Recarga Artificial de Aquífero Mariana Pinheiro Oliveira Tayane Costa Carvalho Introdução A recarga natural de um aquífero é resultante da diferença entre as entradas de água para o meio subterrâneo e as saídas de água do meio subterrâneo. O processo varia em resposta aos efeitos climáticos sazonais e de longo prazo, respondendo com aumento ou diminuição no gradiente hidráulico, que se traduz numa alteração do armazenamento subterrâneo. As águas subterrâneas têm funções ambientais significativas, tal como garantir a perenidade das drenagens superficiais nos períodos de estiagem. Recurso invisível: dificuldade de compreensão de sua sensibilidade e da determinação da forma mais eficiente de sua gestão. Seropédica se sobrepõe parcialmente ao Aquífero Piranema, sendo limitada a leste pelo Rio Guandu. Baixada da Bacia Sedimentar Cenozóica Flúvio-Marinha de Sepetiba. Caracterizado por sedimentos de ambiente aluvionar, com grande variação em sua superfície freática em função dos regimes de chuva e das estações. Problemas ambientais que impactam as águas subterrâneas: - uso e apropriação da terra em função da dinâmica de ocupação territorial; - impactos da inserção do Arco Metropolitano, da rodovia logística e do complexo portuário; - ausência de saneamento básico na região; - instalação do Centro de Tratamento de Resíduos (CTR); - atividades agropastoris na região de baixada; - extração de água através de poços artesianos; - fossas construídas no raio de influência dos poços perfurados; - poluição proveniente das águas do Rio Guandu e de seus afluentes - esgoto doméstico sem tratamento; - areais - extração irregular de areia. - Afloramento da superfície freática do Aqüífero Piranema em função do processo de extração de areia; - Período chuvoso: ascensão da superfície freática coloca em contato as águas com a pluma de contaminação oriunda de fossas sépticas. - Rebaixamento do lençol freático e a contaminação por óleo combustível provindo das dragas de extração. - O Distrito Areeiro de Seropédica-Itaguaí supre cerca de 70% da areia para a construção civil na região metropolitana, com mais de 80 empresas de extração de areia gerando graves danos ambientais. -Planos de manejo e de recuperação ambiental definidos por ONG’s foram elaborados para o reaproveitamento das lagoas artificiais, porém não foram concluídos. - Em 2005 a carga hidráulica no Bairro da Piranema chegou a cota de - 2,65 metros abaixo do nível do mar. A redução da carga potenciométrica naquela região determinou alterações do fluxo regional modificando temporariamente o fluxo subterrâneo. Proposta: - Para seu correto funcionamento é necessário solo permeável, presença de uma zona saturada sem camadas impermeáveis e de um aquífero freático. - É o método de recarga artificial mais utilizado, pois: - exige tecnologia simples; - não apresenta alto custo de instalação e manutenção; - possui ciclo de vida estimado de mais de 100 anos; - pode-se usar água sem tratamento prévio, pois utilizam a zona vadosa como filtros naturais, eficazes na depuração física, química e biológica da água. O Aqüífero Piranema é geralmente de ocorrência livre, localmente confinado. O nível da água subterrânea varia entre poucos centímetros a 7,5 m, com média de 2,5 m, conforme a estação climática. Além dos depósitos sedimentares, possui características superficiais de aqüífero poroso e gradualmente, à medida que a profundidade aumenta, revertendo para características de sistemas fraturados (Eletrobolt, 2003). O tempo de renovação das reservas totais das águas subterrâneas no Aqüífero Piranema seria em torno de 10 anos. As características acima possibilitam a implantação de Bacias de Infiltração. O Distrito Areeiro de Seropédica-Itaguaí conta com mais de 80 empresas de extração de areia em atividade, sendo 71 legalmente habilitadas à lavra, obtendo o Termo de Compromisso de Ajuste de Conduta Ambiental Preliminar. Destas 71 empresas, 66 obtêm Termo de Compromisso de Ajuste de Conduta Ambiental Definitivo. Segundo dados obtidos pelo Relatório Anual de Lavra, somente 38 dessas 71 empresas, no ano de 2002, produziram cerca de 720.000,00 m3 de areia, com arrecadação de R$ 7.000.000,00. Propõe-se, portanto, que o financiamento do projeto seja realizado pelas empresas areeiras, como forma de compensação e mitigação dos impactos ambientais gerados. Referências Bibliográficas: Agência Nacional das Águas – ANA, Ministério do Meio Ambiente – MMA. Plano Estratégico de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica dos Rios Guandu, Guarda e Guandu Mirim – Relatório do Diagnóstico Final, Volume 1 e 2. 2006. ALCANTARA D. Sobre as águas do Piranema: potencialidades e fragilidades na ocupação de um território em transformação. APP Urbana. 2014. CADAMURO, A. L. M.; CAMPOS, J. E. G. Recarga artificial de aquíferos fraturados no DF: uma ferramenta para a gestão dos recursos hídricos. Revista Brasileira de Geociências. v. 35, n. 1, p. 89-98. mar. 2005. EICHLER M.C. Recarga Artificial de Aquíferos: proposta para o Núcleo Rural Lago Oeste, DF. Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação Strictu Sensu em Planejamento e Gestão Ambiental. Universidade Católica de Brasília. 2012. 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Obrigada!