos, dê uma cultura geral e prepare para o emprego, profissionalize, promova a cidadania, lute contra a exclusão social, reduza a violência, compense as falhas dos pais e, globalmente, traga remédios aos males sociais que outras instituições não conseguem curar... Não tem sido diferente no Brasil para onde voltamos, agora, nossas atenções. A escola no Brasil Analisando-se dois documentos elaborados na última década do século XX, no Brasil, o Plano Decenal de Educação Educ. foco, Juiz de Fora, Edição especial, p. 189-217 jul. / out. 2012 194 1 Bangladesh, Brasil, China, Egito, Índia, Indonésia, México, Nigéria e Paquistão. .d o m o w w w .d o C lic k to bu y bu to k lic C w w w N O W ! h a n g e Vi e N PD ! XC er O W F- w m h a n g e Vi e w PD XC er F- c u -tr a c k .c y o c u -tr a c k .c para Todos 1993-2003 (MEC, 1993) e Plano Nacional de Educação – PNE, aprovado pela Lei no. 10172 de 09 de ja neiro de 2001, verificam-se os desafios que o País precisava e, ainda, precisa enfrentar para garantir educação de qualidade a todos os brasileiros. O primeiro documento visava responder aos com promissos internacionais assumidos em Jomtien e focalizava especificamente o Ensino Fundamental. O segundo, uma construção que envolveu, de um lado, setores da sociedade no movimento de redemocratização do País pós-governos militares, liderados pelos educadores e, de outro, grupos ligados ao Governo Fernando Henrique Cardoso. Finalmente aprovado pelo Congresso Nacional, que lhe deu o arranjo final após inúmeros debates, o PNE estabeleceu metas para a Educação em todos os níveis. Tais documentos podem ser vistos como a expressão da consciência nacional sobre as necessidades educacionais no País e as dificuldades em concretizá-las. Congregavam expectativas e compromissos de diversos setores da sociedade brasileira em relação às metas a serem cumpridas. O horizonte dos dois documentos era uma década, só que sucessivas, totalizando quase 20 anos. Os problemas bem delimitados e as metas definidas não foram suficientes para permitirem ao Brasil dar o salto de qualidade. As razões podem ser encontradas nas heran ças históricas e nas contradições sociais. Os diagnósticos confirmavam lacunas persistentes. O País adentrou o século XX sem conseguir estruturar seu Sistema Nacional de Educação e sem conseguir garantir a todos os brasileiros uma escolaridade básica nem para dar conta das demandas próprias da “modernidade industrial capitalista” e passa a ser desafiado pelo que hoje se chama “a era da pós-modernidade”. Pontos críticos apontados: qualidade e heterogeneidade da oferta educacional, baixa produtividade do sistema evi denciada pelas perdas observadas, por repetência e evasão; modestos índices de desempenho escolar, práticas de ava liação inadequadas, incapazes de proporcionar uma visão globalizada das dificuldades e dos progressos do aluno e subsidiar corretas e oportunas revisões do ensino; ausência .d o m o w w w .d o C lic k to bu y bu to k lic C w w w N O W ! h a n g e Vi e N PD ! XC er O W F- w m h a n g e Vi e w PD XC er F- c u -tr a c k Educação escolar: velhos e novos desafios 195 Educ. foco, Juiz de Fora, Edição especial, p. 189-217 jul. / out. 2012 .c y o c u -tr a c k .c Diva Chaves Sarmento Educ. foco, Juiz de Fora, Edição especial, p. 189-217 jul. / out. 2012 196 de metodologia e processos adequados para se trabalhar com grupos em situações de risco, principalmente, os marginalizados social e economicamente; omissão da política educacional em relação ao desenvolvimento das competências cognitivas e sociais de jovens e adultos. Destacavam-se, ainda, enfraquecimento da escola como instituição cha ve no processo ensino-aprendizagem, uma vez que as decisões que afetam seu dia a dia são tomadas por instâncias bem distantes da prática escolar; descontinuidade das políticas educacionais, associadas a indevidas interferências clientelísticas, desarticulação entre os níveis de governo, pouca integração entre as universidades e os sistemas de ensino, inadequada formação e capacitação do magistério e a necessidade de estabelecer justa remuneração. Pretendia-se, até o final de 2010, que 50% das crianças de 0 a 3 anos fossem atendidas em creches e que 80% das de 4 a 5 anos frequentassem escolas de Educação Infantil. No Ensino Fundamental, além de universalizar o atendimento, ampliá-lo para 9 anos com início aos 6 anos de idade, via-se como urgente regularizar o fluxo escolar, reduzindo-se as taxas de repetência e evasão. No Ensino Médio, o problema era a alta seletividade interna para aqueles que o alcançavam, pouco mais de 30% da população na faixa etária própria. A perspectiva era reordenar a rede de escolas públicas, implantar nova concepção curricular e atingir níveis satisfatórios de desempenho definidos e avaliados pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica – SAEB e pelo Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM, reduzindo-se a repetência e a evasão. Reconhecendo que o Brasil apresentava um dos mais baixos índices da América Latina no acesso ao Ensino Superior da população de 18 a 24 anos, pretendia-se prover oferta a 30% dessa faixa, ampliando a oferta de ensino público para assegurar proporção nunca inferior a 40% do total de vagas, prevendo inclusive parceria da União com os Estados. Acreditava-se que um plano educacional de dez anos seria suficientemente longo para provocar uma alteração nos padrões educacionais. Reconhece-se que os governos que administraram .d o m o w w w .d o C lic k to bu y bu to k lic C w w w N O W ! h a n g e Vi e N PD ! XC er O W F- w m h a n g e Vi e w PD XC er F- c u -tr a c k .c y o c u -tr a c k .c o País nesse período procuraram dar conta do que estava estabelecido. Definiram-se Parâmetros Curriculares Nacio nais, implantou-se o Fundo de Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério – FUNDEF e, posteriormente, o Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica – FUNDEB, ampliou-se o sistema de avaliação e criou-se o índice de Desenvolvimento da Educação Básica – Ideb com metas a serem atingidas até 2022. Pode-se enumerar, ainda, o Programa Universidade para Todos (Prouni), a Universidade Aberta do Brasil, a criação de unidades federais de Educação Profissional, expansão das universidades federais e implantação do REUNI visando ampliar vagas principalmente no turno noturno. Através do Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE, criado pelo Decreto no. 6 094/ 2007, o Governo Lula procurou articular todas as ações do MEC em um único programa. Outras iniciativas como a reorganização da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES (Lei no. 11 502/07), estendendo sua atuação à formação de profissionais para a Educação Básica, a instituição do Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica e a definição de um piso salarial (Brasil, 2008) procuram encaminhar a questão do preparo e valorização do profissional docente. A ampliação do Ensino Fundamental para 09 anos (BRASIL, 2006) e o estabelecimento do ano de 2016 para que todas as crianças e adolescentes de 04 a 17 (Brasil, 2009) anos estejam obrigatoriamente na escola visam dotar o brasileiro de maior escolaridade. As ações do governo federal, que se multiplicaram no período, têm provocado alguma alteração em termos de melhoria nas condições de atendimento aos alunos, aumento do número de vagas e de oportunidades educacionais, mas no tocante à qualidade, os índices refletem pouca melhora. É possível destacar alguns pontos que provavelmente relacionam-se a essa questão: a formação dos professores, a articulação entre os entes federativos, a descontinuidade nas políticas e a avaliação. .d o m o w w w .d o C lic k to bu y bu to k lic C w w w N O W ! h a n g e Vi e N PD ! XC er O W F- w m h a n g e Vi e w PD XC er F- c u -tr a c k Educação escolar: velhos e novos desafios 197 Educ. foco, Juiz de Fora, Edição especial, p. 189-217 jul. / out. 2012 .c y o c u -tr a c k .c A formação de professores Diva Chaves Sarmento Educ. foco, Juiz de Fora, Edição especial, p. 189-217 jul. / out. 2012 198 As demandas sobre a escola se multiplicaram e o desafio para países como o Brasil que chegaram ao século XXI com tantas lacunas se torna imenso. Cortesão (2005), discutindo a partir do percurso de mudanças econômicas, políticas e sociais dos efeitos da globalização e do declínio dos discursos globais e totalizantes, destacava algumas leituras feitas do papel a ser desempenhado pela educação. Observava que as formas como se interpreta ou se utiliza a ação e os resultados educacionais “parecem estar intimamente relacionados com o contexto em que tem lugar” (Cortesão, 1005, p. 3). A autora argumentava que as críticas, as interpretações e o que se preconiza para dar conta dos problemas são datados e tem origens diferentes. A partir dos anos 1980, no contexto do “capitalismo desorganizado com expansão das globalizações” e a crescente hegemonia do capitalismo liberal, os poderes do Estado foram sendo limitados, crescem as críticas com origem no campo econômico que apontam o descompasso da escola em relação às necessidades do mundo real e passa a ser cobrada “excelência acadêmica” e que “os alunos se tornem competitivos, competentes e eficazes”. As escolas, alunos, professores e a organização curricular são questionados. Cobram-se mais seleção, mais disciplina, maior domínio das novas tecnologias numa escola de massa onde a presença de grupos culturais diversos tornou-se crescente. Apontam-se a violência, a desordem e a falta de rendimento dos alunos como problemas a serem superados. Nessa linha, cresce a ênfase nas avaliações em larga escala. Paulo Freire, já em 1960, ao tratar da escola primária para o Brasil, apontava: “em que pese a seriedade dos estudos feitos e a honestidade com que se trataram os problemas não nos parecem suficientes os reparos propostos” (Freire, 1960, p. 22-23). Para ele, o ordenamento das matrículas, a maior flexibilidade do sistema de promoções de uma série para outra não iriam resolver o problema de uma escola excessivamente verbal, deslocada de seu papel integrador e que reprovava em massa. Recomendava: .d o m o w w w .d o C lic k to bu y bu to k lic C w w w N O W ! h a n g e Vi e N PD ! XC er O W F- w m h a n g e Vi e w PD XC er F- c u -tr a c k .c y o c u -tr a c k .c a escola de que precisamos urgentemente é uma escola em que realmente se estude e se trabalhe. Quando criticamos o intelectualismo de nossa escola, não pretendemos defender a posição para a escola em que se diluíssem disciplinas de estudo e uma disciplina de estudar. Talvez nunca tenhamos tido em nossa história necessidade tão grande de ensinar, estudar, de aprender... a ler, a escrever, a contar. De estudar História, Geografia. De compreender a situação ou as situações do País. O intelectualismo combatido é precisamente esse palavreado oco, vazio, sonoro, sem relação com a realidade circundante, em que nascemos, crescemos, e que ainda hoje, em grande parte, nos nutrimos (Freire, 1961, p. 29). Para superar o verbalismo, o intelectualismo, destacava a necessidade de teorizar a partir de uma inserção na realidade, um contato analítico com o existente, para vivendo plenamente e praticamente essa realidade, pudéssemos encontrar respostas aos problemas. Refletindo aquele momento, Freire apontava: ”as sociedades que atingem ou ensaiam atingir a sua etapa autodeterminação, e, sujeito de seus próprios pensamentos se fazem criadoras, começam a repelir soluções ou receitas alienadamente transplantadas” (Freire, 1961, p. 13). Em outra vertente, no mesmo período, Anísio Teixeira, reportando-se ao desenvolvimento da medicina que se fazia cada vez mais científica, emancipando-se da intuição e do empirismo, desejava o mesmo para a educação: “são desse tipo – claro que sob os influxos dos progressos mais recentes ainda de outras ciências – os desenvolvimentos que desejamos suscitar na educação, com o cultivo nos centros de pesquisa, que se estão fundando no Brasil, de métodos próprios de investigação e prova no campo educacional” (Teixeira, 1957, p. 197). Reconhecia que a educação não é uma ciência autônoma, mas procurava estimular a pesquisa no sentido de auxiliar o professor no “instrumental indispensável à execução de uma das belas-artes e a maior: a de educar”. O momento era da criação dos Centros de Pesquisas Educacionais, precursores da pesquisa que se concretizou, posteriormente, nos cursos de Pós-Graduação, Mestrado e Doutorado, a partir do final .d o m o w w w .d o C lic k to bu y bu to k lic C w w w N O W ! h a n g e Vi e N PD ! XC er O W F- w m h a n g e Vi e w PD XC er F- c u -tr a c k Educação escolar: velhos e novos desafios 199 Educ. foco, Juiz de Fora, Edição especial, p. 189-217 jul. / out. 2012 .c y o c u -tr a c k .c Diva Chaves Sarmento Educ. foco, Juiz de Fora, Edição especial, p. 189-217 jul. / out. 2012 200 dos anos 1960. Pretendia-se desenvolver “conhecimentos intelectuais para rever e reconstruir com mais inteligência e maior segurança as práticas educacionais”. Após meio século, verifica-se que as mudanças se fazem muito lentamente. Parece que o conhecimento dos problemas se tornou mais claro, a pesquisa cresceu, os estudos se multiplicaram e a consciência da complexidade do educar, também. Mas, e a formação do professor? Continuamos com uma formação fragmentada, de sarticulada, distante da realidade da sala de aula e as várias tentativas de reforma não produzem resultados satisfatórios. A formação do magistério dos anos iniciais do Ensino Funda mental que se fazia no Curso Normal, não foi resolvida desde que a mesma foi desestruturada com a Lei no. 5692, de 1971. As últimas diretrizes curriculares do curso de Pedagogia tentam imputar a esse curso essa tarefa, já que os Cursos Normais superiores não vingaram. Há resistências e falta de experiências consolidadas no interior dos cursos para essa formação. Muitos professores formadores que saíram das faculdades fizeram suas pós-graduações, dedicaram-se à pesquisa, mas não tiveram a vivência de atuar numa sala de aula. Os professores das séries finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio continuam sendo formados em Institutos, privilegiando o domínio do conhecimento disciplinar. A exigência de ampliação da prática na escola e do tempo de estágio tem obrigado os participantes dos cursos, docentes e discentes, a maior reflexão, mas sem muita clareza sobre como aproveitar esse tempo de forma efetiva. O resultado dessa formação reflete-se na escola, onde dois universos se encontram ou não se encontram. Há uma crença não explícita, por parte dos docentes das séries finais, de que os professores das séries iniciais são pouco qualificados e vice e versa, os das séries iniciais pensam que os colegas dos anos posteriores não entendem de educação. Na realidade sabem coisas diferentes, embora complementares. Isso inviabiliza pensar e articular um projeto pedagógico para a escola como um todo. Um dos resultados mais evidentes é o aumento da repetência na transição, que não deveria existir, de uma etapa .d o m o w w w .d o C lic k to bu y bu to k lic C w w w N O W ! h a n g e Vi e N PD ! XC er O W F- w m h a n g e Vi e w PD XC er F- c u -tr a c k .c y o c u -tr a c k .c para a outra. Ao procurar entender a vantagem acadêmica de Cuba, um dos pontos destacados por Carnoy (2009, p. 135) é uma experiência em andamento naquela Ilha para melhorar a qualidade nos anos finais do Ensino Fundamental, “usando o modelo da escola primária de um único professor para quase todas as áreas do conhecimento durantes diversos anos”. Na experiência, os professores estão sendo formados em núcleos, supervisionados por um professor tutor, que os acompanhará nas futuras atividades de ensino. A formação separada entre institutos e faculdades de educação dificulta a frequência a cursos de outras disciplinas e a possibilidade para que os professores das séries iniciais tenham maior domínio em Matemática e Ciências, por exemplo. A diferença, no caso cubano é que o Ensino Fundamental e Médio é bom, dandolhes uma boa base. Outra diferença é que a formação se concentra inteiramente no ensino do currículo obrigatório. Assim, o conhecimento pedagógico e do conteúdo a ser ensinado é a base da formação, valorizando-se a prática. Muitas são as diferenças entre a realidade de Cuba e a do Brasil, mas buscar a melhor maneira de formar o professor é fundamental. .d o m c u -tr a c k Educação escolar: velhos e novos desafios Gatti e Barreto (2009, p. 257) reforçam: no que concerne à formação de professores, uma verdadeira revolução nas estruturas institucionais formativas e nos currículos de formação é necessária. As emendas já são muitas. A fragmentação é clara. É preciso integrar essa formação em instituições articuladas e voltadas a esse objetivo precípuo. Discutindo a proposta de um Centro Pedagógico, no início dos anos 1990, a Faculdade de Educação da UFJF propunha uma formação básica inicial para todos os que se dirigissem ao magistério e que fariam a opção quando do ingresso na Universidade. Nesse momento, o foco seria estudar por que e para quê educação, como o ser humano se desenvolve e aprende e a relação educação e sociedade. A partir daí, haveria a escolha ou pela formação para a Educação Infantil ou para as séries iniciais do Ensino Fundamental ou o w w w .d o C lic k to bu y bu to k lic C w w w N O W ! h a n g e Vi e N PD ! XC er O W F- w m h a n g e Vi e w PD XC er F- 201 Educ. foco, Juiz de Fora, Edição especial, p. 189-217 jul. / out. 2012 .c y o c u -tr a c k .c pelo ensino de uma disciplina específica. O conteúdo dis ciplinar em qualquer caso seria aprendido nos Institutos, junto com os bacharelandos, mas da perspectiva de quem aprende para ensinar. O projeto foi rejeitado pelos institutos sob o argumento de que dadas as condições de trabalho e de remuneração poucos fariam a opção pelo “ser professor”. Concordando com Gatti e Barreto (2009, p. 257) Diva Chaves Sarmento a formação de professores não pode ser pensada a partir das ciências e seus diversos campos disciplinares, como adendo destas áreas, mas a partir da função social própria à escolarização – ensinar às novas gerações o conhecimento acumulado e consolidar valores e práticas coerentes com nossa vida civil. Assim, pensar alternativas para a formação do professor é fundamental para que ele se constitua como verdadeiro profissional, autor de sua própria prática. A articulação entre os entes federados e a descontinuidade nas políticas Educ. foco, Juiz de Fora, Edição especial, p. 189-217 jul. / out. 2012 202 Todas as ações aqui enumeradas para responder aos desafios educacionais partem do Governo Federal. Mas, constitucionalmente e conforme a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBN, estados e municípios são entes federativos autônomos e a Educação Básica é competência deles. Políticas definidas no âmbito federal precisam da adesão dos governos estaduais e municipais para sua concretização. Estes, por sua vez, definem suas próprias políticas que podem estar afinadas ou não com as políticas federais. A mesma legislação estabelece que os governos atuem em regime de colaboração, mas a realidade tem mostrado as dificuldades desse processo. Assim, políticas e orientações diversas atra vessam as escolas comprometendo o alcance dos projetos pedagógicos e das ações que elas são instadas a realizar. A descontinuidade, também, se dá no tempo, a cada novo governo eleito. A cultura impregnada é a cada nova gestão encaminhar novas propostas sem considerar pro .d o m o w w w .d o C lic k to bu y bu to k lic C w w w N O W ! h a n g e Vi e N PD ! XC er O W F- w m h a n g e Vi e w PD XC er F- c u -tr a c k .c y o c u -tr a c k .c gramas e projetos anteriores. Essa é uma realidade bastante conhecida, mas que não se consegue alterar. Há clara indicação da necessidade de um Sistema Nacional de Educação (CONAE, 2010) que articule as polí ticas em nível nacional, mas esse é um processo que também tem enfrentado longas discussões e desafios. .d o m c u -tr a c k Educação escolar: velhos e novos desafios A avaliação O Estado de Minas Gerais implantou, desde 1991, a Avaliação Externa de Resultados da Escola como parte integrante da avaliação do Sistema Estadual de Educação (Souza, s/d). A avaliação era preconizada como condição para a autonomia da escola e para diagnóstico, com dados consistentes, sobre a rede estadual como base para o desenho de um plano de melhoria do ensino. A introdução da avaliação externa era parte de uma política voltada para valorizar a educação como indispensável à qualificação da mão de obra. Essas foram a palavras do Secretário Estadual de Educação: Diante da redução das barreiras nacionais para o capital e para a tecnologia cresce a importância da educação universalizada e de qualidade como pré-requisito para o desenvolvimento. Em adição a qualificação do trabalhador, a competitividade internacional exigirá também sistemas educacionais capazes de gerar competência para a produção de ciência e de tecnologia (Mares Guia, 2004, p. 7). A avaliação externa compôs, em Minas Gerais, um conjunto amplo de ações em um projeto conhecido como Pró-Qualidade financiado pelo Banco Mundial. No âmbito nacional, a proposta de estruturação de um Sistema de Avaliação do Ensino Público de 1º. Grau foi elaborada em meados de 1988, como parte de um convênio existente entre o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura – IICA e o Ministério da Educação – MEC, para responder às demandas do Banco Mundial, no sentido de desenvolver uma sistemática de avaliação para o Projeto-Nordeste- Segmento Educação (VI Acordo MEC/ o w w w .d o C lic k to bu y bu to k lic C w w w N O W ! h a n g e Vi e N PD ! XC er O W F- w m h a n g e Vi e w PD XC er F- 203 Educ. foco, Juiz de Fora, Edição especial, p. 189-217 jul. / out. 2012 .c y o c u -tr a c k .c Diva Chaves Sarmento Educ. foco, Juiz de Fora, Edição especial, p. 189-217 jul. / out. 2012 204 BIRD). Após ajustes necessários, a proposta foi estendida ao resto do País e realizada pela primeira vez em 1990, como Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica – SAEB, graças a recursos alocados via Projeto BRA/86/002 (SENEB – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento/ PNUD). O SAEB ficou sob a responsabilidade do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais – INEP/ MEC. (BRASIL, 1992). A avaliação em larga escala, com o apoio de agências internacionais, se instala e visa enfrentar o desencontro entre as necessidades do mercado de trabalho e o sistema educacional. Em 1995, o SAEB adotou técnicas mais modernas de medição de desempenho dos alunos e incorporou instrumentos para levantar dados sobre as características socioeconômicas, culturais e sobre os hábitos de estudos dos alunos. Com a LDBN de 1996, esse processo foi reforçado uma vez que, pelo seu Art. 9º inciso VI, a União é incumbida de “assegurar processo nacional de avaliação do rendimento escolar no ensino fundamental, médio e superior, em cola boração com os sistemas de ensino, objetivando a definição de prioridades e a melhoria da qualidade do ensino”. Em 1997, o SAEB introduziu as Matrizes de Referência para construção dos descritores como base para a construção dos itens das provas e buscar associar os conteúdos às competências cognitivas utilizadas no processo de construção do conhecimento. A cada dois anos, a avaliação é realizada por amostragem e fornece índice de desempenho para as quartas e oitavas séries do Ensino Fundamental e para a terceira série do Ensino Médio. Em 2005, foi acrescentado ao sistema a Avaliação Nacional do Rendimento Escolar – Anresc, conhecida como Prova Brasil. É uma avaliação de caráter universal sobre o desempenho em Matemática e Língua Portuguesa (Leitura) de quarta e oitava séries do En sino Fundamental em cada escola da rede pública. A prova Brasil produz informações sobre o ensino oferecido por município e por escola e seu objetivo é auxiliar governantes e a comunidade escolar nas decisões administrativas necessárias à melhoria da qualidade do ensino. .d o m o w w w .d o C lic k to bu y bu to k lic C w w w N O W ! h a n g e Vi e N PD ! XC er O W F- w m h a n g e Vi e w PD XC er F- c u -tr a c k .c y o c u -tr a c k .c Gradativamente o sistema nacional de avaliação da Educação Básica e também do Ensino Superior foi se con solidando no País com o Estado assumindo a sua face de “Estado Avaliador” (Afonso, 2001). Foi criado, também, um novo índice, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB, que combina informações de desempenho ao final das séries avaliadas com informações sobre rendimento escolar (taxa de aprovação). Os resultados das avaliações têm revelado a baixa qualidade do ensino no País, segundo os aspectos avaliados. Estudos realizados (Coelho, 2008) atribuem ao pro fessor grande responsabilidade pelo êxito dos alunos, sendo destacadas as dimensões: empenho, competência, capacitação, interesse, compromisso em relação à escola, entre outras. Pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística em capitais do País (Ibope, 2010, p. 51) mostrou que, embora os professores considerem-se preparados para dar boas aulas, sentem-se menos preparados para enfrentar a sala de aula e que sua formação não é adequada à realidade do aluno: sobrecarga de trabalho, falta de disciplina em sala de aula, falta de motivação dos alunos, falta de participação dos pais foram os problemas mais destacados. Em relação aos efeitos da avaliação, dois estudos podem ser exemplares. Um buscou analisar os resultados obtidos por alunos de quarta série, em Matemática, no Sistema Mineiro de Avaliação da Rede Pública de Educação – SIMAVE2, (Oliveira, 2002). O estudo analisou o desenvolvimento cognitivo dos alunos em cada nível de proficiência da escala resultante. A opção teórica que sustenta a proposta de avaliação escolar busca verificar a relação entre a constituição de uma competência e a capacidade de agir com eficácia em uma situação dada. Oliveira (2002, p. 112) concluiu que parece ser possível afirmar que, até então, o ensino da Matemática vem privilegiando a memorização de conceitos prontos e o treinamento de técnicas, em detrimento de uma prática de ensino que propicie aos alunos condição de se apropriarem dos conhecimentos matemáticos construídos pelo homem e a reconstrução de sua aprendizagem, possi .d o m o w w w .d o C lic k to bu y bu to k lic C w w w N O W ! h a n g e Vi e N PD ! XC er O W F- w m h a n g e Vi e w PD XC er F- c u -tr a c k Educação escolar: velhos e novos desafios 205 Educ. foco, Juiz de Fora, Edição especial, p. 189-217 jul. / out. 2012 .c y o c u -tr a c k .c bilitando a compreensão e o raciocínio, a interpretação e produção de diferentes formas de representação e a diver sidade de procedimentos. Diva Chaves Sarmento O estudo mostrou, também, que os campos da Ma temática são trabalhados de forma segmentada, com o destaque para a Aritmética. Aponta-se a necessidade de romper com o processo de transmissão de informações que conduz a experiência matemática do aluno à identificação e à aplicação de conhecimentos memorizados. Os resultados obtidos pelos alunos revelaram-se insatisfatórios nos cinco campos da Matemática avaliados: Medidas, Geometria, Números, Operações e Estatística. Será que, ao longo da década, estudos dessa natureza têm influenciado a mudança do ensino nas escolas? Tomando como referência a Prova Brasil, outro estudo procurou verificar o que os professores têm feito com os instrumentos que apontam resultados alarmantes sobre a capacidade de leitura de alunos de quarta série do Ensino Fundamental. Os resultados da avaliação têm mostrado que mais da metade das crianças aí chegam sem desenvolverem adequadamente sua capacidade de ler e escrever. A pesquisa partiu da seguinte questão: como os professores percebem e se utilizam do resultado das avaliações? A Prova Brasil avalia a competência leitora dos alunos, procurando verificar as habilidades necessárias a um leitor proficiente. Mais da metade dos professores entrevistados percebeu a prova como instrumento de avaliação do desem penho do professor, um quarto considerou que o instrumento de avaliação não condiz com a realidade. Apenas um décimo dos entrevistados o percebeu como instrumento de apoio ao fazer pedagógico. Os professores não se veem como participantes do processo e mostram-se insatisfeitos por se sentirem culpabilizados pelo fracasso que as avaliações retratam. A pesquisa identificou, ainda, que a maioria dos Educ. foco, Juiz de Fora, Edição especial, p. 189-217 jul. / out. 2012 206 2 SIMAVE/ Programa de Avaliação da Rede Pública de Educação Básica – PROEBE. .d o m o w w w .d o C lic k to bu y bu to k lic C w w w N O W ! h a n g e Vi e N PD ! XC er O W F- w m h a n g e Vi e w PD XC er F- c u -tr a c k .c y o c u -tr a c k .c professores não tem conhecimento dos resultados da prova e, portanto, não os analisa e muito menos os compara com os resultados obtidos nas avaliações realizadas por eles mesmos. Sendo, assim, não há aproveitamento da avaliação para reorientar o trabalho pedagógico. A pesquisa mostrou, ainda, que, em geral, os professores concebem a leitura como um ato de decodificar os signos gráficos, em que o aluno é sujeito passivo em relação ao texto. Avaliar para ele é um ato de medir e prevalece a perspectiva seletiva e classificatória. Diz a autora do estudo: .d o m c u -tr a c k Educação escolar: velhos e novos desafios a percepção das professoras de que a realidade está sendo comprometida por fatores alheios à escola gera uma negação do que é anunciado como verdade nos dados apresentados pela prova. Essa rejeição é um entrave para que essa prova venha a fazer sentido para essas professoras e venha a ser utilizada como um suporte para o trabalho pedagógico, através da utilização dos seus resultados (Souza, 2010, p. 79). Uma interpretação que pode ser feita a partir des sas observações é que, como instrumento de controle e monitoramento da qualidade da educação, a avaliação refe renciada em competências e moldada com base em padrões internacionais revela o que há muito é apontado. Prevalece o modelo tradicional de ensino, calcado na transmissão e memorização de conteúdo – a Educação Bancária, segundo Paulo Freire. As avaliações em larga escala fornecem informações e podem orientar políticas. Mas pensar o seu uso para reverter o quadro de baixo desempenho pode ser infrutífero, a menos que o professor seja envolvido em todas as fases da avaliação. Ele precisa se sentir parte do processo e não o culpado pelo resultado. Como uma ação imposta e muitas vezes usada para estimular a competição entre as escolas, inclusive premiando as bem sucedidas, não tem se revelado positiva. Como concluíram Carnoy (2009) e Ravitch (2010), incentivos de mercado e a responsabilização do professor pelo desempenho do aluno não tem levado à melhora na qualidade da educação. o w w w .d o C lic k to bu y bu to k lic C w w w N O W ! h a n g e Vi e N PD ! XC er O W F- w m h a n g e Vi e w PD XC er F- 207 Educ. foco, Juiz de Fora, Edição especial, p. 189-217 jul. / out. 2012 .c y o c u -tr a c k .c Diva Chaves Sarmento Educ. foco, Juiz de Fora, Edição especial, p. 189-217 jul. / out. 2012 208 O Brasil é hoje a maior economia da América Latina e almeja maior espaço e presença no âmbito internacional. É unânime a importância de superar os entraves educacionais para que não se comprometam as expectativas. Observase que as marcas academicista e intelectualista, originadas do ensino jesuítico, continuam impregnadas nas escolas. Possibilitar a apreensão do saber acumulado pelas gerações anteriores e inserir-se nesse processo como produtor de conhecimento é uma função importante da escola. Presupõe professores preparados para isso em todas as áreas. É preciso formar leitores competentes, capazes de ler textos e a realidade que o cerca. Preparar as novas gerações para situarem-se no tempo e no espaço, dominar as novas tecnologias, responder aos desafios que a realidade propõe, avançando no conhecimento e no mundo produtivo é condição de independência e libertação. No Brasil, formar professores de Matemática, Física e Química, em número e qualidade suficiente, virou quase obsessão. Possibilitar conhecimento aos professores das séries iniciais para introduzirem seus alunos no conhecimento matemático e científico com competência é condição para quebrar o medo e a rejeição à matemática e à ciência. Mas, em todas as áreas, é preciso repensar a escola. A formação continuada pode ser alternativa para interromper um círculo vicioso que se perpetua, mas só terá resultado se o professor se envolver no processo. Ensinar a pensar, a teorizar e não simplesmente memorizar fórmulas e textos é o que precisa ser feito. A escola brasileira do século XXI precisa dar conta das promessas da modernidade oferecendo a todos educação básica de qualidade e, ao mesmo tempo, responder às novas exigências do mundo globalizado e informatizado, que põe o conhecimento ao alcance dos que sabem transitar nos ca minhos disponibilizados pelas novas tecnologias. A escola precisa possibilitar aos alunos a inserção nesse contexto, apreendendo o conhecimento que importa e a serem, também, produtores e geradores de novos conhecimentos, respondendo às novas necessidades. Isso exige, também, pensar o Brasil no contexto globalizado a partir de um pro .d o m o w w w .d o C lic k to bu y bu to k lic C w w w N O W ! h a n g e Vi e N PD ! XC er O W F- w m h a n g e Vi e w PD XC er F- c u -tr a c k .c y o c u -tr a c k .c jeto claro de nação, com perspectiva crítica e consciente, que possibilite uma inserção soberana do País no âmbito global, contribuindo para uma nova globalização, como defendia Santos (2000), uma globalização cuja meta não seja uma classificação entre potências. Ou como aponta Robert (2009, p. 227): .d o m c u -tr a c k Educação escolar: velhos e novos desafios a nosso ver, o que está em jogo é continuar a preservar, pela escola, o acesso das jovens gerações ao universal, não esse falso universal relacionado a um sentimento de superioridade nacional ( em nome do qual o colonialismo foi tantas vezes justificado), nem esse outro falso universal da uniformidade mundial ( submetido a valores de inspiração principalmente econômica) mas um universal se possível melhor. Ora, este não se adquirirá pela dissolução das “exceções nacionais”, mas – a partir delas- pela crítica de suas derivas e pelo aprofundamento do que elas trazem de melhor, assim como pela sua convergência refletida e dominada com outras. Quando escrevia esse texto, um programa de TV de grande audiência mostrou o dia a dia de uma escola americana onde os alunos não usam mais livros didáticos. Com seu “laptop”, cada aluno acessa as informações para as aulas, podendo acompanhar o que está sendo produzido de mais novo no campo do conhecimento, mediado pelo professor. A leitura, porém, é obrigatória durante um período do dia. Naquele dia, os alunos estavam lendo o livro “O Alquimista” do escritor brasileiro Paulo Coelho. Ao comentar o fato em sala de aula, a reação de alunos da pós-graduação foi de desdém: Paulo Coelho! O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em visita ao Brasil, ao discursar para os brasileiros, além de ressaltar as maravilhas do “país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza”3, cometeu duas gafes, segundo a mídia. Uma foi destacar o alcance da nossa democracia que possibilitou a um menino pobre de Pernambuco, trabalhador nas minas de cobre, chegar a Presidente da República. A outra foi citar uma frase do escritor Paulo Coelho, não muito reverenciado pela intelectualidade. Novamente, co o w w w .d o C lic k to bu y bu to k lic C w w w N O W ! h a n g e Vi e N PD ! XC er O W F- w m h a n g e Vi e w PD XC er F- 209 Educ. foco, Juiz de Fora, Edição especial, p. 189-217 jul. / out. 2012 .c y o c u -tr a c k .c mentando o fato numa sala de graduação, uma aluna reagiu: “o presidente não estudou bem para a prova e errou duas questões, as minas de cobre estão no Chile, para onde ele iria depois e sua assessoria não conhecia Machado de Assis”. Essas observações nos fazem pensar: temos altas expectativas, avaliamos todos o tempo todo e estamos marcados por preconceitos. Se o mundo está lendo Paulo Coelho não seria melhor entender o porquê ? Outra aluna acrescentou: “mas ele só faz compilações de ideias!” Os adolescentes americanos leem o Alquimista, os nossos devoram Harry Potter4, Crepúsculo5, Percy Jackson6, entre outros do gênero. O que essas leituras significam para eles? Não sou especialista na área, mas posso supor. O contato com o mistério, a aventura, as fantasias, as ideias, os valores e as misérias que a humanidade vem construindo ao longo dos séculos e, também, a perspectiva de que o mal deve ser contra atacado. Isso também é educação e a escola não pode desconhecê-las. Pode-se daí explorar: história, geografia, ciência, mitologia... A expressão “dar aulas”, entendida como transmissão de conteúdos desvinculados da realidade do aluno, não faz sentido nesse contexto. Demo (2010), na sua luta para mudar a escola, cobrando “rupturas urgentes” diz: Diva Chaves Sarmento dificilmente o docente percebe a necessidade de inovar-se. Antes de proclamar-se inovador, é imprescindível saber inovar-se, ou seja, aplicar a si mesmo a desconstrução. Sem falar que este procedimento pode ser doloroso ao extremo, contradita a história docente que tende a ver-se como indiscutível (...) Na prática se quisermos aluno autor, antes é preciso inventar docente autor ( DEMO, 2010, p. 868). Educação escolar: velhos e novos desafios Retomando as avaliações internacionais, os países que se destacam têm a educação como um valor central. Uma 5 6 3 4 Educ. foco, Juiz de Fora, Edição especial, p. 189-217 jul. / out. 2012 210 Trecho de Música de Jorge Benjor. Autora: J. K. Rowlings. Autora: Stehenie Myer. Autor: Rick Riordan. .d o m o w w w .d o C lic k to bu y bu to k lic C w w w N O W ! h a n g e Vi e N PD ! XC er O W F- w m h a n g e Vi e w PD XC er F- c u -tr a c k .c y o c u -tr a c k .c polêmica em torno da mãe americana de origem chinesa Amy Chua, (Paul, 2011) residente nos Estados Unidos e professora da Universidade de Yale que forçava sua filha de 7 anos a praticar, por horas, uma peça ao piano sem parar para tomar água ou mesmo ir ao banheiro até aprender, ilustra bem essa diferença. Alçada à mídia, a postura exigente da mãe causou reações indignadas e trouxe ao debate as diferenças culturais. Disciplina, dedicar duas a três horas por noite para realizar os deveres de casa, persistência até acertar, parece ser uma postura que mães chinesas cobram de seus filhos. Por outro lado, estranham o tempo que pais ocidentais deixam seus filhos “gastarem” em jogos de computador, Facebook, televisão, etc. No entanto, os estudantes da Finlândia, um país que dá mais importância à igualdade do que a competitividade, obtém bons resultados na avaliação do PISA. Entende-se por lá que uma hora de estudos por dia em casa é suficiente para se obter sucesso na escola, desde que haja um bom ensino, que o professores sejam bem preparados e valorizados (Levine, 2011). Carnoy (2009, p. 71-72), no estudo comparativo entre Chile, Brasil e Cuba, levanta a questão do “dilema democrático”. Em Cuba, diz ele, “um contexto sociocultural impõe um imperativo moral que protege as crianças dos excessos da desigualdade econômica e da possibilidade de opções negativas”, justificando uma sociedade rigidamente controlada, principalmente, para proteger os interesses das crianças. Por outro lado, “uma sociedade democrática, rela tivamente livre de imperativos morais impostos, quer pela religião organizada ou pelo Estado (ou por uma combinação dos dois) permite a livre expressão da criatividade necessárias para o progresso humano” (p. 71-72), mas a liberdade de escolha pode, também, gerar desigualdade. São questões mar cadas por construções históricas, conflitos políticos e lutas por hegemonias sociais. Nem sempre são opções dos povos, mas imposições econômicas e políticas. Mas levam a pensar na importância da ação do Estado e da participação social. Demo (2010, p. 868) chama a atenção para os ante .d o m o w w w .d o C lic k to bu y bu to k lic C w w w N O W ! h a n g e Vi e N PD ! XC er O W F- w m h a n g e Vi e w PD XC er F- c u -tr a c k Educação escolar: velhos e novos desafios 211 Educ. foco, Juiz de Fora, Edição especial, p. 189-217 jul. / out. 2012 .c y o c u -tr a c k .c cedentes necessários à ruptura na escola: mudar radicalmente os atuais processos de formação docente, valorizar realmente o professor, com salários dignos e reconhecer que como está o professor “é muito mais vítima do que prócer desta transformação vazia”. Estas diversas pontuações nos mostram que a cons ciência dos problemas se torna cada vez mais aguda e esse é o primeiro passo para a busca de soluções. De Paulo Freire a Anísio Teixeira a, muitos outros, o Brasil vem tentando reconstruir e melhorar a educação. Ao longo da segunda metade do século XX e da primeira década do século XXI, construímos uma Pós-Graduação forte com muitos olhares sobre a educação. Precisamos voltá-los agora para os pontos críticos. Há massa crítica consolidada. A disputa da área da Educação com a CAPES em torno da indicação de nomes para compor a sua coordenação pode ser uma oportunidade de avançar nessa direção 7. A justificativa que tem sido apresentada pela CAPES é que a Educação e outras áreas têm recebido demandas complexas, muitas envolvendo os mesmos profissionais, exigindo assim uma reestruturação das mesmas no âmbito da CAPES. Em reuniões, percebeu-se que havia muitos pontos em comum com a área de Ensino de Ciência e Matemática. A reação da área da Educação foi mobilizar os diversos setores envolvidos para promover ampla discussão conjunta, apresentando uma proposta que partia da constatação de: Diva Chaves Sarmento a) Crescente demanda por cursos de formação de profes sores em nível superior nas mais diferentes áreas, exigindo a inter-relação da Educação com as áreas específicas; b) A ampliação do fomento à formação de professores da Educação Básica, constituindo programas de formação, com o apoio direto ou indireto do MEC; 7 Educ. foco, Juiz de Fora, Edição especial, p. 189-217 jul. / out. 2012 212 O sistema de avaliação da CAPES se organiza por área de conhecimento e cada uma tem uma coordenação, até então eleita pelos pares entre os Coordenadores de Programas de Pós-Graduação. No momento em que o texto foi escrito havia um impasse sobre a questão, posteriormente, resolvido. Há discussões sobre a separação das áreas em que se constituíram Mestrados Profissionais da área original de Educação. .d o m o w w w .d o C lic k to bu y bu to k lic C w w w N O W ! h a n g e Vi e N PD ! XC er O W F- w m h a n g e Vi e w PD XC er F- c u -tr a c k .c y o c u -tr a c k .c c) A necessidade de que essas áreas emergentes mantenham uma interlocução com a pesquisa avançada no campo educacional; d) A preocupação constante em garantir que o crescimento no campo educacional se dê de maneira sustentável, ou seja, com ampliação quantitativa e garantia de indicadores de qualidade acadêmico-científica; e) O permanente foco da área de Educação na inserção e no compromisso social com a formação de professores e a produção de conhecimento teórico conceitual rigoroso (Fórum de Coordenadores de Programas de Pós-Graduação em Educação – FORPRED, abril, 2011). .d o m c u -tr a c k Educação escolar: velhos e novos desafios A proposta era que a área de Educação se constituísse em Câmaras Temáticas e sugeriam-se três Câmaras: pesquisa educacional acadêmica; pesquisa em Educação de áreas específicas do nível superior; cursos profissionais da ação educativa. Caminhou-se para uma proposta: manter a área de Educação como historicamente veio se constituindo e criar uma área de Ensino. O conflito é a expressão da urgência em se articular e definir ações para se encontrar respostas aos imensos de safios apontados. A partir das pressões, o governo, através de seus órgãos, age, a comunidade acadêmica se articula e propõe. A solução do impasse pode ser mais um passo na direção do amadurecimento do País nessa área e dos setores responsáveis pela Educação. O que se espera é que se possa avançar em ações que aproxime o mundo acadêmico e a escola e se construam os caminhos para uma educação libertadora e capaz de dar a todos os brasileiros condições de serem sujeitos de sua história. Rererências Bibliográficas AFONSO, Almerindo Janela. Reforma do estado e políticas Educacionais: entre a crise do Estado – Nação e a emergência da regulação supranacional. Educação e Sociedade, ano XXII, no. 75, agosto, 2001. ALTHUSSER, L. 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XC er O W F- w m h a n g e Vi e w PD XC er F- 215 Educ. foco, Juiz de Fora, Edição especial, p. 189-217 jul. / out. 2012 .c y o c u -tr a c k .c PETITAT, Andre. Produção da Escola/ Produção da Sociedade: análise sócio-histórica de alguns momentos decisivos da evolução escolar no ocidente. Porto Alegre: artes Médicas, 1994. Diva Chaves Sarmento RAVICH, Diane. Nota mais alta não é educação melhor. Entrevista a Simone Iwasso. Jornal Estado de São Paulo. 02/08/2010. ROBERT, Andre. Ainda é possível falar de escola “à francesa”? Algumas reflexões sobre as políticas educacionais no contexto contemporâneo. Educação e Sociedade. Campinas, vol. 28. no. 98, p. 211-230, jan/abr. 2007. SOUZA, Maria Alba. Avaliação da Escola Pública do Estado de Minas Gerais. Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais. Subsecretaria de Desenvolvimento Educacional. Superintendência de Desenvolvimento do Ensino. Diretoria de avaliação de ensino. Belo Horizonte, s/d, p. 1-14. SOUZA, Juliane Neves. 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XC er O W F- w m h a n g e Vi e w PD XC er F- c u -tr a c k .c y o c u -tr a c k .c questioning of the model to meet the demands of the twenty first century and the brazilian school system in this context. They are referenced with government policies, the training of teachers, the articulation between the federated states in Brazil, the discontinuity of the policies, the evaluation. Expected to move forward in actions that move the academic world and the school and to build ways to overcome the old and new challenges. Keywords: training of teachers, School education. .d o m o w w w .d o C lic k to bu y bu to k lic C w w w N O W ! h a n g e Vi e N PD ! XC er O W F- w m h a n g e Vi e w PD XC er F- c u -tr a c k Educação escolar: velhos e novos desafios Data de recebimento janeiro 2011 Data de aceite: fevereiro 2012 217 Educ. foco, Juiz de Fora, Edição especial, p. 189-217 jul. / out. 2012 .c