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ATRIBUNA VITÓRIA, ES, SEXTA-FEIRA, 02 DE MAIO DE 2014
Economia
IMPOSTO DE RENDA
Mudança vai aumentar
número de declarações
RODRIGO GAVINI - 29/01/2013
Correção de 4,5% da
tabela do IR, anunciada
por Dilma na 4ª feira,
vai ampliar número de
contribuintes que serão
abocanhados pelo Leão
Ana Eliza
Felipe Brotto
Leão está à solta e, no ano
que vem, deve fisgar mais
contribuintes ainda, é o que
afirmam especialistas econômicos, após o anúncio da correção de
4,5% da tabela do Imposto de Renda, feito na quarta-feira, pela presidente Dilma Rousseff.
O Ministério da Fazenda informou ontem que a correção da tabela do Imposto de Renda representará uma renúncia fiscal de
R$ 5,3 bilhões.
Para o presidente do Conselho
Regional de Contabilidade do Espírito Santo (CRC-ES), Paulo Vieira Pinto, a correção da tabela do IR
é baixa e só vai aumentar a parcela
de contribuintes não isentos.
“A correção teria que ser no mínimo na taxa da inflação. O que a
presidente Dilma fez foi dar uma
disfarçada. Além disso, devem ter
uns 3 ou 4 anos que a tabela não é
corrigida. Neste cenário, a quantidade de contribuintes que declaram deve só aumentar”, explicou.
Em cadeia nacional pela TV e
por rádio, a presidente Dilma
apresentou uma medida provisória que corrige a tabela do Imposto
de Renda em 4,5%, modificando,
assim, as margens salariais para a
inclusão do contribuinte nas alíquotas do IR.
Com a mudança, em vez de
R$ 1.787,77, trabalhadores que ganham salários mensais de até
R$ 1.868,22 também serão aboca-
O
A correção teria
que ser no mínimo
na taxa da inflação. O
que a Presidente fez foi
dar uma disfarçada
“
”
Paulo Vieira Pinto, presidente do
Conselho Regional de Contabilidade
nhados pela mordida do leão.
O doutor em Contabilidade e diretor da Fucape Valcemiro Nossa
também acredita que a correção
do Imposto de Renda fará com que
um número maior de pessoas declare os rendimentos.
“Como a correção do Imposto
de Renda ficou abaixo da inflação
oficial, o reajuste dos salários da
classe trabalhadora nesse período
superou os ganhos. Com uma
maior parcela da população ganhando mais, a consequência é um
número maior declarando os rendimentos ao Leão”, explicou.
Ele afirma que, desta forma, o volume de contribuintes que vai en-
trar na faixa da declaração é maior
do que as pessoas que vão sair.
O especialista ainda ressaltou a
defasagem na tabela do Imposto
de Renda. “Um recente estudo
apontou uma defasagem de 60%
na tabela do Imposto de Renda
contando os últimos 15 anos”.
REAJUSTES
A presidente Dilma afirmou que
“aumentos localizados de preço,
em especial dos alimentos” causam “incômodo” às famílias, mas
são temporários.
Os reajustes seriam publicados
hoje no Diário Oficial da União
(DOU).
Banco Central projeta inflação de 6,5%
A tabela do Imposto de Renda é
corrigida anualmente em 4,5%
desde 2007. Em 2013, a inflação
oficial foi de 5,9%. Para 2014, a
projeção do Banco Central é de
que a inflação alcance o percentual de 6,5%.
Como é hoje
Como vai ficar
> ATÉ R$ 1.787,77 - isento
> DE R$ 1,787,78 ATÉ R$ 2.679,29 - alí-
> ATÉ R$ 1.868,22 - ISENTO
> DE R$ 1.868,23 ATÉ R$ 2.799,86 - alí-
quota de 7,5%
> DE R$ 2.679,30 ATÉ R$ 3.572,43 - alí-
quota de 15%
> DE R$ 3.572,44 A R$ 4.463,81 - alí-
quota de 22,5%
> ACIMA DE R$ 4.463,81 - alíquota de
27,5%
Fonte: Banco Central e pesquisa A Tribuna.
SÃO PAULO
A correção da tabela do Imposto
de Renda, anunciada na quartafeira pela presidente Dilma Rousseff, foi criticada por entidades de
classe por ser abaixo da inflação.
Para o presidente do Sindicato
Nacional dos Auditores Fiscais da
Receita Federal (Sindifisco Nacional), Cláudio Damasceno, a manutenção do porcentual em 4,5%
agrava uma defasagem que atualmente está em 61,42% ante a inflação oficial do País.
Embora Dilma não tenha informado, durante o pronunciamento
feito ontem, o porcentual da correção do IR, segundo o ministro da
Secretaria de Imprensa da Presidência da República, Thomas
Traumman, será de 4,5%. Na visão
de Damasceno, quando se corrige
a tabela do IRPF abaixo da inflação oficial, todos os trabalhadores
são prejudicados.
“O maior afetado, claro, é o de
baixa renda. A Presidente disse
claramente que estes 4,5% vão
'significar um importante ganho
salarial indireto e mais dinheiro no
bolso do trabalhador'. Como é que
o trabalhador ganha alguma coisa
pagando por aquilo que não deveria pagar?”, criticou ele, em nota.
O Sindifisco Nacional espera
que na semana que vem o Projeto
de Lei 6.094/13 que corrige a tabela seja votado na Comissão de
RECEITA FEDERAL: defasagem
Constituição e Justiça (CCJ) da
Câmara dos Deputados.
Pela proposta, a tabela seria reajustada entre 2015 e 2024 em 5%,
mais a variação do rendimento
médio do trabalhador, medido pela Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílios (Pnad). Depois de
2024, os 5% saem desse cálculo.
Para o presidente do Conselho
Federal da Ordem dos Advogados
do Brasil, Marcus Vinícius Furtado
Coêlho, apesar de o índice anunciado por Dilma ter sido pautado
na meta de inflação do governo, a
correção deve ser feita com base na
inflação acumulada no ano.
“Se a meta não for cumprida, esperamos que até o fim do ano uma
nova medida provisória readapte o
índice de correção”, afirma ele.
VALCEMIRO NOSSA: mais contribuintes vão entrar na faixa da declaração
SAIBA MAIS
Correção
Correção do IR é criticada
quota de 7,5%
> DE R$ 2.799,87 ATÉ R$ 3.733,19 - alí-
quota de 15%
> DE R$ 3.733,20 ATÉ R$ 4.664,68 - alí-
quota de 22,5%
> ACIMA DE R$ 4.664,68 - alíquota de
27,5%
CARTÃO do Bolsa Família: benefício de até R$ 140 vai ter 10% de aumento
Bolsa Família maior para
201.107 no Espírito Santo
Além de anunciar a correção no
Imposto de Renda, no pronunciamento em homenagem ao Dia do
Trabalho, a presidente Dilma Rousseff disse que assinou um decreto
que atualiza em 10% os benefícios
de 36 milhões de pessoas integrantes do programa Bolsa Família.
No Espírito Santo, mais de
201.107 famílias podem ser beneficiadas com o aumento do valor do
benefício.
Sobre o Bolsa Família, Dilma
afirmou que o objetivo da atualização dos benefícios é assegurar que
todos os 36 milhões de integrantes
do “Brasil sem Miséria” “continuem acima da linha de extrema
pobreza definida pela Organização das Nações Unidas (ONU)”.
Para especialistas, o Bolsa Família
é a mais importante vitrine do governo e mais uma vez apontado como crucial na corrida à reeleição.
Com valor atual de até R$ 140
mensais por pessoa, sua manuten-
ção tem sido defendida, inclusive,
pela oposição.
“Vejo a medida como uma jogada política em ano de eleição. Visto
que o reajuste foi bem acima da inflação, cabe à Presidente esclarecer à população por que o reajuste
do Imposto de Renda, por sua vez,
foi abaixo dos índices de inflação
oficial”, afirma o economista e
professor da Universidade de Vila
Velha (UVV), Mário Vasconcelos.
FINANCIAL TIMES
O jornal britânico Financial Times classificou o aumento de 10%
dos benefícios do Bolsa Família
como um “passo populista” antes
das eleições presidenciais.
A publicação destaca que o reajuste do valor transferido às famílias pobres será maior que a inflação, que gira atualmente em torno
de 6%. Para o jornal, é a ação “mais
agressiva de contra-ataque da Presidente contra a oposição”.
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