UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DE SAÚDE André Ricardo Xavier de Almeida ANÁLISE DE TENDÊNCIAS POSTURAIS DE ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL DO COLÉGIO ESTADUAL PROFESSOR JULIO MESQUITA CURITIBA 2011 ANÁLISE DE TENDÊNCIAS POSTURAIS DE ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL DO COLÉGIO ESTADUAL PROFESSOR JULIO MESQUITA CURITIBA 2011 André Ricardo Xavier de Almeida ANÁLISE DE TENDÊNCIAS POSTURAIS DE ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL DO COLÉGIO ESTADUAL PROFESSOR JULIO MESQUITA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Educação Física da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do grau de licenciado em Educação Física. Orientadora: Profª Msc. Cynthia Maria Rocha Dutra CURITIBA 2011 AGRADECIMENTO Agradeço primeiramente a Deus, pois sem Ele eu nada seria. Agradeço minha família por me apoiar em todas as minhas decisões mesmo sabendo que posso não estar certo. Agradeço meus Mestres, principalmente duas Mestras que me apoiaram, acreditaram na minha capacidade e não me deixaram desistir: minha orientadora Professora Msc. Cynthia Maria Rocha Dutra e minha Professora Msc. Euza Cagnato. E minhas amigas, em especial Regiane de Oliveira Galdino, Maryro M. Alves e Jéssica Alves da Crus. RESUMO É importante avaliar os problemas e desvios posturais em estudantes por se encontrarem em processo de desenvolvimento, sendo mais susceptíveis a deformações. Logo este estudo buscou determinar o perfil postural de alunos do ensino fundamental de um colégio público em Curitiba, estabelecendo a prevalência de alterações posturais na coluna vertebral. Para tanto, 12 alunos (3 meninas e 9 meninos,13,67 ± 0,78 anos; 48,96 ± 9,42kg; 1,65 ± 0,09 m; IMC 17,98 ± 2,12) foram avaliados pelos testes do Fio de Prumo, de Adam e de fotogrametria em simetrógrafo. Um sujeito da amostra, sexo feminino, apresentou escoliose à direita, de grau de desvio 7; 41,7% da amostra, no Teste de Adam, apresenta cifose, com a totalidade das meninas (duas à direita e uma à esquerda), com graus 6, 7 e 8, e 2 casos na amostra masculina graus 7 e 10. A fotogrametria apresentou 8 alunos com hiperlordose lombar e hipercifose torácica, 4 com hiperlordose lombar e cervical e hipercifose torácica. Apesar de amostra pequena, mas replicável em parte do universo da escola, concluiu-se que os alunos avaliados possuem algum tipo de desvio postural, e que atitudes simples podem ser de importância no trato com o adolescente em período escolar. Palavras-chave: desvios posturais, escolares, prevalência, fotogrametria e simetrógrafo. LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 – COLUNA VERTEBRAL E SUA ESTRUTURA DE SUSTENTAÇÃO................................................................................................14 FIGURA 2 - MOVIMENTOS DA COLUNA VERTEBRAL..................................15 FIGURA 3 – ESCOLIOSE..................................................................................21 FIGURA 4 – POSTURA CIFÓTICA...................................................................23 FIGURA 5 – POSTURA LORDÓTICA...............................................................25 FIGURA 6 – AVALIAÇÃO ESTÁTICA COM O TESTE DE ADAM....................37 FIGURA 7 – AVALIAÇÃO ESTÁTICA COM O TESTE FIO DE PRUMO..............................................................................................................38 FIGURA 8 - CETAP PARA AVALIAÇÃO POSTURAL DIGITAL........................39 LISTA DE TABELAS TABELA 1 - CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA QUANTO À IDADE, PESO (EM KG), ALTURA (EM M) E GÊNERO............................................................41 TABELA 2 – RESULTADO DA AVALIAÇÃO POSTURAL COM O TESTE DO FIO DE PRUMO................................................................................................42 TABELA 3 – TESTE DE ADAM E A PREVALÊNCIA DA LATERALIDADE................................................................................................44 TABELA 4 – RESULTADO DA AVALIAÇÃO POSTURAL COM O TESTE DE ADAM.................................................................................................................44 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO – TEMA E PROBLEMATIZAÇÃO.........................................9 1.1 JUSTIFICATIVA...........................................................................................10 1.2 PROBLEMA.................................................................................................11 1.3 OBJETIVOS.................................................................................................11 1.3.1 Objetivo Geral...........................................................................................11 1.3.2 Objetivos Específicos................................................................................11 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA....................................................................13 2.1 ANATOMIA E FISIOLOGIA DA COLUNA VERTEBRAL.............................13 2.2 POSTURA CORPORAL..............................................................................16 2.3 ALTERAÇÕES POSTURAIS.......................................................................18 2.3.1 Escoliose...................................................................................................20 2.3.2 Cifose........................................................................................................22 2.3.3 Hiperlordose..............................................................................................24 2.4 EPIDEMIOLOGIA DA POSTURA CORPORAL EM ESCOLARES.............26 2.5 AVALIAÇÃO POSTURAL............................................................................28 2.6 ATUAÇÃO DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA E AS ATIVIDADES EDUCATIVAS NO ENSINO FUNDAMENTAL...................................................31 3. MATERIAL E MÉTODOS..............................................................................34 3.1 TIPO DE PESQUISA...................................................................................34 3.2 UNIVERSO E AMOSTRA............................................................................34 3.3 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO................................................34 3.4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS...............................................35 3.5 PROCEDIMENTOS REALIZADOS PARA A AVALIAÇÃO POSTURAL....36 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................................40 5. CONCLUSÃO................................................................................................49 6. CONSIDERAÇÕES E RECOMENDAÇÕES FINAIS....................................50 REFERÊNCIAS.................................................................................................51 ANEXO..............................................................................................................55 APÊNDICE........................................................................................................61 9 1. INTRODUÇÃO Os problemas e os desvios em crianças e adolescentes em fase escolar são frequentes e importantes (CONTRI, PETRUCELLI, PEREA, 2009; VALLADÃO, LIMA, BARROSO, 2009; MARTELLI, TRAEBERT, 2006). Os autores supracitados afirmam que são várias as causas determinantes dos problemas posturais, como o “estirão de crescimento”, a utilização de mochilas pesadas, assentos desproporcionais, exercícios inadequados ou mal executados pelas crianças, desânimo durante as aulas com longos períodos em posição sentada, acarretando em uma postura inadequada na posição sentada, entre inúmeros outros. Esses fatores implicam em alguns distúrbios posturais da coluna vertebral sendo as de maior prevalência a hiperlordose, a hipercifose e a escoliose (CONTRI, PETRUCELLI, PEREA, 2009; VALLADÃO, LIMA, BARROSO, 2009; MARTELLI, TRAEBERT, 2006). Essas alterações na coluna vertebral afetam estética e psicologicamente, pois deformam a aparência da postura em formato de C, S e causam a popular corcunda que afeta a coluna cervical deixando a cabeça baixa e os ombros para frente e para baixo. Os hábitos posturais incorretos, adotados desde os primeiros anos de escolaridade, são motivos de preocupação. Pelo fato de as crianças se encontrarem em processo de crescimento e as estruturas músculo-esqueléticas estarem em desenvolvimento, elas são mais susceptíveis a deformações (CÉSAR, 2004). Acresce que os alunos, muitas vezes, freqüentam as aulas de maneira descompromissada com o que está sendo ensinado, por não possuírem a performance requerida em tais circunstâncias (PINTO; LOPÉS, 2001), levando a tomarem atitudes corporais que podem desalinhá-los posturalmente. Portanto, em 10 sua atuação, o profissional de Educação Física pode desenvolver atividades de avaliação do alinhamento corporal dos alunos e atividades que contribuam para a otimização deste alinhamento (TEIXEIRA; VANÍCOLA, 2001). Este fato tem a sua importância, segundo Rodriguez e Garcia (2004), pois o professor de Educação Física não deve se esquecer de que pode atuar antes do surgimento de disfunções e, com um bom trabalho, levar a que o aluno não tenha que chegar em um problema que poderia ter sido prevenido. (SANTOS, 1998; WEIS; MULLER, 1992) 1.1 JUSTIFICATIVA A coluna vertebral consiste de quatro curvaturas fisiológicas, a cervical, a lordose, a cifose torácica e a sacral, todas elas se conformam ao centro de gravidade podendo definir a postura em relação ao tal centro (CAILLIET, 2004), e todo o ser humano apresenta características individuais de postura que são influenciadas por vários fatores como alterações congênitas e/ou adquiridas, posturas viciosas, atividades físicas sem orientação e/ou inadequadas, desequilíbrios musculares e ligamentares, bem como patologias psicossomáticas. A postura é definida como o estado de equilíbrio entre músculos e ossos com capacidade para proteger as demais estruturas do corpo humano de traumatismos, seja na posição em pé, sentado ou deitado (BRACCIALLI, 1997). Por ser o mercado de trabalho do profissional de Educação Física amplo, com sua atuação passando por cinco grandes áreas: escola, saúde, lazer, esporte e empresa (OLIVEIRA, 2000), e nesta concepção a Educação Física constitui-se um meio para um Estilo de Vida Ativo durante toda a existência das pessoas. Para tanto, ela tem de ser uma educação para a saúde e para o lazer, desenvolvendo hábitos, 11 atitudes e conhecimentos, com grande efeito na redução de alterações posturais em adultos KNUSEL; JELK apud BRACCIALLI; VILLARTA, 2000). Neste estudo buscou-se avaliar a postura de crianças do ensino fundamental para realizar um levantamento dos distúrbios mais freqüentes, que poderão ofertar subsídios para trabalhos futuros sobre o assunto. 1.2 PROBLEMA A avaliação da postura em alunos do ensino fundamental 8ª série do Colégio Estadual Professor Júlio Mesquita possibilita detectar os problemas posturais em crianças em idade escolar? 1.3 OBJETIVOS 1.3.1 Objetivo geral Avaliar a postura de alunos de 8ª séries, para detectar os problemas posturais existentes. 1.3.2 Objetivos específicos a) determinar o perfil postural dos alunos das 8ª séries por meio da técnica da fotogrametria. 12 b) estabelecer a prevalência de alterações posturais na coluna vertebral apresentada na avaliação física realizada nos alunos das 8ª séries. c) estabelecer a prevalência de gênero em relação às alterações posturais apresentadas nos alunos das 8ª séries. 13 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 ANATOMIA E FISIOLOGIA DA COLUNA VERTEBRAL De acordo com Natour et. al. (2002) a anatomia da coluna vertebral é parte subcranial do esqueleto axial. De maneira simples é uma haste firme e flexível, composta de elementos individuais unidos entre si por articulações, fortes ligamentos e suportados dinamicamente por uma poderosa massa musculotendinosa. A coluna vertebral vista de frente tem um aspecto retilíneo, porém quando é observada na vista lateral apresenta quatro curvaturas fisiológicas, sendo que duas possuem a concavidade virada para trás (lordoses) e duas concavidade virada para frente (cifoses), forma assim a lordose cervical que se localiza na região do pescoço, a cifose torácica ao nível das costelas, a lordose lombar localizada ao nível do abdômen e a cifose sacrococcígea ao nível do sacro e do cóccix. Essas curvaturas ajudam a centralizar a cabeça sobre o corpo, proporcionando um equilíbrio para andar na posição ereta (DELGADO, 2003; NATOUR, 2002). Conforme Natour et. al. (2002), a coluna vertebral é formada por uma série de ossos individuais, denominados vértebras, que ao serem articulados constituem o eixo central esquelético do corpo. Um total de 33 vértebras compõe o eixo axial que está dividido em quatro regiões: a cervical composta por 7 vértebras; torácica ou dorsal composta por 12 vértebras; lombar composta por 5 vértebras e a sacral composta por 3 a 4 vértebras (Figura 1). 14 FIGURA 1 - Coluna vertebral e sua estrutura de sustentação Fonte: Greene (2006) 15 Os movimentos da coluna vertebral são uma função das seguintes características: tamanho e compressibilidade dos discos intervertebrais; rigidez das cápsulas articulares; orientação das faces articulares e função de músculos e ligamentos. A mobilidade articular ocorre porque as vértebras são móveis entre si; sendo que as regiões cervical e lombar possuem maior mobilidade articular e realizam os movimentos de flexão, extensão, flexão lateral (inclinação lateral) e rotação (Figura 02). FIGURA 2 – Movimentos da coluna vertebral Fonte: Hansen; Lambert (2007) 16 De acordo com Magee (2005) “a coluna cervical apresenta várias articulações. Trata-se de uma área cuja estabilidade foi sacrificada em favor da mobilidade, o que a torna particularmente vulnerável a lesões”. A estabilidade da coluna vertebral depende além da integridade das vértebras, de uma excelente relação e sintonia com os músculos e ligamentos, visando à perfeita funcionabilidade do ser humano. A coluna vertebral tem três funções principais: a primeira função é a de servir de pilar central do tronco: sustenta a cabeça e os membros, dando fixação para muitos músculos que estabilizam ou movem os membros; transfere forças ao longo do corpo e oferece absorção contra impactos. A segunda função: formar um protetor ósseo ao longo do qual passam a medula espinhal e as raízes dos nervos espinhais. E a terceira função: fornecer amplitude de movimento, permitindo a mudança de posição da cabeça e do campo visual, assim como o posicionamento das mãos e dos pés no espaço para as mais variadas tarefas e, sua mobilidade também ajuda a contribuir para a locomoção do corpo (MACHADO, 2008; NORDIN; FRANKEL, 2003). 2.2 POSTURA CORPORAL A postura corporal pode ser definida como a posição que nosso corpo adota no espaço, bem como a relação direta de suas partes com a linha do centro de gravidade. São muitos os autores que indicaram uma postura correta ao longo dos anos. Poussa (1992) afirma que a postura não é uma situação estática, mas sim 17 dinâmica, pois as partes do corpo de adaptam constantemente, em resposta a estímulos recebidos, refletindo corporalmente o ambiente. A postura correta, segundo Denys-Struyf (1995), é aquela em que há um equilíbrio entre as estruturas de suporte envolvendo uma quantidade mínima de esforço e sobrecarga com uma máxima eficiência do corpo. De acordo com Kendall, Mc Creary e Provance (1995) a postura de cada indivíduo será determinada por cadeias musculares, fáscias, ligamentos e estruturas ósseas, que possuem solução de continuidade, são interdependentes entre si e abrangem todo o organismo. Por sua vez Braccialli (1997) define postura como o “estado de equilíbrio entre músculos e ossos, com a capacidade de proteger as demais estruturas do corpo humano de traumatismos, seja na posição em pé, sentado ou deitado”. A autora afirma que a postura é resultante de condições genéticas, de experiências e estímulos ambientais. Concomitante, Kendall, Mc Creary e Provance (1995) relatam que cada indivíduo apresenta características individuais de postura que podem vir a ser influenciada por vários fatores. Para Palmer e Apler (2000), a postura ideal consiste “no alinhamento do corpo com eficiências fisiológicas e biomecânicas máximas, o que minimiza os estresses e as sobrecargas sofridas ao sistema de apoio pelos efeitos da gravidade”. A postura, segundo César (2004), é dependente do equilíbrio entre tônus muscular e flexibilidade. O autor cita que os músculos precisam trabalhar continuamente contra a gravidade e realizarem um trabalho em harmonia uns com os outros. Para o Comitê sobre Postura, da Academia Americana de Cirurgiões Ortopédicos, referida por Hall e Brody (2001, p. 130) a definição de postura é: 18 “A postura é o arranjo relativo das partes do corpo. Boa postura é o estado de equilíbrio muscular e esquelético que protege as estruturas de sustentação do corpo contra as lesões ou as deformidades progressivas, independentemente da atitude (p. ex.. ereta, deitada, agachada, inclinada) na qual essas estruturas estão trabalhando ou repousando. Nessas condições, os músculos funcionam mais eficientemente e as posições ótimas são proporcionadas para os órgãos torácicos e abdominais” (HALL e BRODY, 2001, p.130). Alencar (2001) e Greve (2007) reforçam que a postura ideal mantém e disponibiliza adequadamente os segmentos corporais a um esforço muscular mínimo. Os autores ainda afirmam que cada movimento realizado envolve equilíbrio, coordenação muscular e adaptações no segmento corporal a ser utilizado, com energia muscular necessária aplicada sobre cada articulação. Concomitante para Sacco (2007) e Iunes (2005) a postura pode ser definida como uma relação cinemática entre os complexos articulares e musculares, proporcionando um estado de equilíbrio para estrutura esquelética sem causar desconforto. 2.3 ALTERAÇÕES POSTURAIS Segundo Skare (2007), a coluna vertebral vista de perfil possui três curvaturas fisiológicas básicas, a lordose cervical, a cifose torácica e a lordose lombar, esse complexo repousa sobre o sacro que funciona como uma plataforma de apoio. O alinhamento dessas três curvaturas com o sacro na posição ereta é considerado postura. Alguns dos fatores que influem na postura e determinam o grau das curvaturas da coluna é em grande parte o formato dos discos intervertebrais; as tendências hereditárias, as anomalias estruturais, congênitas ou adquiridas resultando em patologias osteoarticulares e neuromusculares; e as alterações do 19 hábito e treino. De acordo com Sá (2003, p. 11), as “posturas inadequadas durante períodos prolongados de tempo, quando não corrigidas, podem tornar-se maus hábitos, levando eventualmente o indivíduo ao desenvolvimento de alterações posturais”. Concomitante, para Steffenhagen (2003), as alterações da coluna estão quase sempre ligadas às suas patologias e vice versa, cuja origem quase sempre é responsável pelo desequilíbrio muscular. Penha et. al. (2005) citam que a má postura é um relacionamento defeituoso entre diversas partes do corpo que produz uma maior tensão nas estruturas de suporte. Kendall, Mc Creary e Provance (1995) relatam que a adoção de uma postura inadequada ocasionará desequilíbrios em músculos e articulações, podendo ainda desencadear processos de compensação, lesões, deformidades, dor e diversos distúrbios viscerais, nervosos, musculares, articulares, ósseos e circulatórios. O problema postural mais comum, para Magee (2005), é o mau hábito postural, que independentemente da razão faz com que o indivíduo não mantenha um bom alinhamento. Este tipo de postura é comum em indivíduos que permanecem de pé ou sentados durante longos períodos de tempo que começam a relaxar-se e encurvar-se (MAGEE, 2005). Isto provoca contraturas de partes moles, como músculos fáscias e cápsulas, originando a deformidade óssea que surge como conseqüência dos efeitos mecânicos de tração, compressão e rotação impostas pelas partes moles (MATOS, 2010). Tribastone (2001) cita que tais deformidades são explicadas pelas Leis de Wolf, Delpech e Volkmann1, que definem as respostas das estruturas ósseas quando estas são levadas a algum tipo de estresse mecânico. 1 Princípio de Wolf: a área óssea que sofre maior sobrecarga responde como o aumento da densidade óssea cortical e tarbecular (MATOS, 2010). 20 Outra explicação que a literatura apresenta é a de que as alterações posturais decorrem da lei do desenvolvimento, a qual é formada por outras quatro leis: a lei pubertária; a lei das alternâncias, a lei das proporções e a lei das assimetrias (PIRES et. al., 1990). As mesmas autoras citam que, delas, a lei mais importante é a Lei das Assimetrias2. 2.3.1 Escolise De acordo com Imhof et al. (2009) e Cailliet (2004) a escoliose é definida como um distúrbio lateral da coluna (Figura 3) com os discos intervertebrais deformados por pressão do lado da curvatura, que afeta de 2 a 4% da população tendo as mulheres com uma maior incidência do que os homens. Seu diagnostico é frequentemente na infância e a na adolescência. Segundo Imhof et al. (2009) a escoliose pode ser classificada com o plano de curvatura e pelo formato. A classificação pelo plano de curvatura consiste em: “escoliose direita ou esquerda (desvio lateral no plano coronal)“, “escoliose rotacional (rotação no plano axial)” e “cifoescoliose e lordoescoliose (componentes cifóticos e lordóticos no plano sagital)”. Já a classificação por formato predomina-se pela: “escoliose em forma de S (desvio duplo com curvatura e curvatura reversa)” e “escoliose em forma de C (curvatura única sem curvatura reversa)”. Para Oliver (1998), a escoliose é “uma curvatura lateral da coluna, cujo aspecto etiológico é amplo. O tipo congênito de escoliose é devido a anomalias 2 Lei das Assimetrias: diz que entre os órgãos binários reina uma assimetria correlativa devido à hiperfunção, por exemplo, em indivíduos destros o membro superior direito é mais longo e mais hipertrofiado e o ombro é mais baixo; e a superioridade de comprimento e tamanho que está à direita para o membro superior encontra-se à esquerda para o membro inferior, o que determina uma superioridade funcional cruzada (PIRES et. al., 1990). 21 vertebrais que variam desde uma simples hemivértebra até múltiplos e complexos defeitos ao longo da coluna”. FIGURA 3 – Escoliose Fonte: Verderi (2008) Segundo Souchard (2001), “a escoliose é uma deformação morfológica da coluna vertebral”. Sendo possível classificá-las conforme o número de curvas e sua localização: cervicotorácica, torácica, toracolombar e lombar, e as mais frequentes são as de torácica direita e lombar esquerda. O mesmo autor cita que as escolioses também podem ser classificadas de acordo com a sua origem: a) Escoliose de adaptação: originada por uma deformidade de um dos membros inferiores, uma rotação da região pélvica, um torcicolo forçando a coluna vertebral posicionar-se em uma situação de compensação; 22 b) Escoliose congênita: originada por uma vértebra em forma de cunha, ou artrodese vertebral, também forçam a coluna vertebral adaptar-se; c) Escoliose antálgica: geralmente chamadas de falsa escoliose, ocasionadas pelo mecanismo de defesa, para esconder a dor normalmente de origem lombar ou sacroilíaca; d) Escoliose neuromuscular; e) Atitudes escolióticas. Appel (2002), por sua vez, classifica a escoliose com objetivo exclusivamente didático em: escolioses idiopáticas, que são mais freqüentes com 80% do total, subdivididas em infantil, até 3 anos; juvenil, até 12 anos para as meninas e 14 anos para os meninos e adolescente; as osteopáticas que poder ser de origem infecciosa, inflamatória, tumoral, congênita, traumática e metabólica; as miopáticas que tem origem neurológica e miogênica; as escolioses funcionais decorrentes de problemas posturais, assimetria pélvica e condições psicológicas e a escoliose adulto após os 15 anos nas meninas e após os 17 anos nos meninos. 2.3.2 Cifose Segundo Imhof et. al. (2009), a cifose é “uma curvatura posteriormente da coluna” (Figura 4). Naturalmente a cifose se desenvolve nas crianças até os 6 anos de idade e o que excede a normalidade de 25 – 45º é considerada cifose anormal. De acordo com Imhof et. al. (2009) a cifose pode ser classificada em: “cifose arqueada (arco longo) na doença de Scheuermann, espondilite anquilosante, cifose senil e deficiência postural” e “cifose angular (arco curto) na espondilite, em fraturas por compressão fraturas patológicas, tumores e vértebras em cunha congênitas”. 23 FIGURA 4 – Postura Cifótica Fonte: Verderi (2008) Para Oliver (1998), a cifose é um distúrbio espinhal que ocorre no plano sagital, desenvolvendo uma ou mais malformações na coluna vertebral, e considera que as causas podem ser devido a falha de formação das vértebras ou na segmentação. Para Steffenhagen: A cifose é um aumento da concavidade posterior da coluna vertebral. Também conhecida popularmente pelo nome de corcunda. Vista na lateral, a coluna não tem mais a forma de S, mas sim o contorno de um C. A cabeça está para baixo, em flexão, os ombros estão caídos e para à frente. Os braços virados para dentro. Esta postura é muito comum porque, em primeiro lugar, a força da gravidade atua sobre nós. Em segundo lugar, porque quase todas as nossas atividades são desenvolvidas na frente do nosso corpo. Assim, a musculatura posterior vai enfraquecendo (2003, p.43). 24 Knoplich et. al. (1986) classificou 13 tipos de etiologias de cifose: postural; juvenil; congênita; falha na segmentação vertebral espinha bífida3; traumatismo; inflamatório; pós cirúrgico; tumoral; metabólico (osteoporose); espondilite anquilosante; pós irradiação; por desenvolvimento (acondroplasia4). O principal tipo de cifose é a postural, conhecida como dorso curvo postural. Com grande incidência nos adolescentes devido às atividades que eles desempenham no cotidiano. Nas meninas, por exemplo, para esconder o crescimento dos seios, principalmente se estiverem grandes para sua idade, curvando o ombro para frente. Além disso, há a maneira de sentar, deitar, manter-se na posição ortostática como outras causas de cifose postural (KNOPLICH et. al., 1986). De acordo com os autores supracitados a cifose postural no adulto pode ser em consequência da atividade profissional exercida, essa atitude viciosa pode causar uma alteração na vértebra e modificar essa cifose postural em uma deformidade. A cifose juvenil de Scheuermann afeta de 3 a 5 vértebras que dão forma de acunhamento anterior de no mínimo 5 graus em cada vértebra, renomeada de osteocondrose espinhal pela Classificação Internacional de Doenças. 2.3.3 Hiperlordose A hiperlordose é uma alteração acima do normal nas curvaturas fisiológicas cervical e lombar (Figura 5). Essa alteração pode ser dividida em hiperlordose 3 Espinha bífida: malformação congênita decorrente de defeito de fechamento do tubo neural, que envolve tecidos sobrejacentes à medula espinhal, arco vertebral, músculos dorsais e pele e representa 75% das malformações do tubo neural. O defeito ocorre no primeiro mês de gravidez e engloba uma série de malformações (JORDE, 2004). 4 Acondroplasia: anomalia de fundo genético condicionada por gene dominante autossômico, em que se observa o desenvolvimento anormal da cartilagem de conjugação e defeito da ossificação, como conseqüência o nanismo deformante (SOARES, 1993). 25 cervical e hiperlordose lombar. Segundo Appel et al. (2002) se observarmos um indivíduo de perfil, percebemos que quanto maiores as concavidades das lordoses cervical e lombar, maior será a cifose dorsal e vice versa. FIGURA 5 - Postura lordótica Fonte: Verderi (2008) A hiperlordose cervical é caracterizada pela projeção da cabeça à frente da linha dos ombros simultaneamente à sua extensão, procurando o realinhamento da coluna. Esse distúrbio postural está ligado às atitudes posturais inadequadas e/ou às posturas cotidianas que exijam a manutenção contínua da cabeça em extensão (MATOS, 2010). A hiperlordose lombar varia consideravelmente o grau da curvatura entre os indivíduos e altera em diferentes posições e posturas. Os fatores que influenciam na hiperlordose são o gênero, com maior incidência nas mulheres em período fértil do que nos homens; a idade, ficar na posição em pé estática por um longo tempo, a 26 compressão por carga vertical que acentua a lordose para evitar que o corpo caia para frente ou para trás e os calçados, principalmente os de salto que alteram o centro de gravidade para frente, aumentando a inclinação pélvica e em consequência acentuando a lordose (OLIVER, 1998). Conforme Steffenhagen (2003) é uma alteração postural onde o quadril está muito inclinado para frente de modo que a curvatura lombar se acentua. Os músculos abdominais estão flácidos em consequência deixando-o protuberante. Esse tipo de alteração é mais rara do que as escolioses e cifoses, sendo mais comum no final da gravidez, quando o peso da barriga força a mãe a jogar o quadril para frente para manter o ponto de equilíbrio. 2.4 EPIDEMIOLOGIA DA POSTURA CORPORAL EM ESCOLARES Para Folle, Brum e Pozzobon (2008) o processo de desenvolvimento das crianças está cada vez mais acelerado, antecipando a chegada da adolescência e posteriormente a maturidade biológica. Nesse processo inúmeras transformações (biológicas, psicológicas e sociais) ocorrem como mudanças no tamanho e na forma do corpo, no sistema musculoesquelético, sistema nervoso, nas funções orgânicas, entre outras. Desta forma, o adolescente comumente tem dificuldades em entender e lidar com seu novo universo físico e mental. Portanto, é de fundamental importância a conscientização sobre uma boa postura corporal a partir dessa faixa etária para contribuir com a aquisição de bons hábitos para o cotidiano futuro. De acordo com Falsarella et. al. (2008), a epidemiologia da postura corporal no Brasil apresenta que as alterações da postura em crianças em idade escolar. Além de atuar como importante fator responsável por limitações, no que se refere à 27 realização de movimentos ou mesmo à incapacidade de realizar tarefas comuns cotidianas têm se tornado um complexo problema para a saúde pública do país. Tal fato ocorre devido ao número expressivo de estudantes atingidos por esse distúrbio. Nas últimas décadas, este quadro tem atingido dimensões significativas, provavelmente relacionadas ao do estilo de vida moderno que, segundo Braccialli (1997), impõe cada vez mais atividades especializadas e limitadas as quais desencadeiam processos álgicos. O período escolar é apontado como a fase precursora para inúmeros problemas degenerativos da coluna vertebral dos indivíduos na fase adulta. A mesma autora ainda afirma que a alta incidência desses distúrbios é decorrente da manutenção de posturas inadequadas no espaço escolar e ainda, o principal fator etiológico de processos dolorosos e restritivos quanto à capacidade funcional do educando. Concomitantemente, Falsarella et. al. (2008) citam a permanência de quatro a seis horas diárias, na escola, pode ser apontado como a fase precursora para inúmeros problemas degenerativos da coluna vertebral dos indivíduos na fase adulta. Esses autores afirmam que a alta incidência desses distúrbios é decorrente da manutenção de posturas inadequadas no espaço escolar e ainda, o principal fator etiológico de processos dolorosos e restritivos quanto à capacidade funcional do educando. Corroborando, Pinto e Lopes (2001) citam que na fase da adolescência ocorrem diversas alterações devido ao desequilibrado crescimento e desenvolvimento, possibilitando, desta forma, o surgimento de desvios posturais bastante importantes. Os autores relatam que é um período onde a postura ideal é afetada pelo denominado “estirão de crescimento”, sendo este o período em que a coluna vertebral se desenvolve com maior rapidez, provocando, muitas vezes, o 28 crescimento desproporcional do sistema musculoesquelético da região do dorso e tórax. Como outros fatores para os problemas posturais em crianças e adolescentes, Valladão et. al. (2009) destacam que a inadequação do mobiliário escolar em relação ao peso e estatura das crianças e o peso excessivo das mochilas escolares que levam as crianças a uma postura desequilibrada (torta) pela sobrecarga dos materiais escolares. A Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza que as crianças do ensino fundamental devem carregar apenas 10% do seu peso corporal (BARBOSA, 2010). Caso este limite não seja respeitado, os estudantes podem sofrer conseqüências a médio e em longo prazo, pois é nesta fase da idade escolar que seu desenvolvimento encontra-se em evolução. A mesma autora relata que a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) nas Normas Brasileiras5 (NBR 140006/1997) prevêem esses problemas e dividem a carteira escolar em sete classes de medidas de tamanho para mesas e assentos em todas as instituições educacionais, onde deverão ser observadas as variações antropométricas de cada aluno. 2.5 AVALIAÇÃO POSTURAL A avaliação postural é o exame inicial e fundamental com o propósito de conhecer a expressão postural do indivíduo permitindo uma análise cinesiológica, que favorecerá na elaboração da proposta de atividades a que deve ser baseada no 5 NBR: sigla de Norma Brasileira aprovada pela ABNT, de caráter voluntário, e fundamentada no consenso da sociedade. Torna-se obrigatória quando essa condição é estabelecida pelo poder público. 29 conhecimento dos aspectos neuromusculares, psicomotores e comportamentais das desordens posturais (PEREIRA, 2003). As principais alterações nos diversos segmentos corporais podem ser identificadas por meio da avaliação postural com o objetivo de detectar não só os principais desalinhamentos corporais, como também debilidades e instabilidades musculares e articulares que afetam o equilíbrio corporal e sua funcionabilidade (MATOS, 2010). De acordo com a literatura vários métodos são utilizados para a mensuração do alinhamento postural. Um desses métodos, elaborado por Kendall (1995) é através do teste do fio de prumo6 (BARROS FILHO; LECH, 2002), no qual se observa o posicionamento de pontos de referência anatômica em relação à linha do fio de prumo. Nesse método os avaliados são posicionados na posição ortostática à frente de um simetrógrafo7 (MIRANDA; SCHOR; GIRAO, 2009) e, com auxílio de um fio de prumo, avalia-se a postura. O Teste de Adam8 utilizado com freqüência na avaliação estática é realizado solicitando para o avaliado flexionar o tronco à frente, com os membros superiores soltos e relaxados ao longo do corpo e com os membros inferiores estendidos (MATOS, 2010). A fotogrametria9 é outro método utilizado em vários estudos para avaliar os desvios posturais. Os avaliados são posicionados na posição ortostática à frente de um simetrógrafo, enquanto o avaliador saca foto das posições anterior, posterior e lateral direita e esquerda do avaliado (IUNES et. al., 2009). Vários sãos autores descrevem que os métodos de análise por registro de imagens fotográficas como uma medida não invasiva, de 6 Fio de prumo: linha com um peso adaptado na porção inferior, com objetivo de formar uma linha vertical padrão (BARROS FILHO; LECH, 2002). 7 Simetrógrafo: estrutura de alumínio e quadriculado com fios elásticos a fim de facilitar a observação dos desvios posturais (MIRANDA; SCHOR; GIRÃO, 2009). 8 Teste de Adam: teste utilizado para avaliar a presença de escoliose (MATOS, 2010). 9 Fotogrametria: avaliação postural por intermédio da imagem fotográfica (IUNES, et. al., 2009). 30 baixo custo, com precisão e boa reprodutibilidade dos resultados (PRZYSIEZNY, 2003). Concomitante para Fernandes, Amadio e Mochizuki (1997), o uso da fotografia permite o registro da imagem e o maior cuidado na sua análise, evitando erros de avaliação, como pode acontecer na visualização rápida do indivíduo. A avaliação postura segundo Guimarães et. al. (2007) é extremamente complexa e deve levar em consideração fatores que pertencem e não pertencem ao individuo e influenciam na postura. Sendo eles as condições físicas do ambiente onde se habita, a situação sociocultural e emocional, as atividades físicas, a obesidade e as alterações fisiológicas como o estirão do crescimento, a maturação sexual, o gênero, a raça e a hereditariedade. Ferreira (2005) descreveu que a avaliação postural é o passo inicial para qualquer intervenção e planejamento de atividades físicas. A partir do alinhamento dos segmentos corporais criando uma hipótese de distribuição de carga e solicitação mecânica para estruturas como músculos, ligamentos e articulações. As atividades são propostas tendo como objetivo conduzir o indivíduo ao padrão mais próximo da postura correta. Sendo assim a avaliação postural é de extrema importância para diagnostico, planejamento e tratamento. Para Braccialli e Villarta (2000), avaliações antropométricas, psicomotoras e posturais simplificadas, como o exame físico da atitude postural deveriam constar como elemento do planejamento de qualquer escola pro serem, comprovadamente, eficientes, seguras e de baixo custo na detecção e intervenção precoce de futuras alterações posturais acompanhamento do desenvolvimento da criança e do adolescente. e no 31 2.6 ATUAÇÃO DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA E AS ATIVIDADES EDUCATIVAS NO ENSINO FUNDAMENTAL De acordo com Barbosa (2010), acredita-se que a prevenção na fase escolar está diretamente relacionada com as atitudes assumidas pelos professores de Educação Física já que eles podem planejar formas de intervenção pedagógica objetivando a consciência corporal do aluno, de modo que ele conheça os limites e possibilidades do seu corpo, e possa adotar cuidados com a sua postura dentro e fora do ambiente escolar e ainda propagar esses conhecimentos junto a seus familiares. A mesma autora relata que é de competência ao profissional de Educação Física buscar a formação específica e complementar, pesquisando, analisando, promovendo modificações práticas e atitudinais aos alunos, tornando-se um profissional diferenciado. Harsha (1995) coloca que estudos realizados na década de 90 indicaram que as crianças atualmente são provavelmente menos preparadas do que as de 20 anos atrás. São mais preguiçosas e/ou inativas e tendem a apresentar maior sobrepeso. Rowland e Freedson (1994) comentam que um efeito salutar na saúde de um adulto resulta, geralmente, de exercício físico durante a infância, o qual serviu como uma base para um estilo de vida ativo. Uma vez que os hábitos posturais e a mecânica corporal estão unidos na vida adulta, parece razoável que a educação postural seja iniciada durante a infância (CARDON; CLERQ; BOURDEAUDHUIJ, 2002). Para Harsha (1995), as escolas são os melhores meios de entrar em contato e sistematicamente promover saúde em crianças. Para o autor, nenhum outro mecanismo é disponível para alcançar um grande número de jovens em um ambiente protetor e bem-aceito. 32 No Brasil, de acordo como Censo Escolar 2000, existem 345.527 escolares no país, sendo 221.852 de ensino fundamental, em idades privilegiadas para a formação de valores e hábitos favoráveis à saúde (ZAPATER et. al, 2004). Sendo assim, parece interessante que haja a implantação de programas de educação postural em ambiente escolar, desenvolvidos por profissionais de Educação Física e que englobem toda a comunidade escolar (alunos, pais, professores e funcionários), nos quais a etapa de triagem postural seja uma ferramenta, com o intuito de direcionar os escolares para estratégias específicas de trabalho corporal, afim de preparar os mesmos de forma adequada para a vida adulta . No que se refere à postura corporal e utilização adequada da mecânica corporal. Verderi (2008) considera que cabe ao profissional de Educação Física programar suas atividades com um conteúdo adaptativo compatível com as necessidades básicas de seus alunos, porém que também tenha serventia como mecanismo de prevenção e correção dos desequilíbrios posturais que forem encontrados na realização das avaliações diagnósticas. Este autor cita que, após estudos sobre as alterações posturais, algumas das causas que influenciam na formação das escolioses, cifoses e lordoses e a retificação são as posturas incorretas no dia a dia, e a falta de equilíbrio muscular, onde ocorre um fortalecimento de um grupo muscular e a flacidez do grupo antagonista. Então como indicação de atividades educativas para prevenção dessas alterações sugeriu-se as atividades circenses. Dentro das atividades circenses pode-se utilizar, para prevenção das cifoses ocasionadas por flacidez da musculatura da coluna, exercícios de força dos membros superiores que trabalhem também a musculatura da coluna, tal como as 33 acrobacias, as reversões para trás e para frente utilizando-se de colchões para ginástica, os malabares que trabalham a postura e concentração para execução, as bolas de contato que aprimoram o controle corporal e a coordenação motora fina. Para as escolioses, os exercícios de alongamento e contorcionismo e os malabares. No caso da instituição de ensino não possuir tais materiais, os alunos podem confeccioná-los com cordinhas, bexigas, areia e outros materiais alternativos. Para hiperlordose, ou a retificação da coluna vertebral, exercícios que fortificam a musculatura pélvica e dos membros inferiores, e os de equilíbrio. 34 3. MATERIAL E MÉTODOS Este trabalho consiste na análise de postural coletados durante uma aula de Educação Física no Colégio Estadual Professor Julio Mesquita. Foram elaborados uma carta de informações aos colaboradores e responsáveis sobre a pesquisa (ANEXO A) e o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (ANEXO B). 3.1 TIPO DE PESQUISA Foi utilizada para pesquisa a metodologia quantitativa de levantamento (GIL, 2002). 3.2 UNIVERSO E AMOSTRA A população deste estudo foi constituída por 104 alunos das 8ª séries A, B e C, de ambos os gêneros, sendo que apenas 12 entregaram o TCLE e participaram da pesquisa. 3.3 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO Os alunos do ensino médio do Colégio Estadual Professor Julio Mesquita encontravam-se de acordo com os seguintes critérios: a) possuir idade entre 13 e 17 anos; b) assinar o termo de consentimento livre e esclarecido; c) estar cursando a 8ª série do Colégio Estadual Professor Julio Mesquita; Foram excluídos do estudo os alunos da 8ª série do Colégio Estadual 35 Professor Julio Mesquita que apresentavam algum dos seguintes critérios: a) não estar dentro da faixa etária estabelecida; b) não ter assinado o termo de consentimento livre e esclarecido; c) não estar cursando a 8ª série do Colégio Estadual Professor Julio Mesquita. Respeitando-se os critérios estabelecidos, 12 alunos que concordaram em participar da pesquisa, e com o TCLE devidamente assinado, fizeram parte do estudo, dos quais 3 eram meninas e 9 meninos. 3.4 INSTRUMENTOS DE COLETAS DE DADOS Os instrumentos utilizados para a avaliação postural foram: a) ficha de anamnese (APÊNDICE A) contento dados pessoais, dados antropométricos; b) Testes Específicos: Teste do Fio de Prumo (ANEXO C) e Teste de c) Simetrógrafo (ANEXO D); d) Adesivos da marca PIMACO. Adam; Para a avaliação postural, todos os colaboradores utilizaram roupas de banho (biquíni ou shorts e top para as meninas e sunga ou calção para os meninos), sendo as avaliações realizadas, a partir de quatro posições: frente, costa e os perfis direito e esquerdo, em sala e individualmente, sem custos para os avaliados e avaliador, sendo que todos os participantes da pesquisa receberam um TCLE para serem assinados pelos pais ou responsáveis, contendo nome completo e idade. 36 Para análise dos dados foi utilizado o software SAPO, gratuito. A funcionalidade do SAPO é de corrigir eventuais erros que tenham surgido na obtenção das fotografias fazendo a calibração da imagem. Tem protocolo sugerido, mas possibilita que o usuário faça seu próprio protocolo e realize medidas livres. Além das funcionalidades, possibilita criar um banco de dados sobre a postura com as informações advindas de vários centros de pesquisa. É capaz de calcular o centro de massa a partir das medidas antropométricas do centro de pressão, e fornecer informações sobre o controle postural (FERREIRA, 2005). 3.5 PROCEDIMENTOS REALIZADOS PARA A AVALIAÇÃO POSTURAL a) Os alunos foram orientados a comparecer à escola, no dia agendado para a avaliação postural, com biquíni 2 peças (meninas) e sunga (meninos) por baixo da roupa, a qual foi retirada somente no momento da coleta; b) Aplicação da ficha e anamnese e tomada de dados antropométricos dentro da sala reservada. Após a aplicação, foram demarcados pontos de referência (com adesivos circulares de cor vermelha e cor laranjada da marca Pimaco) nos pontos anatômicos de referências com a intenção de servir como referência para a identificação da presença de sinais observáveis de alteração postural (MATOS, 2010): a) Vista anterior: cabeça (alinhamento das orelhas); alinhamento dos ombros (acrômio); alinhamento horizontal dos mamilos (gênero masculino); alinhamento horizontal das cristas ilíacas ântero-superior; alinhamento horizontal dos joelhos; ângulo de joelhos (alinhado, varo ou valgo); alinhamento dos maléolos mediais e arco plantar; b) Vista posterior: cabeça (alinhamento das orelhas); coluna cervical (C 7); alinhamento dos ombros (acrômio); alinhamento do ângulo inferior das 37 escápulas; alinhamento horizontal das cristas ilíacas ântero-posterior; alinhamento da região glútea (prega glútea); alinhamento horizontal dos joelhos (fossa poplítea); alinhamento dos maléolos mediais e arco plantar e c) Vista Lateral: cabeça (alinhamento das orelhas); alinhamento dos ombros (acrômio); crista ilíaca ânterosuperior; alinhamento horizontal dos joelhos (epicôndilos); alinhamento dos maléolos laterais e arco plantar. c) Avaliação estática com o Teste de Adam (Figura 6): avaliado a partir da posição ortostática, flexiona o tronco com os membros superiores soltos e relaxados ao longo do corpo e com os membros inferiores estendidos por 1 minuto. Avaliador se posiciona a frente do avaliado e verifica há a presença de saliência na região dorsal, denominada de giba costal (gibosidade); FIGURA 6 - Avaliação estática com o Teste de Adam Fonte: Ferreira et. al. (2009) 38 d) Avaliação estática com o fio de prumo (Figura 7): o teste é realizado para a verificação do alinhamento da coluna vertebral. Utiliza-se uma linha com um peso de chumbo fixado sobre a proeminência do sétimo processo espinhoso cervical com o avaliado na posição ortostática em vista posterior. O avaliador observa a extremidade inferior do fio de prumo que deve acompanhar a linha média até o sulco interglúteo. A presença de desvio do eixo vertebral para a lateral da linha média até o sulco interglúteo indicará descompensação da coluna vertebral, caracterizando a presença de escoliose (teste será positivo); FIGURA 7 - Avaliação estática com o fio de prumo Fonte: Barros Filho; Lech (2002) e) Avaliação fotográfica postural (Figura 8): o avaliado na postura ortostática na frente a 5 cm de um simetrógrafo que estará fixado no teto. A câmera fotográfica digital da marca Sony, modelo Cyber-shot, com 12.1 mega pixels de resolução, fixada em um tripé com um nível que permitia o paralelismo entre o equipamento fotográfico e o solo, e posicionada a uma distância de 2,00 m do simetrógrafo. Cada sujeito teve três imagens coletadas: uma vista anterior, uma vista posterior e uma 39 vista lateral (direita e esquerda) que foram armazenadas para posterior análise utilizando o protocolo de análise postural do software SAPO. 2,0 metros FIGURA 8 - Cetap para Avaliação Postural Digital Fonte: O autor 40 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os dados levantados foram inseridos em ficha de coleta e, depois de tratados, possibilitaram os resultados que seguem. 4.1 A AVALIAÇÃO POSTURAL NO AMBIENTE ESCOLAR Como muitas vezes relatado, por Folle; Brum; Pozzobon (2008) e corroborado por Pinto e Lopes (2001), o cada vez mais acelerado processo de desenvolvimento das crianças que antecipa a chegada da adolescência e da maturidade biológica, levam a inúmeras transformações biológicas, psicológicas e sociais, entre as posturais. No Brasil, segundo Falsarella et. al. (2008), tem-se em conta que as alterações da postura em crianças em idade escolar têm se tornado um problema para a saúde pública do país, com o quadro atingido dimensões significativas (BRACCIALLI, 1997), muito pela manutenção de posturas inadequadas no espaço escolar, a que acrescem Falsarella et. al. (2008) ao citarem que o longo período diário escolar pode ser apontado como precursor para inúmeros problemas degenerativos da coluna vertebral dos indivíduos na fase adulta. Valladão et. al. (2009) destacam que a inadequação do mobiliário escolar em relação ao peso e estatura das crianças (ABNT – NBR 140006/1997) e o peso excessivo das mochilas escolares, que devem carregar apenas 10% do seu peso corporal (OMS, 2001), e as levam a uma postura desequilibrada (torta) pela sobrecarga dos materiais escolares. 41 4.2 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA Do universo deste estudo, constituído por 104 alunos de ambos os gêneros, e em função dos critérios de inclusão e exclusão relacionados para a pesquisa (assinatura do TCLE, falta ao dia da avaliação e/ou falta de traje adequado), ocorreu perda amostral da maior parte da população. Após o término das avaliações e inserções dos dados em planilha Excel dos dados dos sujeitos da amostra final, encontramos a caracterização da amostra do estudo (Tabela 1), composta por 12 alunos (11,54%), com dados obtidos a partir de avaliação e anamnese inicial. Tabela 1 - Caracterização da amostra quanto à idade, peso (em kg), altura (em m) e gênero. Participante Gênero Idade M H IMC 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 MÉDIA ± DP MÁXIMA MÍNIMA M M M M M M F F M F M M 14 13 15 15 14 13 13 13 13 14 13 14 13,67 ± 0,78 15 13 45,0 51,0 61,0 66,0 42,0 32,0 47,5 42,0 44,0 51,0 59,0 47,0 48,96 ± 9,42 66 32 1,58 1,70 1,73 1,78 1,60 1,46 1,60 1,58 1,66 1,66 1,65 1,72 1,65 ± 0,09 1,78 1,46 18,02 17,64 20,38 20,83 16,4 15,01 18,55 16,82 15,96 18,51 21,67 15,89 17,98 ± 2,12 21,67 15,01 Legenda: DP – desvio padrão; M – massa corporal; h – altura; IMC – índice de massa corporal A amostra foi composta por alunos de prevalência de gênero masculino (9), e por 3 alunas. A idade de 13,66 ± 0,7 anos corresponde à faixa etária designada para o ano escolar a que pertencem. Em função da amplitude de estatura e de peso corporal, calculou-se o IMC da amostra que, com valores de 17,98 ± 2,12, é caracteristicamente de peso normal a baixo, e valores de até 15,01 revelam a 42 necessidade de orientação e acompanhamento nutricional para verificação de possível distúrbio. Assim, e ainda que não objeto do estudo, uma avaliação do biótipo e do percentual de gordura seria indicado para uma aferição mais acurada, e o acompanhamento ofertaria uma visão do desenvolvimento corporal em função da alteração de faixa etária, designadamente os “estirões de crescimento” (PINTO; LOPES, 2001). Em razão dos objetivos do estudo, não se fez uso de grupo controle, com a amostra sendo avaliadas e comparadas com as indicações posturais da normalidade. 4.3 TESTE DO FIO DE PRUMO Os resultados da avaliação pelo teste do Fio de Prumo são vistos na tabela 2. Tabela 2 - Fio de prumo Participante 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Esquerda Avaliação – Teste do Fio de Prumo Direita Grau De Desvio X Ausência X X X X X X X X X 7 X X A partir do teste foi possível detectar um dos sujeitos da amostra, do sexo feminino, com desvio à direita, de grau 7, que vai ao encontro de afirmativa de Imhof 43 et. al. (2009) e Cailliet (2004), para quem é nas meninas a maior incidência. E demanda necessidade cuidados posturais por um lado, e por outro a indicação da busca de avaliação ortopédica com o objetivo de minimizar os efeitos do desvio ainda neste período de formação (APPEL, 2002). Este autor descreve que meninas nesta faixa de idade (14 anos) estão no limite cronológico de escolioses idiopáticas e funcionais e as de adulto, que no sexo feminino são consideradas a partir dos 15 anos. Pires et. al. (1990) descrevem sobre estas situações, que os adolescentes podem vir a ser afetados pela lei do desenvolvimento, particularmente pela lei pubertária, levada em consideração na faixa etária a que pertencem. O encontrado, e também os demais a serem relatados na continuidade, pode-se creditar a um mal hábito postural (MAGEE, 2005), ao permanecerem de pé ou sentados durante longos períodos de tempo e levarem a musculatura a relaxar e encurvar (MAGEE, 2005), provocando contraturas de partes moles e a deformidade óssea por efeito mecânico de tração, compressão e rotação impostas (MATOS, 2010). Os demais representantes da amostra não tiveram anotados desvios, neste teste. 4.4 TESTE DE ADAM Pelo teste de Adam, que objetiva a detecção de gibosidade, encontramos eco à pertinência do estudo (tabelas 3 e 3.1), por ser acometimento comum na população adolescente (KNOPLICH et. al., 1986) devido às atividades que eles desempenham no cotidiano como a maneira de sentar, deitar, manter-se na posição ortostática, levando a uma cifose postural, mas também por outros variados motivos 44 (IMHOF et. al., 2009), como nas meninas, por exemplo, que para esconder o crescimento dos seios, principalmente se estiverem grandes para sua idade, curvam o ombro para frente. Tabela 3 - Teste de Adam Teste de Adam Presença Ausência Total n 2 7 9 Masculino % lateralidade D % E % 22,22 2 100,0 0 0,0 77,78 2 100,0 0 0,0 Feminino % lateralidade D % E % 100 2 66,66 1 33,33 n 3 0 3 100 2 6,666 1 33,33 Tabela 3.1 - Teste de Adam Participante 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Esquerda Avaliação - Teste de Adam Direita Grau De Desvio X Ausência X 10 X X X X X X X X 6 7 7 8 X X A partir dos dados levantados, detectou-se que 41,7% da amostra apresenta algum desvio postural, onde encontra-se a totalidade das meninas (duas à direita e uma à esquerda), com graus de 6, 7 e 8, confirmando a maior freqüência relatada pela literatura. Ainda que em menor número (2 casos), de igual à presença no gênero feminino, os graus de desvios na amostra masculina demanda atenção aos motivos que podem estar levando à presença destes distúrbios, onde valores de graus de desvio de até 10 podem vir a se tornar, efetivamente, preocupantes se não controlados. Neste sentido, Knoplich et. al. (1986), demandam cuidados para que a 45 cifose se postural, não culmine em uma atitude viciosa que pode causar uma alteração na vértebra e modificar essa cifose postural em uma deformidade. 4.5 AVALIAÇÃO POSTURAL COM FOTOGRAMETRIA Ainda que possa vir a ser uma técnica de avaliação mais exaustiva no sentido do detalhamento que é necessário, ela nos mostra com maior riqueza possível alterações ao padrão da normalidade em sujeitos avaliados, e representa um maior cuidado quando efetivada em idades mais perenes, como é o caso da amostra em questão, com a qual se torna possível indicar procedimentos educativos. Em razão dos referidos detalhes, a avaliação postural por intermédio da imagem fotográfica tem sido utilizada por vários pesquisadores, ainda que alguns se utilizem desse recurso como uma forma de documentação e avaliação qualitativa, ou seja, apenas para detectar e registrar a presença de assimetrias (PERREIRA, 2003; SATO, 2003). Para o presente estudo, e em conformidade com os procedimentos colaramse adesivos nos pontos anatômicos após a palpação preconizada pelo software de avaliação postural (SAPO) para a avaliação. A escolha de tal instrumento deveu-se pela funcionalidade de corrigir eventuais erros que tenham surgido na obtenção das fotografias, com a calibração da imagem. O programa tem um protocolo sugerido, porém não impede que se faça seu próprio protocolo e realize medidas livres. Possibilita a criação de banco de dados sobre a postura com as informações de vários centros de pesquisa. Permite, mas não utilizado no estudo, o calculo do centro de massa a partir das medidas antropométricas do centro de pressão, além de fornecer informações sobre o controle postural (FERREIRA, 2005). 46 Após coletadas, as fotos digitais foram transferidas para o computador disponibilizado para o estudo, onde foi feita a avaliação postural digital por meio do software de avaliação postural. No público atingido pela pesquisa, como é de se perceber, a partir das avaliações realizadas (ANEXOS C e D), todos possuem algum tipo de alteração postural. As alterações mais comuns encontradas (8 alunos) são as hiperlordose lombar e a hipercifose torácica e, ainda, nos outros 4 alunos foram diagnosticados a hiperlordose lombar e cervical e a hipercifose torácica, sendo a cifótica confirmadora dos achados por avaliação visual, pelo Teste de Adam, o que nos mostra que atitudes simples podem ser de importância no trato com o adolescente em período escolar. 4.5.1 A Hiperlordose A hiperlordose cervical está ligada, normalmente, às atitudes posturais inadequadas e/ou às posturas cotidianas, normalmente em sala de aula, que exigem a manutenção contínua da cabeça em extensão (MATOS, 2010), e pelos fatores motivadores podem ser encontrados em ambos os gêneros, enquanto a lombar tem maior incidência nas mulheres. Mas, mesmo nos homens, ficar na posição em pé estática por um longo tempo leva a compressão por carga vertical que acentua a lordose para evitar que o corpo caia para frente ou para trás, e mesmo os calçados, que se de salto alteram o centro de gravidade para frente, aumentando a inclinação pélvica e em conseqüência acentuando a lordose (OLIVER, 1998). 47 Uma falta de tonicidade na musculatura abdominal que, quando flácidos deixam-no protuberante (STEFFENHAGEN, 2003), com inclinação do tronco para traz. Foram levantados dados do dia a dia dos alunos que participaram da pesquisa através da ficha de avaliação postural, incluindo se sentiam dores e se praticavam alguma atividade física, 8 alunos 66,67% praticam alguma atividade física com aproximadamente 4,57 dias por semana, sendo que 37,5% desses alunos sentem dores nas pernas ou nas costas, 4 alunos 33,33% não praticam nenhuma atividade física sendo que 50% deles sentem dores nas costas. Fato a ser enaltecido é que o indivíduo de numero 10, do sexo feminino, teve alterações de postura detectadas e que podem se revelar como alterações residentes e, como já afirmado, necessitam de intervenção para que evite posturas inadequadas durante períodos prolongados de tempo que, quando não corrigidas, podem tornar-se maus hábitos, como levanta adequadamente Sá (2003). As alterações têm relação entre si, como meio de compensações entre os segmentos corporais, como afirma Poussa (1992) e corroborado por Kendall, Mc Creary e Provance (1995). Essas compensações, não sendo benignas, podem vir a alterar ou dificultar as funções da coluna vertebral, pois, segundo Denys-Struyf (1995), se há um desequilíbrio entre as estruturas de suporte pode haver sobrecarga e menor eficiência biomecânica corporal, conforme referem Palmer e Apler (2000). Os desvios de postura afetam a coluna vertebral que tem, nomeadamente, as funções de sustentar e estabilizar músculos que movem os membros, desfavorecendo a transferência de forças ao longo do corpo e a absorção contra impactos; a segunda função. Os desvios podem vir a desproteger a medula espinhal e as raízes dos nervos espinhais, além de ter, com sua mobilidade alterada, uma 48 menor contribuição para a locomoção do corpo (MACHADO, 2008; NORDIN; FRANKEL, 2003). 49 5. CONCLUSÃO Ainda que algumas das alterações encontradas possam ser consideradas como de desenvolvimento, a presença desses desvios na cabeça e ombro são assimetrias que, também, podem ser causadas por demandas diárias, onde incluemse as rotinas escolares (o tempo de manutenção da postura sentada, a participação nas aulas de Educação Física Escolar), o estilo de vida pouco ativo, o uso de mochilas e de sapatos inadequados para a idade e o tipo de atividade. De acordo com o observado e levantado a partir das avaliações, independente de influenciar ou não no cotidiano, e apesar de amostra pequena, mas possivelmente replicado em parte do universo que ausentou-se da pesquisa, conclui-se que todos os alunos avaliados possuem algum tipo de desvio postural. 50 6. CONSIDERAÇÕES E RECOMENDAÇÕES FINAIS Paralelamente à avaliação observou-se os alunos em sala e em aulas de Educação Física, e pode-se constatar que os alunos apresentam conhecimento de alterações na postura, mas não demonstram interesse na mudança dessa situação. Percebeu-se que posicionam-se de qualquer maneira em sala, onde passam até 4 horas por dia, e nas aulas de Educação Física nem sempre desenvolvem interesse por atividades propostas e, muitas vezes, em vez de buscar alterar esse comportamento, se excluem dos demais, aparentando vergonha do seu corpo. Conforme relatado na literatura, pode-se creditar que tais índices de alterações posturais podem advir, também, de desconhecimento e de desinteresse dos pais ou responsáveis em relação ao assunto, ao que acresce a inexistência de trabalho preventivo no âmbito escolar, onde encontra-se, sobretudo, descaso do sistema em que estão inseridos. Os protocolos de avaliação postural utilizados neste estudo – Teste de Adam, Teste de Fio de Prumo e Fotogrametria – são eficientes e simples de serem aplicados, com a vantagem acrescida da técnica da fotogrametria pela facilidade de fotografar e armazenar as fotos para análises posteriores, que demanda pouco tempo e libera para as demais avaliações. Entende-se a avaliação postural em escolas, realizada por profissionais da Educação Física, é de fundamental importância e relevância por contribuir na prevenção de patologias decorrentes dos desvios posturais, bem como por promover o bem-estar físico e emocional dos alunos. 51 REFERÊNCIAS ALENCAR, M. C. B. Fatores de risco das lombalgias ocupacionais: o caso de mecânicos de manutenção e produção [Dissertação de Mestrado]. Florianópolis. UFSC, 2001. Disponível em: <http://teses.eps.ufsc.br/defesa/pdf/8398>. Acesso em: 15 maio. 2011. APPEL, Fernando et. al. Coluna vertebral: conhecimentos básicos. Porto Alegre: AGE, 2002. ASSOCIAÇÃO DAS NORMAS TÉCNICAS. Disponível em: http://www.abnt.org.br/. Acesso em 02 maio. 2011. BARBOSA, Lydia Maria Furtado de Mendonça Guerreiro. Educação física escolar como contribuição para prevenção de problemas posturais da coluna vertebral. Monografia. 2010. 48 f. Trabalho de conclusão de curso (Licenciatura em Educação Física) - Departamento de Educação da Universidade Nove, São Paulo, 2010. BARROS FILHO, Tarcisio E. P.; LECH, O. Exame físico em ortopedia. São Paulo: Sarvier, 2002. 334 p. BRACCIALLI, L. M. P. Postura corporal: orientação para educadores. 1997. 125 f. 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São Paulo: Phorte, 2008. 144 p. 55 ANEXOS 56 Anexo A - Carta de Informações Sobre a Pesquisa aos Colaboradores e Responsáveis Curitiba, 16 de maio de 2011 À Direção do Colégio Estadual Professor Júlio Mesquita O acadêmico André Ricardo Xavier de Almeida, do Curso de Graduação de Educação Física, da Universidade Tuiuti do Paraná, sob orientação da Profª Msc. Cynthia Maria Rocha Dutra está desenvolvendo uma pesquisa relacionada à avaliação postural em escolares para identificar possíveis alterações na coluna vertebral e disponibilizar atividades educativas para prevenção dessas alterações. Assim, solicito a autorização desta Direção para aplicar a pesquisa nos escolares das 8ª séries (período matutino), através do cálculo do IMC, da fotogrametria, fio de prumo e Teste de Adam. Essa pesquisa consiste em tirar fotografias de lado e de costas dos alunos individualmente em uma sala, sendo que os alunos devem estar vestindo shorts e as alunas poderão usar biquíni de duas partes ou short e top (meninas) com o acompanhamento da professora regente Euza Cagnato, durante as aulas de Educação Física e os dados coletados serão utilizados unicamente na pesquisa sem custo para o pesquisador e para os avaliados. O resultado da pesquisa poderá ser utilizado pela escola através das aulas de Educação Física, após sua apresentação, na Universidade Tuiuti do Paraná. ___________________________ André Ricardo Xavier de Almeida Pesquisador Responsável ___________________________ Cynthia Maria Rocha Dutra Orientadora Pesquisadora Principal ____________________________________________ Direção Col. Est. Profº Julio Mesquita 57 Anexo B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO A Universidade Tuiuti do Paraná, através do acadêmico do Curso de Graduação de Educação Física, sob orientação da Profª Msc. Cynthia Maria Rocha Dutra está desenvolvendo uma pesquisa relacionada à avaliação postural em escolares da 8ª série do Colégio Estadual Professor Julio Mesquita. Esta pesquisa tem como objetivo avaliar a postura corporal das crianças da 8ª série com idades entre 13 e 17 anos. Não existem riscos associados à pesquisa, uma vez que a coleta de dados consta apenas de obtenção de fotografias das crianças na posição em pé (de lado e de costas), vestidas de short (meninos) e de biquíni duas partes ou short e top (meninas). Será avaliado o alinhamento de partes do corpo, ou seja, se estas estruturas que compõem o corpo estão em desarmonia, e as suas possíveis relações com os hábitos posturais. Este estudo se justifica pela necessidade de se conhecer a situação da saúde postural das crianças a fim de alertar para problemas futuros e de contribuir para o estabelecimento de condutas de prevenção de alterações posturais através de atividades educativas. Se o Sr. (a) estiver de acordo que seu filho (a) participe, garantimos que as informações fornecidas serão confidenciais e só serão utilizados neste trabalho. Da mesma forma, se houver alguma dúvida em relação aos objetivos e procedimentos da pesquisa ou se Sr. (a) quiser que seu filho desista do mesmo, poderá, a qualquer momento, entrar em contato conosco pelos telefones 41-8728.6991 / 41-96918126 ou pessoalmente no referido colégio. 58 A pesquisa não terá custos para o pesquisador, nem para os pesquisados, a fotografia será tirada no Colégio Estadual Professor Julio Mesquita em uma sala individual sem que os alunos tenham contato um com o outro, no acompanhamento da professora regente da turma nas aulas de Educação Física. Grato! ___________________________ André Ricardo Xavier de Almeida Pesquisador Responsável ___________________________ Cynthia Maria Rocha Dutra Orientadora Pesquisadora Principal Eu,____________________________________________________autorizo meu (minha) filho (a)______________________________________________da 8ª série ______, a participar da pesquisa de avaliação postural realizada pelo acadêmico André Ricardo Xavier de Almeida orientado pela Profª Msc. Cynthia Maria Rocha Dutra no Colégio Estadual Professor Julio Mesquita, sabendo das condições do teste, tendo plena consciência de que meu (minha) filho (a) pode desistir a qualquer momento da pesquisa sem custo algum tanto para o pesquisador quanto para os pesquisados. _________________________________ Assinatura 59 Anexo C – Fio de prumo 60 Anexo D – Fotogrametria 61 APÊNDICE 62 Apêndice A : Ficha de anamnese UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAUDE CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA FICHA DE AVALIAÇÃO POSTURAL Data da Avaliação : ______/_______/_______ Acadêmico responsável:______________________________________________ Orientadora responsável:_____________________________________________ Co-orientadora responsável:___________________________________________ 1. DADOS PESSOAIS ☺ Nome:__________________________________________Categoria:____________ Endereço:_______________________________________Bairro:_______________ Cidade:________________________Estado:________________CEP:___________ Fone (res):______________Fone (com): ______________Celular:______________ Pessoa p/ contato:___________________Fone:_____________Relação:_________ DN:____/____/____Idade:______ Sexo:( ) fem ( ) masc Naturalidade:___________________ Pratica Atividade física: sim ( ) não ( ) Qual?____________ Freqüência:__________________________________________________________ Medicação de uso contínuo: sim ( ) não ( ) Qual? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 63 2. ANAMNESE História atual: Possui alguma queixa em relação a dor? sim ( ) não ( ) Início da dor :_______________________________________________________ Local da dor :_______________________________________________________ Intensidade da dor : __________________________________________________ Outras queixas:_______________________________________________________ ___________________________________________________________________ Exames complementares: sim ( ) não ( ) Qual? ______________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Escala de Visual Analógica de Dor: 3. EXAME FÍSICO 3.1 Dados Antropométricos Peso: ______________ Altura: ___________ 3.2 Testes específicos 3.2.1 Teste do Fio de Prumo Presença de Desvio ( ) esquerda ( ) direita ( ) ausência Grau do Desvio: ______________________________________________________ 64 3.2.2 Teste de Adam Presença da Gibosidade ( ) esquerda ( ) direita ( )ausência Grau da Gibosidade: __________________________________________________ 3.3.3 Avaliação Postural Vista Posterior Pés ( ) supinados ( Tornozelos ( ) inversão Joelhos ( ) valgo Pregas glúteas ( ) alinhadas ( Espinha IPS ( ) alinhadas ( Borda Inf Esc ( ) esquerdo + alto ( ) direito + alto ( Ombros ( ) esquerdo + alto ( ) direito + alto Cabeça ( ) lateralizada à E ( ( ) pronados ) eversão ( ( ( ) normais ) normais ) varo ( ) normais ) direito + alto ( ) esquerdo + alto ) direito + alto ( ) esquerdo + alto ) alinhados ) lateralizada à D ( ( ) alinhados ) alinhada 3.3 Avaliação Postural Vista lateral Pés ( ) plano ( ) cavo ( ) normal Joelhos ( ) semiflexão ( ) hiperextensão ( ) normais Quadril ( ) anterovertido ( ) retrovertido ( ) normal Abdome ( ) normal ( ) protuso Curvatura Col. Lombar ( ) hiperlordose ( ) retificação ( ) normal Curvatura Col. Torácica ( ) hipercifose ( ) retificação ( ) normal Curvatura Col. Cervical ( ) hiperlordose ( ) retificação ( ) normal Ombro ( ) protuso ( ) normal Cabeça ( ) protusa ( ) normal 65 3.3 Avaliação Postural Vista Anterior Pés ( ) supinados ( ) pronados ( ) normais Tornozelos ( ) inversão ( ) eversão ( ) normais Joelhos ( ) valgo ( ) varo ( ) normal Espinha IAS ( ) direita + alta ( Linha Mamilar ( ) direito + alto ( ) esquerdo + alto ( ) alinhados Ombros ( ) direito + alto ( ) esquerdo + alto ( ) alinhados Cabeça ( ) lateralizada à E ( ) esquerda + alta ( ) alinhadas ) lateralizada à D ( ) alinhada Comentários: ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________