GETH
Newsletter
Volume 07 Número 30 23 de novembro de 2009
Comentário
GETH Newsletter é uma
publicação semanal
distribuída aos sócios do
Grupo de
Estudos de
do
teste genético
Artigo: Dez anos após o
para Síndrome de Lynch:
incidência de câncer e acompanhamento de
membros portadores e não portadores de
mutação
Tumores Hereditários
Sede
R José Getúlio, 579 cjs 42/43
Aclimação São Paulo - SP
CEP 01503-001
E-mail
[email protected]
Site
http://www.geth.org.br
Editores
Erika Maria Monteiro Santos
Ligia Petrolini de Oliveira
Diretoria
Presidente
Benedito Mauro Rossi
Ligia Petrolini de Oliveira
Bióloga
Centro International de Ensino e Pesquisa – Hospital A.C. Camargo
Heikki J. Jarvinen, Laura Renkonen-Sinisalo, Katja Aktan-Collan, Paivi Peltomaki,
Lauri A. Aaltonen, Jukka-Pekka Mecklin. Ten Years After Mutation
Testing for Lynch Syndrome: Cancer Incidence and Outcome in Mutation-Positive and
Mutation-Negative Family Members. J Clin Oncol 2009;
27:4793-4797.
Introdução
A Síndrome de Lynch é uma predisposição ao câncer de herança
autossômica dominante correspondente a 3% de todos os novos casos de
câncer colorretal (CCR). Inclui um espectro de outros tumores, como câncer
de endométrio (CE), gástrico, urotelial, de intestino delgado e de vias
Vice-Presidente
biliares. É causada por mutações nos genes de reparo MLH1, MSH2, MSH6
Erika Maria Monteiro Santos
e PMS2. A descoberta da genética da Síndrome de Lynch permitiu testar e
Diretor Científico
identificar os membros afetados dentro da família. Os portadores de mutação
Gilles Landman
devem ser acompanhados para prevenção de câncer e detecção precoce.
Secretário Geral
Colonoscopia e ultrassonografia transvaginal com biópsia do endométrio
Fábio de Oliveira Ferreira
Primeira Secretária
são recomendados.
O objetivo do estudo foi de avaliar o sucesso na prevenção de CCR e
Ligia Petrolini de Oliveira
CE em participantes saudáveis com Síndrome de Lynch testados entre 1995
Tesoureiro
e 1999. Os membros não portadores de mutação serviram como grupo de
Wilson Toshihiko Nakagawa
referência.
Comentário do Artigo: Dez anos após o teste genético para Síndrome de Lynch: incidência de câncer e acompanhamento de
membros portadores e não portadores de mutação
Materiais e Métodos
Nas 57 famílias com Síndrome de Lynch analisadas
foram encontradas 14 mutações diferentes, 9 em
MLH1 e 5 em MSH2. Mutações patogênicas foram
encontradas em 246 participantes e 383 pacientes
foram negativos.
Os participantes foram convidados a realizar a
colonoscopia em intervalos de no máximo 3 anos
e ultrassonografia transvaginal começando aos 35
anos, com intervalos de 2 a 3 anos. Alguns pacientes
foram excluídos por apresentarem câncer ao exame
ou pela idade.
O grupo final de estudo foi composto por 242
membros portadores de mutação (119 homens e
123 mulheres), com mediana de idade de 36 anos
(18-72 anos), e 367 membros não portadores de
mutação (171 homens e 196 mulheres), com idade
mediana de 42 anos (18-72 anos). Os carreadores de
mutação eram 5,7 anos mais jovens do que os não
portadores (p= 0,007). Até janeiro de 2009 a mediana
de seguimento era de 11 anos e 7 meses para cada
grupo. O acompanhamento foi realizado em 31
centros da Finlândia, sendo 4 principais, com 68% do
acompanhamento.
foram encontrados CE em 19 (18%) portadoras, com
mediana de idade de 49 anos (36-72 anos). Dos 19
CE identificados, 17 foram pela vigilância e dois por
sintomas. Das mulheres acompanhadas, 48 (47%)
realizaram histerectomia profilática durante o estudo.
Seis pacientes desenvolveram câncer de ovário,
com mediana de idade de 45 anos (36-50 anos), três
identificados por sintomas e três pela vigilância.
Dos 242 portadores de mutação, 65 (26,9%) tiveram
75 tumores. Além dos 30 participantes com CCR e
25 com tumores ginecológicos, foram identificados
outros 18 tumores, 10 pertencentes ao espectro da
Síndrome de Lynch. Em contraste, 17 (4,6%) dos 367
não portadores de mutação desenvolveram tumores,
incluindo seis tumores de mama, três melanomas e
um de cada: esôfago, pâncreas, gástrico, próstata,
bexiga, endométrio, tireóide, câncer intra-abdominal
não especificado. A incidência de câncer foi maior nos
portadores do que nos não portadores de mutação
(RR=5,80; 95% CI, 3,43 - 9,50; p < 0,00001). Em relação
à mortalidade, não houve diferença significativa
entre portadores e não portadores: mortalidade total
de 15 (6,2%) contra 18 (4,9%), com RR 1,26; 95% CI,
0,65 - 2,46; p = 0,49; mortalidade por câncer de nove
(3,7%) contra seis (1,6%), com RR 2,28; 95% CI, 0,82 6,31; p = 0,104.
Discussão
Resultados
A taxa de adesão para o exame de colonoscopia
foi de 95,9% e para ultrassonografia foi de 97,1%. Em
relação à vigilância colonoscópica, CCR foi detectado
em 30 participantes portadores de mutação (12,4%),
sendo 16 homens e 14 mulheres, com mediana de
idade de 40 anos (27-68 anos). Um ou mais adenomas
foram removidos de 74 (30,6%) dos 242 portadores de
mutação. Dos 30 CCRs,nove deles foram identificados
na primeira colonoscopia e 21 deles nas subseqüentes.
O intervalo entre o exame anterior e o momento
do diagnóstico de CCR excedeu o recomendado
de 36 meses em nove dos 21 pacientes (42,9%). Em
relação à vigilância ginecológica em 103 mulheres
A série estudada representa o maior número
de portadores de mutação saudáveis analisados
regularmente por um longo período de tempo após
a detecção de mutação. Apesar da vigilância, o risco
para câncer entre os portadores aumentou em seis
vezes comparado com os não portadores. O risco
relativo seria maior sem a vigilância em relação
ao CCR, já que a frequência diminui por causa das
polipectomias; e em relação ao câncer de endométrio,
pelas histerectomias que removem as alterações prémalignas e pela profilaxia. Os dados sugerem que
a colonoscopia deva ser realizada em intervalos
máximos de dois anos e que a vigilância ginecológica
feita no estudo foi adequada.
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