O Comportamento do Consumidor em Relação a Marcas Próprias: Um Estudo no Rio de Janeiro Roberta Palermo de Lima Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas Instituto de Pós-Graduação em Administração – COPPEAD Mestrado em Administração Orientadora: Profª. Angela da Rocha Ph.D. em Administração de Empresas Rio de Janeiro 2000 ii O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR EM RELAÇÃO A MARCAS PRÓPRIAS: UM ESTUDO NO RIO DE JANEIRO Roberta Palermo de Lima Dissertação submetida ao corpo docente do Instituto de Pósgraduação em Administração – COPPEAD, da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre. Aprovada por: ________________________ Prof. Angela Maria Cavalcanti da Rocha COPPEAD/UFRJ ________________________ Prof. Agrícola Bethlem COPPEAD/UFRJ ________________________ Prof. Valdecy Faria Leite FACC/UFRJ Rio de Janeiro 2000 - Orientadora iii Lima, Roberta Palermo de. O Comportamento do Consumidor em Relação a Marcas Próprias: Um Estudo no Rio de Janeiro/ Roberta Palermo de Lima. Rio de Janeiro: UFRJ/ COPPEAD, 2000. vii, 85 p. ; il. Tese - Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPEAD, 2000. 1.Marca Própria – Tese. 2. Comportamento do Consumidor – Tese. 3. Varejo - Tese. I. Título. II. Tese (Mestr. - UFRJ/ COPPEAD). iv Eu não digo que eu tenha muito, mas tenho ainda a procura intensa e uma esperança violenta. Clarice Lispector Agradecimentos À professora Angela da Rocha pela brilhante atuação como professora durante o curso de Mestrado e por ter sido a admirável orientadora durante a realização deste trabalho. Aos professores Agrícola Bethlem e Valdecy Faria Leite pela contribuição nos ajustes necessários a esta tese. Ao CNPq e à CAPES pela ajuda financeira concedida durante dois anos. Aos funcionários da COPPEAD pela atenção e ajuda. A todos os meus amigos e colegas de trabalho que tanto torceram para que este trabalho fosse concluído, em especial Andreza, Dri, Ronaldo, Suzy, Zeca e Marcos. Ao Carlos André, pelo companheirismo, preocupação, dedicação e principalmente pelo estímulo. À minha mãe e minha irmã por tudo que me ensinaram, pelo incentivo e amor, como em tudo em nossa convivência. E, acima de tudo, a meu pai, que sempre me disse que minha educação seria sua maior herança. v LIMA, Roberta Palermo de. O Comportamento do Consumidor em Relação a Marcas Próprias: Um Estudo no Rio de Janeiro. Orientadora: Angela Maria Cavalcanti da Rocha. Rio de Janeiro : UFRJ/COPPEAD, 2000. Dissertação (Mestrado em Administração). Este estudo teve como objetivo estudar as carcaterísticas, percepções e comportamento dos consumidores e não consumidores de marcas próprias no varejo alimentar, assim como investigar até que ponto a marca própria pode ser utilizada como uma ferramenta de fidelização do cliente por parte da rede varejista. Para responder a tais questões, foi realizada uma pesquisa entre 120 freqüentadoras de supermercados, na cidade do Rio de Janeiro de uma importante rede varejista. As entrevistas foram feitas individualmente através de um questionário estruturado composto por perguntas fechadas. Foram testadas quatro hipóteses, relativas a existência ou não de diferenças entre compradores e não compradores no que se refere a suas características demográficas, comportamento de compra e percepções quanto a marcas próprias assim como a associação entre atratividade por marcas próprias e as mesmas variáveis anteriores. Não foi possível determinar a existência de relação entre características pessoais e compra ou não de marcas próprias. No teste das demais hipóteses verificou-se que a percepção de qualidade dos produtos, renda familiar e aparência da embalagem estavam associadas ao comportamento de compra. vi LIMA, Roberta Palermo de. O Comportamento do Consumidor em Relação a Marcas Próprias: Um Estudo no Rio de Janeiro. Orientadora: Angela Maria Cavalcanti da Rocha. Rio de Janeiro : UFRJ/COPPEAD, 2000. Dissertação (Mestrado em Administração). This research studied buyer´s characteristics, perceptions and behavior regarding store brands in a food retail environment. In addition, this work investigated if store brands can be used by retailers to increase customer loyalty. In order to answer these questions, a survey was conducted with a sample of 120 female shoppers at a supermarket located in the city of Rio de Janeiro. Personal interviews were done using a questionnaire with closed-ended questions. Four hypotheses were tested concerning the existence of differences between buyers and non buyers regarding their demographic characteristics, buying behavior and perceptions of store brands. The association between the attractiveness of store brands and the same variables above was also tested. It was not possible to determine the existence of a relationship between personal characteristics of buyers and the acquisition of store brand. The tests of the other three hypotheses showed that the perception of product quality, family income and packaging were related to buying behavior. vii SUMÁRIO CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO __________________________________________ 1 1.1. OBJETIVOS DO ESTUDO ______________________________________ 1 1.2. O ASSUNTO E SUA IMPORTÂNCIA ________________________________ 2 1.3. DELIMITAÇÃO DO ESTUDO _____________________________________ 4 1.4. ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO ____________________________________ 4 CAPÍTULO 2. REVISÃO DE LITERATURA _________________________________ 5 2.1. CONCEITO E IMPORTÂNCIA DA MARCA ____________________________ 5 2.2. POLÍTICAS E ESTRATÉGIAS DE MARCA ___________________________ 10 2.3. MARCAS PRÓPRIAS ________________________________________ 14 2.3.1. CONCEITO E EVOLUÇÃO __________________________________ 14 2.3.2. O CONFLITO ENTRE MARCAS DE FABRICANTES E MARCAS PRÓPRIAS DE VAREJISTAS _______________________________________________ 21 2.3.2.1. A POSIÇÃO DOS VAREJISTAS _____________________________ 21 2.3.2.2. A POSIÇÃO DOS FABRICANTES ____________________________ 24 2.3.2.3. VANTAGENS E DESVANTAGENS DA MARCA PRÓPRIA PARA O VAREJISTA_______________________________________________28 2.3.2.4. VANTAGENS E DESVANTAGENS DA MARCA PRÓPRIA PARA O FABRICANTE_______________________________________________ 31 2.4. MARCA PRÓPRIA E O COMPORTAMENTO DE COMPRA DO CONSUMIDOR ___ 35 CAPÍTULO 3. METODOLOGIA _______________________________________ 44 3.1. PROBLEMA DA PESQUISA ____________________________________ 44 3.2. PERGUNTAS DA PESQUISA E HIPÓTESES _________________________ 44 3.3. MÉTODO DE PESQUISA ______________________________________ 45 viii 3.4. POPULAÇÃO E AMOSTRA_____________________________________ 48 3.5. COLETA DE DADOS _________________________________________ 50 3.6. ANÁLISE DE DADOS ________________________________________ 52 3.7. LIMITAÇÕES DO MÉTODO_____________________________________ 53 CAPÍTULO 4. RESULTADOS ________________________________________ 54 4.1. ANÁLISE DESCRITIVA _______________________________________ 54 4.1.1. DADOS DEMOGRÁFICOS __________________________________ 54 4.1.2. HÁBITOS DE COMPRA EM SUPERMERCADO _____________________ 56 4.1.3. CONHECIMENTO E COMPRA DE PRODUTOS COM MARCA PRÓPRIA ____ 57 4.1.4. PERCEPÇÕES COM RELAÇÃO A MARCAS PRÓPRIAS ______________ 59 4.2. TESTE DE HIPÓTESES _______________________________________ 64 CAPÍTULO 5. CONCLUSÕES ________________________________________ 68 5.1. SUMÁRIO DO ESTUDO _______________________________________ 68 5.2. CONCLUSÕES _____________________________________________ 69 5.3. INDICAÇÕES PARA OUTROS ESTUDOS ___________________________ 70 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS _____________________________________ 74 ANEXO1 ______________________________________________________ 79 1. INTRODUÇÃO 1. OBJETIVOS DO ESTUDO O uso de marca própria por parte dos varejistas vem, nos últimos anos, ganhando peso e importância em volume de vendas em diversas redes de supermercados. Este fenômeno tem impactado de forma significativa as relações entre fabricantes e varejistas. Os fabricantes, de um lado, cujo poder tem se enfraquecido em função do crescimento de marcas próprias vêem o movimento como uma ameaça a ser enfrentada. Os varejistas, por sua vez, ao comercializarem marcas próprias, vislumbram oportunidades de maior margem, diferenciação da loja e maior fidelização do cliente ao tempo em que incorrem em custos adicionais de estoque e de promoção. No debate relativo ao tema, entretanto, pouco se sabe, no caso brasileiro, sobre as percepções e comportamento do consumidor, apesar de sua indiscutível importância, para melhor compreensão da eficácia de estratégias alternativas por parte dos segmentos envolvidos. Este estudo teve como objetivo estudar as características e percepções que diferenciam compradores e não compradores de marcas próprias de supermercado, assim como investigar a atratividade da marca própria na adoção do supermercado. Esta compreensão pode ter significativo impacto na elaboração de uma estratégia de marketing eficiente por parte do varejista. Para o fabricante, as análises das percepções do consumidor podem contribuir no sentido de entender como seu produto é visto frente ao produto de marca própria e, a partir desta compreensão, fornecer subsídios para o planejamento estratégico de marketing. 2 A pesquisa justifica-se pela dinâmica competitiva na qual as redes varejistas encontram-se inseridas e na diferenciação que a oferta do produto com marca própria pode oferecer. 1.2. O ASSUNTO E SUA IMPORTÂNCIA As mudanças ocorridas no setor varejista - maior concentração, maior variedade de escolhas, maior exigência por parte dos clientes e maior atividade de marcas próprias - são o resultado de uma série de movimentos competitivos que podem ser identificados ainda na década de 80. Entre as principais tendências no setor varejista, encontra-se a adoção de marcas próprias, principalmente no varejo alimentar. Uma marca própria pode ser definida como aquela possuída ou utilizada sob licenciamento exclusivo por uma empresa varejista ou associação delas (Souza, 1993). O modelo de marcas genéricas ou embalagens brancas inicialmente adotado no Brasil foi baseado nos moldes americanos e europeus, onde o produto não recebia qualquer marca ou assinatura. A questão para o varejista era minimizar os custos de produção. Desta forma, além de o produto não possuir qualquer apelo de marketing, sofria constantes alterações de qualidade. Em decorrência desta prática, construiu-se na mente do consumidor brasileiro a associação do produto à baixa qualidade. Esta percepção começou a mudar com a entrada no Brasil da rede de supermercados Carrefour, cuja política de marcas próprias já se encontrava em estágio bastante desenvolvido. Algumas das principais empresas varejistas de alimentos a adotarem, atualmente, marcas próprias no Brasil são Makro, Carrefour, Sendas e Pão de Açúcar, entre outras. As marcas próprias são um importante elemento na disputa de poder entre fabricantes e varejistas, que vem caracterizando as duas últimas décadas. De fato, como observaram Quelch e Harding (1996), “vários fatores 3 sugerem que a ameaça das marcas próprias nos anos 90 é séria e deve permanecer independentemente de condições econômicas. O desafio da marca própria exige do fabricante a mesma consideração que ele daria a qualquer outra companhia” (p.100). Nesse sentido, muitos autores tratam o confronto entre marcas de fabricantes e marcas próprias sob a ótica da “Batalha das Marcas”. As marcas próprias estão adquirindo maior qualidade e conquistando a confiança do consumidor se tornando um desafio a ser enfrentado pelas marcas de fabricantes. A competição representada pela marca própria, portanto, é um fato que não mais pode ser negado pelos fabricantes, que devem avaliar se adotarão uma estratégia de defesa ou de união a esta alternativa de consumo para o mercado. Para Kotler (1996), os fabricantes podem reagir aumentando gastos em propaganda e promoção visando manter a preferência do consumidor. Desta forma, seus preços se elevam. Por outro lado, os distribuidores exigem quantias elevadas para oferecer espaço adequado em suas prateleiras. Ao ceder a esta pressão, o orçamento para propaganda se reduz assim como sua posição de líder de marca. Neste ponto, os fabricantes se deparam com um dilema. Por outro lado, a marca própria se constitui em uma nova oportunidade para o consumidor, já que ele tem acesso, desta forma, a produtos de boa qualidade, a preços um pouco mais baixos do que os das marcas de fabricantes, com a garantia da empresa varejista. Finalmente, o estabelecimento de marcas próprias, como forma de fidelização do cliente varejista, pode se constituir em instrumento de defesa das redes nacionais face à entrada dos grandes varejistas internacionais. Do ponto de vista teórico, o tema “marcas próprias” vem recebendo maior atenção na literatura de marketing e de varejo, tendo em vista o papel predominante que vem desempenhando nas relações de poder entre fabricantes e varejistas. Poucos estudos, porém, na literatura, fazem referência a como se comporta o consumidor face ao fenômeno das marcas 4 próprias. Este conhecimento é necessário, no entanto, para subsidiar a literatura normativa sobre desenvolvimento de marcas próprias. Tais razões levam a considerar ser este um tema relevante para estudo, podendo contribuir para o entendimento da natureza e características dessa estratégia de varejo. 1.3. DELIMITAÇÃO DO ESTUDO Este estudo não pretende traçar um quadro completo do uso de marcas próprias, centrando-se apenas na análise da percepção de marcas próprias por consumidores do sexo feminino do Rio de Janeiro em uma rede varejista. Assim sendo, não se estudou a questão das marcas próprias sob o ponto de vista do fabricante, quer daquele cujas marcas concorrem com a marca própria para o varejista, quer daquele que as fabrica para o varejista. O estudo tampouco pretende abordar aspectos da criação e implementação de uma estratégia de marcas próprias pelas empresas varejistas. Finalmente, o presente estudo focaliza as marcas próprias no contexto do varejo alimentar brasileiro, não se pretendendo estudar o tema sob a ótica do varejo de moda ou de outros segmentos do varejo. 1.4. ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO A seguinte organização serviu como estrutura para este trabalho: - Inicialmente, é feita a introdução aos temas aqui tratados, salientando o objetivo deste trabalho e também sua importância, assim como sua delimitação. 5 - O capítulo seguinte trata da revisão da literatura, imprescindível para dar apoio ao desenvolvimento do estudo e também para identificar o tratamento que diferentes autores apresentaram acerca do tema escolhido. É estudado o conceito e importância de marca, assim como as políticas e estratégias de marca seguidas pelas empresas. Posteriormente, é abordado o conceito de marcas próprias, analisando-se as vantagens e desvantagens de se adotar esta política, tanto sob a perspectiva do varejista quanto a do fabricante. - O terceiro capítulo apresenta a metodologia de pesquisa adotada. O capítulo descreve os métodos utilizados, as perguntas que motivaram o trabalho e as hipóteses a serem investigadas. Em seguida, descreve-se a população e a amostra e os métodos de coleta e análise de dados. Por fim , indica-se as limitações do estudo. - O quarto capítulo apresenta a análise dos resultados obtidos através da investigação realizada. - Finalmente, o último capítulo apresenta as conclusões que o estudo possibilitou e oferece sugestões para posteriores pesquisas relativas ao mesmo tema. 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1. CONCEITO E IMPORTÂNCIA DA MARCA 6 A arte foi a primeira a requisitar a marca como forma de identificação dos escultores e de seus respectivos trabalhos. Ao final do período feudal, surgiram as guildas (associações de trabalhadores, precursoras dos sindicatos trabalhistas) artesanais e comerciais, cuja função era a de controlar a qualidade e a quantidade da produção. Elas estabeleceram que cada produtor deveria colocar sua marca no produto. Desta forma, os produtos de pouca qualidade poderiam ser melhor identificados para evitar que outros produtos da guilda fossem prejudicados (Souza, 1993). Foi durante a Revolução Industrial que o uso de marcas, como ferramenta de marketing e apoio a vendas, tomou consistência e se difundiu. Os primeiros a utilizar marcas nos Estados Unidos foram os fabricantes de remédios e, mais tarde, após a Guerra Civil, os fabricantes de alimentos (Souza, 1993). No fim do século XIX, a demanda por produtos aumentou como conseqüência da maior variedade de produtos ofertada em maior extensão geográfica, e da utilização dos meios de comunicação. Atacadistas, varejistas e fabricantes passaram a se preocupar com marcas que fossem de fácil pronúncia e recordação, e rápida associação ao produto. A marca pode ser definida como um conjunto de atributos e promessas que ligam o produto ao consumidor. É ela quem identifica para o consumidor o valor e a qualidade superior do produto pelo qual está disposto a pagar mais. Para Kotler (1996, p.386), a “marca é um nome, designação, sinal, símbolo, ou combinação dos mesmos, que tem o propósito de identificar bens ou serviços de um vendedor ou grupo de vendedores e de diferenciálos de concorrentes”. Dentro deste conceito, a marca é a identificadora do vendedor ou fabricante, representando em sua essência a promessa de entrega de um conjunto de características, benefícios e serviços aos compradores. Segundo Kotler (1996), a marca é um símbolo ainda mais complexo que compreende seis níveis de significados: 7 1. Atributos: uma marca traz à mente alguns atributos como bom preço, qualidade, prestígio etc; 2. Benefícios: o consumidor compra benefícios, portanto, os atributos de um produto devem ser transformados em benefícios funcionais e/ou emocionais; 3. Valores: a marca é capaz de transmitir os valores expressos do fabricante; 4. Cultura: a marca pode ser a tradutora de uma determinada cultura; 5. Personalidade: a marca pode assumir uma determinada personalidade; 6. Usuário: a marca está diretamente ligada ao tipo de usuário ao qual é direcionada. O grande desafio, para Kotler, na definição de uma marca, é desenvolver o conjunto de significados que a mesma irá assumir. Rocha e Christensen (1990) atentam para uma função muito importante da marca, a de estar ligada aos aspectos psicológicos do comportamento do consumidor. Ao passar pelo processo decisório de compra, que se inicia na identificação de uma determinada necessidade, o consumidor se deparará com a escolha do produto e, em um segundo momento, com o reconhecimento do produto, quando este já o tiver previamente satisfeito, passando assim à adoção. Diferenciar e identificar são, portanto, as funções essenciais de uma marca. No entanto, a marca assumirá menor ou maior importância dependendo da freqüência de compra e do valor relativo do produto. Por outro lado, a marca também assume menor importância quando o próprio consumidor é capaz de identificar os valores e qualidades do produto no momento da compra. Por fim, ela age como um minimizador de risco, quando os 8 benefícios do produto puderem ser percebidos após o consumo ou uso do produto (Rocha e Christensen, 1990). A marca, no entanto, não fica na prateleira como o produto, mas na mente do consumidor (Agres,1996). A marca sinaliza propriedades intangíveis do produto que seriam, de outra forma, apreendidas através da experiência ou por confiança (Erdem, 1993). O maior desafio para uma marca é buscar uma identificação, um diferencial que a torne única na mente do consumidor. A marca não é apenas um desenho, nome ou símbolo, mas um conjunto de atributos que se traduzem na satisfação das necessidade do consumidor. Uma marca deve ser constantemente administrada para que suas ações estratégicas e mercadológicas sejam associadas aos benefícios e características atribuídas ao produto de forma coerente. Através da marca, a empresa se comunica com o público, estabelece contato e procura formar uma imagem na mente do consumidor. Esta comunicação com o público se dá através de atributos emocionais ligados ao produto ou através de atributos racionais. Quanto maior a ligação emocional estabelecida com o consumidor, maior a força que a marca irá ganhar. A marca tem a função de dar segurança ao comprador em relação à escolha do produto e à decisão de compra. Segundo Rosen (1996), apresentar a marca com os mesmos valores ao longo do tempo determinará sua personalidade e seu posicionamento. No entanto, nada implica que a veiculação desses valores nos meios de comunicação deva ser realizada sempre da mesma forma. De acordo com Aaker (1991), o desenvolvimento de marcas de sucesso está diretamente ligado ao valor da marca. Aaker define valor da marca ou brand equity como “um conjunto de recursos (e deficiências), inerentes a uma marca registrada e a um símbolo, que se agregam (ou são subtraídos) ao valor proporcionado por um produto ou um serviço, em benefício da 9 empresa ou de seus clientes” (p.17-18). Estes recursos são: fidelidade à marca, conscientização da marca, qualidade percebida, associações com a marca e outros recursos patenteados da marca. Parece existir uma ligação direta entre o número de clientes fiéis e o volume de vendas e de receita gerada. Somado a isto, a fidelidade à marca tem um impacto direto nos custos de marketing, pelo fato de que manter clientes gera menor custo do que atrair novos. Se não existir lealdade à marca, o processo decisório de compra se restringe a fatores como preço, conveniência ou atributos do produto. Não há, portanto, valor da marca (Aaker, 1993). A conscientização da marca acontece quando ela ocupa um determinado espaço na mente do consumidor. Pesquisas no campo da psicologia constataram que, mesmo quando expostos a palavras absurdas, as pessoas tendem a ter reações mais positivas àquelas que de alguma forma lhe são familiares. Portanto, a marca que já tiver sido registrada na mente do consumidor sairá na frente de seus competidores. Não se pode esquecer, porém, que o ponto de partida para uma boa marca é um bom produto. No entanto, mais importante que o produto é a forma como todos os elementos que compõem a marca estão integrados (Rosen, 1996). O autor chama a atenção para o fato de que as marcas de sucesso adquirem um posicionamento através da logomarca, da propaganda, do nome, das relações públicas, das promoções de vendas, do design, da embalagem e da distribuição. O consumidor é constantemente bombardeado por informações. No entanto, apenas parte das informações recebidas pelos consumidores serão utilizadas no processo decisório de compra. Para lidar com este mundo de informações, o consumidor trabalha com a percepção seletiva, que fará com que ele focalize os benefícios considerados mais importantes. Segundo diversos estudiosos, a marca será a informação número um a ser utilizada no processo de coleta e avaliação de informações por parte do consumidor. A 10 marca não apenas facilitará a escolha como também lembrará o consumidor dos atributos e benefícios do produto ou serviço. 2.2. POLÍTICAS E ESTRATÉGIAS DE MARCA A marca, através da qualidade percebida pelos clientes e da conquista da fidelização, se torna o ativo mais importante de uma empresa. O sucesso estratégico da empresa dependerá, portanto, da alavancagem da marca a fim de expandir os negócios. Para Kotler (1996), uma empresa pode optar entre quatro alternativas para decidir sobre sua estratégia de marcas, como ilustrado na Figura 2.1: 1. Extensões de linha de produtos: Sob a mesma marca, dentro da mesma categoria de produto, a empresa lança variações sobre o produto como novos sabores, novas cores, novas embalagens etc. O excesso de capacidade ociosa é comumente um dos responsáveis pelo lançamento de extensões de linha, assim como o desejo de oferecer ao seu consumidor uma maior variedade de escolhas. Muitas empresas optam por esta estratégia para liderar espaço na prateleira dos varejistas; 2. Extensões de Marca: Uma extensão de marca seria o lançamento de um novo produto em uma nova categoria. A vantagem principal desta política seria o renome da marca, que seria repassado ao novo produto, facilitando sua aceitação no mercado. Por outro lado, a marca corre o risco de perder a imagem que possuía na mente dos consumidores, caso ocorra uma extensão excessiva. Outro fator negativo seria a perda do significado original da marca; 11 Figura 2.1: Estratégias de Marca Categoria de Produto Existente Existente Nova Extensão de Extensão de Linha Marca Nome da Marca Nova Multimarcas Novas Marcas Fonte: KOTLER,P. Administração de Marketing: Análise, Planejamento, Implementação e Controle, São Paulo: Atlas, 1996, p.395. 3. Multimarcas: Muitas vezes, as empresas lançam outras marcas que irão competir na mesma categoria de produtos. Aliás, este é o primeiro risco: a competição entre as próprias marcas. Adicionado a isto, cada uma destas marcas pode representar, no fim das contas, pouca rentabilidade para a empresa; 4. Novas Marcas: A opção por lançar uma nova marca sem que se use a existente deve levar em conta questões como: “O negócio é suficientemente grande? Durará o tempo suficiente? O custo de estabelecer uma nova marca será coberto pelas prováveis vendas e lucro?”. Existem diversas formas de alavancagem de marca, onde a decisão será tomada com base na direção estratégica que a empresa pretender seguir. Ao se desenvolver uma estratégia de marca, duas dimensões devem ser analisadas. Em primeiro lugar, se trata de uma marca “premium”, isto é, de 12 preço superior aos dos concorrentes, ou de uma marca “value”, ou seja, que busca oferecer valor, através de qualidade razoável a um preço mais baixo. Em segundo lugar, se a participação de mercado relativa da marca que se pretende alcançar é alta ou baixa. Para Dahringer et alli (1991), uma marca forte permite a adoção de uma estratégia de produtos premium devido à melhor brand awareness, diferenciação, fidelidade e confiança gerados através da identificação da marca. Pesquisas sugerem que os consumidores tendem a ser mais leais a marcas premium quando a diferença de preços entre as duas marcas não for muito alta. Se existir um gap de preços entre marcas premium e marcas value de uma mesma categoria, este gap será preenchido por alguma outra marca. Segundo Aaker (1996), para que uma marca se torne cada vez mais forte e atual, é essencial: - um monitoramento constante da percepção dos clientes em relação à marca; - posicionamento claro e consistente acompanhado de melhorias contínuas no produto sem que se perca de vista a promessa fundamental do produto, ou seja, seu benefício principal. Investimentos em melhorias no produto aumentam a qualidade percebida no produto, permitem campanhas publicitárias mais audaciosas e a sustentabilidade da prática de preços premium. A política de extensão de uma linha de produtos é praticada por muitas empresas que procuram a qualquer custo aumentar vendas e espaço ocupado nas prateleiras. Muitos deste produtos não têm maior atrativo para os consumidores, aumentam custos administrativos, prejudicam a acurácia na previsão de demanda e não são rentáveis. Muitas extensões de linha de produtos não apenas confundem o consumidor e a força de vendas, como 13 também reduzem a credibilidade na expertise do fabricante em determinada categoria. Extensões de linha de produto fazem sentido em categorias premium onde a competição é forte, mas não em casos de commodities, onde o preço é o fator o mais importante. Segundo estudos efetuado por Bier e Mish (1995), consultores da Coopers & Lybrand Consulting, o sucesso de uma marca em outros mercados depende principalmente de uma presença focada e de uma forte identidade global da marca. Para estes autores, a marca global possui três vantagens cruciais: 1. massa crítica de consumidores substancial para sustentar uma propaganda mundial; 2. estabelecimento de uma imagem positiva, necessária para atrair consumidores; 3. redução de custos através de venda em larga escala e operação de distribuição, permitindo a queda nos preços. Os erros mais comuns cometidos pelas empresas são: - associação a parceiros que não poderão dar suporte financeiro suficiente para construção da marca no longo prazo; - entrada em diversos mercados, muito dos quais estrategicamente sem importância; - não acompanhamento do progresso realizado em comparação ao planejado. Os autores concluem que, ao se lançar para a conquista de um mercado internacional, a melhor estratégia é: 14 - concentrar esforços em um número pequeno de países mas representativamente e estrategicamente importantes; - escolher parceiros que estejam plenamente comprometidos com o projeto; - utilizar uma estratégia focada. 2.3. MARCAS PRÓPRIAS 2.3.1. Conceito e Evolução Marca própria é o produto fabricado e embalado a ser comercializado com exclusividade por uma rede varejista ou atacadista através da marca da própria rede ou utilizando um nome fantasia. A história da marca própria é relativamente recente, tendo se iniciado nos Estados Unidos, no século passado, com o conceito de qualidade a um bom preço. Segundo Souza (1993), os grandes pioneiros do desenvolvimento de programas de marcas próprias nos EUA foram Brooks Brothers, em 1818, Lord & Taylor, em 1826, R.H.Macy & Co., em 1858, John Wanamaker, em 1861, entre outros. Os comerciantes desta época se orgulhavam de vender produtos de boa qualidade. No século XX, com a força dos meios de comunicação de massa, as marcas de fabricantes se multiplicaram. Os gastos em marketing das empresas produtoras de bens de consumo aumentaram significativamente. No entanto, o esforço de marketing despendido nas marcas próprias não acompanhou o investimento realizado nas marcas de fabricantes. Como conseqüência, as marcas próprias começaram a ser vistas como inferiores em relação as demais (Souza, 1993). 15 Para Hoch (1996), nos anos 70, a marca própria era percebida como uma alternativa às marcas existentes de qualidade inferior a um bom preço. No entanto, a tecnologia dos fabricantes se desenvolveu fortemente nos anos anteriores, e aqueles que investiram em marcas próprias contribuíram para afastar este “estigma” da mente dos consumidores . Segundo Souza (1993), o grande boom de marcas próprias ocorreu nos anos 80, devido a fatores como: 1. proliferação de marcas de varejo e de fabricantes; 2. número crescente de ofertas semelhantes levando o consumidor a usar basicamente o critério preço na escolha do produto; 3. políticas varejistas agressivas e constantes promoções em virtude da semelhança de ofertas; 4. número crescente de fusões dentro do setor varejista; 5. maior exigência decorrente do maior esclarecimento por parte dos consumidores em função da maior variedade de ofertas; 6. necessidade, para as chamadas “megamarcas”, de desenvolver múltiplas marcas para satisfazer a um grande número de consumidores distintos; 7. necessidade de desenvolver uma marca associada a outra já existente quando esta está excessivamente exposta. Os fabricantes, como observa Kotler (1996), geralmente determinam o orçamento para propaganda de acordo com o percentual de vendas. Portanto, eles diminuem o suporte à marca em momentos de recessão. Os varejistas, por sua vez, aumentam o investimento em marcas próprias em períodos de recessão. Um fator, aliado ao outro, seria determinante para o aumento das vendas de produtos de marca própria em períodos recessivos. 16 Desta forma, muitos autores trabalham com a premissa de que a marca própria está diretamente ligada ao ciclo em que a economia de um país vive, ou seja, o crescimento da marca própria depende de crises econômicas. Nos Estados Unidos, entre 1988 e 1992, o share unitário de marcas próprias nos supermercados aumentou de 15,3% para 18,2%. No entanto, entre 1992 e 1996, cresceu apenas para 19,7%. Esta redução no crescimento se deveria em parte à estabilidade econômica que vivem os Estados Unidos. No entanto, o crescimento no fim dos anos 80 seria resultante do maior investimento em embalagem, seleção e qualidade dos produtos de marca própria. Por outro lado, de acordo com Quelch e Hardin (1996), alguns fatores indicam que a marca própria seria um fenômeno de longo prazo, independentemente das condições econômicas. Dentre estes fatores, os autores destacam a melhoria contínua da qualidade dos produtos de marca própria. Ou seja, o gap de qualidade entre o produto com marca do fabricante e o produto com marca própria tem se estreitado, especialmente nas categorias de baixa inovação. Além disso, as redes varejistas estão cada vez mais monitorando a qualidade do produto fabricado junto ao fornecedor. O histórico de marcas próprias, no Brasil, é marcado pela política inicialmente adotada de embalagens brancas que davam ao produto, chamado “genérico”, uma total falta de identidade. Tratava-se de uma política de combate do varejo frente à recessão do início dos anos 70. Eram ofertados produtos de baixo preço em embalagens despojadas, de pouca qualidade, sem identidade ou apelo de marketing e de abastecimento irregular mas que poderiam garantir um preço mais competitivo (Panorama..., 1998). Como os varejistas não estavam preocupados em desenvolver uma estratégia de marketing voltada para estes produtos, e, além de tudo, havia troca constante de fornecedores gerada pela economia inflacionária que 17 impunha prazos cada vez menores para pagamentos (Silveira et alli, 1997), o produto que ia para a prateleira do supermercado era de pouca qualidade. A rede francesa de supermercados Carrefour, uma das maiores da Europa e do mundo, chegou ao Brasil em 1975. Em 1989, foram os pioneiros a lançar no Brasil a linha, composta por 36 produtos, de marcas próprias com logotipo da rede varejista e não com marca fantasia. Além de estarem seguindo a estratégia adotada pela matriz, procuravam driblar as dificuldades de negociações de preços com fornecedores (Carrefour...,1989). Em 1990, o número de produtos oferecidos com a marca da empresa se elevou para 81 e em 1993 já eram 135 produtos atingindo cerca de 15% nas vendas das categorias correspondentes (Carrefour..., 1990). A boa qualidade oferecida somada ao preço inferior foram os fatores que permitiram este crescimento e, ao mesmo tempo, mostraram ao consumidor brasileiro a possibilidade de combinar qualidade e preços baixos. A Casas Sendas começou a investir em marcas próprias em 1994 e, em fevereiro de 1995, o primeiro produto sob marca Sendas chegou às prateleiras. Ao fim deste mesmo ano, estes produtos representavam 2% das vendas da empresa (Silveira et alli, 1997). Nos anos 80, as redes varejistas brasileiras resolveram mudar a abordagem do produto genérico para marcas próprias, buscando diferenciação junto ao consumidor e usando a política de marcas próprias como ferramenta de fidelização do cliente. Para tal, investiram em programas de abastecimento e em qualidade estabelecendo padrões de qualidade e colocaram a identidade da rede varejista em seu produto (Panorama..., 1998). A conseqüência é que a estratégia de marcas próprias, antes restrita aos grandes varejistas, conquistou os supermercados de pequeno e médio porte, de tal modo que os produtos oferecidos têm se sofisticado nos últimos anos (Marcas..., 1998). 18 O Brasil ainda é muito pobre em relação a estatísticas referentes a marcas próprias. Segundo Souza e Nemer (1993), isto acontece devido à instabilidade dos programas desenvolvidos pelas empresas. Esta falta de freqüência ocorre, principalmente, por dois motivos: constantes mudanças em nossa economia e “a inexistência de uma estrutura de fornecimento voltada para marcas próprias” (p. 94). Ou seja, o fornecimento dos produtos para o varejista pode deixar de ocorrer quando o mercado está favorável para a marca do fabricante. Figura: 2.2 Marcas Próprias - Empresas com o maior número de categorias Fonte: Trade Services 140 1997 120 1998 1999 100 80 60 40 20 0 Carrefour Sendas Sonae Wal-Mart Bompreço Pão de Açúcar Makro De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto ACNielsen, houve um aumento de 38% nas categorias de produtos de marcas próprias em 1998 em relação a 1997 (Supermercados...,1999). A pesquisa também revelou, como demonstra a Figura 2.3, que a rede atacadista Makro, a que mais ofereceu marcas próprias no período de 1998 a 1999, o número desses produtos de 73 para 90. A rede Carrefour vinha em segundo lugar, com um aumento de 50 para 77 produtos, e em seguida, o grupo Sendas, com um aumento de 49 para 68. Os dados divulgados pela Nielsen para 1999 mostram que os itens de marcas próprias nos dez maiores supermercados do país cresceram 84% em relação a 1998 (Supermercados...,1999). 19 Dentre os produtos oferecidos pelo varejo alimentar com sua assinatura, os que mais se destacam são os produtos de consumo básico como café em pó, feijão, arroz, conservas e óleos vegetais e farinhas (Marcas...,1998). Entretanto, aos poucos esses produtos começam a dividir espaço com outros de maior valor agregado, como frutas secas, sucos, massas e achocolatados, que passam a ter maior atratividade para os varejistas. Os produtos mais vendidos sob marca própria são arroz, toalhas de papel, sorvetes, coco ralado e leite de coco, todos com participação em torno de 6% em relação as vendas totais. Se comparada a países como Reino Unido e Estados Unidos, a participação das marcas próprias no faturamento de supermercados brasileiros é bastante reduzida. Enquanto no Reino Unido a participação está em 40% e nos EUA em 18%, no Brasil ainda se encontra em torno de 10%. As empresas fabricantes de marcas próprias não têm mostrado temer os efeitos da onda de fusões e aquisições no varejo brasileiro. Empresários do setor declararam que é possível que a concentração estimule o desenvolvimento da estratégia de marcas próprias no Brasil (Marcas..., 1999) Muitas empresas fabricantes de produtos de marcas próprias estão procurando ampliar sua participação no Mercosul, buscando novas oportunidades de negócios e estão trabalhando com diversificação. As marcas próprias ainda não foram muito bem trabalhadas no Brasil. Na Inglaterra, por exemplo, há programas tão elaborados e agressivos que chegam a representar 35% do volume total de produtos industrializados de largo consumo (Panorama...,1998). O consumidor brasileiro, no entanto, é mais sensível a preço (Salgueiro, 1997), o que confirma o potencial de crescimento de marcas próprias no país. Por outro lado, o consumidor daria valor ao status, podendo preferir pagar mais por uma marca de nome pela simples questão de ostentação. 20 A Figura 2.4 ilustra os fatores determinantes do sucesso de marcas próprias para os autores Hoch e Banerji (1993). Figura 2.3: Maiores Determinantes do Sucesso de Marcas Próprias Qualidade do Produto + Categoria do Produto Margem Bruta da Categoria + Market Share da Marca Própria + _ _ Número de Fabricantes nesta Categoria Investimento dos fabricantes em Propaganda Fonte: HOCH, S.; BANERJI S. When do Private Labels Succeed. p.57-67, Summer 1993. Sloan Management Review , Marcas próprias desfrutam de maior sucesso nas categorias onde a qualidade é alta e variabilidade baixa. Também em categorias que oferecem ao varejista margens mais atraentes. O desconto no preço não seria uma variável suficiente para explicar o market share. Tampouco a intensidade das promoções foram consideradas impactantes. Desta forma, qualidade seria mais importante do que preço. Os autores observam que, por outro lado, o sucesso é comprometido quando se compete com diversas marcas de fabricantes que investem fortemente em propaganda. 2.3.2. O CONFLITO VAREJISTAS ENTRE MARCAS DE FABRICANTES E MARCAS PRÓPRIAS DE 21 Parte da literatura sobre marcas próprias tem estudado o conflito entre fabricantes e varejistas no que se refere a marcas. Essa literatura, de caráter essencialmente normativo, traz recomendações sobre como os varejistas e fabricantes devem atuar e chama a atenção para as implicações estratégicas das marcas próprias. 2.3.2.1. A POSIÇÃO DOS VAREJISTAS O desenvolvimento de marcas próprias dos varejistas tem sido acompanhado pelo aumento de seu poder de barganha junto aos fabricantes. As marcas próprias têm tido um papel importante na estratégia de varejo e as indicações são de que esta tendência deve se acentuar no futuro. Segundo Wellman (1997), para a rede varejista que quer se engajar em um programa de marca própria, o primeiro passo para o sucesso é se comprometer a construir a marca como um projeto de longo prazo e agir de acordo com esta responsabilidade. De acordo com um estudo efetuado por Hoch e Banerji (1993), as vendas de marcas próprias nos Estados Unidos, nos últimos 20 anos, representaram, em média, 14,1% das vendas de supermercados. Na Europa e Canadá, a performance destas marcas foi ainda melhor. Para Hoch e Banerji (1993), os drivers principais do crescimento de marca própria são, conforme a Figura 2.5: - prioridade do varejista em relação a melhorar sua margem e diferenciar sua loja; - existência de categorias mais suscetíveis compostas por produtos de baixa inovação tecnológica e investimento em propaganda; - dinâmica competitiva do mercado; 22 Figura 2.4: Cinco Drivers do Crescimento de Marcas Próprias Fonte: HOCH, S.; BANERJI S. When do Private Labels Succeed. Sloan Management Review, p.57-67, Summer 1993. Dinâmica da Categoria Aceitação do Consumidor • Value Seeking Behavior • Experiência com MP • Baixa Inovação e Investimentos em Propaganda O Crescimento da Marca Própria Varejista • Aumento da Margem Infra-estrutura do fornecedor • Excesso de Capacidade • Diferenciação da loja Dinâmica Competitiva do Mercado • Baixa competitividade • Fortes posições de mercado - maior aceitação por parte do consumidor, que está mais atento a relação custo-benefício; - infra-estrutura do fornecedor: excesso de capacidade facilita o crescimento da marca própria. Nos anos 90, o interesse por marcas próprias no varejo alimentar aumentou. A rede de supermercados inglesa Sainsbury tem 25% de suas vendas totais em marcas próprias. 23 Figura: 2.5 Margem de Operação 8.0% J. SAINSBURY Margem de Operação versus Penetração da Marca Própria 1992 7.5 1991 7.0 1990 6.5 1987 6.0 5.5 5.0 1985 4.5 45% Fonte: Annual Reports, Mintel 50% 55% Penetração da Marca Própria Os fatores responsáveis pelo sucesso seriam a melhor qualidade do produto, forte programa de propaganda e promoção dentro da própria loja e fora dela, com ênfase na qualidade e na economia. A venda dos produtos de marca própria no Canadá representa um quarto das vendas, nos Estados Unidos, um quinto e na Europa este percentual é ainda maior. O crescente interesse dos supermercados por marcas próprias também se justifica pelo fato de que, segundo pesquisas realizadas nos Estados Unidos, Europa e Brasil, os consumidores estão diminuindo sua fidelidade às marcas (Nova...,1998). O preço tem se tornado um fator decisório na compra e, tradicionalmente, o fator de apelo de marcas próprias é justamente serem mais baratas do que as marcas de fabricantes. Segundo Quelch e Hardin (1996), os supermercados europeus têm obtido muito sucesso com marcas próprias. Alguns fatores estruturais contribuem para este quadro. Em primeiro lugar, a regulamentação do mercado televisivo 60% 24 restringe a veiculação de anúncios de marcas de fabricantes diminuindo o poder de persuasão da marca. Em segundo lugar, redes nacionais dominam o varejo alimentar na maioria dos países europeus, aumentando o poder do setor varejista frente aos fabricantes. Na Inglaterra, por exemplo, as cinco maiores redes varejistas totalizam 62% das vendas nacionais de supermercados. Nos últimos anos, as redes de varejo alimentar têm mudado o foco de sua marca própria para incluir produtos de categoria não alimentar. O desempenho da marca própria varia de acordo com a categoria de produto. Por exemplo, historicamente, marcas próprias têm uma força maior em produtos congelados ou biscoitos do que em produtos de saúde ou cosméticos, onde o glamour, de marcas como a Revlon é muito mais importante. No entanto, cosméticos de marca própria de uma rede de departamentos sofisticada seriam percebidos de forma diferente pelo fato da loja estar muito mais próxima do mundo da moda. A Wal-Mart, maior rede varejista americana, possui um dos mais bem sucedidos programas de marca própria. Para ela, a chave é assegurar a qualidade do produto. Segundo Mendelson (1997), a empresa realiza constantemente testes de laboratório com cada produto do fornecedor. Após o estágio de testes, o grupo de embalagem entra em ação para criar uma embalagem agradável em termos estéticos e que também transmita qualidade. Procura-se mostrar a aparência, quando possível, e também todas as informações relacionadas ao produto. A Wal-Mart acredita que, independentemente do preço, o consumidor é levado a comprar marca própria por seu valor e qualidade. 2.3.2.2. A POSIÇÃO DOS FABRICANTES Nos anos 80, os fabricantes teriam optado pela estratégia mais “simples” de maiores extensões de linhas e menor foco no desenvolvimento da marca 25 e no seu brand equity (Liesse, 1994). Esta política teria criado novas oportunidades para os produtos de marca própria dos varejistas. Para Narasimhan e Dunne (1999), a marca própria deve ser vista como uma outra marca qualquer e, portanto, representa competição para os fabricantes e deve ser levada a sério. Um ponto a ser considerado é o histórico de mercado de uma marca de fabricante, ou seja, o valor da marca tem sido construído ao longo dos anos através de produtos de qualidade e de marketing do produto. Desta forma, os varejistas não podem se arriscar a não oferecer produtos de marcas de fabricantes que seus clientes esperam encontrar nas prateleiras, pois estes poderiam trocar de loja, caso não encontrassem suas marcas favoritas. Quelch e Hardin (1996) citam que um número pequeno de fabricantes usou a produção de marca própria como uma estratégia temporária para aumentar sua vantagem competitiva. Por exemplo, nos Estados Unidos, a General Eletric não apenas conseguiu contratos de fornecimento de marca própria que antes estavam em mãos de concorrentes, como também provou ao varejista que ele faria mais dinheiro apenas com o estoque de lâmpadas GE do que estocando ambas lâmpadas, GE e de marca própria. A estratégia sugerida pelos autores para análise do efeito da fabricação de marca própria no negócio da empresa é descrita a seguir: 1. realizar uma auditoria; 2. calcular a rentabilidade em termos de custos totais e custos marginais; 3. examinar o impacto de marcas próprias em relação à participação de mercado de suas marcas nacionais; 4. fechar excesso de capacidade de capacidade. Segundo Ashley (1998), preço e inovação são duas armas que os fabricantes podem utilizar para combater marcas próprias. Apesar de cortes 26 nos preços serem uma forma de as marcas de fabricantes competirem, as conseqüências em termos de lucro não são positivas. A autora enfatiza que, para que marcas fortes tenham sucesso nos próximos anos, a competição com marcas próprias deverá ser feita através de propaganda persuasiva. As empresas que desejam obter sucesso devem criar novos produtos e novas razões e benefícios na compra de produtos existentes e então comunicar estes benefícios aos consumidores de forma contínua. Segundo Dunne e Narasimhan (1999), uma das principais mudanças ocorridas no varejo alimentar é o reposicionamento de marcas próprias de baixa qualidade para uma melhor qualidade. Esta melhor qualidade da marca própria teria até mesmo superado diversas marcas de fabricantes. São as chamadas marcas próprias premium. Elas ofereceriam oportunidades interessantes para os fabricantes, pois os varejistas, ao optarem por uma estratégia de marcas próprias de maior qualidade, são mais criteriosos na escolha dos fornecedores e desta forma, estão dispostos a pagar mais. A oferta de um produto desta linha aumentaria a possibilidade de maiores margens, aproximação com o varejista e crescimento. Por outro lado, este produto enfrentaria dificuldades se seus consumidores fossem muito sensíveis a preços. Muitos fabricantes, quando as marcas próprias ainda não eram populares, procuravam defender sua participação de mercado contra produtos de preços inferiores com “marcas de combate”. Estas marcas tinham como característica um menor preço comparativamente a marcas fortes e uma qualidade inferior. Seu público-alvo eram consumidores sensíveis a preços. Com o crescimento das marcas próprias, as marcas de combate foram desaparecendo. Isto porque os varejistas perceberam que poderiam, eles próprios, oferecer marcas a preço baixo, diminuindo assim a dependência da oferta dos fabricantes. A lógica existente nas marcas de combate permite 27 que fabricantes usem as marcas próprias como um substituto para marcas de combate. Nesta linha de raciocínio, segundo Dunne e Narasimhan (1999), as marcas próprias premium se posicionariam como os substitutos próximos das marcas principais de fabricantes. Muitas vezes, uma empresa que fabrica marcas próprias e em categorias onde compete com suas marcas principais, evita fazer promoções que coincidam com a do varejista para evitar uma disparidade de preços entre sua marca forte e a do varejista. Segundo os autores, um desafio do fornecedor é ter certeza que o produto oferecido é diferente dos produzidos para outros varejistas. De outra forma, estariam arriscando o valor de sua marca e a lealdade do seu consumidor. Muitas são as estratégias que uma empresa fabricante de marcas fortes pode adotar para combater as marcas próprias. Para Hoch (1996), as estratégias seriam: 1. Não fazer nada: se a variável renda for um forte determinante do sucesso de marcas próprias, uma futura fase de prosperidade econômica poderia reduzir a atratividade dos preços oferecida pelas marcas próprias; diferença estrutural da rede varejista americana em relação à européia (nível de concentração e variedade de ofertas de marcas nacionais); 2. Aumentar a distância em termos de preço e qualidade em relação a marcas próprias, ou seja, oferecer ao consumidor um produto com maior valor agregado; 3. Reduzir o gap de preços uma vez que uma mudança de preços em uma marca nacional afeta mais vendas de marca própria do que o contrário; 4. Utilizar uma estratégia “me too”, que consiste em oferecer um produto de menor qualidade a um menor preço, ou seja, um produto “estilo marca própria” porém com marca do fornecedor. Esta estratégia permite que o 28 fabricante preserve a imagem premium do seu produto e, ao mesmo tempo, a competição excessiva por preço que pode reduzir sua margem de lucros assim como a do varejista. Em segundo lugar, poderia se uma forma de utilização do excesso de capacidade da fábrica. O perigo seria a canibalização do próprio produto e o risco de, mesmo com uma pequeno orçamento de marketing, este produto não se mostrar tão rentável quanto os premiums existentes. O autor conclui que o futuro da marca própria está, em grande parte, nas mãos do varejista. Segundo Hoch e Banerji (1993), os fabricantes criam duas barreiras à entrada de marcas próprias: 1. Variedade do produto: quando uma categoria é explorada por um número muito grande de fabricantes, como shampoos, se torna mais difícil competir por participação de mercado; 2. Investimento em promoção e propaganda: forte alocação de recursos em propaganda pode contribuir para aumentar consideravelmente o valor da marca através do aumento da lealdade do consumidor, tornando mais difícil a competição entre marcas. 2.3.2.3. VANTAGENS E DESVANTAGENS DA MARCA PRÓPRIA PARA O VAREJISTA Os varejistas desfrutam de diversas vantagens ao oferecer produtos com marca própria ao consumidor. Segundo a revista Superhiper (1998) o supermercadista fica menos dependente das marcas líderes, que impõem condições de rentabilidade menor. Para Hoch (1996) as maiores vantagens são: - trata-se de uma estratégia defensiva que garante a entrega do fornecedor; 29 - traz ganho de participação de mercado através da marca própria; - o distribuidor pode converter custos fixos de produção em custos variáveis ao comprar produtos fabricados por outros. Isto porque, com a compra de produtos, economiza-se com custos como pesquisa e desenvolvimento do produto. É imprescindível, no entanto, que seu fornecedor seja confiável; - traz lealdade à marca transformando consumidores em clientes fiéis; - oferece ao varejista maior poder de barganha e de preço: o distribuidor tem maior controle sobre as margens e, além disto, se quiser trocar de fornecedor, poderá fazê-lo sem alterar a oferta ao seu cliente do mesmo produto; - o varejista tem maior controle sobre a imagem da marca, propaganda, embalagem e qualidade do produto; - a marca própria é a única marca que aparece em todos os setores de uma loja, reforçando, portanto, o nome da marca própria e, ao mesmo tempo, dando uma identidade à loja; - os gastos incorridos em promoções não são substanciais; - o varejista garante espaço de destaque na prateleira. Ele tem o poder de colocar sua marca à direita do produto líder que quer imitar (cerca de 90% da população seria destra), diminuindo alocação de recursos em marketing. Ainda segundo este autor, as maiores desvantagens são: - existir um risco de a imagem do produto ser associada a uma qualidade inferior, não alavancando vendas; 30 - muitos consumidores desconfiam que uma loja possa oferecer diversos tipos de produtos com marca própria e, ao mesmo tempo, garantir uma ótima qualidade em cada um destes produtos; - o varejista assume maiores riscos por ter responsabilidades como custos de estoque, publicidade e embalagem. De acordo com um estudo desenvolvido por Hoch e Banerji (1993), a qualidade do produto de marca própria é um elemento chave para o sucesso da estratégia de marcas próprias. Assim sendo, estando os consumidores atentos à qualidade, os varejistas deveriam trabalhar com os fabricantes que lhes oferecessem a melhor qualidade para que eles possam se posicionar próximos à marca líder do mercado. Em muitas categorias, os consumidores conhecem bem benefícios e atributos do produto, permitindo que façam julgamentos sobre a qualidade. Neste segmento, os varejistas deveriam se posicionar oferecendo uma boa alternativa em termos de custo x benefício (baixo preço relativo por boa qualidade). Os varejistas têm menos chances de serem bem sucedidos em categorias onde os fabricantes investem muito no valor da marca e portanto adotam uma forte estratégia de marketing. Além disto, o número de players no mercado é um forte ponto determinante do sucesso ou não do varejista. Em síntese, segundo Hoch e Banerji (1993), os varejistas estariam bem posicionados, concentrando-se em categorias onde possam oferecer qualidade superior ou comparável à das marcas tradicionais existentes. Para Kinderman e d’Almeida (1997), uma linha de produtos de marca própria bem definida permite maior força de negociação com a indústria uma vez que o produto poderá ser colocado na melhor posição da gôndola do supermercado. 31 Segundo os autores, uma marca própria unificada permite que se crie uma identidade na mente do consumidor. O uso de um único nome em campanhas publicitárias e merchandising também contribui para se desenvolver a idéia de qualidade e consistência de marca. Além disto, uma única marca própria visível por todo o supermercado funciona como uma forte ferramenta indireta de propaganda. Os autores sugerem: - aproveitar o aumento do tráfego dentro do supermercado decorrente das promoções realizadas pelos grandes fornecedores para que se ofereçam promoções para os produtos de marca própria; - desenvolver e promover produtos de marca própria de categorias que apresentem tendência mais forte de crescimento; - oferecer uma embalagem que evidencie a qualidade do produto; - evitar um gap muito forte de preços entre a marca própria e a marca do fabricante, dado que, na mente do consumidor preço reflete qualidade e uma disparidade grande pode levar a questionamentos sobre a qualidade do produto. 2.3.2.4. VANTAGENS E DESVANTAGENS DA MARCA PRÓPRIA PARA O FABRICANTE Os produtos de marca própria são temidos por muitos fabricantes de produtos de consumo por serem vistos como “category killers”. Pelo fato de serem produtos baratos e de baixa qualidade, atraem um grande percentual dos lucros do mercado, além de terem a capacidade de tornar os consumidores mais sensíveis a preços. Para Weiss (1950) o fabricante que não quiser oferecer marcas próprias ao varejista, apenas estará abrindo portas para que um concorrente seu o faça. 32 Segundo os autores Dunne e Narasimhan (1999) uma vantagem para o fabricante que adotar a estratégia de marcas próprias é a redução do risco incorrido no desenvolvimento de um produto novo cujo custo para chegar às prateleiras de um supermercado pode estar na casa de milhões de dólares. Como se trata de marca própria, o varejista assume os custos de propaganda e promoção. O fabricante deve avaliar o mercado competitivo onde atua pois poderá descobrir que as margens de suas marcas poderão melhorar com a oferta de marcas próprias. Portanto, outra vantagem, segundo os autores, decorre do fato de, além de preservar o seu produto de ofertas de menor preço, as marcas próprias podem ser usadas para atacar os concorrentes. A confiança no relacionamento é um ponto chave para que o fabricante não seja trocado por outro fornecedor. O relacionamento próximo ao varejista permite ao fornecedor que, além de reduzir o risco de ocorrer a troca por outro fornecedor, esta aproximação lhe traga maiores conhecimentos sobre o seu cliente final, uma vez que pode contar com os dados e resultados de database do supermercado com o qual está trabalhando. Os autores sugerem que faz sentido fornecer marcas próprias se ao menos uma das condições a seguir forem verdadeiras: - há economias de custos substanciais: para produtos com elevados custos fixos e baixos custos variáveis, a fabricação de marcas próprias pode trazer incremento de receita com pouco acréscimo de investimento; - barreiras à entrada são baixas: se a marca forte da empresa puder ser facilmente imitada por outros fabricantes, será melhor enfrentá-los. Uma das alternativas de combate é, justamente a fabricação de marcas próprias; - a marca não é líder: aumenta a possibilidade de a empresa enfrentar a líder através da estratégia de marcas próprias e ganhar market share; 33 - a marca própria pertence a uma linha premium: neste caso, o potencial para maiores margens de lucros, melhor relacionamento com o varejista e crescimento, podem compensar investimentos incorridos e possíveis riscos de imagem para a marca principal do fabricante. Se, no entanto, consumidores desta categoria forem muito sensíveis a preço, uma marca, própria premium não deverá ser lucrativa. Os autores incentivam que se estabeleça um política clara de marcas próprias, apresentando as seguintes vantagens: - facilitar a entrada de empresas novas no mercado e aceitação por parte do varejo, aumentando o participação no mercado e contribuindo para minimizar custos fixos; - o fornecedor não incorre em custos promocionais com a estratégia de marca própria; - uso do excesso de capacidade de produção da fábrica, diminuindo custos de distribuição; - o fornecedor poderia perder mercado de qualquer forma para outras marcas próprias. Neste caso, a melhor alternativa é enfrentá-las; - mais de 50% das fabricantes de produtos de marca produzem também marcas próprias, o que lhes permite controlar o desafio ou perigo representado pela marca própria. Quanto às desvantagens, os autores apontam as seguintes: - para que o fornecedor não perca o contrato, a competição entre fabricantes é baseada no preço, pois o distribuidor pode facilmente trocar o fornecedor de sua marca própria por outro; - perda de controle na promoção do produto, que é efetuada pelo varejista; 34 - enfraquecimento de uma própria marca que já possui baixa participação no mercado; - canibalização do seu próprio produto; - os custos totais de produção podem aumentar ao invés de se reduzir com a fabricação de marcas próprias. Por exemplo, cada rede varejista pode requisitar uma embalagem diferente. Custos de estoque também podem aumentar com cada contrato de marca própria; - pode trazer dificuldade organizacional na administração de marketing da empresa para gerenciar a sua marca forte e a marca própria; - pode forçar o fabricante a revelar sua estrutura de custos e dividir suas últimas inovações de produto com o varejista. Outro medo dos fabricantes é que, ao fornecerem marcas próprias, seus custos com produção e distribuição aumentem de forma inesperada e assim percam o foco em sua marca principal. Segundo Dunne e Narasimhan (1999) as marcas próprias simbolizam o crescente controle dos varejistas sobre a cadeia de distribuição. Isto porque, ao diminuir a força das marcas de nomes, os fabricantes perdem um dos grandes poderes que exercem sobre os consumidores e também sobre varejistas. E também ameaçam transformar os fabricantes em fornecedores invisíveis. Os autores acreditam que a visão que os fabricantes têm destas marcas como category killers é errada e esta idéia deve ser revista sob a ótica econômica e estratégica para a empresa. Para Hoch (1996) uma das maiores desvantagens para o fornecedor é a possível perda de credibilidade no produto oferecido pela empresa. Os fabricantes deveriam continuar investindo na construção e força de sua marca através das seguintes ações: - criar inovações do produto; 35 - investir em propaganda; - oferecer maior variedade de produtos, viável através do ganho de economia de escala; - gerar tráfego para o varejista. 2.4. MARCA PRÓPRIA E O COMPORTAMENTO DE COMPRA DO CONSUMIDOR Nos últimos anos houve uma mudança na relação do consumidor com as marcas. Segundo Kotler (1996), o consumidor percebia as marcas como organizadas em uma “escada de marcas”, onde a preferida ocupava o primeiro lugar e as outras marcas se encontravam em ordem descendente de escolha. Atualmente, no entanto, “esta escada está desaparecendo e sendo substituída por uma percepção do consumidor da paridade de marcas, isto é, de que muitas marcas são equivalentes” (Kotler, 1996, p.392). Em vez de optar pela marca mais forte, o consumidor escolhe a que estiver em melhor promoção no dia. Uma pesquisa elaborada pela Grey Advertising Inc. revelou que 66% dos consumidores entrevistados estavam mudando para marcas mais baratas, especialmente marcas próprias. Seriam diversas as causas do enfraquecimento do poder das marcas. Por um lado, o consumidor está melhor informado e mais exigente em relação a preço e qualidade. Fabricantes e redes varejistas estão reproduzindo a qualidade das melhores marcas e os consumidores estão percebendo esta semelhança de produtos. A proliferação de políticas de promoções e preços especiais está tornando os consumidores cada vez mais sensíveis a preços. As políticas de extensão de marcas adotadas pelas empresas têm gerado confusão e perda de clareza na identificação de marcas. Por outro lado, as empresas estão reduzindo os gastos em propaganda o que contribui para diminuir o poder da marca. Os varejistas estão investindo em qualidade nos seus programas de marcas consumidores (Kotler, 1996). próprias, ganhando a confiança dos 36 Segundo a revista Business Week, as empresas gastaram, em 1991, setenta por cento de seu orçamento de marketing com campanhas de promoções de vendas, deixando apenas trinta por cento para propaganda. Como conseqüência, o poder das marcas estaria caindo, tornando-se as mesmas intercambiáveis aos olhos do consumidor (Landler et alli, 1991). Para um executivo de Marketing, a questão é mais complicada e não se resume exclusivamente a gastos em propaganda. Os fabricantes estão estendendo suas linhas de produto constantemente, com o objetivo de ocupar um maior espaço nas prateleiras e aumentar vendas. Com isto, o foco e o investimento nas marcas fortes do fabricante decresce. O resultado final seria que o poder das marcas fortes estaria diminuindo. Algumas empresas, no entanto, estão utilizando o caminho inverso e reduzindo drasticamente sua linha de produtos. Segundo Kotler (1996), muitos produtos são comprados sem que haja um forte envolvimento do consumidor ou fortes diferenças entre as marcas disponíveis. O autor cita a compra do sal como uma compra cujo envolvimento é baixo e como conseqüência há pouca lealdade à marca. Se não encontrarem uma determinada marca no supermercado, os consumidores comprarão qualquer outra. Para Kotler (1996), o envolvimento do consumidor na compra é tanto menor quanto maior a freqüência de compra do produto e menor o preço. A associação da marca própria a uma qualidade inferior faz com que o apelo de marcas próprias atinja consumidores mais sensíveis a preço. Segundo um estudo realizado nos Estados Unidos por Hoch (1996), em áreas domiciliares, áreas habitadas por pessoas mais velhas, mulheres que trabalham, negros e hispânicos, os consumidores tendem a ser mais sensíveis a preço e mais dispostos à compra de produtos de marca própria. Inversamente, em áreas domiciliares de classe social mais alta, marcas próprias não têm apresentado bom desempenho. 37 A exceção ocorre com a variável “grau de educação”: maior nível de instrução é associado a menor sensibilidade a preço. Paradoxalmente, melhor instrução é também associada a uma boa taxa de penetração da marca própria. Isto ocorre provavelmente porque pessoas mais instruídas estão melhor informadas sobre a qualidade relativa da marca própria em comparação a de uma marca nacional. Este resultado pode sugerir que uma grande parte da compra de marcas próprias é realizada por pessoas instruídas que são, usualmente, menos influenciáveis por preço. Para Quelch e Harding (1996), uma das fraquezas da marca própria decorre do processo decisório de compra do consumidor que freqüentemente favorece produtos de marca forte. Ou seja, quando o consumidor tem restrição de tempo para efetuar a compra e, conseqüentemente, uma menor possibilidade para avaliar produtos alternativos no ponto de venda, ele busca a segurança de uma marca conhecida, forte. A marca forte agiria como um simplificador no processo de seleção do produto. Uma pesquisa realizada nos EUA pela Roper Organization revelou que, em 1992, 37% dos compradores preferiam pagar mais por algumas marcas consideradas superiores em contraste a 1988, quando o total era de 45% (Marcas...,1993). Foi realizado um experimento por Richardson et alli (1994), onde se procurou identificar possíveis causas das percepções desfavoráveis dos consumidores em relação a marcas próprias comparativamente às marcas de fabricantes. Segundo os autores, a Associação Americana de Fabricantes de Marcas Próprias assegura que os ingredientes usados nos produtos de marca próprias são tão bons, se não melhores, do que os de marcas de fabricantes. Sendo assim, concluíram que percepções negativas em relação a produtos de marca própria podem ser resultantes do uso de embalagens baratas e da ausência de uma imagem de marca atraente devido a uma pobre comunicação e posicionamento estratégico. 38 Os resultados demonstraram que consumidores estariam mais interessados em qualidade do que com a proposta de value for money, mesmo quando se trata de marcas próprias. Esta preferência por qualidade poderia sugerir que o posicionamento das marcas próprias como alternativa de alta qualidade às marcas de fabricantes poderia aumentar a propensão à compra destes produtos. Richardson et alli sugerem que um enfoque na qualidade ao invés do preço melhoraria a percepção em relação a marcas próprias e aumentaria a fidelização. Todos os estudos indicariam que os produtos de marca própria possuem uma imagem de qualidade inferior comparativamente a produtos de marca forte de fabricantes. Os autores observam que preço e posicionamento do produto podem ser usados como indicativos de qualidade. Desta forma, seria necessário entender até que ponto a percepção dos consumidores em relação a qualidade do produto é conseqüência de um produto efetivamente pobre ou da estratégia adotada pela rede varejista de posicionamento do produto marca própria como uma alternativa barata às marcas de fabricantes. Os resultados do estudo indicaram que reações desfavoráveis às marcas próprias de supermercados são decorrentes da propensão do consumidor a confiar em fatores extrínsecos tais como embalagem, preço ou nome da loja, ao avaliar a qualidade de um produto. Observou-se que a avaliação da qualidade de produtos marca própria experimentados pelos consumidores era muito maior quando embalados como se fossem de marcas de fabricantes. Adicionalmente, quando produtos de marca de fabricante eram testados e apresentados como produtos de marca própria, a avaliação em termos de qualidade era muito menor. Por outro lado, os autores sugerem que, enquanto as expectativas dos consumidores em relação a marcas próprias forem baixas, a qualidade do produto é um fator menos crítico. Desta forma, os varejistas poderiam utilizar a estratégia de value for money em seus esforços promocionais e evitar a competição direta com marcas de fabricantes. Os autores questionam, no 39 entanto, a eficácia deste tipo de estratégia. Isto porque, evidências do estudo indicaram que o consumidor pode se importar menos com a proposta de valor do produto do que com qualidade. Varejistas que trabalham com produtos de alta qualidade e utilizam a estratégia promocional de value for money poderiam estar sinalizando aos consumidores “menor qualidade por menores preços” ao invés de “ótima qualidade por preços baixos”. Além do mais, este tipo de esforço promocional tem se mostrado pouco eficaz para se dissociar a baixa qualidade percebida dos consumidores em relação a marcas próprias. Finalmente, os autores recomendam uma estratégia de marcas próprias que diferencie as suas embalagens dos concorrentes de forma a propiciar a compra de impulso e um marketing ativo de marcas próprias através de campanhas que enfatizem os benefícios intrínsecos aos produtos. Os varejistas poderiam promover experimentações do produto dentro das lojas para procurar desfazer qualquer percepção negativa que se tenha em relação a estes produtos. Segundo um estudo desenvolvido por Bellizy et alli (1981), entrevistados avaliaram marcas próprias de forma inferior às marcas de fabricantes no que diz respeito aos atributos qualidade, aparência e atratividade. Similarmente, Cunnigham, Hardy e Imperia (1982) observaram que consumidores classificam marcas próprias como sendo inferiores às marcas de fabricantes nos seguintes indicadores: 1. Sabor 2. Aparência 3. Variedade de escolha 4. Rotulagem Alguns consumidores se recusaram a comprar marcas próprias independentemente do valor que seria poupado na troca de um produto de marca de fornecedor por um produto marca própria (Livesey e Lennon apud Richardson et alli, 1994). 40 Foi realizado por Richardson et alli (1996) outro experimento, onde os resultados obtidos foram os descritos a seguir: 1. donas de casa que confiavam em indicadores extrínsecos na avaliação da qualidade de um produto percebiam uma maior variação de qualidade entre marca própria e marca de fabricante e maior risco incorrido na compra de marca própria; 2. quanto maior a diferença de qualidade percebida entre um produto de fabricante e um produto de marca própria, menos favorável a percepção de value for money em relação a marcas próprias, e maior o risco percebido associado à compra de marcas próprias; 3. quanto maior a familiaridade em relação a produtos de marcas próprias, menor a confiança em indicadores (cues) extrínsecos na avaliação de qualidade; menor o risco percebido e menor a percepção de diferença de qualidade em relação a produtos do fabricante; 4. famílias de maior poder aquisitivo eram menos propensas a compras de marcas próprias; 5. quanto maior a família, maior a propensão a comprar marcas próprias. Frank e Boyd (apud Richardson et alli, 1996) avaliaram que os consumidores de marcas próprias eram pessoas de uma faixa etária mais alta, possuíam maior nível educacional e menor renda do que consumidores de marcas de fabricantes. Coe e Murphy (apud Richardson et alli, 1996), no entanto, afirmaram que consumidores de marcas próprias pertenciam a classes de renda mais alta. Burger e Schott (apud Richardson et alli, 1996), Cunnigham, Hardy e Imperia (1982) descobriram que consumidores de marcas próprias tinham maior instrução. Desta forma, os resultados que associam fatores socio-econômicos à propensão à compra de marcas próprias seriam contraditórios. 41 Outros estudos foram direcionados visando identificar fatores relacionados à personalidade que influenciavam a aptidão à compra de marcas próprias. Myers (apud Richardson et alli, 1996) relatou que aqueles que compravam marcas próprias tendiam a ser mais entusiastas, sensíveis e submissos do que os consumidores de marcas de fabricantes. Becherer e Richard (apud Richardson et alli, 1996) observaram que consumidores de marcas próprias mostravam maior nível de independência e confiavam menos em normas de conduta. Para Bettman (apud Richardson et alli, 1996), o consumidor de marca própria se distinguia do comprador de marca de fabricante no que dizia respeito à qualidade percebida em relação às duas marcas, risco percebido em relação e familiaridade em relação a marcas próprias. Outro autor realizou um experimento (Fugate apud Richardson et alli, 1996), onde manipulou as embalagens dos produtos a fim de testar se a informação do fabricante contida na embalagem influenciava a compra de marca própria. Foi concluído que a informação do fabricante, quando explícita na embalagem, influenciava positivamente a avaliação do produto, especialmente quando se tratava de um fornecedor conhecido. Dodds et alli procuraram estudar o efeito de preço, marca e informações relativas à loja no processo de avaliação da qualidade e valor do produto assim como nas intenções de compra. Concluíram que preço e marca eram importantes determinantes da qualidade percebida do produto, e que o efeito do nome da loja, apesar de positivo, é pequeno. No Brasil, uma pesquisa, realizada pelas empresas DIL e Research International do Brasil, revelou que seis entre dez donas de casa brasileiras costumam comprar marcas próprias em supermercados. Tabela: 2.1 Opinião de Consumidores sobre Produtos com Marca Própria Brasil (em %) 1994 1998 42 Conhece produto com marca própria 68 82 Costuma comprar 49 65 Não costuma comprar 19 17 Não conhece produtos com marca própria 32 18 Fonte: DIL Research International do Brasil Base: 400 donas de casa Apenas quatro entre dez compravam esses produtos há quatro anos (Marcas...,1999), como ilustrado na Tabela 2.1. Segundo o estudo, houve um substancial acréscimo, nos quatro anos anteriores, das pessoas que adquiriram produtos de marcas próprias, com 65% dos entrevistados afirmando a compra. As marcas próprias passaram a ser conhecidas por 82% dos entrevistados enquanto que, em 1994, apenas 68% conheciam esses produtos. O número de donas de casa que não costumava comprar marcas próprias reduziu-se de 19% para 17% e as que não a conheciam caiu de 32% para 18%. O estudo também indicou que 37% dos entrevistados consumiam produtos de marcas próprias em função da atratividade do preço. Nos Estados Unidos, o instituto de pesquisa ACNielsen realizou uma pesquisa indicando que cada domicílio americano tende a comprar marcas próprias mais do que uma vez por semana (Taking..., 1997). O estudo foi realizado dividindo a população americana em quatro quadrantes, cada um representando 25% dos consumidores de marcas próprias representados por: consumidores leves, médios, pesados e muito pesados. Os compradores “muito pesados” representavam 51% das vendas totais de marcas próprias e compradores “pesados” outros 26%, ou seja, metade dos consumidores totalizavam 77% das vendas. A diferença de comportamento 43 de compra entre os compradores considerados “muito pesados” e os “leves” revelou-se bastante acentuada. Enquanto que os primeiros gastavam em média 751 dólares ao ano e devotavam 19% do total de suas compras em marcas próprias, os consumidores “leves” compravam 100 dólares, representando apenas 5% de suas compras. A freqüência de compra parecia ser um fator chave para explicar esta diferença. Os mais fiéis compravam marcas próprias duas vezes por semana o que representava três vezes a freqüência de compra dos consumidores “leves”. Os maiores compradores de marcas próprias seriam as famílias compostas por cinco ou mais pessoas, famílias com crianças com menos de 18 anos, famílias de baixa renda e famílias de três ou quatro pessoas. Em contraste, famílias pequenas, minorias, homens solteiros e famílias de alta renda tendiam a comprar menos. Quase dois terços das vendas de marcas próprias vinham de famílias cujo chefe era operário. As vendas de marcas próprias entre famílias de trabalhadores de escritório representavam 10%, enquanto que os profissionais liberais e gerentes, representavam 25% dos dólares gastos em marcas próprias. 44 3. METODOLOGIA Neste capítulo apresentam-se, inicialmente, o problema, as perguntas e as hipóteses da pesquisa. Em seguida, discute-se o método de pesquisa utilizado no estudo, suas vantagens e desvantagens. Apresentam-se ainda a população e a amostra utilizada, os métodos de coleta e análise de dados e as limitações do estudo. 3.1. PROBLEMA DA PESQUISA Trata-se de uma pesquisa de natureza descritiva, cujo objetivo é investigar a forma pela qual os consumidores percebem marcas próprias de supermercados. 3.2. PERGUNTAS DA PESQUISA E HIPÓTESES Este estudo se propôs a responder às seguintes perguntas: 45 Pergunta 1. Quais as características demográficas e de comportamento de compra das consumidoras que adquirem marcas próprias de supermercado? Pergunta 2. Quais são as percepções dessas consumidoras em relação a marcas próprias no que se refere a preço, qualidade, variedade e embalagem? Pergunta 3. Qual a influência da marca própria na preferência e fidelização do cliente? Hipóteses Alternativas: Hipótese 1: As compradoras de produtos com marcas próprias não se diferenciam das não compradoras a partir de suas características demográficas e de comportamento de compra. Hipótese 2: As compradoras de produtos com marcas próprias não se diferenciam das não compradoras a partir de suas percepções quanto às características desses produtos. Hipótese 3: As consumidoras que manifestam atratividade pela marca própria do supermercado não diferem das que não manifestam em função de suas características demográficas e de compra. Hipótese 4: As consumidoras que manifestam atratividade pela marca própria não diferem das que não manifestam em função de suas percepções quanto a características desses produtos. Hipóteses Nulas: 46 Hipótese 1: As compradoras de produtos com marcas próprias se diferenciam das não compradoras a partir de suas características demográficas e de comportamento de compra. Hipótese 2: As compradoras de produtos com marcas próprias se diferenciam das não compradoras a partir de suas percepções quanto às características desses produtos. Hipótese 3: As consumidoras que manifestam atratividade pela marca própria do supermercado diferem das que não manifestam em função de suas características demográficas e de compra. Hipótese 4: As consumidoras que manifestam atratividade pela marca própria diferem das que não manifestam em função de suas percepções quanto a características desses produtos. 3.3. MÉTODO DE PESQUISA Esta pesquisa utilizou o método survey, aplicando-se um questionário estruturado a uma amostra de conveniência de consumidoras freqüentadoras de lojas de supermercados na Zona Sul do Rio de Janeiro. Segundo Alreck e Settle (1995), as principais características do método survey são: versatilidade, flexibilidade, especialização e eficiência. É considerado versátil porque permite que os dados sejam coletados de diversas maneiras, desde entrevistas pessoais, por telefone ou correio, até questionários enviados pela Internet. No que diz respeito à eficiência, o método permite que se obtenham informações sobre um universo através do uso de amostras que sejam representativas deste universo. Como conseqüência, o custo e o tempo gasto com a pesquisa são menores. Por outro lado, Alreck e Settle (1995) apontam algumas limitações deste método. Ele exige um planejamento detalhado e execução criteriosa para 47 evitar que se introduza viés no estudo. Além do mais, alguns entrevistados podem ter reações negativas e inesperadas se questões mais delicadas forem introduzidas. Aaker et alli (1998) observaram que, a maior vantagem do método survey consistiria na coleta de um grande número de dados sobre um entrevistado individual de uma única vez. A segunda vantagem seria a versatilidade: surveys podem ser aplicadas a qualquer perfil de entrevistado, de adolescentes a aposentados. Estas vantagens, entretanto, não são fáceis de serem obtidas. Exigem o conhecimento dos erros que podem prejudicar a acurácia dos dados e um eficaz julgamento da melhor escolha do método a ser aplicado (como uma entrevista pessoal ou por telefone, um questionário enviado por fax ou correio eletrônico). Os autores citam também a questão da importância da interatividade social entre o entrevistador e o entrevistado. Para Malhotra (1996), a simplicidade na administração do questionário, na codificação, análise e interpretação dos dados são as grandes vantagens na utilização deste método. Por outro lado, para o autor, os entrevistados poderiam se mostrar receosos em dar respostas de caráter mais pessoal ou delicado e, como conseqüência, as respostas obtidas poderiam não refletir a realidade. Perguntas estruturadas ou alternativas de respostas fixas podem também perder a validade quando se trata de questões como crenças e sentimentos pessoais. Finalmente, Malhotra (1996) lembra que fazer as perguntas certas não é uma tarefa fácil. Mattar (1996) cita as seguintes vantagens do método: - versatilidade; - rapidez; - menor custo; - usado para obter a grande maioria de tipos de dados. Como desvantagens, o autor aponta as seguintes: 48 - dependência da boa vontade e sinceridade dos entrevistados; - dependência do entrevistado lembrar ou dispor do dado questionado; - menor precisão; - risco da forma de coleta de dados exercer influência nas respostas. Considerou-se, portanto, ser o método survey o mais indicado, tendo em vista que este é um estudo de natureza descritiva onde o escopo é conhecer percepções e comportamento dos consumidores de marcas próprias no Brasil. 3.4. POPULAÇÃO E AMOSTRA A população deste estudo foi constituída por mulheres freqüentadoras de supermercados na Zona Sul do Rio de Janeiro, que atendessem ao seguinte critério: - tivessem vinte e seis anos ou mais1; - fizessem compras em supermercado pelo menos uma vez por mês. As entrevistadas foram selecionadas por conveniência, nas duas lojas de supermercado de uma cadeia com sede no Rio de Janeiro, cuja direção concordou em colaborar com o presente estudo. O uso da técnica não probabilística de amostra de conveniência foi considerado o mais adequado para o desenvolvimento desta pesquisa, dadas as limitações de tempo e custo. Em virtude do tempo disponível e de este estudo ser de caráter exploratório, foram feitas 120 entrevistas distribuídas da seguinte forma: 1 O corte nessa faixa etária foi realizado por se considerar que, a partir dos 26 anos, as 49 - 60 entrevistas em uma loja localizada no bairro do Largo do Machado; - 60 entrevistas em uma loja situada no bairro do Leblon. Ambos os conjuntos de entrevistas nas duas lojas ocorreram no mesmo horário do mesmo dia da semana, um sábado à tarde, para evitar distorções. Segundo Mattar (1996), as amostras por conveniência ou acidentais são, como o próprio nome diz, as escolhidas por questões de conveniência do pesquisador. O entrevistado é escolhido, basicamente, pela sua disponibilidade no momento em que a entrevista estiver sendo realizada. É recomendada para pesquisas exploratórias, quando se deseja testar idéias sobre um determinado assunto a ser pesquisado. Para o autor, trata-se de um tipo de amostragem menos confiável, apesar do baixo custo e simplicidade. Mattar (1996) cita como exemplos de amostras de conveniência: − entrevistar pessoas em um supermercado; − durante um programa televisivo, ao vivo, disponibilizar linhas telefônicas para que os telespectadores possam dar opiniões sobre um determinado assunto colocado no programa; − testar produtos com voluntários e pedir-lhes que, em seguida, respondam a uma entrevista. Para Aaker et alli (1998), o uso de amostra de conveniência é indicado por oferecer vantagens relacionadas a custo e a rapidez. Os autores alertam, no entanto, para o risco de um resultado enviesado gerar interpretações incorretas, a menos que o viés possa ser identificado. Segundo Malhotra (1996), na amostra de conveniência, os entrevistados são selecionados por estarem no lugar certo, na hora certa. Como vantagens da utilização deste tipo de amostra, o autor aponta as seguintes: consumidoras estariam mais envolvidas com o abastecimento do lar. 50 - acessibilidade da amostra; - facilidade de mensuração; - baixo custo. O autor, no entanto, alerta para as limitações existentes no uso de amostra de conveniência. Muitas fontes de seleção enviesada estariam presentes, incluindo a própria seleção de entrevistados. Para Malhotra, amostras de conveniência não são representativas de uma população específica e portanto, teoricamente, não seria possível generalizar para a população a partir de uma amostra de conveniência. Podem ser usadas para pesquisas exploratórias, que procuram testar hipóteses, no entanto, não são recomendadas para pesquisas descritivas ou causais. 3.5. COLETA DE DADOS Para a coleta de dados, foi utilizado um questionário estruturado composto por perguntas fechadas. Para Dillon et alli (1997) por perguntas fechadas entende-se o formato de entrevista onde ao entrevistado são oferecidas perguntas cujas respostas são números e/ou descrições pré-determinadas e se é pedido para escolher uma opção que melhor descreva suas opiniões. As maiores vantagens em relação a perguntas abertas, segundo estes autores, são a própria simplicidade do formato no momento da entrevista, maior facilidade na codificação e tabulação das respostas e redução do viés do entrevistador. O uso de perguntas fechadas demanda um pré-teste das mesmas para se certificar que as categorias de respostas refletem as possíveis e relevantes respostas sem que se corra o risco de distorção nos dados. O questionário utilizado no presente estudo foi pré-testado com 10 consumidoras, cujo perfil era similar ao do público-alvo. 51 O pré-teste de um questionário estruturado tem, para estes autores, a finalidade de garantir a eficácia de um questionário formulado com perguntas fechadas ao se determinar o conjunto apropriado de respostas. O pré-teste identifica os erros potenciais que poderiam ser cometidos. Para Dillon et alli (1997), são cinco as considerações envolvidas no préteste: 1. Itens que devem ser pré-testados: layout, seqüência das questões, grau de dificuldade das perguntas, entendimento do vocabulário utilizado; 2. Tamanho da amostra: depende da variação da população alvo. População muito heterogênea requer um pré-teste com uma amostra maior; 3. Entrevistados envolvidos: os entrevistados devem ter o perfil mais próximo possível da população-alvo em termos de familiaridade, atitudes e comportamentos associados ao assunto estudado; 4. Encarregado do pré-teste: a pessoa responsável pelo desenvolvimento do questionário deve estar envolvida nas entrevistas; 5. Condução do pré-teste: ele deve ocorrer num ambiente e contexto idêntico ao que será utilizado na entrevista final. Uma vez realizado o pré-teste, foram identificadas as questões que precisavam ser reformuladas, procedendo-se às modificações. A versão final do questionário utilizado encontra-se no Anexo 1. O questionário final foi aplicado em duas lojas de supermercado sediadas na Zona Sul do Rio de Janeiro, pertencentes a uma das principais redes supermercadistas do país, que dispõe de marcas próprias. Esta rede de supermercados trabalha com uma variedade muito grande de marcas próprias que vão desde café até porcelana, completando mais de 600 produtos com marca própria. 52 As consumidoras, nas lojas onde se realizou a pesquisa de campo, foram abordadas quando se encontravam na fila do caixa aguardando a vez de serem atendidas. A abordagem do entrevistado foi feita explicando que se tratava de um estudo de tese de mestrado. Não houve nenhum tipo de relutância, e um número muito pequeno de pessoas se recusou a dar entrevista, alegando falta de tempo. 3.6. ANÁLISE DE DADOS Uma vez concluída a coleta de dados, os mesmos foram codificados e colocados em planilha Excel, para serem posteriormente analisados. Inicialmente foram feitas as estatísticas descritivas, utilizando-se freqüências, com o intuito de obter uma visão geral das consumidoras e suas percepções. Em seguida foi realizado o teste das hipóteses do estudo, utilizando-se para tal a análise linear de discriminantes, método stepwise (Hair et alli, 1992). Foi empregado o pacote estatístico SPSS – Statistical Package for the Social Sciences. Para os testes das Hipóteses nulas 1 e 2 foram utilizados dois grupos: 1. Grupo das não compradoras de marca própria; 2. Grupo das compradoras de marca própria. As entrevistadas que não conheciam os produtos de marca própria não foram incluídas nesta análise. Os testes das Hipóteses nulas 3 e 4 foram realizados utilizando-se outros dois grupos: 1. Consumidoras que declararam que ficariam aborrecidas caso a rede varejista não mais oferecesse marca própria, mas continuariam a fazer 53 compras na loja, e as que não mais iriam comprar nesta loja caso isto ocorresse; 2. Pessoas que não se sentem atraídas à loja pelo fato de oferecer produtos de marcas próprias. Adotou-se o nível de significância de 5% para rejeição da hipótese nula. 3.7. LIMITAÇÕES DO MÉTODO Este estudo apresenta limitações decorrentes do método utilizado, em particular aquelas referentes à profundidade obtida nas respostas, à falta de disponibilidade de tempo do entrevistado e às possíveis distorções introduzidas pelo uso de um questionário estruturado. Outras limitações são decorrentes do uso de uma amostra de conveniência que, como já foi observado, é indicada quando se pretende testar idéias acerca de um determinado tema, no entanto incorre no risco da seleção dos entrevistados ser enviesada. Além disso, o uso de uma amostra de conveniência limita a possibilidade de se extrapolar para a população de consumidores que compra marcas próprias. O fato de a pesquisa de campo ter sido realizada em duas lojas específicas de uma rede varejista também restringe o potencial de generalização do presente estudo. É possível, ainda, que outros viéses tenham sido introduzidos no estudo, tais como a influência da presença do pesquisador nas respostas obtidas dos entrevistados. 4. RESULTADOS 54 4.1. ANÁLISE DESCRITIVA Inicialmente serão apresentadas as freqüências relativas às variáveis pesquisadas, com o propósito de traçar um perfil da amostra entrevistada. 4.1.1. DADOS DEMOGRÁFICOS A amostra se mostrou equilibrada no que diz respeito a faixa etária, com maior concentração de entrevistadas entre 26 e 35 anos (38,3%), seguido pelas pessoas entre 36 e 45 anos (35,8%) e acima de 45 anos (25,8%). Além disso, a maioria das entrevistadas era casada (58,3%), enquanto que as outras entrevistadas se apresentaram como solteiras, viúvas ou separadas (41,7%). Este resultado já era esperado dados os critérios de escolha dos entrevistados. Tabela 4.1.1.1: Faixa Etária FAIXA FREQÜÊNCIA ABSOLUTA FREQÜÊNCIA RELATIVA(%) 26 a 35 anos 46 38,3 36 a 45 anos 43 35,8 Acima de 45 anos 31 25,8 Total 120 100.0 Tabela 4.1.1.2: Estado Civil ESTADO CIVIL FREQÜÊNCIA ABSOLUTA FREQÜÊNCIA RELATIVA(%) Separada/solteira/viúva 50 41,7 Casada 70 58,3 Total 120 100,0 55 No que diz respeito ao número de filhos em casa, ou tamanho da família, as entrevistadas com dois filhos em casa representaram 34,2% da amostra, seguidas pelas que tinham um filho apenas com 30,8%. O total das que não tinham filhos ou moravam sem os filhos foi de 21,7%, e morando com três filhos, 9,2%. Os 4% restantes da amostra declararam morar com quatro a oito filhos. Tabela 4.1.1.3: Número de filhos em Casa FILHOS FREQÜÊNCIA ABSOLUTA FREQÜÊNCIA RELATIVA (%) Não mora com ou não 26 21,7 1 filho 37 30,8 2 filhos 41 34,2 3 filhos 11 9,2 4 filhos 3 2,5 6 filhos 1 0,8 8 filhos 1 0,8 Total 120 100,0 Com relação à renda familiar, a amostra se mostrou variada. Predominou a renda mensal familiar acima de R$ 3.900,01 (28,3%), seguida da faixa de R$ 1.300,01 a R$ 2.600,00 (30,2%) e da faixa até R$ 260,00 (16,7%); 15,8% das entrevistadas possuíam uma renda que compreendia entre R$ 2.600,01 e R$ 3.900,00 e 13,3% recebiam de R$ 260,01 a R$ 650,00 mensalmente. Tabela 4.1.1.4: Renda Familiar Mensal RENDA FREQÜÊNCIA ABSOLUTA FREQÜÊNCIA RELATIVA (%) Até R$ 260,00 20 16,7 56 De R$ 260,01 a R$ 650,00 16 13,3 De R$ 1.300,01 a R$ 2.600,00 31 25,8 De R$ 2.600,01 a R$ 3.900,00 19 15,8 Acima de R$ 3.900,01 34 28,3 Total 120 100.0 4.1.2. HÁBITOS DE COMPRA EM SUPERMERCADO A grande maioria das entrevistadas realiza compras mais de uma vez por semana (46,7%), seguindo-se as que vão em média uma vez por semana (28,3%), as que freqüentam uma vez a cada quinze dias (16,7%) e as que compram apenas uma vez por mês (8,3%). Um total de 53,3% das entrevistadas afirmou realizar compras em um único supermercado ao passo que 43,7% das pessoas disseram procurar mais de um supermercado. Gráfico: 4.1.2.1 Freqüência em % de Compra em Supermercado 50% 40% 30% 20% 10% 0% Mais de uma vez por semana Uma vez por semana Uma vez a cada 15 dias Uma vez por mês Tabela 4.1.2.2: Costuma Comprar sempre no mesmo Supermercado N.º DE VEZES FREQÜÊNCIA ABSOLUTA FREQÜÊNCIA RELATIVA (%) 57 Sempre no mesmo 64 53,3 56 46,7 120 100,0 supermercado Em mais de um supermercado Total 4.1.3. CONHECIMENTO E COMPRA DE PRODUTOS COM MARCA PRÓPRIA O percentual de pessoas entrevistadas que conhecia produtos da marca da rede varejista foi bastante elevado, 95,8%. Apenas 4,2% dos entrevistados não conheciam os produtos de marca própria oferecidos pelo supermercado. Gráfico 4.1.3.1 : Conhece Produtos com Marca da Loja C o n h e c e P ro d u to s c o m M a rc a d a L o ja 120 9 5 ,8 100 80 N ã o C o nh e ce 60 C o n h ece 40 20 4 ,2 0 Não Conhec e Conhece Do total de entrevistados, 79,2% afirmou comprar algum produto com marca própria, enquanto 16,7% não comprava marca própria. Os 4,2% que não conheciam, obviamente, não compravam nenhum produto de marca própria da rede varejista. 58 Gráfico 4.1.3.2: Compra Produtos com Marca da Loja C o m p ra P ro d u to s c o m M a rc a d a L o ja 90 7 9 ,2 80 70 N ã o C o m p ra 60 50 C o m p ra 40 30 20 N ã o co n he ce 1 6 ,7 4 ,2 10 0 Não Compra Compra Não conhec e A marca da loja não foi considerada como um fator atrativo para a realização das compras neste supermercado por 79,2% dos entrevistados; no entanto 16,7% vêem estes produtos como um atrativo para comprar nesta rede varejista. Enquadram-se nesta categoria (considerar um fator atrativo) as pessoas que revelaram comprar produtos de marca própria e consideraram o fato da rede varejista oferecer esta linha de produtos como um atrativo à loja. Tabela 4.1.3.2: A marca Própria é um fator atrativo para ir ao Supermercado X ATRAI FREQÜÊNCIA ABSOLUTA FREQÜÊNCIA RELATIVA (%) Sim 20 16,7 Não 95 79,2 Não conhece 5 4,2 Total 120 100,0 59 Entre as pessoas que afirmaram ser a marca própria um fator atrativo para a adoção do supermercado, quando questionadas sobre sua reação caso a loja não mais oferecesse produtos de marca própria, 10% informaram que ficariam aborrecidas mas continuariam efetuando suas compras na loja. No entanto, 7,5% das entrevistadas, apesar de terem afirmado que se sentiam atraídas à loja por esta oferecer produtos de marca própria, responderem que não faria diferença. Ou seja, essas entrevistadas não se importariam caso a rede varejista tirasse de suas prateleiras os produtos de marca própria apesar de terem afirmado previamente ser este um ponto de atração à loja. Tabela 4.1.3.3: Se a rede não mais oferecesse produtos de marca própria Ficaria aborrecida mas continuaria FREQÜÊNCIA FREQÜÊNCIA ABSOLUTA RELATIVA (%) 12 10,0 Não faz diferença 9 7,5 Não é atrativo 94 78,3 Não conhece 5 4,2 Total 120 100,0 freqüentando a loja 4.1.4. PERCEPÇÕES COM RELAÇÃO A MARCAS PRÓPRIAS Os resultados relativos às percepções dos produtos de marca própria pelas entrevistadas estão descritos a seguir. No indicador preço, a maioria das entrevistadas (57,5%) concorda que os produtos com marca própria são mais baratos que os demais. 60 Tabela 4.1.4.1: Percepção em relação a preço dos produtos de marca própria em comparação a outros produtos de outras marcas FREQÜÊNCIA FREQÜÊNCIA ABSOLUTA RELATIVA (%) São mais baratos 69 57,5 Têm mais ou menos o mesmo preço 45 37,5 São mais caros 1 0,8 Não conhece 5 4,2 Total 120 100,0 No indicador qualidade, a grande maioria (80,8%) afirmou serem os produtos de marca própria da loja de qualidade comparável aos demais produtos concorrentes. Tabela 4.1.4.2: Percepção em relação a qualidade dos produtos de marca própria em comparação a outros produtos de outras marcas FREQÜÊNCIA ABSOLUTA FREQÜÊNCIA RELATIVA (%) Qualidade Inferior 17 14,2 Qualidade comparável 97 80,8 Qualidade superior 1 0,8 Não conhece 5 4,2 Total 120 100,0 No que diz respeito aos indicadores externos de qualidade como aparência da embalagem, os produtos foram avaliados por 90,8% das pessoas como possuidores de embalagens tão práticas como as dos demais produtos. As embalagens foram consideradas bonitas por 24,2 % das pessoas, enquanto que 53,3% disseram que depende do produto e 18,3% 61 não gostam da aparência da embalagem dos produtos de marca própria da rede varejista em questão. Quanto ao grau de informação contida na embalagem do produto, 73,3% disseram que depende do produto; 18% consideram que as embalagens são informativas e 7,5% não acham que a embalagem seja informativa. Do total de pessoas entrevistadas, 36,7% se mostrou contente com a variedade dos produtos de marca própria; 31,7% consideraram que a rede varejista oferece pouca variedade e 27,5% consideraram o sortimento razoável. Este resultado foi bastante equilibrado. Tabela 4.1.4.3: Praticidade da embalagem dos produtos dos produtos de marca própria em comparação a outros produtos de outras marcas PRATICIDADE FREQÜÊNCIA ABSOLUTA FREQÜÊNCIA RELATIVA (%) Menos Práticas 3 2,5 Semelhantes 109 90,8 Mais Práticas 3 2,5 Não conhece 5 4,2 Total 120 100,0 Tabela 4.1.4.4: Aparência estética da embalagem dos produtos dos produtos de marca própria APARÊNCIA ESTÉTICA FREQÜÊNCIA ABSOLUTA FREQÜÊNCIA RELATIVA (%) Feias 22 18,3 62 Depende do produto 64 53,3 Bonitas 29 24,2 Não conhece 5 4,2 Total 120 100,0 Tabela 4.1.4.5: Informações na embalagem dos produtos dos produtos de marca própria GRAU DE INFORMAÇÃO FREQÜÊNCIA ABSOLUTA FREQÜÊNCIA RELATIVA (%) Não Informativas 9 7,5 Depende do produto 88 73,3 Informativas 2 18 Não conhece 5 4,2 Total 120 100,0 Tabela 4.1.4.6: Variedade de produtos dos produtos de marca própria VARIEDADE FREQÜÊNCIA ABSOLUTA FREQÜÊNCIA RELATIVA (%) Pouca variedade 38 31,7 Razoável 33 27,5 Boa variedade 44 36,7 Não conhece 5 4,2 Total 120 100,0 A lembrança espontânea das entrevistadas, referente a produtos de marca própria comprados, sugere que os produtos de marca própria mais consumidos são os menos sofisticados e de baixo envolvimento (processo 63 decisório não envolve avaliação de diversos fatores e/ou alternativas), tais como papel higiênico, guardanapo, açúcar e produtos de padaria. Deve ser observado que esta rede varejista oferece um número muito grande de produtos com marca própria (cerca de 600), sendo portanto limitado o número de itens indicados. É de se esperar, porém, que os itens citados representem um forte indicativo dos produtos mais consumidos. PRODUTOS DE MARCA PRÓPRIA MAIS COMPRADOS (lembrança espontânea) nº. pessoas 30 25 20 15 10 5 Feijão Leite Massas Café Arroz Biscoito Material Limpeza Açúcar Papel Toalha Padaria Guardanapo Papel Higiênico 0 4.2. TESTE DE HIPÓTESES Nesta seção serão apresentados os resultados dos testes das hipóteses nulas. HIPÓTESE 1: 64 Hipótese 1: As compradoras de produtos com marcas próprias não se diferenciam das não compradoras a partir de suas características demográficas e de comportamento de compra. Utilizou-se a análise linear de discriminantes, método stepwise, para o teste de hipóteses. Foram definidos dois grupos: os de não compradores de marcas próprias (20 casos) e os de compradores (95 casos). Os resultados obtidos não permitiram rejeitar a hipótese nula, não se podendo afirmar, portanto, que compradoras e não compradoras de produtos com marcas próprias sejam distintas em seu perfil demográfico e de compra, considerando-se as variáveis utilizadas na análise. Nenhuma variável entrou na análise. HIPÓTESE 2: Hipótese 2: As compradoras de produtos com marcas próprias não se diferenciam das não compradoras a partir de suas percepções quanto às características desses produtos. Realizou-se o teste de hipóteses utilizando a análise linear de discriminantes, método stepwise. Mais uma vez, as consumidoras foram divididas em dois grupos: o de não compradoras (20 casos) e o de compradoras (95 casos). Foi possível rejeitar a hipótese nula, obtendo-se um lambda de Wilks de 0,740897, qui-quadrado de 33,738 com um grau de liberdade e probabilidade de p < 0,0001 de se haver rejeitado erroneamente a hipótese nula. Uma única variável diferenciou os dois grupos: a qualidade dos produtos de marca própria do supermercado em relação as marcas dos fabricantes. Em média, o grupo de não compradoras considerou a qualidade dos produtos com marca própria como inferior à dos produtos dos fabricantes (média de -0,55, em uma escala variando de -1 = inferior a +1 = superior), 65 enquanto o grupo de compradoras considerou, em média, a qualidade como comparável à dos produtos dos fabricantes (média de 0,05). HIPÓTESE 3: Hipótese 3: As consumidoras que manifestam atratividade pela marca própria do supermercado não diferem das que não manifestam em função de suas características demográficas e de compra. Foi utilizada novamente a análise linear de discriminantes, método stepwise, para o teste da terceira hipótese da pesquisa. As consumidoras foram divididas em dois grupos. O primeiro grupo (12 casos) era formado pelas que declararam que não iriam mais àquele supermercado se este deixasse de oferecer a marca própria e por aquelas que informaram que ficariam aborrecidas se isto ocorresse, mas continuariam a ir ao supermercado em questão. Considerou-se que este grupo apresentou atratividade pelas marcas próprias. O segundo grupo foi formado pelas consumidoras para as quais as marcas próprias não se constituíam um atrativo especial (103 casos), tendo declarado que a presença de marcas próprias na loja “não faz diferença “ou “não é atrativo”. Foi possível rejeitar a hipótese nula, obtendo-se um lambda Wilks de 0,945159, qui-quadrado de 6,345, com um grau de liberdade e probabilidade p = 0,0118 de se haver rejeitado erroneamente a hipótese nula. Uma variável demográfica foi responsável pela discriminação: a classe de renda familiar. As consumidoras que manifestaram atratividade pela marca própria do supermercado tinham, em média, renda familiar próxima à faixa 3 (de R$ 650,00 a R$ 1.300,00), enquanto as que não manifestaram tal preferência encontravam-se em uma faixa de renda familiar mais elevada, entre a faixa 4, de R$ 1.300,00 a R$ 2.600,00 e a faixa 5, de R$ 2.600,01 a R$ 3.900,00. 66 HIPÓTESE 4: Hipótese 4: As consumidoras que manifestam atratividade pela marca própria do supermercado não diferem das que não manifestam em função de suas percepções quanto a características desses produtos. Novamente, as consumidoras foram divididas em dois grupos. O primeiro grupo (12 casos) era formado pelas que declararam que não iriam mais àquele supermercado se este deixasse de oferecer a marca própria e por aquelas que informaram que ficariam aborrecidas se isto ocorresse, mas continuariam a ir ao supermercado em questão. Considerou-se que este grupo apresentou atratividade pelas marcas próprias. O segundo grupo foi formado pelas consumidoras para as quais as marcas próprias não se constituíam um atrativo especial (103 casos), tendo declarado que a presença de marcas próprias na loja “não faz diferença “ou “não é atrativo”. Não foi possível rejeitar a hipótese nula, de que as consumidoras que manifestam atratividade pela marca própria diferem das que não manifestam em função de suas percepções quanto a características desses produtos. Obteve-se um lambda de Wilks de 0,936816, qui-quadrado de 7,343 com um grau de liberdade e probabilidade de 0,0674 se haver rejeitado erroneamente a hipótese nula, superior, portanto ao nível de significância de 0,05, estabelecido para rejeição da hipótese nula. Sumário do Teste de Hipóteses Hipótese Grupos H1 não compradores compradores não compradores H2 Lambda Qui-quadrado de Wilks 0,740897 33,738 p p < 0,0001 Variáveis selecionadas qualidade dos produtos 67 H3 compradores mais atraídos 0,945159 6,345 p = 0,0118 classe de renda familiar H4 menos atraídos mais atraídos 0,936816 7,343 p = 0,0674 aparência estética da embalagem menos atraídos (não significativo) 5. CONCLUSÕES Neste capítulo, faz-se inicialmente um sumário do estudo. Em seguida, apresentam-se as principais conclusões a que chegou a pesquisa e as sugestões para futuros estudos relacionados a este tema. 5.1. SUMÁRIO DO ESTUDO Marcas próprias são produtos comercializados por empresas cujo core business seria a distribuição e não a produção destes. As marcas próprias 68 têm obtido um forte sucesso nos Estados Unidos e na Europa, sendo vistas como um instrumento para conquista de market share. No Brasil, as marcas próprias foram introduzidas nos anos 70, sendo então chamadas de embalagens brancas por não possuírem nenhum apelo visual, cuja qualidade deixava muito a desejar. Por estas razões, o único fator atrativo para o consumidor era o menor preço. Esta estratégia adotada inicialmente causou danos à imagem de marcas próprias no Brasil. Atualmente, no entanto, as cadeias varejistas têm tentado dissociar produtos de marca própria de preços baixos e focar a qualidade como sendo um fator indispensável para o sucesso de uma estratégia de marcas próprias. Em decorrência disto, tem havido um forte crescimento de vendas. Em adição a este novo enfoque em qualidade, o mercado tem assistido, nos últimos anos, ao enfraquecimento da lealdade à marca, o que também tem contribuído para o crescimento das marcas próprias. Apesar deste crescente interesse sobre o assunto, poucos estudos foram realizados focando o consumidor, suas percepções e manifestações quanto ao comportamento de compra. Nesse contexto, a relevância do presente estudo reside no fato de que ele procurou contribuir para a redução desse hiato de conhecimento. Três perguntas orientaram a realização do estudo: Pergunta 1. Quais as características demográficas e de comportamento de compra das consumidoras que adquirem marcas próprias de supermercado? Pergunta 2. Quais são as percepções dessas consumidoras em relação a marcas próprias no que se refere a preço, qualidade, variedade e embalagem? 69 Pergunta 3. Qual a influência da marca própria na preferência e fidelização do cliente? Essas perguntas foram desdobradas em quatro hipóteses de trabalho: Hipótese 1: As compradoras de produtos com marcas próprias se diferenciam das não compradoras a partir de suas características demográficas e de comportamento de compra. Hipótese 2: As compradoras de produtos com marcas próprias se diferenciam das não compradoras a partir de suas percepções quanto às características desses produtos. Hipótese 3: As consumidoras que manifestam forte preferência pela marca própria diferem das que não apresentam esta preferência em função de suas características demográficas e de compra. Hipótese 4: As consumidoras que manifestam forte preferência pela marca própria diferem das que não apresentam esta preferência em função de suas percepções quanto a características desses produtos. Os dados foram coletados junto a uma amostra de conveniência de 120 consumidoras, entrevistadas quando realizaram compras em supermercado. Para o teste das hipóteses utilizou-se a análise linear de discriminantes, método stepwise. Utilizou-se um nível de significância de 5% para rejeição da hipótese nula. Os resultados obtidos permitiram rejeitar a hipótese nula no caso da segunda e terceira hipóteses de trabalho. As outras duas hipóteses não puderam ser rejeitadas. 5.2. CONCLUSÕES 70 Para refletir sobre as conclusões às quais se chegou, há que se retomar as perguntas que nortearam este estudo. Três perguntas às quais o estudo se propunha a responder puderam ser avaliadas. Pergunta 1. Quais as características demográficas e de comportamento de compra das consumidoras que adquirem marcas próprias de supermercado? Não foram detectadas diferenças significativas entre compradoras de marcas próprias de supermercado e não compradoras considerando-se as características demográficas e de comportamento de compra. No entanto, o fato de não se haver encontrado diferenças não significa que essas não existam, podendo dever-se os resultados obtidos ao fato de se haver utilizado uma amostra de conveniência ou às características específicas da rede varejista utilizada para o estudo. Estudos anteriores, porém, identificaram diferenças demográficas e de comportamento de compra entre compradores e não compradores de produtos com marcas próprias. No entanto, esses estudos não mostraram resultados consistentes. Por exemplo, Richardson et alli (1996) identificaram a classe social como negativamente associada à propensão à compra de marca própria e o tamanho da família como positivamente associado. Já Coe e Murphy (apud Richardson et alli, 1996) encontraram uma relação positiva entre renda familiar e compra de marca própria. Pergunta 2. Quais são as percepções dessas consumidoras em relação a marcas próprias no que se refere a preço, qualidade, variedade e embalagem? 71 Consumidoras e não consumidoras de marcas próprias não se diferenciam significativamente no que se refere a suas percepções quanto ao preço, à variedade do sortimento e a características das embalagens de produtos com marcas próprias. No entanto, enquanto as compradoras de produtos de supermercado com marca própria perceberam a qualidade desses produtos como comparável à dos produtos dos fabricantes, as não compradoras consideraram ser essa qualidade inferior. Richardson et alli (1996) observaram que os consumidores de marcas próprias estavam mais interessados em qualidade do que em “valor pelo seu dinheiro” e propuseram que um posicionamento de marca própria voltado para a qualidade atrairia mais clientes. Os resultados do presente estudo apoiam as colocações desses autores. Apesar da variável preço não diferenciar compradoras e não compradoras de marca própria, algumas entrevistadas comentaram espontaneamente que produtos de marca própria deveriam ser mais baratos que produtos de fabricantes. Pergunta 3. Qual a influência da marca própria na preferência e fidelização do cliente? Os estudos que nortearam este trabalho observaram que uma das grandes vantagens competitivas para a rede varejista de se adotar uma política de marcas próprias seria a fidelização do cliente (Hoch, 1996). A pesquisa realizada indicou que para 79,2% dos entrevistados, a oferta de marcas próprias pela rede varejista não é um fator de atração a loja. Observe-se, porém, que um pequeno segmento de consumidoras (aproximadamente 10% da amostra) considerou as marcas próprias como 72 importante atrativo para freqüentar a rede varejista em questão. Esse segmento diferencia-se dos demais consumidores por ser formado por pessoas que se encontram em uma classe de renda familiar significativamente mais baixa do que os demais. Assim sendo, os resultados do presente estudo permitem ampliar os conhecimentos existentes sobre o tema, ao indicar que a marca própria pode levar efetivamente a preferência e fidelização, mas que, isto só ocorre junto a um segmento da clientela. Deve se ter cuidado para não extrapolar este indicador ao universo do varejo alimentar, visto que o estudo foi realizado em uma única rede que adota uma política de marcas próprias específica. 5.3. INDICAÇÕES PARA OUTROS ESTUDOS Os resultados deste estudo sugerem que há necessidade de se realizarem mais pesquisas sobre o tema, uma vez que o comportamento do consumidor brasileiro difere do norte-americano e do europeu, de onde emanam a maior parte das teorias e estudos sobre o tema. Pesquisas futuras deveriam procurar investigar as diferentes percepções do consumidor acerca de produtos que estejam posicionados em categorias distintas, ou seja, marcas fortes se contrapondo a marcas próprias em categorias onde os produtos possuem baixa diferenciação e em produtos com alta diferenciação que envolvem um processo decisório de compra mais complexo. Outra survey interessante seria a que incorporasse diferentes variáveis demográficas, como avaliar as diferentes percepções em uma amostra composta por classes distintas e uma amostra composta por um percentual equivalente de homens e mulheres. 73 Outra extensão do estudo que poderia gerar novos insights seria procurar avaliar as percepções e motivações do consumidor em relação a marca própria em uma rede varejista que trabalhasse com um enfoque diferente do adotado pela cadeia onde este estudo foi conduzido, ou seja, procurar entender diferentes percepções em redes que adotam estratégias de marcas próprias distintas - algumas enfocam a variedade de produtos, outras a qualidade e sofisticação de embalagens. Por fim, sugere-se realizar experimentos in loco que trabalhem com as reações do consumidor, testando produtos de ingredientes idênticos mas embalados com marcas diferentes. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AAKER, D. A. 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A sra. conhece algum produto vendido com a marca deste supermercado? ( ) Não (pular para dados pessoais) ( ) Sim 4. Se sim, a sra. compra os produtos com a marca deste supermercado? Se sim - Quais? 79 _____________________________________________________________ _____________________________________________________________ Não – (pular para opinião sobre os produtos) 5. Os produtos com a marca deste supermercado são um atrativo para a sra. vir à este supermercado? ( ) Não ( ) Sim Se sim → 5.1. Se esta loja não oferecesse mais produtos com a marca deste supermercado, como a sra. reagiria? ( ) ficaria aborrecida, mas continuaria a freqüentar este supermercado ( ) não viria mais a este supermercado ( ) não faz diferença ( ) outros (especificar) _____________________________________________________________ Opinião sobre Produtos 6. Com relação a preço, a sra. acha que os produtos vendidos a marca deste supermercado são: ( ( ( ( ( ) mais baratos que outros produtos ) têm mais ou menos o mesmo preço ) são mais caros que outros produtos ) depende do produto ) não tem opinião 7. Com relação à qualidade, a sra. acha que os produtos vendidos com a marca deste supermercado têm: ( ) qualidade inferior a de outros produtos 80 ( ) qualidade comparável ( ) qualidade superior ( ) depende do produto ( ) não tem opinião 8. Com relação à praticidade da embalagem, a sra. considera que os produtos vendidos com a marca deste supermercado têm: ( ( ( ( ( ) embalagens mais práticas que a dos outros produtos ) embalagens semelhantes ) embalagens menos práticas ) depende do produto ) não tem opinião 9. Com relação à aparência da embalagem, a sra. considera: ( ( ( ( ) bonita ) feia ) depende do produto ) não tem opinião 10. Com relação às informações contidas na embalagem dos produtos, a sra. considera as embalagens: ( ( ( ( ) informativas ) não informativas ) depende do produto ) não tem opinião 11. Com relação à variedade de produtos com a marca deste supermercado, a sra. considera que a loja oferece: ( ( ( ( ( ) pouca variedade ) razoável variedade ) boa variedade ) depende do produto ) não tem opinião 81 Para finalizar, gostaria de saber alguns dados pessoais da senhora. A. Idade: ( ) 26 a 35 anos ( ) 36 a 45 anos ( ) acima de 45 anos B. Estado Civil: ( ) casada ( ) solteira ( ) separada ( ) viúva ( ) outro C. A sra. tem filhos? ( ) Não ( ) Sim. Quantos? _____________________________________________________________ D. Os seus filhos moram com a sra.? ( ) Não ( ) Sim. Qual a idade? E. Se é casada, qual a profissão do chefe da família? Somando os rendimentos de todas as pessoas que moram na sua casa, em qual destas faixas está situada a sua renda mensal familiar? 82 . Até R$ 260,00.................................... 1 . De R$ 260,01 a R$ 650,00................ 2 . De R$ 650,01 a R$ 1.300,00............. 3 . De R$ 1.300,01 a R$ 2.600,00.......... 4 . De R$ 2.600,01 a R$ 3.900,00.......... 5 . Mais de R$ 3.900,00.......................... 6