Acesso Aberto à Informação Científica e Repositórios Institucionais Fernando César Lima Leite Universidade de Brasília A ciência depende da ampla disseminação daquilo que é produzido! A ciência depende de processos de comunicação! “A comunicação situa-se no próprio coração da ciência. É para ela tão vital quanto a própria pesquisa, pois a esta não cabe reivindicar com legitimidade este nome enquanto não houver sido analisada e aceita pelos pares. Isso exige, necessariamente, que seja comunicada. Ademais, o apoio às atividades científicas é dispendioso, e os recursos financeiros que lhes são alocados serão desperdiçados a menos que os resultados das pesquisas sejam mostrados aos públicos pertinentes. Qualquer que seja o ângulo pelo qual examinemos, a comunicação eficiente e eficaz constitui parte essencial do processo de investigação científica” Meadows (1999) Portanto... Pesquisadores consomem e comunicam informação do princípio ao fim da pesquisa; Informação constitui input e output da produção do conhecimento. Lógica do modelo tradicional de publicação começa a ser questionado! Recursos públicos financiam amplamente pesquisas PESQUISA Editores comerciais atribuem preços excessivos Devido às barreiras impostas não têm acesso às publicações PUBLICAÇÕES CIENTÍFICAS DE PRESTÍGIO INSTITUIÇÕES DE ENSINO E PESQUISA Reação: Acesso Aberto à Informação Científica Uma reação da comunidade científica Uma velha tradição e uma nova tecnologia convergiram para tornar possível o aparecimento de um bem público sem precedentes. VELHA TRADIÇÃO Boa vontade de pesquisadores publicarem seus resultados sem qualquer remuneração, em prol da ciência e difusão do conhecimento NOVA TECNOLOGIA BEM PÚBLICO SEM PRECEDENTES Internet Distribuição eletrônica da literatura científica com revisão pelos pares em escala global, de forma gratuita, sem restrições de acesso a quem possa interessar Budapest Open Access Initiative O que é? É disponibilização livre, gratuita e irrestrita da informação científica na internet de modo que qualquer usuário possa ler, fazer download, distribuir ou referenciar o texto completo. (PROSSER, 2004) Como? Acesso aberto na própria publicação do periódico científico eletrônico Sinal verde dos editores para que autores depositem seus trabalhos em repositório digital - 6000 títulos registrados - 4 títulos adicionados por dia - 1905 repositórios registrados - 1 adicionados por dia - 26 milhões - 6000 adicionados por dia - 271 políticas inst. registradas - 1/semana ou 5/mês Stevan Harnad Via Verde O que são repositórios digitais de acesso aberto? Provedores de dados que são destinados ao gerenciamento de informação científica, constituindo-se, necessariamente, em vias alternativas de comunicação científica; O tipo de repositório digital é determinado pela aplicação e pelos objetivos aos quais se destina. Estabelecendo um entendimento comum! O termo REPOSITÓRIO não é novo e é usado por outras áreas; Novos são os conceitos sobre os quais se desenvolvem e as funções que devem exercer no sistema de comunicação científica; Estamos tratando exclusivamente da informação e comunicação científica! Repositórios Temáticos ou Disciplinares Repositórios de Teses e Dissertações Repositórios Institucionais Repositórios institucionais de acesso aberto Atributos de um Repositório Institucional (RI) Institucionalmente definido; Científico ou academicamente orientado; Cumulativo e perpétuo; Livre e interoperável (aberto); Não efêmero (conteúdos digitais). Crow (2002) Eliminando mal entendidos e derrubando mitos... 21 RI não concorrem com periódicos, apenas complementam/potencializam algumas de suas funções; Avaliação por pares é uma função dos periódicos e não do RI; RI NÃO PUBLICAM, apenas tornam os conteúdos públicos e acessíveis. 4 funções básicas de um periódico científico REGISTRO CERTIFICAÇÃO CIRCULAÇÃO ARQUIVAMENTO Estabelecimento Certificação da Assegurar a Preservar a da propriedade Validade/qualidade acessibilidade à pesquisa para o intelectual da pesquisa pesquisa uso futuro Prosser (2004) RI não são catálogos ou sistemas de gestão de bibliotecas, mas é desejável que trabalhem de modo integrado. Aspectos relacionados com a proteção do conhecimento residem em estágio anterior ao RI. RI reforçam o registro da autoria e, consequentemente, facilitam a descoberta de plágios. RI lidam exclusivamente com a informação científica ou academicamente orientada. RI não é panacéia! Um RI deve ser criado tendo em mente a comunidade científica global e não apenas a instituição. A instalação e configuração de software não é suficiente para a criação de um RI. Acesso Aberto à Informação Científica no Brasil Contexto Em desenvolvimento Desenvolvidos Conceito e função cada vez mais estabelecidos na comunidade Comunidade científica pouco informada e confusa Avanços políticos institucionais Baixo índice de avanço político institucional RI dados brutos de pesquisa Ênfase na integração/articulação entre RI, e destes com outros sistemas ? Dificuldade em lidar com aspectos legais da gestão da informação Ênfase ainda na construção de RI porém de forma desarticulada Contexto: três grandes iniciativas bem sucedidas Contexto: inicativas bem sucedidas 1. Metodologia para criação e manutenção de periódicos eletrônicos 2. Padrão de qualidade de periódicos brasileiros 3. Expansão para AL, África e Europa 1. Responsável pelo aumento considerável de periódicos eletrônicos no Brasil 2. O Brasil é o país que mais utiliza a plataforma no mundo; 3. Responsável pela incorporação da função editorial por parte das bibliotecas universitárias no Brasil Contexto: inicativas bem sucedidas 1. 2. 3. 4. 5. Articulação de uma rede de cooperação Padronização Investimento em recursos tecnológicos e humanos Gerenciamento apropriado da dimensão legal (resposta à RN da Capes) Modelo tecnológico/técnico, organizacional e gerencial em reformulação Contexto: sistema de publicações científicas Contexto do sistema de publicações científicas Sistema de publicação científica nacional pouco estruturado poucos editores científicos comerciais bem sucedidos atividade editorial científica concentrada nas instituições científicas Avanços tecnológicos periódicos e editores científicos não sobrevivem de assinaturas Contexto do sistema de publicações científicas Editores científicos alheios à lógica mercadológica Progressos na Via Dourada Grande quantidade de periódicos científicos eletrônicos gratuitos ELEMENTO PROPULSOR POTENCIAL DA VIA VERDE Indícios de que editores são potencialmente flexíveis em relação às permissões Contexto do acesso aberto no Brasil E como estão os RI no Brasil? Ainda não estão bons, mas bem melhores que há pouco! Aumento do número de iniciativas sobretudo por conta do suporte oferecido pelo IBICT e UnB Suporte ainda desarticulado e beirando a informalidade Dificuldade de povoamento Poucas políticas institucionais de acesso aberto Contexto do acesso aberto no Brasil E como estão os RI no Brasil (cont.) ? Falta de visão sistêmica do RI e da comunicação científica RI sob uma perspectiva local para atender à demandas unicamente institucionais (arquivística, adm., memória institucional) Baixa participação dos institutos de pesquisa Iniciativas concentradas em universidades Contexto do acesso aberto no Brasil E como estão os RI no Brasil (cont.) ? Pesquisadores alheios aos benefícios do acesso aberto Baixas taxas de depósito Uma andorinha só não faz verão! IBICT sozinho não resolve! Contexto do acesso aberto no Brasil Via Dourada BEM ENCAMINHADA! 1. Ausência de conglomerados editoriais com objetivos econômicos; 2. Editores e autores possuem as mesmas e principais motivações para publicar; 3. Grande quantidade de periódicos eletrônicos GRATUITOS e INTEROPERÁVEIS (= ABERTOS); 4. Bibliotecas acadêmicas em processo de conscientização quanto à sua função editorial; 5. Principais: SciELO (Bireme) e SEER (Ibict) DESAFIOS 1. Melhoria da qualidade de periódicos criados a partir do SEER; 2. Integração Contexto do acesso aberto no Brasil Via Verde EM PLENA CONSTRUÇÃO! DESAFIOS 1. Induzir e acompanhar a construção de bons REPOSITÓRIOS INSTITUCIONAIS DE ACESSO ABERTO À INFORMAÇÃO CIENTÍFICA 2. Processos de capacitação, acompanhamento e validação contínuos 3. Integração em nível nacional com sistema de recuperação robusto 4. Aumento da participação dos institutos de pesquisa Fim Obrigado! [email protected]