A OBRIGATORIEDADE DO ENSINO DE LÍNGUA ESPANHOLA NA REGIÃO DE
FRONTEIRA E A OPÇÃO DA MAIORIA DOS ALUNOS NA HORA DA ESCOLHA DA
LÍNGUA ESTRANGEIRA NAS PROVAS DE VESTIBULARES
Andréia dos Santos FERNANDES1 (FINON)
Profª. MSc. Camila MENEZES2 (FINON)
RESUMO: A pesquisa apresentada tem como ponto principal a análise da Lei n° 11.611/2005 que
trata da implantação da Língua Espanhola como componente obrigatório no Ensino Médio das
escolas de fronteiras com países de falas hispânicas. Contou com pesquisa de campo realizada em
dezembro de 2010, com alunos que fizeram as provas do ENEN 2010. Como base bibliográfica a
obra organizada por SEDYCIAS; FERNÁNDEZ, ainda com conceitos de HIMES, sobre a
etnografia, e questões referentes à língua. Todos os entrevistados disseram ter escolhido o espanhol
como opção de língua estrangeira, optou por esta, por julgarem ser mais fácil na hora da
compreensão leitora e gramatical. E isso se deve a vários fatores como, por exemplo, morarem em
região de fronteira. 80% disseram que a proximidade das cidades facilita o aprendizado de uma
segunda língua.
PALAVRAS-CHAVE: Fronteira. Línguas. Ensino. Lei nº 11.161/2005.
Introdução
É comum nas cidades de fronteira uma grande mistura de alunos, muitos vindos do país vizinho,
mas que estudam nas escolas do Brasil. Quando nos referimos à fronteira, vamos nos situar nas
cidades de Paranhos, MS – Brasil e Ypê Jhú – Paraguai, cidades ligadas apenas por uma via,
conhecida por Internacional.
Pessoas dessa região moram e trabalham mutuamente dos dois lados da fronteira, é comum
brasileiros que trabalham nas fazendas da região de Ypê Jhú, como também as mulheres de lá virem
trabalhar nas casas de brasileiros, ultimamente é visível a migração até de pessoas ligadas à
construção civil, prestando serviços para a população de Paranhos.
Com essas idas e vindas a população de ambos os países convivem harmonicamente, isso fica muito
mais evidente nas escolas, pois pais brasiguaios3 preferem registrar seus filhos no Brasil, para que
tenham direito ao estudo e assistência social, política precária no país vizinho. Então é comum
como educadores encontrarmos alunos que falam duas e até três línguas nas salas de aulas das
escolas de Paranhos.
Geralmente quando as crianças começam sua vida escolar por volta dos cinco/seis anos, ficam mais
na companhia da mãe ou pessoas da família, e é com estes que aprendem a língua vernácula, que no
caso das regiões de fronteiras com o Paraguai podem ser tanto o Espanhol como o Guarani. São
comuns também pessoas que moram no lado brasileiro da fronteira cultivar o hábito de falar como
1
Andréia dos Santos Fernandes, professora de Língua Espanhola na rede Estadual e Municipal no município de
Paranhos – MS. Pós Graduanda no curso de, O Ensino de Língua Espanhola pela Faculdade do Noroeste de Minas –
FINON. [email protected].
2
Profª. MCs. Camila Menezes, professora e orientadora de monografias do curso, O Ensino de Língua Espanhola na
Faculdade do Noroeste de Minas – FINON. [email protected]
2–
Brasileiros casados com paraguaias, ou vice – e – verso. (GN - grifo nosso)
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língua materna o guarani e/ou espanhol entre os familiares, e somente com estranhos arriscam um
portunhol4. Diante disso muitos de nossos alunos da educação primária vêm para as escolas do
Brasil falando quase nada em Português e muitos deles aprendem esta língua na escola com os
colegas de sala e com a professora.
Em muitos casos os alunos com língua materna sendo outra que não a Portuguesa, apresentam
várias dificuldades de aprendizado, por não dominar a língua. Com o passar do tempo eles
aprendem, mas sempre apresentando um grau de dificuldade maior que alunos legitimamente
brasileiros, ou seja, que não tiveram influências de outras línguas.
Como parte do currículo obrigatório para a educação fundamental, a partir do 6º ano, é incluída na
grade escolar uma língua estrangeira, que geralmente é o Inglês. Pensando nisso, podemos entender
porque muitos deles desistem da escola ou não apresentam o rendimento esperado. Mas está longe
de ser um problema de fácil resolução, porque quando estes alunos terminarem o 9º ano, última
série do ensino fundamental, mas uma vez passarão por uma nova prova de adaptação.
De acordo com a Lei n° 11.161/2005, passa a ser obrigatório o ensino da Língua Espanhola nas
escolas que oferecem Ensino Médio, principalmente para cidades de região de fronteiras com países
de língua espanhola. Agora o Espanhol não mais figura como língua materna, mas sim como
componente obrigatório da grade escolar, e ao aluno é colocado o direito de escolha, mas a escola é
obrigada a oferecer.
Analisando a situação da Escola Estadual Santiago Benites, a única que oferece Ensino Médio na
cidade de Paranhos - MS, a maioria dos alunos optou pela Língua Espanhola como sendo parte
permanente do currículo e o Inglês como facultativo. Diante de tais afirmações, o foco de estudo
deste trabalho será responder às questões colocadas em discussão: por que a maioria dos alunos
desta escola escolheu o Espanhol como LE (Língua Estrangeira) e por que a maioria opta por esta
língua na hora das temidas provas.
Serão expostas algumas considerações de pesquisadores que discutem o ensino da LE e sua
contribuição para uma comunicação de competência, usando conceitos da “Etnografia da
comunicação, que tem por objetivo o estudo e a descrição dos povos, língua, raça, cultura e
religião”, seguindo conceitos de Hymes (1991). É sabido também que, quando se tem como objeto
de pesquisa “o povo” para uma fundamentação coerente não se pode deixar de lado seu modo de
vida e sua organização social, como forma de manifestação de cultura que a qualquer tempo devem
ser levados em conta e respeitados como parte do objeto de estudo.
São objetivos desta pesquisa: investigar a aceitação da língua espanhola como componente
obrigatório da grade escolar no Ensino Médio na escola Santiago Benites, no município de
Paranhos – MS, cidade que faz fronteira com Ypê – Jhú – Paraguai e conscientizar da importância
desta língua, não apenas como parte obrigatória do currículo escolar, mas também como uma língua
de integração e cultura.
Será levada em consideração que a língua espanhola é a terceira língua mais falada em todo o
mundo, língua românica de fácil aceitação em vários países. É de suma importância a
conscientização da língua espanhola como parte do currículo para alunos do ensino médio, e
futuramente também no ensino fundamental, pois as escolas de fronteiras convivem há muitos anos
4
- Mistura de português com espanhol na hora da fala. (GN)
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com o bilinguísmo. Bilinguísmo este que muitas vezes é informal, apresentado por alunos vindos do
país vizinho, e vários deles moram e convivem com pessoas bilíngues.
E para ter este convívio com pessoas bilíngues nem precisam ir muito além das fronteiras, porque a
maioria deles tem este acesso dentro de suas casas, pois seus pais falam não só o espanhol, mas
também o guarani, na maioria dos casos. Além do bilinguismo, há de se considerar o trilinguísmo e
outros fenômenos de comunicação, pois além do espanhol e guarani que trazem de herança cultural
e familiar, há ainda a língua oficial brasileira, o Português, que muitos só aprimoram quando vem
estudar nas escolas brasileiras.
O desenvolvimento desta pesquisa se deu através de pesquisas bibliográficas com obras
relacionadas ao ensino da LE. PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais) que regulamenta o ensino
de língua estrangeira, além de um estudo aprofundado na Lei nº 11.161/2005, que torna obrigatório
o ensino da Língua Espanhola nas escolas de Ensino Médio, no Sistema Estadual de Ensino de
Mato Grosso do Sul.
A pesquisa de campo contou como público, alunos cursando o 3º ano do ensino médio, a fim de
colher informações sobre a opção da língua estrangeira no Ensino Médio, em especial a opção da
LE para o ENEN (Exame Nacional do Ensino Médio) ano 2010.
Desenvolvimento
1. História do Ensino da Língua Espanhola no Brasil
Nos últimos cem anos a Espanha influenciou o Brasil devido a imigrações, fato que coincide com a
troca da mão de obra escrava assalariada, nos territórios ao sul e sudeste próximos a países
hispanos, o que contribuiu com o desenvolvimento da língua espanhola. Já o primeiro contato da
língua espanhola em terras brasileiras se deu às viagens exploratórias realizadas por Cristovão
Colombo em busca de conhecer novas terras assessorando os reis da Espanha no tratado de
Tordesilhas, citado por Fernández:
Puesto a rastrear la presencia del español en Brasil, podríamos referirnos a los
viajes exploratorios que el propio Cristóbal Colón realizó entre 1494 y 1945 por la
costa de Sudamérica, para asesorar a los reyes de España respecto a la
demarcación establecida por el Tratado de Tordesillas5 (2005, p.17).
Em relação ao ensino da língua espanhola como LE nas escolas públicas e privadas, a impressão
que se tem é a de que este idioma ocupou pouco ou nenhum espaço no ensino-aprendizagem dos
últimos 15 anos, pois a prioridade era dada ao inglês, francês e alemão. O ensino de língua
estrangeira no currículo do Ensino Médio foi iniciado pela Reforma de Capanema, de 1942, que
colocou o ensino de Língua Espanhola no currículo da escola pública brasileira.
Com a promulgação da LDB (Leis de Diretrizes e Bases) de 1961, houve uma diminuição visível
das ofertas de Espanhol, compensadas pelo surgimento de outras línguas estrangeiras como o
Italiano, o Alemão e até o Japonês. Já em 1996, com a promulgação da nova LDB, houve a
implantação do ensino obrigatório de uma língua estrangeira moderna no currículo do Ensino
Médio.
5
- Se fossemos rastrear a presença do espanhol no Brasil, poderíamos nos referir as viagens exploratórias que o próprio
Cristovão Colombo realizou entre 1494 e 1945 pela costa Sul da América, assessorando os reis da Espanha, a respeito
da delimitação estabelecida pelo Tratado de Tordesilhas. (GN)
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Ainda segundo a LDB 9394/96, a escolha dessa língua seria feita pela comunidade escolar. A maior
parte das comunidades educativas optou pelo ensino da Língua Inglesa, por ser durante muito
tempo o idioma mais falado no mundo comercial. A Língua Espanhola assumia, então, o segundo
lugar como língua escolhida para o ensino optativo.
Após a implantação da Lei 11.161 do dia 5 de agosto de 2005, tornando o ensino do Espanhol
obrigatório no ensino médio, várias medidas foram tomadas. O MEC prometeu apoio absoluto aos
Estados, como a capacitação de professores e distribuição de material didático. Que na verdade não
alcançou a todos.
Segundo pesquisa realizada pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC), o ensino do espanhol
como língua estrangeira, estará presente em 11 estados, os quais fazem fronteira com países que
falam a língua em destaque. Sendo eles: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso,
Mato Grosso do Sul, Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Amapá e Pará. (MEC, 2005)
Com tantos Estados para atender, os materiais didáticos não foram o suficiente, pois algumas
escolas que já estavam oferecendo o espanhol como língua estrangeira foram privilegiadas, outras
que ainda estavam em processo de implantação da língua, não tiveram acesso ao material. Podemos
usar como exemplo a escola Estadual em estudo, Santiago Benites no Sul do Estado de Mato
Grosso do Sul, que mesmo depois de cinco anos da implantação da lei, pouca atenção tem recebido
do MEC, no quesito material didático, e tampouco capacitação de professores para atuar com a
LE/Espanhol.
2. A importância de estudar a Língua Espanhola no Ensino Médio
A posição que a língua espanhola ocupa no mundo hoje é de tal importância que
quem decidir ignorá-la não poderá fazê-lo sem correr o risco de perder muitas
oportunidades de cunho comercial, econômico, cultural, acadêmico ou pessoal
(SEDYCIAS, 2005, p. 36).
Ensinar e aprender não se trata só de transmitir e receber conteúdos específicos, a aprendizagem de
uma língua estrangeira como um mecanismo de cultura é um processo complexo que precisa de
uma atenção especial para que tenha um resultado satisfatório. Não se pode negar uma língua nem
uma cultura, pois ambas são sinônimo de evolução, pois tais evoluções transformam olhares, vidas
e até um país.
Com a criação do MERCOSUL (Mercado Comum do Sul), a língua espanhola ganhou mais
destaque, provocando até sua inclusão nos currículos escolares do Brasil.
Se trata de la aplicación de un protocolo de intenciones firmado el 13 de diciembre
de 1991 entre los Ministros de Educación del Mercosur, por el cual se
comprometen a implantar la enseñanza del portugués y del español en las
instituciones de los diferentes niveles y especialidades de los respectivos sistemas
educativos6 (FERNÁNDEZ, 2005, p.23).
O MERCOSUL foi criado em 26/03/1991 com a assinatura do Tratado de Assunção no Paraguai.
Os membros deste importante bloco econômico da América do Sul são os seguintes países:
Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela, além de vários outros países associados, que
6
- Esta é a implementação de um protocolo de intenções assinado em 13 de dezembro de 1991 entre os ministros da
Educação do Mercosul, que se comprometem a implementar o ensino do Português e espanhol nas instituições de
diferentes níveis e especialidades sistema educacional. (fonte: google tradutor)
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juntos formam uma única zona comercial e econômica, com interesses afins. Entretanto, com o
advento do MERCOSUL, a aquisição da língua espanhola e da portuguesa passou a ter mais
importância no bloco sul-americano, o Tratado de Assunção exige que as pessoas de origem
hispânica se expressem em português e que os brasileiros se expressam em castelhano, tornando a
língua um fator em comum.
O MERCOSUL se tornou uma abertura para negociações fartas e bem sucedidas. Já que os países
associados falam línguas em comum, todos podem e devem se expressar em suas línguas maternas
que serão bem compreendidos e vice-versa.
Com essa medida todos os países envolvidos neste acordo saíram ganhando, pois ficou mais fácil
exportar e importar produtos, as questões burocráticas menos demoradas e as negociações mais
ágeis, como afirma Fernández:
El Mercado Común del Sur (MERCOSUR), al que pertenecen Argentina,
Paraguay, Venezuela y Uruguay, además de Brasil, se creó con la firma del
Tratado de Asunción y hasta ahora ha servido principalmente de instrumento para
el desarrollo de una unión aduanera7 (2005, p. 19).
O espanhol é a língua oficial de quatro deles, portanto, se alguém sair do Brasil para comprar em
um desses mercados poderá comunicar-se em português, assim como se alguém dos outros países
vier comprar no mercado brasileiro poderá falar seu próprio idioma, ou seja, os brasileiros terão que
comunicar-se com eles em espanhol. Assim, o ensino da língua espanhola no Ensino Médio é
fundamental para que o aluno saia da escola preparado para o mercado de trabalho abrangente e
bilíngue como afirma Sedycias (2005): “Se quisermos comprar algo dos nossos vizinhos sulamericanos, poderemos certamente usar o português. Porém, se quisermos que eles comprem os
nossos produtos, teremos que falar a línguas deles (p.39).
Fica bem claro neste trecho, onde Sedycias afirma que, precisamos saber a língua dos países com
quem estamos mantendo contato e principalmente se temos negócios com eles. Pensamos no
principio lógico e defendido por muitos pesquisadores em língua e linguagem; onde não importa
sua origem a pessoa sempre vai se sentir mais a vontade e confiante para realizar qualquer tipo de
negócio se ela poder se expressar em sua língua materna. Mesmo quando esta domina vários
idiomas, sempre a preferência pela língua vernácula irá prevalecer na hora da comunicação. Por
estes e outros motivos, o Brasil só tem a ganhar com a implantação da Lei nº 11.161/2005, pois faz
fronteira em vários pontos de sua extensão com países de língua hispânica. E com a implantação da
lei as escolas brasileiras começaram a ensinar está língua como disciplina obrigatória; fazendo com
que o aluno domine-a, mesmo que parcialmente. O que futuramente só vem a somar com o
desenvolvimento do país, principalmente no quesito importação e exportação envolvendo países do
MERCOSUR e associados.
O espanhol, por ser o terceiro idioma mais falado no mundo, torna-se fundamental para o sucesso,
pois o mercado de trabalho está cada vez mais exigente, havendo necessidade da aquisição e da
utilização de uma língua estrangeira moderna, a qual amplia a capacidade do indivíduo e os
vínculos profissionais. Assim, na escola, na indústria, no comércio, no mundo dos negócios, a
língua espanhola torna-se indispensável para um melhor resultado profissional.
7
- O Mercado Comum do Sul (Mercosul), cujos membros são Argentina, Paraguai, Venezuela e Uruguai, além do
Brasil, foi criado com a assinatura do Tratado de Assunção e até agora tem servido principalmente como ferramenta
para o desenvolvimento de uma união aduaneira. (fonte: google tradutor)
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O espanhol tornou-se também a segunda língua mais procurada no país, logo após o inglês,
deixando para trás o francês e o alemão. Uma comprovação disso é o aumento da opção pelo
espanhol nas provas de concursos públicos e vestibulares (FERNÁNDEZ, p.23).
É de especial importância saber uma segunda língua, pois amplia as possibilidades de se agir
discursivamente no mundo, sendo capaz de comunicar-se não apenas com a língua materna, mas
também com uma língua estrangeira. Neste caso, a segunda língua seria uma experiência a mais de
vida, o espanhol seria a ideal como afirma Sedycias (2005): “Depois do inglês, o espanhol é a
segunda língua mais usada no comércio internacional, especialmente no eixo que liga a América do
Norte, Central e do Sul” (p.36).
Ao falar o espanhol o indivíduo pode comunicar-se com quase 500 milhões de pessoas no mundo
todo, isso significa que poderá contar com um maior número de possibilidades no mercado de
trabalho. O espanhol é falado hoje, na América, na Europa, na Ásia e na África, isso significa que
ele está presente nos quatro continentes. Seria uma falta de bom senso o Brasil como país
emergente e sétima economia do mundo ficar fora desta inovação. Porque além da aquisição de uma
segunda ou terceira língua para poucos, o Brasil vem sendo citado em vários meios de imprensa
como país que investe em educação, mesmo sendo esta uma média verdade, mas é assim que ele
deseja que o mercado internacional o veja.
3. Análise das entrevistas realizadas com alunos do Ensino Médio
Como se previa anteriormente várias teorias foram confirmadas no decorrer da pesquisa. Foram
entrevistados 20 informantes todos concluintes do Ensino Médio ano 2010 com (12) doze
perguntas, que foram respondidas com questões de múltiplas escolhas, algumas respostas foram
tabuladas em gráficos para melhor visualização. A análise fixou-se em apenas 7 (sete) das questões
respondidas pelos alunos, por melhor se encaixarem como ilustrações do trabalho em discussão.
Dentre elas perguntamos aos alunos; Onde você mora? Paranhos – Brasil ou Ypê Jhú – Paraguai?
Pode-se observar os dados tabulados no gráfico n.º 01. Na sequencia observa-se os dados do gráfico
n.º 02, onde se pergunta sobre a proximidade das duas cidades.
Gráfico 01: Residência dos informantes
Gráfico 02: Proximidade das duas cidades
A proximidade das duas cidades Ypê
Jhú - Paraguai e Paranhos - Brasil em
relação ao aprendizado?
Onde você mora?
10%
20%
Brasil
Facilita
Dificulta
Paraguai
80%
90%
Fonte: Entrevista realizada em 2010
Fonte: Entrevista realizada em 2010
Analisando o gráfico nº 01, observa-se que os informantes relataram quase em sua totalidade que
residem no lado brasileiro da fronteira, o que na informalidade nem sempre condiz com a realidade,
pois muitos moram no lado paraguaio da fronteira, mas nem sempre podem admitir, pois perderiam
os benefícios de brasileiros, não referindo apena à escola como vários outros programas dos
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governos, como bolsa escola, bolsa família, PETI entre outros. Quando são indagados sobre a
proximidade das duas cidades, disseram que este fator facilita na hora do aprendizado, por morarem
na fronteira, sempre estão em contato com a língua espanhola/castelhano.
Gráfico 03: Por que é importante estudar espanhol.
Gráfico 04: Opção no ENEM
Por quê é importante estudar espanhol nos dias
de hoje?
25%
60%
15%
Qual foi sua opção de
língua estrangeira, no
ENEM?
É importante saber mais
uma língua, como
mecanismo de cultura
Porque moramos na
fronteira;
0%
Espanho
l
Para se preparar para o
mercado de trabalho
Fonte: Entrevista realizada em 2010
Inglês
100%
Fonte: Entrevista realizada em 2010
No gráfico nº 03 observam-se os números apresentados pelos alunos em relação à importância de
estudar o espanhol, as opiniões foram bem variadas, mas a que mais prevaleceu com 60% das
respostas foi à qualificação para o mercado de trabalho, mesmo que ainda em fase inicial este
julgamento elucida nossa colocação inicial sobre a importância de estudar o espanhol em escola
pública, sobe forma de ganho intelectual e profissional. Ao lado direito, no gráfico nº 04 observarse a totalidade de 100% dos alunos que fizeram o ENEM 2010, disseram que sua opção de língua
estrangeira foi a Língua Espanhola. Fato que se torna muito curioso, pois no questionário
respondido por eles, disseram que, na maioria de sua vida escolar estudaram o inglês como língua
estrangeira ofertada nas escolas por onde passaram, mesmo assim optaram pelo Espanhol na hora
das provas. Esse fato se dá principalmente pela forma como é ensinada as línguas estrangeiras em
escolas públicas, como por exemplo, a carga horária, que geralmente vária muito até de município
para município e sempre insuficiente para trabalhar com o aluno tudo que se pede no referencial de
conteúdos proposto pelo MEC.
Para a próxima pergunta: Das cinco questões de língua estrangeira na prova do ENEM, quantas
você acertou? Houve vários níveis de respostas e segue tabulado de acordo com os números de
acertos e suas respectivas porcentagens, como podemos observar no gráfico n.º 05.
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Gráfico 05: Questões acertadas pelos alunos.
Das 5 questões, quantas você acertou na prova do ENEN/2010?
0%
15%
20%
2 acertos
5%
1 acertos
3 acertos
4 acertos
30%
30%
5 acertos
Fonte: Entrevista realizada em 2010
Percebe-se que, (um aluno) teve 1 acerto = 5% dos alunos; (três alunos) fizeram 2 acertos = 15%; (6
alunos) tiveram 3 acertos = 30%; (6 alunos) também com 4 acertos somando 30% e ( 4 alunos) com
5 acertos totalizando 20% dos alunos. Percebe-se que embora seja o primeiro ano que a maioria dos
alunos estudaram o espanhol como língua estrangeira, o índice de acerto na temida prova do ENEM
2010 foi relativamente bom. Pois apenas 5% dos alunos acertaram apenas uma das questões, e na
faixa de bom a ótimo que seria de 4 a 5 acertos somam uma porcentagem de 50% dos alunos, sem
mencionar a faixa média que soma mais 30%. Perfazendo um percentual de 80% de médio a ótimo
no nível de aproveitamento.
Aos alunos também foi perguntado o que eles acharam do nível da prova do ENEM, e poderiam
responder com fácil ou difícil, houve um percentual de 45% para difícil e 55% para fácil. Neste
quesito os alunos ficaram meio divididos, e cabe salientar que aqueles que acharam a prova difícil
foram também os que tiveram o menor nível de acertos na disciplina de língua estrangeira, então
cabe a estes um maior empenho nas provas de 2011.
Considerações finais
Sabe-se que muito foi feito em favor da implantação da Língua Espanhola no Brasil, mais há muito
a ser feito, principalmente nas políticas relacionadas ao MEC. Várias foram as promessas, mas
pouco se fez de concreto. Os materiais didáticos não chegaram a todos os estados por completo e
ainda faltam muitos professores habilitados na área. O Brasil como país emergente tem cumprido
com sua parte no protocolo assinado 1991, mas as informações sobre os demais países estão
demoradas.
Os alunos entrevistados da escola Santiago Benites muito contribuíram para a o sucesso deste
artigo, pois eles foram monitorados e indagados sobre o ensino da Língua Espanhola como
componente obrigatório no currículo do ensino médio. Com o passar dos meses e com a integração
com a disciplina em questão os alunos aprenderam a ver com bons olhos a medida governamental
de obrigar cidades de fronteiras a ensinar - lá como tal. Então começaram a respeitar a disciplina
como parte importante do currículo e principalmente como um mecanismo de conhecimento e
aquisição de cultura, seja por meio da língua falada ou pelas literaturas diversas.
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Cabe ressaltar que este é um trabalho de pesquisa limitando a uma região específica, que muitos
outros aspectos relacionados ao ensino da Língua Espanhola estão passíveis de explorações e novas
abordagens; aos pesquisadores que se habilitarem, Boa Sorte.
Referências
BRASIL. Lei nº 11.161, de 05 de agosto de 2005. Dispõe sobre o ensino da língua espanhola.
Diário Oficial da União, Brasília, DF.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio – Linguagens, Códigos e suas
Tecnologias. Brasília: MEC/SEE, 2000.
FERNÁNDEZ. M. F. El español en Brasil. In: SEDYCIAS, João. (Org.) O ensino do espanhol no
Brasil: passado, presente, futuro. 1ª ed. São Paulo: Parábola, 2005, p. 14-34.
http://portal.mec.gov.br/index.php. Notícias antigas e atuais. 2010/10.
HYMES, D.M. Communicative Competence. Oxford: Oup, 1991.
SEDYCIAS, J. (Org.) Por que os brasileiros devem aprender espanhol? O ensino do espanhol no
Brasil: passado, presente, futuro. 1ª ed. São Paulo: Parábola, 2005, p. 35-44.
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a obrigatoriedade do ensino de língua espanhola na região