Alexandre Giesbrecht São Paulo nos trilhos Projetos orçados em R$ 37 bilhões serão executados por meio de PPPs A mobilidade urbana é uma preocupação crescente na cidade de São Paulo. Mas não há como negar os importantes esforços feitos na última década para melhorar o transporte público na capital, principalmente nos modais metroferroviários. A rede paulista sobre trilhos transporta 7,2 milhões de passageiros por dia e está em plena expansão, somando 335 quilômetros de malha. “Desde 2011, o Governo do Estado de São Paulo realiza o maior investimento em transporte público da América Latina. A rede recebe o maior volume de recursos de sua história: pelo menos R$ 45 bilhões. Até 2016, o sistema metroviário na Capital terá duas novas linhas e a expansão de outras duas (4 e 5). Já estão em obras as linhas 4-amarela, 5-lilás, 15-prata e 17-ouro” , informa Jurandir Fernandes, secretário de Transportes Metropolitanos. Ele também lembra que a linha 13 da CPTM vai ligar o aeroporto de Guarulhos aos trilhos, em uma ação inédita no Brasil, enquanto a linha 17, de monotrilho, chegará ao aeroporto de Congonhas. 40 KPMG Business Magazine Para dar conta de tantos desafios, Fernandes anunciou quatro projetos de expansão, orçados em R$ 37 bilhões, que serão realizados por meio de parcerias público-privadas (PPPs): as linhas 6-laranja e 20-rosa do Metrô, a linha 18-bronze do trem metropolitano e os trens intercidades, os primeiros ligando São Paulo a Campinas e Sorocaba, no interior. “Em 2014, o Estado terá em andamento sete obras do Metrô ao mesmo tempo” , informa Fernandes. Em sua avaliação, esse megaprojeto paulista tem alto potencial transformador. “Quando estiver finalizado, teremos um sistema menos poluidor, mais produtivo e de maior qualidade para os cidadãos. Ao mesmo tempo em que tenho muito orgulho de ajudar a transformar nossa cidade, também reconheço que megaprojetos desse porte e escopo são uma grande responsabilidade, em relação à qual não podemos nos dar ao luxo de errar” , admite o secretário. KPMG Business Magazine 41 Cidades do futuro Esse impulso transformador mereceu destaque na mais recente edição do estudo Infrastructure 100, publicação da KPMG International que apresenta projetos de infraestrutura de grandes metrópoles, com ênfase em inovações que ajudam a criar as cidades do futuro, locais onde as pessoas querem viver e fazer negócios. A publicação apresenta a linha 4-amarela do Metrô como um case de sucesso de projetos realizados em parcerias público-privadas. E destaca os esforços do Governo do Estado no gerenciamento simultâneo de várias obras metroferroviárias. “É um grande desafio entregar essas obras ao mesmo tempo” , analisa o secretário Jurandir Fernandes. Segundo ele, projetos de transporte deste porte e escopo 42 KPMG Business Magazine criam vários desafios. “Tivemos de buscar diferentes opções de financiamento para levantar o capital necessário para executar as obras simultaneamente” , esclarece Fernandes. “Em última análise, metade dos financiamentos virá de financiadores multilaterais, como o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento. A outra metade consistirá de investimentos diretos do Governo e de PPPs” , diz. A crescente reputação do Brasil como mercado seguro e confiável para investimentos em infraestrutura contou pontos para o sucesso da empreitada. Mas Fernandes também avalia que o Governo do Estado acertou ao criar uma estratégia de transportes de longo prazo, de modo a maximizar a estabilidade e reduzir incertezas. “Acreditamos que o Brasil, e São Paulo em particular, oferece a investidores estrangeiros uma grande oportunidade de participar de obras de infraestrutura em um contexto de país em desenvolvimento” , afirma o secretário, que identifica outro grande desafio na execução dos projetos. A capacidade interna do país está no limite, empregada nas várias obras para que o Brasil sedie a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. “Sentimos falta de engenheiros e designers de projetos com as habilidades necessárias para atender à demanda. Como resultado, tivemos de aumentar nossa capacidade contratando consultores e profissionais especialistas de outros países” , conclui. Jurandir Fernandes KPMG Business Magazine 43