A Sócio-Histórica na Educação Ambiental André Luis Marangoni Centro Universitário Senac - Av. Engenheiro Eusébio Stevaux, 823 - Santo Amaro São Paulo Cep: 04696-000; [email protected]. Resumo Educação ambiental em sua construção histórica e com seus principais temas integrantes - meio ambiente, sustentabilidade, desenvolvimento sustentável – é vista neste artigo por uma abordagem sócio-histórica. O presente artigo tem como objetivo explorar histórica e criticamente temas como: meio ambiente, sustentabilidade, desenvolvimento sustentável e educação ambiental, baseado em interesses econômicos, políticos, sociais e oferece uma visão Sócio-Histórica na Educação Ambiental suportado no materialismo histórico e dialético para compreender os fenômenos humanos e ambientais para não dicotomizar as ações ambientais, econômicas, políticas e sociais. Palavras chave: Educação Ambiental; sustentabilidade; desenvolvimento sustentável; SócioHistórica; fenômenos humanos e ações ambientais. 1. INTRODUÇÃO Na construção de uma sociedade sustentável, surgem dificuldades e conflitos em variados aspectos como ambiente, sociedade, economia, política e cultura e o tema Educação Ambiental envolve variáveis importantes como indivíduo, meio ambiente, cultura e conscientização, entre outras (JACOBI, 2003; LIMA, 2005). Nesse contexto a importância de ações de avaliação, controle e prevenção tornam-se relevantes no âmbito do meio ambiente e, portanto parte integrante na cultura e consciência do ser humano que habita e habitará esse planeta. Para uma proposta de atuação na conscientização do ser humano tem-se a busca de mudanças de crenças, valores, pressupostos, convicções, opiniões. Para que esse processo se efetive é determinante a ação educacional, corroborando com o foco desse artigo, que pretende lançar mais uma contribuição pela busca de novas abordagens para Educação Ambiental. 2. OBJETIVOS A literatura ressaltada no texto tem o intuito de estudar os processos em sua constituição social e histórica e não somente os objetos, buscando os diferentes estágios que o compõe. O objetivo desse trabalho é analisar, através de um panorama histórico os temas: educação ambiental, meio ambiente, sustentabilidade e desenvolvimento sustentável, buscando refletir o contexto social e histórico vivenciado pelos indivíduos e os conceitos subjacentes da sociedade e do meio ambiente e, lançar novas argumentações de acordo com a abordagem Sócio-Histórica para extensão do tema. 1. Educação ambiental - um pouco de história Para iniciar esse trabalho iremos recorrer a alguns aspectos históricos do tema Educação ambiental com o objetivo de desenvolvermos de um pensamento crítico, bem como inserirmos a idéia de analisarmos o tema de acordo com a abordagem 2 Sócio-Histórica desenvolvida por Vygotsky (1896-1934), na Rússia no início do século XX. Cabe salientar que para analisarmos a Educação ambiental de acordo com a abordagem Sócio-Histórica de Vygotsky teremos que pensar na construção do homem e do meio ambiente num processo dialético, ou seja, pensarmos num homem que constituiu o meio ambiente ao longo da evolução da espécie humana com o uso das ferramentas externas e da linguagem, e que de modo dialético se constituiu como homem cultural no meio ambiente. Segundo Marangoni (2007) o intuito de estudar os aspectos sociais e históricos de um tema é buscar os processos que o constitui e o constituíram, ao longo de sua construção social e histórica, não focando somente no objeto de estudo, mas podendo analisar os diferentes estágios que o compõe. Nesse sentido necessitaremos pensar na Educação ambiental como um processo, constituído e constituinte dos homens no seu meio social e histórico. A Educação ambiental tornou-se pauta de discussão de conferências mundiais, a partir da 1ª Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente em Estocolmo em 1972, em que essencialmente estabeleceram que a educação da população era primordial para disseminação das bases de opinião mais esclarecidas e se tornava necessário construir o sentimento de responsabilidade nos indivíduos na busca da proteção e melhoria do meio ambiente. (PELICIONI, 2005) Na seqüência, o Encontro Internacional de Educação Ambiental em Belgrado, Iugoslávia em 1975, propunha orientações que foram inseridas no Programa Internacional de Educação Ambiental de Estocolmo, como a divulgação de “uma nova ética global que proporcionasse a erradicação da pobreza, da fome, do analfabetismo, da poluição e da dominação e exploração humana”. (DIAS, 1992 apud PELICIONI, 2005, p. 588) Segundo o referido autor, em síntese, este encontro lançava a urgência de difundir um processo de mudança de comportamentos e de conscientização para o desenvolvimento e reforma nos sistemas educacionais vigentes, como o suporte de programas mundiais de educação ambiental. 3 Esses preceitos também lançaram as bases para a I Conferência Intergovernamental de Educação Ambiental realizada em 1977 em Tbilisi. Em Tbilisi (1977) iniciou-se um processo em nível global que criasse condições para que se formasse “uma nova consciência sobre o valor da natureza e para reorientar a produção de conhecimento baseada nos métodos da interdisciplinaridade e nos princípios da complexidade... (JACOBI 2005, p. 190) Nesse sentido produziu-se um documento de 41 recomendações que sustentam as bases até os dias atuais. Neste documento propõe-se o conceito, os objetivos e os princípios da educação ambiental como estratégia de compreensão e condução da sustentabilidade ambiental e social do planeta. (PELICIONI, 2005; SORRENTINO et al. 2005) Nesse evento recomendava-se a formatação de um processo contínuo e estruturado para a educação ambiental, atendendo os requisitos teóricos e práticos, buscando alcançar, em uma conceituação de ensino-aprendizagem, variados grupos profissionais e sociais com estratégias mais modernas e adequadas. (PELICIONI, 2005) Na Rio 92, a educação ambiental foi tema presente em todas as propostas da Agenda 21 proporcionando as transformações sociais necessárias ao combate à pobreza, levando a população à obtenção de meios de subsistência sustentáveis que conduziram a reorientar uma sociedade humana. (PELICIONI, 2005) No Brasil, em 1997, foram realizados eventos específicos de educação ambiental de relevante importância que geraram conteúdo para a Conferência Internacional sobre o Meio Ambiente e Sociedade: Educação e Conscientização para a Sustentação e, em Tessalônica, Grécia, nesse mesmo ano. Entre as necessidades identificadas nessa conferência ficou caracterizado a melhor preparação dos professores e matérias didáticos e a necessidade de ações de educação ambiental baseadas nos conceitos de ética e sustentabilidade, identidade cultural e diversidade, mobilização e participação e práticas interdisciplinares. (JACOBI, 2003; PELICIONI, 2005) 4 Os itens acima descritos salientam que o tema Educação ambiental além de ser composto por variáveis importantes e difíceis de serem transformadas pelos indivíduos e pela sociedade, tais como sentimento de responsabilidade; a ética que proporcione a erradicação da pobreza e da fome; uma nova consciência sobre o valor da natureza; a identidade cultural; a diversidade; a importância das práticas interdisciplinares; a compreensão e construção de estratégias para a sustentabilidade ambiental, entre outros, não estão descoladas das variáveis subjacentes ao próprio desenvolvimento da sociedade como um todo. Nesse sentido necessitamos pensar nas políticas econômicas, educacionais e públicas que acabam constituindo e reforçando a exploração desenfreada dos indivíduos e do meio ambiente que, num processo dialético, se traduz na dificuldade de conscientização e disseminação de opinião de uma sociedade desigual, oprimida e constituída da própria exploração. O desenvolvimento das sociedades, no decorrer dos anos, aponta inúmeros benefícios para diversas áreas: telecomunicações, medicina, transporte, educação, porém o simples acompanhamento dos noticiários junto à impressa e os constantes alertas da academia, através de diversas vozes, apontam uma necessária reflexão sobre as práticas econômicas e sociais da própria sociedade. A degradação do meio ambiente e do ecossistema são reflexos desta evolução, descrita muitas vezes como em uma abordagem de desenvolvimento ou crescimento econômico, que segundo Jacobi (2005) eram, até recentemente, considerados sinônimos. No contexto do desenvolvimento e meio ambiente deve-se considerar a forma como sociedade vêm explorando os recursos do planeta que segundo Guimarães (2001 apud JACOBI 2005) caracteriza como uma crise de impacto ao planeta, “o que configura o esgotamento de um estilo de desenvolvimento ecologicamente predador, socialmente perverso, politicamente injusto, culturalmente alienado e eticamente repulsivo” (p. 235). Os países em desenvolvimento ainda apontavam para prioridades focadas unicamente no crescimento econômico em detrimento ao meio ambiente, considerando que a atuação direta na pobreza reverteria em 5 conseqüências positivas na qualidade de vida das pessoas e do meio ambiente. (MALHEIROS et al. 2005) No entanto na relação entre desenvolvimento e o meio ambiente, desenhada para o século XXI, os modelos tradicionais de crescimento devem ser reconsiderados para que a sociedade industrial tenha novos referenciais suportados no desenvolvimento sustentável, destacando a pluralidade, diversidade, multiplicidade e heterogeneidade. Vale ressaltar que, apesar das críticas existentes no consumo desenfreado dos recursos naturais, o conceito de desenvolvimento sustentável apresenta um importante avanço, na medida em que garante o direito ao desenvolvimento, principalmente em países com níveis insatisfatórios de renda e riqueza, e o direito a ambiente saudável das futuras gerações. (JACOBI, 2003; DEGANI, 2003 apud QUELHAS 2006) No Brasil, a postura do governo ainda está focada no crescimento econômico sem considerar de fato os impactos ao meio ambiente, no entanto vale ressaltar que o debate sobre meio ambiente, sustentabilidade e educação ambiental ganha constantemente contribuições que levam a demonstrar a dinâmica, riqueza e importância desses temas para a sociedade atual e futura. 2. Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável Ao trazer a luz da sociedade os temas como sustentabilidade e desenvolvimento sustentável não determina que o consenso tenha sido alcançado como cita Silva et al (2006) “sustentabilidade continua causando muitas controvérsias, principalmente relativas ao consumo de recursos não renováveis que devem ser explorados em bases sustentáveis” (p. 387). A sustentabilidade pode também ser fundamentado em sua construção, segundo Lima (2003), nas inconsistências de exploração de recursos em atendimento ao sistema produtor capitalista, intensamente conduzido ao longo dos anos 70 que além da recorrente exploração desenvolvimentista não atuou na perspectiva de gerenciar os resíduos ou impactos decorrentes do crescimento preconizados. Suportado por Lima (2003) na compreensão e articulação do tema sustentabilidade pode ser mais facilmente conduzido como “um discurso, no 6 sentido empregado por Michel Foucault no contexto da arqueologia e, sobretudo, da genealogia do saber-poder”, pois segundo Foucault “toda sociedade controla e seleciona o que pode ser dito numa certa época, quem pode dizer e em que circunstâncias, como meio de filtrar ou afastar os perigos e possíveis subversões que daí possam advir.” (FOUCAULT, 2001, apud LIMA 2005, p. 100). Ainda por Foucault (2001 apud LIMA 2005) os discursos são entendidos como práticas geradoras de significados que se apóiam em regras históricas para estabelecer o que pode ser dito, num certo campo discursivo e num dado contexto histórico. Essa prática discursiva possível resulta de um complexo de relações com outras práticas discursivas e sociais. O discurso, portanto, relaciona-se simultaneamente, com suas regras de formação, com outros discursos e com as instituições sociais e o poder que elas expressam. (p. 100) A proposta da contribuição de Foucault é de “reter a idéia de que todo discurso expressa uma vontade de poder que aspira e luta para ser reconhecido como a verdade sobre um determinado campo em um certo contexto histórico.” (LIMA, 2005 p. 101) Pela necessidade de reconhecimento atual e no contexto histórico vivido a noção de sustentabilidade encontra-se em um momento adequado para sua compreensão por reunir “sob si posições teóricas e políticas contraditórias e até mesmo opostas” (JACOBI, p. 238), todavia ao discutir sustentabilidade deve-se buscar uma limitação nas oportunidades de crescimento com um conjunto de iniciativas determinadas por interlocutores e participantes sociais através de práticas educativas que levem variados setores ao diálogo construindo responsabilidades e valores éticos. A sustentabilidade como campo de construção comum que conduz para o consenso às diversas concepções e grupos divergentes atenuando os conflitos que até então dividiam (LIMA, 2003). Esse campo em sua formação genérica aproximou variados agentes “capitalistas e socialistas, conservacionistas e ecologistas, antropocêntricos e biocêntricos, empresários e ambientalistas, ONGs, movimentos sociais e agências governamentais”, promovendo o desenvolvimento sustentável que introduz “a temática ambiental em fóruns políticos-econômicos 7 nacionais e internacionais, conquistando um reconhecimento inédito na trajetória do ambientalismo até então” (LIMA, 2003, p. 105). Para o desenvolvimento sustentável deve-se pensar em um equilíbrio entre avanços tecnológicos, pressões econômicas e o meio ambiente que deverá sustentar esse futuro, para tanto a preocupação com os recursos naturais deve alcançar padrões de transparência e ética (SILVA, 2006). O termo desenvolvimento sustentável em sua construção histórica passa pelo relatório Bruntland (1987) e como mencionado anteriormente traz para o debate em uma esfera que envolva economia, tecnologia, sociedade e política, suportado em um campo ético na preservação do meio ambiente, considerando o grande desafio desta nova etapa. Como uma versão mais elaborada do desenvolvimento sustentável, construída por cientistas sociais de países desenvolvidos como Suécia, a Holanda, a Alemanha, a Noruega e o Japão, surge a Modernização Ecológica que propõe um discurso coerente de crescimento internacionalmente entre econômico países e e proteção ambiental, corporações do e aceito ecocapitalismo. Resumidamente a Modernização Ecológica “pode ser entendida como uma proposta de reestruturação da economia política do capitalismo que se esforça em demonstrar a compatibilidade entre crescimento econômico e proteção ambiental” (LIMA, 2003, p. 105). A proposta de sustentabilidade determina o imperativo em definir limites às possibilidades de crescimento como premissa que proporcione um conjunto de iniciativas principalmente por meio de práticas educativas com participação de variados interlocutores – governo, indústria, terceiro setor, academia, sociedade que atendam e desenvolvam ativamente um processo de diálogo, esta proposta torna-se real e relevante quando atinge um sentimento de co-responsabilidade e de constituição de valores éticos e transparentes. Sendo assim, o desenvolvimento sustentável como uma proposta concreta, algo como uma política / padrão multinacional tem de atingir as dimensões culturais, econômicas, educacionais, sociais, as relações de poder existentes e compreender os limites ambientais não como barreira e sim como padrões bem definidos e intrínsecos 8 para evitar uma ação contínua predatória do meio ambiente (JACOBI, 2003; 2005; MALHEIROS et al. 2005). 3. Educação Ambiental em uma abordagem sócio-histórica Como referido anteriormente Vygotsky, ao longo de sua história, constrói a teoria de desenvolvimento denominada, na Rússia, como Histórico-Cultural, tendo como método o materialismo histórico e dialético fundamentado em Marx. Pela influência de Marx e do materialismo histórico e dialético, Vygotsky considera o homem como um ser ativo, social e histórico que, através do seu trabalho, produz a sua vida material, as representações da realidade e a própria realidade material, constituindo-se, assim, como homem cultural. Nesse sentido, Vygotsky se preocupa, ao longo do seu percurso científico, em firmar uma psicologia materialista histórica e dialética. Na concepção materialista, Vygotsky refere que a realidade material objetiva preexiste independentemente de um sujeito único e particular, no entanto, de modo dialético, essa realidade constitui e é constituída na subjetividade dos homens ao longo da história. Os homens constituem a sua subjetividade baseada na realidade objetiva, que passa a ser, dialeticamente, uma realidade subjetiva. A concepção histórica é analisada pelo autor através das leis que regem as sociedades e os homens, considerando-as como produtos da própria ação do homem através do trabalho. Sendo assim, o homem, pela sua atividade no meio externo, transforma a natureza e também a si próprio. A dialética permeia tanto a concepção materialista quanto a histórica, uma vez que, para o autor, a relação do indivíduo e da sociedade é singular, social e individual ao mesmo tempo, sendo fundamental para as transformações da realidade social e dos próprios homens. 9 Nesse sentido que a construção de uma sociedade sustentável, surge dificuldades e conflitos inerentes a qualquer tema que envolva aspectos como ambiente, sociedade, economia, política e cultura e, o tema Educação Ambiental envolve variáveis importantes como indivíduo, meio ambiente, cultura e conscientização, entre outras. (JACOBI, 2003; LIMA, 2005) Como proposta se vê necessário novas atitudes e comportamentos buscando a mudança de valores dos indivíduos, da sociedade e, como solução tem-se a construção de um pensamento crítico, com estabelecimentos éticos, sustentáveis e políticos da educação ambiental, "situando o ambiente conceitual e político onde a educação ambiental pode buscar sua fundamentação enquanto projeto educativo que pretende transformar a sociedade" e o indivíduo. (CARVALHO, 2004 apud JACOBI, p. 244) Nesse contexto utilizando-se a abordagem Sócio-Histórica, com suporte de Morin, “a educação ambiental crítica, o conhecimento para ser pertinente não deriva de saberes desunidos e compartimentalizados, mas da apreensão da realidade a partir de algumas categorias conceituais indissociáveis ao processo pedagógico. (2002, apud JACOBI, 2005, p. 244) Dessa forma a educação ambiental deve fugir das armadilhas paradigmáticas como define Guimarães (2004 apud JACOBI, 2005) contribuindo para mudanças no quadro da crise sócio-ambiental recorrente. Como construção desse novo formato Jacobi (2005) propõe um processo intelectual ativo com desenvolvimento do diálogo e interação para novas interpretações das informações, conceitos e significados, que tendem a se originar do aprendizado dos indivíduos através de uma relação dialética referem a um sujeito historicamente e dialeticamente constituído que permite pensar em um ser, ao mesmo tempo, individual, cultural e social. O homem ao longo da evolução da espécie provocou transformações no meio externo e propiciou a sua constituição interna, num processo dialético, ou seja, o homem ao construir as suas ferramentas de trabalho, se constituiu como um ser social, desenvolvendo consciência tipicamente humana (VYGOTSKY, 1996). Complementando com autores como Carvalho, Leff, Sauvé e Gaudiano, 10 “mostram como um discurso ambiental dissociado das condições sóciohistóricas pode ser alienante e levar a posições politicamente conservadoras, na medida em que mobiliza o que Carvalho denomina de um consenso dissimulado, em virtude da generalização e do esvaziamento do termo desenvolvimento sustentável, das diferenças ideológicas e os conflitos de interesses que se confrontam no ideário ambiental”. (2003, apud JACOBI, p. 245) Com esta visão a proposta é superar o reducionismo, ampliando o diálogo, contribuindo com os saberes, à participação, os valores éticos fortalecendo a complexa interação entre sociedade e natureza. O homem consciente que suas ações no meio ambiente modifica-o e dialeticamente se transforma é capaz de repensar e criticar as políticas ambientais, econômicas e sociais, utilizando a ética para se perceber como agente construtor ou destruidor do meio ambiente. Nesse sentido a Educação Ambiental suportada na abordagem Sócio-Histórica de Vygotsky permite pensar na sociedade, na economia, na cultura e no meio ambiente não dissociado e não reduzido às armadilhas paradigmáticas desse conceito, devido utilizar a dialética como método de análise dos fenômenos. No entanto esse trabalho além de árduo, por movimentar muitos interesses sociais, individuais, políticos e econômicos, deve ser intensificado para que a cultura do consumo desenfreado, do capitalismo massacrante que apenas usufrui o meio ambiente sem consciência crítica, possa ser repensado e transformado, assim como compreender que não só as políticas públicas são responsáveis pelo meio ambiente, mas os atos individuais também transformam e são transformados pela Educação. Nesse sentido pode-se pensar no meio ambiente individual e social, universal e individual ao mesmo tempo, sem dicotomizar as ações éticas, econômicas, políticas, sociais e individuais. Os indivíduos conscientes de que são participantes ativos no meio ambiente, com a contribuição da Educação Ambiental, seja como construtor ou destruidor são capazes de repensar as suas atividades e as atitudes em relação ao meio ambiente. 11 5. REFERÊNCIAS JACOBI, P. Educação ambiental, cidadania e sustentabilidade. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n. 118., p. 189-205, março 2003. __________ Educação Ambiental: o desafio da construção de um pensamento crítico, complexo e reflexivo. Educação e Pesquisa, São Paulo, v.31, n.2, p. 233250, mai/ago. 2005. LIMA, G. C. O discurso da sustentabilidade e suas implicações para a educação. Ambiente & sociedade, Campinas, v.6, n.2, p. 99-119, jul./dez.2003. MARANGONI, S. F. S. A mediação da palavra e do brincar na psicoterapia com crianças. 2007. 155 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia) - Universidade São Marcos, 2007. MALHEIROS, T. F.; PHILIPPI, A. Jr. Saneamento e saúde pública: Integrando homem e ambiente. In: Saneamento, Saúde e Ambiente. São Paulo: Manole, 2005. PELICIONI, M. C. F. Educação ambiental: Evolução e conceitos. In: Saneamento, Saúde e Ambiente. São Paulo: Manole, 2005. SILVA, L. S. A.; QUELHAS, O. L. G. Sustentabilidade empresarial e o impacto no custo de capital próprio das empresas de capital aberto. Gestão & Produção, São Carlos, v.13, n.3, p. 385-395, set./dez. 2006. SORRENTINO, M.; TRAJBER, R; MENDONÇA, P; FERRARO, L. A. Educação ambiental como política pública. Educação e Pesquisa, São Paulo, v.31, n.2, p. 285-299, mai/ago 2003. VYGOTSKY, L. S. Estudos sobre a história do comportamento: símios, homem primitivo e crianças. Porto Alegre, RS: Artes Médicas, 1996. ________________ A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 2002. 12