Periapicopatias: busca a compreensao do s
fen~menos clinico-patologicos
Jose Ferreira de Menezes Filh o
Rosana Mara Giordano de Barro s
Anisio Lima da Silv a
Victor Fernande z
SINOPSE
Os autores realizaram revisao da Literatura corn relacao a prevalencia dos diversos tipos de lesoes . Incluem levantamento realizado no Laboratbrio de Histopatologia da UFMS . Como conclusao, apresentam
uma proposta de compatibilizacao e entendiment o
entre o diagnbstico clinico e o histopatolbgico .
SUMMAR Y
The authors made some brief clinical consideration s
on periapical lesions from pulp origin as well as a literature review regarding to microbyologic aspects .
Afterwards they discuss the evolution of the periapical inflammatory process and its clinical and Histopathological correlation, pointing out the necessity
of a perfect integration and mutual comprehensio n
between the terms which generalists and oral pathologists should to be used to .
Introducao
Todo processo inflamatorio instalado na polpa dental tende
em algum momento ou a qualquer momento estender-se ao ligamento periodontal, particularmente a sua porcao periapical .
Esta extensao, independe da presenca ou lido de microorganismos nos tecidos periapicais, alias, a maioria dos trabalhos d e
pesquisa, visando obter culturas positivas nos processor inflama torios do periapice, comprovam que a presenca eventual de microorganismos nestes tecidos pode ser atribuida principalmente a
iatrogenia profissional ou a microorganismos residentes .
JOSE FERREIRA DE MENEZES FILHO
Patologista e Endodontista da UFMS
ROSANA MARA GIORDANO D E
BARROS
Patologista e Odontopediatra da UFMS
ANISIO LIMA DA SILV A
Patologista de Radiologista da UFMS
VICTOR FERNANDEZ
Endodontista (Republica de Puert o
Rico)
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Revisao de literatur a
Microbiologia
FISH (1939) implantou fragmentos de algodao contaminados corn S . Aureus, S . Haemoliticos e S . Viridans em mandibulas de cobaias . Em todos os casos, a infeccao permaneceu
localizada, tanto nos casos de infeccao corn cepas altamente vi -
rulentas e invasivas de S . Haemoliticos, como na infecao causada por cepas atenuadas de Stafilococos . Ele demonstrou qu e
a infeccao confinava-se ao tecido necrotico e nao as celulas vi vas vizinhas do tecido Osseo .
GROSSMAN (1959) realizou uma pesquisa bacteriolOgic a
no periapice de 150 dentes infectados . Obteve dados confiavei s
em 109 casos, dos quais 85,3% apresentaram cultura negativa .
0 percentual restante que apresentou cultura positiva, segund o
ele, pode ser atribuido a introducao mecanica de microorganismos atraves da instrumentacao do canal ou a microorganismo s
residentes .
SHINDELL (1961) realizou tambem estudo a fim de deter minar a frequencia de culturas positivas a partir de material periapical . Em 63 casos estudados, encontraram-se somente 3
culturas positivas, em virtude do que concluiu que a maiori a
das areas periapicais apresentam-se estereis e que, os pouco s
casos positivos podem ser considerados como de pouco signifi cado estatistico .
Outros estudos conduzidos por MELVILLE e BIRC H
(1967), LANGE LAND (1977), tambem chegaram a resultado s
semelhantes, o que nos autoriza a considerar a inflamacao periapical de origem pulpar, como uma resposta inflamatoria d e
carater secundario a infeccao da polpa e, possivelmente, comandada pelos antigens celulares e bacterianos que emana m
do tecido pulpar degenerado ou necrosado pela acao nociva d e
agentes agressores fisicos, quimicos ou biolOgicos .
Prevalencia
0 estudo de 118 lesoes periapicais, provenientes da Policlinica do Hospital Universitario da Fundacao Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, revelou 47% de granulomas sim ples, 32% de granulomas em face de transformacao cistica ,
20% de cistos e 1% de cicatriz fibrosa . Esse aspecto nos parec e
muito mais dependente da conduta clinica adotada pelos endo dontistas e cirurgioes de cada servico frente as lesoes periapicais detectadas, do que propriamente frequencia desta ou daquela patologia .
ODONTO 15
CADERNO DOCUMENTO
VOLUME 3
N° 2
PRIEBE e colaboradores (1954) desenvolveram pesquis a
sobre o valor do exame radiografico no diagnostico diferencia l
das periapicopatias . Este estudo envolveu o exame radiografico de 101 lesoes e seu gran de correlacao corn os achados microscopicos .
Os resultados demonstraram ampla discordancia entre o diag nostico clinico-radiografico, com os achados microsc6picos .
Objetivando os mesmos alvos, varios pesquisadores, com o
WAIS (1958), SMITH (1958), executaram estudos semelhantes, todos chegando a conclusao similar a de Priebe .
Corn o objetivo de determinar qual a patologia mais frequente no periapice, muitos estudos tern sido realizados . Patterson e colaboradores (1964), estudando 501 especimes cirbrgicos em dentes endodonticamente tratados, encontrou 84% d e
granulomas, 74% de cistos e 2% de outros lesoes .
LINENBERG (1964) encontrou, em 110 pews cirtirgicas
de periapice, 28% de cistos, 68% de granulosas, 5,4% de abscessos cronicos e 4,5% de periadontites apicais agudas . Neste
estudo, uma coincideencia de diagnosticos clinicos como histopatologicos ocorreu em 60% dos casos .
Talvez o estudo mais amplo seja o de BHASKAR (1966 a
1967), feito em 2 .308 lesoes periapicais . Seus resultados foram : granulomas, 48% ; cistos residuais, 4%, cicatriz fibrosa,
2,5% ; corpo estranho, 1% ; cementona, 1,5% ; colesteatoma,
1% ; abscesso cronico, 1% e cistos, 42% .
Em relacao ao diagnostico diferencial das periapicopatias ,
infere-se que, dos estudos conduzidos por todos os pesquisadores, podera considerar-se que o diagnOstico clinico-radiografico nao a seguro no estabelecimento de uma conduta clini ca definitiva frente as lesoes radioluscentes na regiao periapical . No que tange aos dados estatfsticos como auxflio a determinar se os cistos sao mais frequentes que os granulomas, o u
vice-versa, tambem existenv dados conflitantes, bastando que
se comparem os dados de Linenberg frente aos de Bhasker .
Diagnostico clinico x histopatologico
As patologias que afetam o ligamento periodontal em sua re giao apical, corn origem autenticamente odontogena sao, segun do BHASKAR (1969), Granuloma dental, Cisto radicular, Abs cesso dento-alveolar, Cicatriz fibrosa, Colesteatoma e Cisto re sidual . SHAEEER (1964) insere tambem a osteomielite nas pa tologias periapicais, alem de fazer referencia a pericementite .
Procurando ordenar estas patologias para fins da present e
discussao, consideraremos as seguintes lesoes clinicas, com o
integrantes da proposta de compatibilizacao e correlacao entre
o clinico e o patologista: pericementite aguda, pericementit e
cronica, abscesso dente-alveolar agudo, abscesso dento-alveolar cronico, granuloma periapical e cisto periapical .
Contrariando BHASKAR (1969), nao consideraremos a cicatriz fibrosa uma patologia periapical . A mesma representa,
ODONTO 15 CADERNO DOCUMENTO VOLUME 3 N° 2
segundo Menezes e colaboradores (1983), um processo de cicatrizacao perfeitamente conhecido, o da segunda intencao ,
que ocorre em qualquer parte do organismo atraves da substi tuicao conjuntiva .
Da mesma forma, nao discutiremos a osteomielite com o
patologia periapical, pois a mesma quando ocorre nesta regiao ,
e resultante de extensao ou complicacao de processos inflamatorios periapicais anteriormente considerados .
Diante do exposto, nossas consideracoes a partir deste pon to dirigem-se ao estudo da fisiopatologia e da histopatologi a
das lesoes clinicas periapicais, estabelecendo sua estreita correlacao.
Entendendo que as lesoes periapicais apresentam-se ao exa me histopatalogico como processos inflamatorios evolutivos ,
cujo estudo sequenciado mostra apenas modificacoes morfolo gicas e fisiopatologicas a partir da lesao inicial, cuja caracteristica principal clinica e o de uma pericementite aguda ou algumas vezes cronicas, teremos estabelecido o primeiro cana l
de entendimento clinico-patologico . Isto quer dizer, que o abs cesso dento-alveolar agudo ou cronico, e da mesma forma u m
granuloma ou urn cisto periapical, nao se desenvolvem com o
entidades isoladas mas, ao contrario, representam momento s
clinico-patologicos do processo inflamatorio que se estende u
da polpa infeccionada, degenerada ou necrosada, ao periodon to apical, sob a forma inicial de uma pericementite .
0 segundo canal de entendimento estabelece-se no momen to em que se compreenda, que a luz do exame histopatalogico ,
a pea cirurgica a ser descrita e classificada pelo patologist a
originou-se do periodonto apical e que desta forma, ao se encontrar ali um processo inflamatorio, este em princfpio dever a
ser denominado de "periodontite", podendo ainda acrescentar
se o termo "apical" de acordo com a informaccro clinica previa.
Como afirmamos anteriormente que as inflamacoes periapi cais podem se apresentar sob diversos momentos evolutivos e
que estes resultam em alteracoes morfologicas teciduais, e d e
se compreender que as "periodontites apicais" podem apresen tar ao exame histopatologico, fases descritivas que varia m
desde aguda serosa, cronica, aguda abscedada ou supurativa,
cronica abscedada ou supurativo, cronica gramulomatosa, at e
cronica cfstica . Estas fases do mesmo processo correspondem
as alteracoes fisiopatologicas e clinicas que deram origem a s
denominacoes, respectivamente de pericementite aguda, pericementite cronica, abscesso dento-alveolar agudo, abscess o
dento- alveolar cronico, granuloma e cisto periapicais .
Conclusao
Diante da exposicao ora explicitada em que se mostra a
exata correlacao entre os momentos clinicos e histopatologicos das lesoes inflamatorias periapicais de origem pulpar,
acreditamos na possibilidade de compatibilizar os diagnostico s
29
destas patologias, de tal forma que o clinico e o patologista entendam, que sua linguagem, embora diferente possuem significado ide"ntico .
nao podera desprezar os fundamentos cientificos sob os quais repousa a melhoria da saude bucal da populacao brasileira .
Referencias bibliograficas
Correlagao clinico-patologica
Diagnostico clinico
Pericementite aguda
Diagnostico histopatologico
-
Periodontite apical aguda seros a
Pericementite cronica
Abscesso dento-alveolar agudo
Abscesso dento-alveolar cronico
Periodontite apical cronica
=
Periodontite apical aguda abscedada
Periodontite apical cronica abscedad a
Granuloma Periapical
Periodontite apical cronica granulomatos a
Cisto Periapical cistica
Periodontite apical cronica
Merece consideracao especial o fato de o granuloma (Periodontite Apical cronico granulomatosa) e o cisto (periodontite Apical cronica cistica) poderem em algum momento, sofrerem modificacao fisiopatologica, tais que venham a se obscedar, fato que justifica naquele momento denominacoes de granuloma ou de cisto abscedados .
0 presente trabalho nao tern a pretensao de esgotar a discussao sobre a materia, tao importante nas relacoes interdisciplinares da clinica e da patologia bucal, cujo desenvolvimento tecnico
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ODONTO 15 CADERNO DOCUMENTO VOLUME 3 N° 2
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