ORDEM DOS MÉDICOS
Conselho Nacional Executivo
“Pela nossa Saúde”
Comunicado da Ordem dos Médicos
O SNS, que até aqui servia todos os portugueses com Qualidade, está a sofrer com
as medidas de austeridade e a degradar-se muito mais do que outros sectores da
governação, por mera opção política, pois este Governo impôs mais cortes à Saúde
e aos Doentes do que aquilo a que foi forçado pela Troika.
Hoje, o Ministério já não pode continuar a esconder a dramática verdade do SNS,
conforme demonstram as denúncias apresentadas nas conferências de imprensa da
Ordem, as notícias transmitidas pelo comunicação social, a violenta ameaça de
demissão do Hospital de S. João, as denúncias de outros hospitais e o panorama
terrível traçado pelo Observatório Português dos Sistema de Saúde, chamado
“Síndroma da Negação”, porque o Ministério da Saúde esconde a verdade.
Os doentes sentem-no diariamente, quando vão às urgências e aguardam horas,
quando esperam pelas cirurgias e consultas, quando a limpeza falha, quando faltam
medicamentos e material clínico nos hospitais, quando os aparelhos não são
reparados, quando os médicos não podem pedir os exames de diagnóstico que
acham necessários, quando não têm acesso aos novos medicamentos que os
podiam curar, quando não têm dinheiro para pagar os transportes, etc., etc., etc.
Em nome dos doentes, é um imperativo defender a Qualidade da Saúde em
Portugal e o direito constitucional à Saúde. Um pergunta aos portugueses: sem o
SNS que ainda vamos tendo, quando estiverem doentes, acham que os Seguros e as
companhias seguradoras vão continuar a tratá-los?
A Ordem dos Médicos tem assumido um papel de Provedora dos Doentes e há
meses que procura negociar medidas que preservem a Qualidade da Saúde em
Portugal, quase sem sucesso. A Portaria 82/2014, da Reforma Hospitalar, que o
Ministério recusa revogar, ilustra a maior destruição do SNS desde a sua fundação e
será extraordinariamente prejudicial aos doentes, sobretudo os do interior.
Como os médicos defendem os doentes, o Ministério tem patrocinado uma intensa
campanha contra a dignidade de todos os médicos, usando os casos de alguns, que
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devem ser exemplarmente punidos, com notícias repetidamente transmitidas na
comunicação social. Como afirma que defende a transparência, fica uma pergunta
directa ao Ministro da Saúde: quanto gasta mensalmente o Ministério da Saúde, e
com quem, em assessorias e assessores de imagem e comunicação?
Infelizmente o diálogo com o Ministério da Saúde tem sido muito retórico mas
muito pouco consequente. Sobre isto, o Bastonário da Ordem dos Médicos, porque
tem razão, está disponível para um debate público com o Ministro da Saúde sobre
as razões do insucesso do processo de diálogo e sobre todas as medidas gravosas
tomadas pelo Ministério da Saúde.
Quando o diálogo entrou em falha, a Ordem dos Médicos apresentou um
memorando de preocupações em 13 capítulos e 56 pontos, que posteriormente
reduziu para 25 pontos. Destes 25 pontos, apenas 1 deles está resolvido, com a
garantia de que caiu a absurda proposta dos “gestores dos doentes”, e mais 4
pontos estão em fase de diálogo, aparentemente construtivo mas de resultado
ainda completamente incerto.
Porque é que os médicos se mobilizam? Porque estão em causa a Qualidade do SNS
e os direitos dos Doentes, porque, apesar de ter soluções, o Ministro continua a
degradar o SNS e a não dar um Médico de Família a todos os portugueses, porque
dificulta o acesso dos doentes a medicação inovadora, porque não contrata os
profissionais de saúde (médicos, enfermeiros e técnicos) essenciais ao bom
funcionamento do SNS, porque não evita a emigração de especialistas médicos
portugueses contrata médicos estrangeiros pelo dobro do custo dos médicos
residentes em Portugal, porque não publica a Lei do Acto Médico, que permitira o
combate ao exercício ilegal da medicina, porque quer profissionais sem as devidas
qualificações a praticar actos médicos, com prejuízo dos doentes, porque continua a
querer filtrar a informação através de um Código de Ética enviesado, para esconder
a verdade do SNS (a Ordem vai apresentar múltiplas propostas de alteração),
porque não cuida da manutenção de edifícios e equipamentos, porque quer
desconstruir a estrutura liderada pela Ordem dos Médicos que tem garantido a
qualidade da formação dos especialistas portugueses, porque quer colocar os
Médicos de Família, que já não têm tempo suficiente para os seus utentes, a
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exercer Medicina do Trabalho, recusando a revogação da Portaria 112/2014, porque
impõe limites à continuação da reforma dos Cuidados de Saúde Primários, porque
se recusa a reescrever DL 14/2014 com a letra e interpretação do Despacho 2156B/2014, porque continua a efectuar concursos fechados, que são ilegais e dificultam
a fixação de médicos no interior, porque continua a privilegiar as empresas
intermediárias de recrutamento de médicos (VMERs e urgências), porque há mais
de um ano que não inicia a discussão dos novos Estatutos da Ordem, que aceleraria
os processos disciplinares dentro da Ordem, etc., etc., etc.
Por todas estas razões, embora mantendo abertos todos os canais de diálogo, a
Ordem dos Médicos, para além da manutenção das conferências de imprensa, irá
dar sequência às medidas que já tinha anunciado, caso as negociações falhassem,
nomeadamente: continuar a insistir junto de médicos e doentes para comunicarem
todas as falhas do SNS à Ordem dos Médicos, apelar a todos os médicos que não
aceitem negociar e renunciem a qualquer tipo de contratualização com o Ministério
da Saúde de indicadores doentios e que prejudicam a humanização da medicina,
suspender a colaboração de todos os médicos com o Ministério da Saúde, ACSS,
ARS, DGS, Infarmed, Hospitais e ACES, bem como de quaisquer outros Grupos de
Trabalho, e apoiar as duas formas de intervenção sindical imediata decididas pela
FNAM. Este é apenas o início do processo.
Finalmente, a Ordem dos Médicos faz dois apelos:
1 - Tal como em 2012, apela-se aos doentes para não irem às consultas ou realizar
exames complementares de diagnóstico aos Centros de Saúde e Hospitais, nos dias
8 e 9, para evitar despesas e perdas de tempo desnecessárias, devido à greve.
Devem informar-se junto das respectivas instituições de Saúde.
2 - Apela-se à participação dos doentes e de toda a população na concentração do
dia 8 de Julho, às 15.30, em frente ao Ministério da Saúde, “Pela nossa Saúde e em
defesa do SNS”. Porque a Saúde deve continuar a ser de todos!
Conselho Nacional Executivo da Ordem dos Médicos, 1 de Julho de 2014
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COMUNICADO 1 de Julho de 2014 - SMZC