30 QUINTA-FEIRA, 5 DE FEVEREIRO DE 2015 A GAZETA Dólar fecha no maior valor desde 2005, em R$ 2,74 EDITORA: ELAINE SILVA [email protected] Tel.: 3321.8327 agazeta.com.br/dinheiro Pág. 35 gazetadinheiro RECEITA COM FOME SEGURA O LEÃO MORDIDA AINDA MAIS DOLOROSA Apesar de inflação ter chegado a 6,41%, correção do IR deve ficar em 4,5% O reajuste da tabela do Imposto de Renda 2015 ficará, provavelmente, em 4,5%. Segundo instrução normativa da Receita Federal, “alguns limites foram corrigidos em 4,5% em relação ao ano passado”. Ainda falta o Congresso Nacional aprovar a proposta do governo. Caso a Medida Provisória passe, o percentual ficará bem abaixo da inflação do ano passado, de 6,41%, e do que foi aprovado pelo próprio Congresso no final do ano passado, 6,5%, índice vetado pela presidente Dilma Rousseff. O governo prometeu que vai enviar uma nova MP corrigindo a tabela em 4,5% (centro da meta de inflação).Seissoocorrer,o limite de isenção subirá dos atuais R$ 1.787,77 para R$ 1.868,22, ampliando a defasagem da tabela do Imposto de Renda. Para dar uma ideia do tamanho da desatualização, a tabelafechou2014defasada em 64,3%. É a diferença entre a inflação e as correções feitas pelo governo entre 1996eoanopassado.SódeveriaestarpagandoIRquem recebe mais de R$ 2.936,94, mas,hoje,quemganhamais doqueR$1.787,77,paga.O levantamento é do Sindifisco Nacional. Essa diferença revela o quedeveriaestarnobolsodo trabalhador, mas que acaba ANÁLISE FAIXAS DE CONTRIBUIÇÃO Defasagem da tabela do IR nos cofres do governo. Chegamos a essa defasagem porque, ao longo de todos esses anos, as correções foram quase sempre abaixo da inflação, o que provavelmente voltará a acontecer este ano. Com a inflação avançando e reajustes salariais que ultrapassam os 8%, muitos contribuintes passaramapagarImpostodeRenda – ou mudaram de alíquota e, com isso, são mais tri- butados – pelo simples fato de terem melhorado seus ganhos nas datas-base. Ou seja, uma verdadeira tunga no trabalhador. Com relação a janeiro, mês em que vigorou a tabela de 2014, nada foi dito.Senãoforadotadoefeito retroativo, o imposto pago a mais nos meses em que não houver a correção não será devolvido aos contribuintes. OPINIÃO DE A GAZETA Reajuste de 4,5% é risível Dois pesos e duas medidas. Essa é a postura do governo quando se trata de inflação e tabela do IR. Com relação à inflação, o Planalto não se importa quando ela chega ou passa dos 6,5%. Sobre o ajuste da tabela, o centro da meta inflacionária (4,5%) é perseguido fielmente. Com isso, o contribuinte está cada dia mais arrochado, pagando pelos descontroles lá de Brasília. Uma das questões que tem incomodado a todos os contribuintes é a correção da tabela do Imposto de Renda, que há muito tempo está sendo ajustada em percentuais abaixo da inflação apurada nos períodos. Em 2014, por exemplo, tivemos uma inflação de 6,41% e a previsão é de reajuste da tabela em 4,5%. Segundo a Cenofisco, a defasagem de correção desde 1996 pode superar 70% em 2015. Isso traz prejuízos para o bolso do contribuinte, pois a cada ano a carga tributária é aumentada, especialmente o contribuinte de classe média, e mais ainda aqueles que estão próximo das faixas de alterações de alíquotas das tabelas. Com isso, a arrecadação do governo é cada vez maior. Isso teria algum sentido se a população tivesse realmente o retorno devido nas áreas que compete ao poder público, mas infelizmente não acontece. — VALCEMIRO NOSSA PROFESSOR DA FUCAPE