234 Internacional Journal of Cardiovascular Sciences. 2015;28(3):234-243 ARTIGO ORIGINAL Fatores de Risco Cardiovascular e sua Relação com o Nível de Escolaridade numa População Universitária Cardiovascular Risk Factors and their Relationship with Educational Level in a University Population Rute Pires Costa1, Pedro Antônio Muniz Ferreira2, Francisco das Chagas Monteiro Junior3, Adalgisa de Sousa Paiva Ferreira3, Valdinar Sousa Ribeiro4, Gilvan Cortês Nascimento3, Gustavo de Jesus Pires da Silva1, Fernando Mauro Muniz Ferreira1, Jair Alves Pereira Neto5, Leonardo de Souza Carneiro6 Faculdade Santa Terezinha – Setor de Fisioterapia – São Luís, MA – Brasil Universidade Federal do Maranhão – Departamento de Pós-graduação em Saúde Coletiva – São Luís, MA – Brasil 3 Universidade Federal do Maranhão – Departamento de Medicina I – São Luís, MA – Brasil 4 Universidade Federal do Maranhão – Departamento de Medicina III – São Luís, MA – Brasil 5 Hospital de Messejana – Fortaleza, CE – Brasil 6 Universidade Federal do Maranhão – Hospital Universitário Presidente Dutra – São Luís, MA – Brasil 1 2 Resumo Fundamentos: O menor grau de escolaridade na população parece estar associado com a maior prevalência dos fatores de risco cardiovascular (FRCV). Contudo, poucos estudos avaliaram esse fato através de análise clínica e laboratorial em centros universitários. Objetivo: Avaliar a prevalência dos FRCV em servidores de universidade pública. Métodos: Estudo transversal, analítico, randomizado, com 319 participantes de uma coorte de servidores universitários. Analisou-se a prevalência dos FRCV através da medição dos níveis glicêmicos e pressóricos, perfil lipídico, índices antropométricos e foram realizadas análises comparativas de subgrupos de diferentes níveis de escolaridade. Realizouse análise de regressão logística multivariada para avaliar a associação independente entre nível de escolaridade e presença dos FRCV. Resultados: Média de idade 46,0±10,0 anos, 52,5% mulheres, 56,0% com nível superior de escolaridade, 85,6% pertencentes às classes socioeconômicas B e C. Prevalência dos FRCV: diabetes mellitus (DM) 9,4%; hipertensão arterial sistêmica (HAS) 36,7%; dislipidemia 50,5%; tabagismo 21,9%; sobrepeso 59,6%; obesidade 13,2%; sedentarismo 27,9%. O grupo de menor nível de escolaridade se associou de forma independente com maior prevalência de DM e sedentarismo, quando comparado ao grupo dos servidores com nível superior (docentes e não docentes). DM=odds ratio 2,4 (IC95% 1,05-5,5) e p=0,036; sedentarismo=odds ratio 2,2 (IC95% 1,3-3,7) e p=0,003. Os subgrupos não apresentaram diferenças quanto às demais variáveis. Conclusão: Neste estudo, indivíduos com maior nível de escolaridade apresentaram menores prevalências de DM e sedentarismo. Palavras-chave: Diabetes mellitus; Obesidade; Estilo de vida sedentário; Escolaridade Abstract (Full texts in English - www.onlineijcs.org) Background: The lower level of education in the population appears to be associated with a higher prevalence of cardiovascular risk factors (CVRF). However, few studies have assessed this fact by means of clinical and laboratory analysis in universities. Objective: To evaluate the prevalence of cardiovascular risk factors in public servants at a public university. Methods: Cross-sectional, analytical and randomized study, with 319 participants of a cohort composed of university public servants. CVRF prevalence was assessed by measuring blood glucose and blood pressure levels, lipid profile and anthropometric indices, and comparative analyses were made of subgroups with different education levels. A multivariate logistic regression analysis was used to assess the independent association between education level and presence of CVRF. Results: Mean age 46.0±10.0 years old, 52.5% women, 56.0% with higher education level, 85.6% belonging to B and C socioeconomic classes. Prevalence of CVRF: diabetes mellitus (DM) - 9.4%; systemic hypertension (SH) - 36.7%; dyslipidemia - 50.5%; smoking - 21.9%; overweight - 59.6%; obesity - 13.2%; sedentary lifestyle - 27.9%. The group with the lowest level of education had an independent association, with higher prevalence of DM and sedentary lifestyle, as compared to the group of public servants with higher level of education (teachers and non-teachers). DM=odds ratio 2.4 (95% CI 1.05 to 5.5) and p=0.036; sedentary lifestyle=odds ratio 2.2 (95% CI 1.3 to 3.7) and p=0.003. The subgroups showed no differences regarding the other variables. Conclusion: In this study, individuals with higher levels of education showed lower prevalence of diabetes and sedentary lifestyle. Keywords: Diabetes mellitus; Obesity; Sedentary lifestyle; Level of education Correspondência: Rute Pires Costa Av Casemiro Júnior, 12 – Anil – 65045-180 – São Luís, MA – Brasil E-mail: [email protected] DOI: 10.5935/2359-4802.20150035 Artigo recebido em 01/06/2015, aceito em 21/06/2015, revisado em 29/06/2015. Int J Cardiovasc Sci. 2015;28(3):234-243 Artigo Original Introdução A maioria dos estudos associa o menor nível de escolaridade à maior prevalência dos fatores de risco cardiovascular (FRCV), como mostram Barros et al.1 e Santos et al.2 Porém Vaydia et al.3 demonstram que mesmo entre indivíduos com algum conhecimento acerca da saúde cardiovascular, existe uma lacuna entre o conhecimento e a prática de hábitos saudáveis. Nesse contexto, pesquisas são controversas quanto à influência do nível de escolaridade na prevalência dos FRCV: para alguns FRCV a escolaridade aparece de forma protetora, enquanto para outros parece não influenciar4-7. Com o objetivo de verificar a prevalência dos FRCV, assim como a influência da escolaridade e da prática da docência na presença destes, realizou-se a presente pesquisa com servidores de uma universidade pública federal. Métodos Estudo transversal e analítico, que utilizou o banco de dados de uma coorte denominada “Fatores de risco cardiovascular nos servidores da Universidade Federal do Maranhão (UFMA)”. Os dados do estudo foram coletados no período de março de 2009 a outubro de 2010, envolvendo servidores ativos vinculados à UFMA, na cidade de São Luís, MA, Brasil. O projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Presidente Dutra / UFMA, sob o nº 003835/2008-80. A lista dos servidores ativos da Universidade (n=2 238) foi cedida pelo Setor de Recursos Humanos. Para o cálculo amostral, considerou-se um nível de confiança de 95%, α=5%, erro amostral =2%, prevalência de 50% para os FRCV, obteve-se uma amostra prevista de 350 servidores (10% a mais, prevendo possíveis perdas). Foram incluídos todos os servidores sorteados, que fossem ativos, de ambos os sexos, com idade superior a 18 anos e que aceitassem participar da pesquisa. Foram excluídos os servidores que se encontravam em processo de aposentadoria, que se negassem a participar e que fossem analfabetos. A amostra aleatória de 350 servidores foi localizada por Centro e Departamento aos quais pertenciam, e cargo ocupado. Todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A coleta de dados foi realizada por acadêmicos da área de saúde da universidade, supervisionados e previamente treinados. Costa et al. Associação entre Nível de Escolaridade e FRCV 235 As medidas antropométricas peso, altura e circunferência abdominal foram obtidas por pessoal capacitado. Todos os participantes do projeto original responderam ao questionário sobre FRCV, presença de HAS ou DM e comprovaram o tratamento pela apresentação da medicação, embalagem ou prescrição médica. O controle dessas doenças foi confirmado pelos exames laboratoriais realizados e por avaliação clínica. Para o diagnóstico socioeconômico e demográfico da amostra foi aplicado questionário com questões mistas (abertas e fechadas) com as seguintes informações: idade, sexo, escolaridade, função exercida, número de moradores no domicílio e renda per capita. A renda per capita (nível socioeconômico) foi baseada em critério proposto pela Associação Nacional de Empresas de Pesquisas (ANEP), disponível em <http:// www.abep.org>. Esse critério é construído a partir de uma pontuação baseada na posse de bens e utensílios domésticos, somada à pontuação correspondente ao grau de instrução do chefe da família. As classes são: A1, A2, B1, B2, C1, C2, D e E. ABREVIATURAS E ACRÔNIMOS •CA – cintura abdominal •DM – diabetes mellitus •FRCV – fatores de risco cardiovascular •HAS – hipertensão arterial sistêmica •UFMA – Universidade Federal do Maranhão De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa8, os níveis de escolaridade são: analfabeto, fundamental incompleto (até a 4ª série do ensino fundamental), fundamental completo (8 anos de estudo), médio completo (9 a 11 anos de estudo) e superior completo (12 anos de estudo e mais). Os participantes foram pesados em balança digital, modelo Acqua, com precisão de 100 g, da marca Plenna® (Guangzhou, China). A altura foi mensurada em centímetros, com uso de estadiômetro portátil, com resolução de 0,1 cm. Todas as medidas foram aferidas por duas vezes consecutivas e o valor médio foi usado nas análises. Para a medida da pressão arterial foi utilizado esfigmomanômetro de coluna de mercúrio, com manguito do mesmo tamanho, sendo ajustado à circunferência do braço. O procedimento foi realizado três vezes com intervalos de 10 a 15 minutos, sendo considerada a média entre as duas últimas medidas, em concordância com a metodologia utilizada para estudos epidemiológicos. Os valores de referência adotados obedeceram às recomendações da VI Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial9: hipertensão arterial níveis ≥90 mmHg de pressão diastólica e ≥140 mmHg de pressão sistólica. Os indivíduos que apresentaram pressão arterial 236 Costa et al. Associação entre Nível de Escolaridade e FRCV Int J Cardiovasc Sci. 2015;28(3):234-243 Artigo Original abaixo desses níveis, mas que referiram uso de drogas antihipertensivas, também foram considerados hipertensos. A circunferência do quadril também foi obtida com fita métrica flexível e não elástica. Os participantes foram orientados a manter jejum de 8-12 horas para a realização de exames laboratoriais, conforme critérios estabelecidos pelo Expert Committee on Diagnosis and Classification of Diabetes Mellitus10. Foram selecionadas nove variáveis mutáveis, que estão abaixo relacionadas, com seus critérios de anormalidade. Os pontos de corte foram baseados na Organização Mundial da Saúde, NCEP ATP III11 e Sociedade Brasileira de Cardiologia9. • Sobrepeso: IMC (peso/altura 2) ≥25 kg/m 2 e <30 kg/m²; • Obesidade: IMC (peso/altura2) ≥30 kg/m2; • Obesidade central: circunferência da cintura ≥88 cm para mulheres e ≥102 cm para os homens, independentemente da presença de obesidade generalizada; • Colesterol total alto: ≥240 mg/dL, pelo método enzimático de Trinder; • HDL-c <40 mg/dL para homens e <50 mg/dL para mulheres pelo método Labtest; • Triglicerídeos: ≥150 mg/dL, pelo método de Soloni modificado; • Diabetes mellitus: glicemia venosa ≥126 mg/dL, associado ao diagnóstico comprovado de diabetes em tratamento, e glicemia de jejum normal (método enzimático de Trinder); • Tabagismo: fumante atual, qualquer número de cigarros por dia; • Sedentarismo: prática regular de atividade física com duração inferior a 150 minutos semanais, de intensidade leve ou moderada ou pelo menos 75 minutos semanais de atividade física de intensidade vigorosa. O sangue foi coletado por acadêmicos dos cursos de Medicina e de Enfermagem da UFMA (entre 7h-9h), e entregue para análise no Laboratório de Análises Clínicas do Hospital Universitário Presidente Dutra (HUPD). O diagnóstico de diabetes mellitus (DM) (glicemia de jejum >126 mg/dL e indivíduos em uso de antidiabéticos) seguiu as normas do Expert Committee on Diagnosis and Classification of Diabetes Mellitus10. Os valores do perfil lipídico foram analisados de acordo com o NCEP III11: colesterol total normal (<200 mg/dL), limítrofe alto (200-239 mg/dL) e alto (>240 mg/dL); triglicerídeo normal (<200 mg/dL), limítrofe alto (200-400 mg/dL), alto (400-1 000 mg/dL) e muito alto (>1 000 mg/dL); e HDL-colesterol em baixo (<35 mg dL), normal (35-59 mg/dL) e alto (>60 mg/dL). A presença de familiares de primeiro grau com doença arterial coronariana manifesta e/ou cerebrovascular e/ou periférica foi considerada história familiar positiva. Para o diagnóstico do nível de atividade física e sedentarismo, foram considerados sedentários aqueles que informaram ter uma prática regular de atividade física com duração inferior a 150 minutos semanais, de intensidade leve ou moderada ou pelo menos 75 minutos semanais de atividade física de intensidade vigorosa, segundo a Organização Mundial da Saúde12 e a World Heart Federation13. O tabagismo foi classificado em: nunca (aqueles que responderam nunca ter fumado e os que pararam de fumar por seis meses ou mais), ex-fumante (aqueles que responderam que não fumam atualmente, mas já fumaram por seis meses ou mais) e fumante (aqueles que referiram fazer uso de qualquer quantidade de fumo independentemente do tempo de início). Para o diagnóstico de sobrepeso e obesidade central foi calculado o índice de massa corporal (IMC), que expressa a proporção da gordura em relação à composição corporal (razão da massa corporal (kg) pelo quadrado da estatura (cm2). A circunferência abdominal (CA) foi mensurada conforme o NCEP III11 com fita métrica flexível e não elástica. Os pontos de corte adotados foram aqueles de acordo com o grau de risco para doenças cardiovasculares: risco aumentado para mulheres (CA >80 cm) e para homens (CA >94 cm) e risco muito aumentado para mulheres (CA >88 cm) e para homens (CA >102 cm). Outras variáveis independentes incluídas não foram consideradas fatores mutáveis: idade, sexo, raça (variáveis biológicas). A raça foi definida na presente pesquisa a partir da cor da pele (branca vs. não branca), conforme a nomenclatura oficial utilizada nos censos demográficos. Os dados foram processados utilizando-se o programa SPSS versão 21. As variáveis qualitativas foram expressas em frequências; as variáveis quantitativas em médias e desvios-padrão. Foi utilizado o teste t de Student para amostras independentes para a comparação das médias das variáveis quantitativas entre os níveis de escolaridade. A associação dos FRCV com os grupos foi verificada através do teste do qui-quadrado para amostras independentes. Ambos os testes foram realizados com intervalo de confiança de 95%; nível de significância α=5%; erro amostral =2%. Foi realizada análise de regressão logística multivariada. As variáveis que apresentaram p<0,05 nas análises univariadas entraram para os modelos e foram consideradas estatisticamente significativas. Int J Cardiovasc Sci. 2015;28(3):234-243 Artigo Original Costa et al. Associação entre Nível de Escolaridade e FRCV Resultados Dos 350 servidores sorteados, foram excluídos 31 por não atenderem aos critérios de inclusão. Permaneceu uma amostra representativa de 319 servidores, percentual encontrado dentro dos padrões de 10% de perda calculados para o estudo. A Tabela 1 apresenta as características sociodemográficas da amostra estudada. Indivíduos sem nível superior de escolaridade representavam 43,89% e com nível superior, 56,11%. Os níveis de escolaridade foram distribuídos igualmente por sexo (p=0,735), faixa etária (p=0,676) e estado civil (p=0,365), com maior prevalência de não brancos, naturais da capital, com lotação no campus universitário. Os docentes eram, em sua maioria, do sexo masculino, na faixa etária de 50-59 anos, não brancos, casados, naturais de São Luís e com lotação no campus universitário. Na população estudada, a prevalência dos FRCV foi: DM 9,4%; sobrepeso 59,6%; obesidade 13,2%; hipertensão arterial sistêmica 36,7%; sedentarismo 27,9%; dislipidemia 50,5% e tabagismo 2,6% (Tabela 2). Quando comparadas as prevalências dos FRCV entre os grupos com e sem nível superior, o grupo com nível superior foi menos sedentário (p=0,003) e apresentava menor prevalência do DM (p=0,033). Os níveis de escolaridade foram distribuídos igualmente quanto a sobrepeso, obesidade, hipertensão arterial sistêmica, dislipidemia e tabagismo (Tabela 2). Tabela 1 Características sociodemográficas da população estudada, de acordo com o nível de escolaridade e a docência Total n (%) Sexo Faixa etária (anos) Cor Estado civil Classe econômica Naturalidade Lotação Total Nível Superior Não Sim* n (%) n (%) Masculino 151 (47,3) 68 (48,6) 83 (46,4) Feminino 168 (52,7) 72 (51,4) 96 (53,6) <30 24 (7,5) 12 (8,6) 12 (6,7) 30-39 72 (22,5) 34 (24,3) 38 (21,2) 40-49 93 (29,2) 41 (29,3) 52 (29,1) 50-59 Docência p 0,735 0,676 Não Sim n (%) n (%) 99 (42,1) 52 (61,9) 136 (57,9) 32 (38,1) 20 (8,5) 4 (4,8) 60 (25,5) 12 (14,3) 66 (28,1) 27 (32,1) 104 (32,6) 40 (28,5) 64 (35,8) 73 (31,1) 31 (36,9) >60 26 (8,2) 13 (9,3) 13 (7,3) 16 (6,8) 10 (11,9) Branca 82 (25,7) 23 (16,4) 59 (33,0) 48 (20,4) 34 (40,5) Não branca 237 (74,3) 117 (83,6) 120 (67,0) 187 (79,6) 50 (59,5) Casado 176 (55,1) 73 (52,1) 103 (57,5) 114 (48,5) 62 (73,8) Solteiro 143 (44,9) 67 (47,9) 76 (52,1) 121 (51,5) 22 (26,2) B1 29 (9,1) 2 (1,4) 27 (15,1) 13 (5,5) 16 (19,0) B2 90 (28,2) 11(7,9) 79 (44,1) 54 (23,0) 36 (42,9) C1 90 (28,2) 35 (25,0) 55 (30,7) 64 (37,2) 26 (31,0) C2 64 (20,1) 50 (35,7) 14 (7,8) 60 (25,5) 4 (4,8) D 45 (14,1) 41 (29,3) 4 (2,2) 43 (18,3) 2 (2,4) E 1 (0,3) 1 (0,7) 0 (0,0) 1 (0,4) 0 (0,0) Interior do Estado do Maranhão 127 (39,9) 63 (45,0) 64 (35,8) 108 (46,0) 19 (22,6) Outros estados 38 (11,9) 4 (2,9) 34 (19,0) 15 (6,4) 23 (27,4) Outros países 2 (0,6) 0 (0,0) 2 (1,1) 0 (0,0) 2 (2,4) São Luís 152 (47,6) 73 (52,1) 79 (44,1) 112 (47,6) 40 (47,6) Campus 203 (63,6) 76 (54,3) 127 (70,9) 119 (50,6) 84 (100) HUUFMA/Materno 116 (36,4) 64 (45,7) 52 (29,1) 116 (49,4) 0 (0,0) 319 (100,0) 140 (43,89) 179 (56,11) 0,001* 0,365 < 0,001* 0,001* 0,002* p 0,002** 0,108 <0,001** <0,001** <0,001** <0,001** <0,001** 235 (73,66) 84 (26,33) *Grupo sem nível de escolaridade superior (níveis fundamental e médio); **p<0,05; IC=95%; Teste do qui-quadrado para amostras independentes. HUUFMA – Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão 237 238 Costa et al. Associação entre Nível de Escolaridade e FRCV Int J Cardiovasc Sci. 2015;28(3):234-243 Artigo Original Tabela 2 Fatores de risco cardiovascular da população estudada, de acordo com a escolaridade População Variáveis Sem Nível superior Sim Não n (%) n (%) Com Nível superior Não Sim n (%) n (%) p Não n (%) Sim n (%) Diabetes 289 (90,6) 30 (9,4) 121 (86,4) 19 (13,6) 168 (93,9) 11 (6,1) 0,033* Sobrepeso 129 (40,4) 190 (59,6) 53 (37,9) 87 (62,1) 76 (42,5) 103 (57,5) 0,423 Obesidade 277 (86,8) 42 (13,2) 119 (85,0) 21 (15,0) 158 (88,3) 21 (11,7) 0,408 HAS 202 (63,3) 117 (3,6) 85 (60,7) 55 (39,3) 117 (65,4) 62 (34,6) 0,414 Sedentarismo 89 (27,9) 230 (72,1) 27 (19,3) 113 (80,7) 62 (34,6) 117 (65,4) 0,003* Dislipidemia 158 (49,5) 161 (50,5) 67 (47,9) 73 (52,1) 91 (50,8) 88 (49,2) 0,652 Tabagismo 280 (78,4) 69 (21,6) 107 (76,4) 33 (23,6) 143 (79,9) 36 (20,1) 0,494 Total 319 (100,0) 140 (43,89) 179 (56,11) HAS – hipertensão arterial sistêmica; * p<0,05; IC=95%; teste do qui-quadrado para amostras independentes. No que diz respeito à prática da docência, houve distribuição semelhante da proporção dos fatores de risco cardiovascular entre os grupos dos docentes e não docentes (Tabela 3). A Tabela 4 mostra os níveis pressóricos, índices antropométricos, perfil lipídico e nível glicêmico de acordo com o nível de escolaridade. Com exceção do nível glicêmico, que foi maior no grupo sem nível superior (98,67±34,08 mg/dL vs. 92,63±13,64 mg/dL; X²=0,031), as demais variáveis pressóricas, antropométricas e lipídicas foram similares nos dois grupos. Os resultados da regressão logística binária estão descritos da Tabela 5. Tabela 3 Fatores de risco cardiovascular da população estudada de acordo com a docência Não docentes n (%) Docentes n (%) Não 101 (43,0) 21 (33,3) Sim 134 (47,0) 56 (66,7) Não 204 (86,8) 73 (86,9) Sim 31 (13,2) 11 (13,1) Não 174 (74,0) 56 (66,7) Sim 61 (26,0) 28 (33,3) Não 216 (92,0) 73 (86,9) Sim 19 (8,0) 11 (13,1) Não 155 (66,0) 47 (56,0) Sim 80 (34,0) 37 (44,0) Não 120 (51,1) 38 (45,2) Sim 115 (48,79) 46 (54,8) Não 185 (78,7) 65 (77,4) Sim 50 (21,3) 19 (22,6) 235 (73,66) 84 (26,34) Variáveis Sobrepeso Obesidade Sedentarismo Diabetes mellitus HAS Dislipidemia Tabagismo Total HAS – hipertensão arterial sistêmica p-valor 0,154 0,982 0,204 0,193 0,114 0,376 0,877 Int J Cardiovasc Sci. 2015;28(3):234-243 Artigo Original Costa et al. Associação entre Nível de Escolaridade e FRCV Tabela 4 Níveis pressóricos, índices antropométricos, perfil lipídico e nível glicêmico da população estudada, de acordo com o nível de escolaridade Variáveis Total Idade Sem nível superior Com nível superior p-valor 45,94±10,41 Níveis pressóricos Índices antropométricos Perfil lipídico Nível glicêmico PAS (mmHg) 123±17,70 124,04±17,43 122,78±17,94 0,527 PAD (mmHg) 78,1±12,40 79,10±11,45 78,58±13,12 0,711 IMC (kg/m²) 26,35±4,08 26,64±4,37 26,11±3,77 0,251 RCQ 0,96±0,062 0,96±0,06 0,096±0,063 0,968 Colesterol total (mg/dL) 196±40,73 194,56±41,39 198,25±40,27 0,424 HDL (mg/dL) 55,10±13,86 54,66±15,36 55,44±12,59 0,620 LDL (mg/dL) 116,99±34,47 115,90±34,51 117,84±34,51 0,620 VLDL (mg/dL) 25,69±13,28 24,82±12,08 26,36±14,15 0,307 Triglicerídeos (mg/dL) 130,96±68,96 126,58±60,82 134,35±74,67 0,320 Glicemia (mg/dL) 95,27±24,88 98,67±34,08 92,63±13,64 0,031* *p<0,05; IC=95%; Teste t de Student para amostras independentes Valores expressos em média±desvio-padrão PAS – pressão arterial sistólica; PAD – pressão arterial diastólica; IMC – índice de massa corpórea; RCQ – relação cintura/quadril Tabela 5 Variáveis associadas independentes com o grau de escolaridade na população estudada Variáveis Odds ratio IC95% p-valor Diabetes mellitus 2,43 1,10 – 5,38 0,027* Sedentarismo 2,23 1,32 – 3,78 0,003* *p<0,05; IC=95% Discussão A associação do nível de escolaridade com FRCV, em ambientes universitários, tem sido avaliada e parece não estar definida. De uma maneira geral, o melhor nível de escolaridade se associa a uma menor percepção negativa de saúde14, sendo esperado que indivíduos com maior escolaridade tenham mais conhecimento sobre a saúde e hábitos mais saudáveis15. Dessa forma, os resultados deste trabalho podem, em parte, ser atribuídos à existência de uma lacuna na relação entre conhecimento da saúde cardiovascular, atitude e prática/ comportamentos de hábitos saudáveis, hipótese já descrita por Vaidya et al.3 A prevalência do DM observada neste estudo foi 9,4%, valor superior às prevalências e estimativas mundiais, considerando indivíduos da mesma faixa etária, como mostram Shaw et al.16 e Guariguata et al.17. Quando comparado ao Brasil, o presente estudo apresentou valores superiores à pesquisa de base populacional recente18, que evidencia um aumento da prevalência do DM entre 2006 e 2013, de 5,5% para 6,8%. Estudos realizados em outros centros universitários apresentam valores divergentes de prevalência de DM, sendo encontradas taxas superiores no Sudeste19 e no Estudo Longitudinal da Saúde do Adulto (ELSA)20. Neste último, o valor equivale ao dobro do encontrado na presente pesquisa. É possível justificar as diferenças encontradas nos estudos por questões metodológicas (randomização, inquérito telefônico, autorrelato, pelo uso de exames laboratoriais e pelos pontos de corte glicêmicos diferentes), fatores que podem interferir na prevalência do DM. Outro ponto importante são as diferenças advindas do desenvolvimento dos países. Nesse sentido, Reddy21 destaca que, em países em desenvolvimento, o processo de industrialização acarreta maior exposição aos FRCV por mudanças nos hábitos de vida, como na dieta e na atividade física. 239 240 Costa et al. Associação entre Nível de Escolaridade e FRCV Em relação à associação entre prevalência do DM e nível de escolaridade, outros estudos apresentam resultados conflitantes, como o realizado em nove países europeus, que constata que não há diferença entre os níveis glicêmicos entre indivíduos com escolaridades diferentes22, assim como em pesquisa similar na África, na qual a distribuição do DM foi similar nos diferentes níveis de escolaridade5. Contudo, estudos realizados na Espanha23,24 evidenciam maior prevalência do DM em pessoas com menor nível de escolaridade. Em pesquisa de base populacional, em 2012, as prevalências de DM entre o menor e o maior nível de escolaridade variou de 12,1% para 3,8%4. Essa associação do DM com o nível de escolaridade é complexa e tem consequências significantes como as demonstradas no estudo de coorte, realizado com 85 867 indivíduos nos Estados Unidos, o qual evidenciou que adultos portadores do DM com menor nível de escolaridade apresentam taxa de mortalidade 503 vezes maior por 10 000 habitantes do que aqueles portadores de DM com maior nível26. Destaca-se o fato de os docentes na presente pesquisa terem apresentado prevalência de 13,1% de DM, aproximadamente, ¼ do apresentado em estudo similar no sul do País27. Quando comparada a prevalência entre docentes e não docentes, não houve diferença significativa entre os grupos. Porém quando comparados os grupos quanto ao nível de escolaridade, os níveis glicêmicos são maiores em indivíduos com menor nível, semelhante ao encontrado no estudo ELSA20, e em estudo africano realizado por Capingana et al.5 Resultados diferentes são encontrados no estudo de Achidi et al.7, no qual os docentes apresentaram maiores níveis glicêmicos que os não docentes. Sugere-se que esse resultado contraditório seja justificado pelo fato de, na presente pesquisa, cerca de 60% dos docentes serem de cor não branca e, segundo Santos et al.2, indivíduos negros e mulatos não diferirem dos brancos quanto aos hábitos de fumar, sedentarismo e quanto à presença da hipertensão arterial, fato que pode ter influenciado o resultado encontrado. A prevalência encontrada de sedentarismo foi 72,1%, valor aproximadamente equivalente ao dobro, quando comparado à maior taxa de sedentarismo encontrada por Lloyd-Sherlock et al.28, que variou de 24,9% a 37,6%. Em comparação com Welmer et al.29, o valor encontrado é três vezes superior, quando observadas as faixas etárias similares. Estudo brasileiro 2 com 2 531 indivíduos, de raças diferentes, de 72 centros urbanos, mostra altos valores Int J Cardiovasc Sci. 2015;28(3):234-243 Artigo Original de sedentarismo, variando de 76,6% a 81,83%, sendo similar à presente pesquisa. Valor inferior (16,2%) é encontrado em estudo populacional brasileiro em 201318. A associação inversa entre nível de escolaridade e sedentarismo, observada neste estudo, também tem sido descrita em estudos europeus 23,30. Nesse contexto, Morales-Asencio et al.23 enfatizam como os padrões de comportamento são relacionados aos fatores socioeconômicos e culturais Estudo realizado por Petroski27 constata prevalência de sedentarismo entre os professores universitários 25% menor que o da presente pesquisa. Porém, Reis14 e estudo em centro universitário na Rússia31 mostram valores superiores. Um valor expressivo (42,6%) dos professores russos não realizam prática alguma de atividade física e consideram como justificativas para esse fato a falta de tempo, atividades ou estudos extras ao horário de trabalho, assim como a falta de condições apropriadas para a atividade física. Outro estudo acrescenta outras barreiras impeditivas como falta de autodisciplina, falta de equipamentos e falta de companhia32. Assim como nessa pesquisa, estudo em universidade brasileira33 também foi contraditório aos achados de Petroski27. Destaca-se que a taxa de obesidade nos participantes foi inferior à encontrada na América do Sul e no Brasil (2007-2013)34 e está de acordo com estudos realizados em São Luís em 200935 e em 201334. É interessante observar que esta capital apresenta menor prevalência nacional de obesidade, sendo as maiores prevalências em Cuiabá e no Rio de Janeiro. Estudos em universidades, como os realizados por Achidi et al.7, Scott et al.36 e Duncan et al.37 apontam valores superiores. Contrariamente, estudo do Sudeste brasileiro mostra valor equivalente à metade do observado na presente pesquisa38, diferindo por não ter havido randomização dos sujeitos participantes. Contrariamente ao DM e sedentarismo, a obesidade foi igualmente distribuída quanto ao nível de escolaridade, divergindo do estudo africano5, daquele realizado por Santos et al.2 e da Pesquisa VIGITEL18, que constatam que, de uma maneira geral, em população com maior tempo de estudo ocorre menor prevalência de sobrepeso e obesidade. Uma justificativa para a associação divergente entre nível de escolaridade e obesidade no Brasil foi encontrada por Fonseca et al.33, no estudo Pró-Saúde, em um centro universitário, que fundamentou essa associação pelas alterações cíclicas de peso. Nele, as variações de peso ao longo da vida, tanto constantes quanto cíclicas, Int J Cardiovasc Sci. 2015;28(3):234-243 Artigo Original apresentaram associação com o nível de escolaridade dos pais e do próprio indivíduo, com importantes diferenças referentes ao sexo. Para os homens, essa associação não foi confirmada; porém, as mulheres de menor nível de escolaridade apresentaram chance 94% maior de referirem aumento cíclico de peso corpóreo. Por outro lado, estudo similar à presente pesquisa, na África7, indica não haver associação entre índice de massa corpórea e nível de escolaridade, concordando com os resultados encontrados. O fato de ser docente com pós-graduação (mestrado e doutorado) não se associou à menor prevalência de obesidade, quando comparado ao grupo de não docentes. Tal resultado contraria os achados de Hayes et al.15, que explicam que as pessoas com melhor nível de escolaridade são mais expostas a mensagens de saúde, têm melhor apoio social, mais consciência de se manter saudável e acesso mais oportuno aos serviços de saúde. Os valores de HAS, tabagismo e excesso de peso nos participantes deste estudo são superiores e divergentes aos encontrados por Malta et al.39 Segundo esses autores, os FRC estão mais presentes em adultos menos escolarizados, uma vez que no presente estudo, houve igual distribuição nos níveis de escolaridade. Contudo, estudo europeu mostra que o tabagismo não foi controlado pelo menor nível de escolaridade, resultado semelhante ao presente estudo40. A elevada prevalência de excesso de peso na população estudada está de acordo com os achados de pesquisas Costa et al. Associação entre Nível de Escolaridade e FRCV recentes, que apresentaram valores entre 48,5% e 54,7% 18,38 . Quanto à prevalência de dislipidemia encontrada, esta é maior que o dobro da encontrada em estudo brasileiro recente18. Esta pesquisa foi realizada com uma amostra probabilística da população de uma universidade pública e foram realizados exames clínicos e laboratoriais para constatação da presença dos fatores de risco cardiovascular nos indivíduos estudados. No entanto, por se tratar de um estudo transversal, não foi possível estabelecer uma relação de causalidade nas associações encontradas. A não verificação do consumo de álcool e o fato de não haver indivíduos com escolaridade inferior a cinco anos de estudo são limitações desta pesquisa. Conclusão Neste estudo, os indivíduos com maior nível de escolaridade tiveram menores prevalências de DM e sedentarismo. Potencial Conflito de Interesses Declaro não haver conflitos de interesses pertinentes. Fontes de Financiamento O presente estudo foi parcialmente financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela concessão da bolsa de Mestrado. Vinculação Acadêmica Este artigo representa parte da dissertação de Mestrado de Rute Pires Costa pela Universidade Federal do Maranhão. Referências 1. 2. 3. Barros MBA, Francisco PMSB, Zanchetta LM, César CLG. Tendências das desigualdades sociais e demográficas na prevalência de doenças crônicas no Brasil, PNAD: 2003-2008. Cienc Saúde Coletiva. 2011;16(9):3755-68. Santos HC, Fragoso TM, Machado-Coelho GL, Nascimento RM, Mill JG, Krieger JE, et al. Self-declared ethnicity associated with risk factors of cardiovascular diseases in an urban sample of the Brazilian population: the role of educational status in the association. Int J Cardiol. 2013;168(3):2973-5. Vaidya A, Aryal UR, Krettek A. 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