Repositórios Institucionais Entrevista concedida ao Centro de Documentação e Biblioteca – CEDOC da Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Recreação da cidade de São Paulo – SEME, para a edição da Revista Eletrônica do CEDOC/SEME, a.3, n.1, jun./2012. Sr. Renato Toshiyuki Murasaki - Gerente de Metodologia e Tecnologia da Informação na BIREME/OPS/OMS - Brasil O Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde, também conhecido pelo seu nome original Biblioteca Regional de Medicina (BIREME), é um centro especializado da Organização Pan-Americana da Saúde / Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS), orientado à cooperação técnica em informação científica em saúde. A sede da BIREME está localizada no Brasil, no campus central da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), desde a sua criação, em 1967, conforme acordo entre a OPAS e o Governo do Brasil. (Disponível em: http://new.paho.org/bireme/index.php?option=com_content&view=article&id=37&It emid=55&lang=pt) O que são repositórios institucionais? Estes repositórios, no âmbito das instituições de ensino e pesquisa, são sistemas de informação utilizados para organizar, preservar e disseminar a produção científica e técnica produzida. O conceito de repositório institucional se estende também para outros tipos de organização, com o mesmo objetivo, aplicando-se aos documentos e materiais multimídia produzidos pelas mesmas. É importante ressaltar que repositório institucional não se resume apenas a uma solução tecnológica. Também inclui metodologias, processos de trabalho e políticas para orientar o seu desenvolvimento e operação. Revista Eletrônica CEDOC/SEME - ISSN 2176-963X Ano 3, n. 1, junho 2012 Todos os direitos reservados: Lei federal 9610/98 e art.84 do Código Penal 1 Qual a sua importância? A própria definição de repositórios institucionais reflete a sua importância: registrar, organizar, preservar e disseminar a produção científica e técnica das instituições de ensino e pesquisa. Os repositórios vão ao encontro do movimento de acesso aberto à informação, democratizando e proporcionando o livre acesso a artigos científicos, teses, capítulos de livros, anais de eventos, recursos educacionais etc. Sua relevância tem crescido nos últimos tempos de tal forma a levar os governos a proporem políticas públicas nesta área. O Brasil é um exemplo com o projeto de lei do senado (PLS 387/2011 - http://www.senado.gov.br/atividade/Materia/Detalhes.asp?p_cod_mate=101006), o qual dispõe sobre o processo de registro e disseminação da produção científica e técnica pelas instituições de educação superior de caráter público, bem como as unidades de pesquisa no Brasil, obrigando-as a construir repositórios institucionais de acesso livre. É extremamente importante e lógico garantir que a sociedade tenha acesso aberto àqueles conteúdos produzidos por meio de projetos de pesquisa financiados com recursos públicos. O que é necessário para a implantação de um repositório institucional? Há diversas ferramentas no mercado que nos possibilitam implantar um repositório institucional. As ferramentas mais utilizadas são, inclusive, de código livre e aberto, tais como DSpace, Eprints e Fedora. Entretanto isso não basta. As instituições precisam definir uma política clara sobre o desenvolvimento, operação e uso do repositório institucional. É preciso estabelecer a metodologia e os processos de trabalho para registrar, organizar e disseminar os documentos que serão armazenados no repositório e, é claro, capacitar, comunicar e envolver as pessoas neste processo de mudança. A implantação de um repositório institucional deve ser encarada como um projeto nas instituições e após o início da sua operação, parece-me um fator de sucesso manter um grupo “curador” do mesmo. Revista Eletrônica CEDOC/SEME - ISSN 2176-963X Ano 3, n. 1, junho 2012 Todos os direitos reservados: Lei federal 9610/98 e art.84 do Código Penal 2 Que tipo de vantagens as instituições podem ter com a criação e manutenção de repositórios? Eu destacaria duas vantagens. A primeira é a preservação da sua memória institucional, pois proporciona um adequado registro, organização e disseminação da sua produção científica e técnica. A segunda se refere ao aumento da visibilidade e impacto da sua produção científica, técnica e acadêmica, tendo em vista a possibilidade de expor seus conteúdos abertamente nos principais motores de busca da internet, assim como interoperar seus conteúdos com iniciativas e diretórios nacionais e internacionais de acesso aberto. Estas duas vantagens, na minha opinião, causam efeitos colaterais positivos que podem proporcionar novas vantagens. Qual a relação entre repositórios institucionais e acesso livre? Entendo que já fiz esta relação no início da entrevista, mas é importante deixar claro que, dependendo da política definida por uma instituição, é possível, por exemplo, definir coleções de documentos de acesso restrito dentro do repositório institucional. As soluções tecnológicas para implantação de repositórios permitem este tipo de configuração. É claro que no contexto das instituições de ensino e de pesquisa, o qual focamos nesta entrevista, tendem a busca o acesso aberto considerando as vantagens e as políticas públicas mencionadas. Como é o repositório institucional em implantação pela OPAS/OMS? O repositório institucional em implantação pela OPAS/OMS está alinhado à iniciativa da OMS chamada IRIS – Institucional Repository for Information Sharing. O objetivo é conformar um repositório com toda a produção da OMS, o que inclui a sua sede (Genebra), seus escritórios regionais (a OPAS é o escritório regional da OMS nas Américas), centros de referência e representações de países, abrangendo diversos tipos de documentos tais como relatórios técnicos, publicações, resoluções, vídeos, imagens, dentre outros. Revista Eletrônica CEDOC/SEME - ISSN 2176-963X Ano 3, n. 1, junho 2012 Todos os direitos reservados: Lei federal 9610/98 e art.84 do Código Penal 3 Há conhecimento, se na área esportiva existem repositórios de instituições, quer de ensino ou não, que estejam sendo recuperados pela SciELO? Se sim, quais são e se existe mapeamento do número de acessos? A SciELO é uma iniciativa que provê um modelo de publicação eletrônica de periódicos científicos em acesso aberto. Neste modelo, a relação da SciELO é diretamente com os editores científicos responsáveis por estas publicações. É possível que haja repositórios institucionais que também tenham depositados artigos destes mesmos periódicos. Isso depende da política da instituição que o periódico está vinculado, assim como da afiliação dos autores dos artigos. De qualquer maneira, é possível dizer que há pelo menos três periódicos que são publicados na coleção SciELO Brasil, relacionados a área esportiva: Revista Brasileira de Ciência do Esporte, Revista Brasileira de Educação Física e Esporte e Revista Brasileira de Medicina do Esporte. Seguramente há outros periódicos científicos, não exclusivos ao tema esportes, que podem também publicar artigos na área. Os acessos a estes artigos podem ser visualizados no próprio site da SciELO Brasil – www.scielo.br A Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Recreação – SEME, da Cidade de São Paulo está capturando a produção interna técnica e científica e iniciando assim seus repositórios institucionais. Estes poderão ser divulgados pelo SciELO? Para que um periódico científico seja admitido em uma coleção SciELO, o mesmo deve cumprir com determinados critérios, de acordo com a política e procedimentos para a admissão e a permanência de periódicos na coleção. Na coleção SciELO Brasil, é possível verificar estes critérios e os procedimentos do processo de admissão, por meio do link http://www.scielo.br/avaliacao/avaliacao_pt.htm. Dentro do processo de busca de fontes confiáveis, em pesquisa científica, repositórios institucionais deverão ser consultados, como complementação à pesquisa? Revista Eletrônica CEDOC/SEME - ISSN 2176-963X Ano 3, n. 1, junho 2012 Todos os direitos reservados: Lei federal 9610/98 e art.84 do Código Penal 4 Sim, pois contêm a produção científica, técnica e acadêmica de uma instituição de ensino ou pesquisa, por exemplo. Como qualquer outra fonte de informação, é importante conhecer o escopo dos conteúdos publicados e os critérios de qualidade utilizados que norteiam o repositório. Dentre os softwares disponíveis para gerenciamento dos repositórios institucionais existe algum que seja mais indicado por oferecer recuperação diferenciada? Há muitas variáveis que devem ser observadas para a escolha de um software, as quais vão além das funcionalidades que uma solução disponibiliza. Isso inclui, por exemplo, variáveis internas às instituições, considerando a existência ou não de equipes de TI, o conhecimento técnico da equipe, a infraestrutura tecnológica disponível, o grau de customização/adaptação que se deseja realizar e outras. Há pesquisas que mostram que o DSpace é a solução mais utilizada para implantação de repositórios institucionais. Entretanto, há outras soluções semelhantes que também podem servir a uma instituição, tais como Eprints, Fedora, CWIS, dentre outras. Todas estas mencionadas são soluções open source. 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