RECURSOS MATERIAIS DIDÁTICOS
ALECIANE CAMARGOS
ANA CLAUDIA DOS SANTOS LIMA
NAYARA DE OLIVEIRA SOUZA
GIZELDA COSTA DA SILVA SIMONINI
Faculdade Católica de Uberlândia
Resumo: Este projeto de pesquisa foi apresentado à disciplina de Educação e História II do 5º
Período do Curso de Pedagogia Noturno da Faculdade Católica de Uberlândia, sob orientação
da Profª Gizelda Costa da Silva Simonini com o objetivo de descobrir a importância dos
materiais didáticos utilizados nas escolas do passado com função educativa e que até os dias
de hoje, mais elaborados, são presença nas salas de aula auxiliando no processo ensino
aprendizagem. Destaca-se, também nesse estudo, a importância de estimular o estudante a
partir de recursos visuais e auditivos, que com suas funções didáticas permite aos alunos
construírem melhor seus conhecimentos através de aulas que associem teoria e prática.
Propõe reconhecer algumas permanências e transformações nos materiais didáticos utilizados
ao longo da história, com base em levantamentos bibliográficos. Tal pesquisa visa orientar
docentes atuantes e em formação, sobre formas de dinamizarem suas aulas, utilizando
recursos materiais didáticos para auxiliar ao aluno na aquisição de habilidades e
competências. Sendo importante destacar que os materiais didáticos ajudam ao docente ter
uma relação mais comunicativa com os estudantes, deixando de lado o ensino com método
tradicional.
Palavras Chave: recursos; materiais; didáticos.
Introdução
A intenção deste trabalho é elencar, por meio de um breve histórico, os principais
recursos materiais pedagógicos utilizados no passado e os atuais, que em salas de aula
auxiliaram e continuam auxiliando aos professores em sua tarefa de proporcionar a construção
de conhecimentos.
Pautando-se o texto nos objetivos dos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN de
História, especificamente de uma das finalidades do ensino de História para o primeiro ciclo,
como a de levar os alunos a reconhecer algumas permanências e transformações sociais,
econômicas e culturais da escola, no eixo temático “História local e do cotidiano”.
Espera-se que as informações colhidas possam ser de grande valia aos docentes que
ainda desconheçam os vários recursos didáticos que poderiam auxiliá-los, bem como mostrar
que ao longo da história os mesmos passaram por transformações, acompanhando as
transformações da humanidade.
A conceituação de materiais didáticos ou recursos didáticos, de acordo com Freitas
(2007), são todo e qualquer recurso utilizado em um procedimento de ensino, visando
estimular e aproximar o aluno do processo ensino-aprendizagem. Desta forma, os materiais
didáticos são todos os recursos utilizados para ensinar, fazendo com que o educando se sinta
motivado em aprender.
Historicamente, segundo Rutz (2008), os primeiros recursos a ser utilizados foram
criados na pré-história. A Pedra-Lascada, por exemplo, foi o primeiro instrumento de que o
homem tem conhecimento que servia para comunicação e ensinar os recursos de
sobrevivência. Os materiais encontrados na natureza eram utilizados pelos primeiros
grupamentos humanos para transmitir conhecimento dos mais jovens, ensinando-os a
sobreviver e defender a comunidade.
Com o passar do tempo, o homem aprendeu a utilizar a ludicidade (FREITAS, 2007 p.
21) para ensinar e antes mesmo do surgimento das escolas, os primeiros brinquedos
inventados tinham função educativa. Brincando, as crianças eram preparadas para a vida
adulta, para sua subsistência e proteção. Enquanto os meninos aprendiam a tocar o rebanho
com pequenas ferramentas criadas para sua altura, as meninas recebiam bonecas – feitas de
pele de animais – que as levariam a aprender a cuidar dos filhos.
Na Antiguidade, surge a escrita, anteriormente ao texto e ao livro (PAIVA, 1997),
sendo as tabuletas de argila ou de pedra os primeiros suportes utilizados para a escrita.
Sucedendo estes materiais, veio o papiro, que foi substituído pelo pergaminho. O papel,
responsável pelas socialização das letras e, principalmente, das práticas educacionais passa a
substituir o pergaminho.
Os primeiros livros utilizados como recursos didáticos eram de uso exclusivo do
professor, que os interpretava e transmitia aos alunos o conteúdo de forma a fazê-los decorar
para aprender, desta forma, as cartilhas foram sendo inseridas no processo ensinoaprendizagem. Scheffer (1998), afirma que no Brasil as cartilhas empregadas na alfabetização
e na aprendizagem da leitura datam da época colonial. Das cartilhas descritas pelo autor,
algumas além do papel de alfabetizar, cumpriam também o papel de preparar a população
para viver em sociedade, desta forma, ensinava as noções de higiene para evitar as doenças
advindas pela falta desta.
O quadro negro, ou quadro de giz, surge então para auxiliar o professor durante a
discussão dos conteúdos, visto que durante esta etapa do aprendizado é necessária à
compreensão por meio da visualização da matéria. Freitas (2007, pág. 30) afirma que o
quadro negro é um excelente meio de comunicação e de fácil instalação, não demanda muito
tempo do planejamento, os assuntos apresentados podem ser corrigidos com mais facilidade.
A mais antiga citação sobre ele, em língua portuguesa, data do ano 1115. Em geral, o
giz é o material utilizado para a escrita, mas, atualmente, os pincéis próprios para escrever em
placas de plástico, vidro ou metal têm ganhado a preferência de professores e alunos pela
vantagem da limpeza seca, que não produz o conhecido pó de giz, vilão de inúmeros
problemas alérgicos.
Quase sempre estão disponíveis, na maioria das salas de aula, podendo o professor
passar o conteúdo trabalhado e fazendo com que os alunos consigam perceber as ideias mais
importantes que possam ser discutidas durante a aula, tornando mais fácil a participação dos
alunos.
De fato, o quadro negro é de suma importância para a transmissão de conhecimento,
mas utilizando somente este recurso, durante as aulas, pode causar desinteresse pelos alunos,
por isso, o professor deve saber organizar suas ideias no espaço oferecido pelo objeto e
utilizando uma letra que seja de fácil entendimento aos estudantes. É importante destacar a
necessidade de utilizar outros recursos didáticos para a transmissão de conhecimento.
Outro recurso são os cartazes, que Freitas (2007, pág. 36) relata ser um meio de
comunicação de massa, um recurso visual cuja finalidade é de anunciar os mais diversos tipos
de mensagens. Certamente o cartaz tem o objetivo de transmitir mensagens para os
educandos, motivando e passando alguma informação importante que precisa ser destacada.
Por meio desse recurso é possível deixar a vista de toda a sala, os conteúdos que já foram
trabalhados, fazendo com que os alunos relembrem o que aprenderam. Os cartazes devem
conter letras de vários tamanhos e espessuras para que os alunos possam entender a
mensagem que o recurso deseja transmitir. Existem várias maneiras de confeccionar um
cartaz, desde que a letra utilizada seja escolhida de forma adequada para o entendimento dos
educando, sendo simples e fácil de ser lida.
(...) uma sala de aula repleta de textos nas paredes mostra claramente que, naquele
espaço, a leitura e a escrita são valorizadas. Da mesma forma, paredes que exibem
desenhos e trabalhos dos alunos dão mostras de que sua produção é valorizada, ou
melhor, que o aluno é valorizado! (FREITAS, 2007, p. 38).
Nesta citação é possível notar que Freitas (2007) relata sobre o mural didático que é
utilizado para colocar textos e desenhos podendo ser utilizados dentro das salas de aula,
despertando interesse dos alunos com relação ao conteúdo estudado. Ajuda no processo de
construção do conhecimento, e na construção da identidade da escola, transformando a sala
em um o ambiente de comunicação dos alunos com os professores. No mural deve conter
mensagens simples e de fácil entendimento da turma, deve ter um título que chame a atenção,
deve conter várias gravuras e o texto deve explicar o que as ilustrações querem transmitir.
Para explicar sobre o álbum seriado, Freitas (2007, pág. 41) nos informa que este
recurso pode atender desde a educação infantil, ilustrando as histórias contadas, por exemplo,
até as séries finais do ensino fundamental e do ensino médio. Podemos então notar que o
álbum seriado surge com o objetivo de transmitir aos alunos o conteúdo de uma forma mais
expositiva, por meio de figuras, desenhos e textos, expondo a matéria para toda a turma
através de um objeto visível a todos, transmitindo os principais pontos do conteúdo trabalhado
de maneira progressiva e dinâmica.
O mimeógrafo foi inventado para auxiliar na agilidade de materiais impressos,
contribuindo para a reprodução de materiais didáticos utilizados pelos professores e com sua
didática, sendo um equipamento com custo baixo, pois não necessita de energia elétrica, visto
que sua versão mais popular funciona a álcool. Um protótipo da máquina de impressão
simples foi patenteada, em 8 de agosto de 1887, por Thomas Alva Edison, nos Estados
Unidos.
Sobre este recurso Freitas (2007, pág. 32) nos mostra que o mimeógrafo é um
equipamento muito comum nas escolas brasileiras graças à sua agilidade na reprodução de
materiais impressos.
Notamos que ainda nos dias atuais este material é utilizado, não com tanta freqüência
como antigamente, mas para impressão de exercícios, textos, provas, plano de aula, entre
outras atividades dos professores em suas aulas. Mas, existia uma preocupação dos
educadores com relação à utilização deste objeto, no início, que era fazer com que os alunos
compreendessem a escrita nas folhas impressas, pelo fato de serem escritas manuais. Desta
forma, tinham o cuidado de escrever com a letra cursiva, caso o professor tivesse uma letra
legível, ou letra de forma facilitando o entendimento dos educandos, sem se esquecer também
dos desenhos. O estêncil, que consiste em duas folhas que contém um carbono entre elas, é o
material onde será preparado o conteúdo a ser reproduzido.
Um dos objetos que ainda são muitos utilizados pelos educadores é o retroprojetor,
que é utilizado para manter a atenção dos alunos, gerando motivação com relação ao conteúdo
apresentado e melhor a compreensão de toda a turma. Sobre a utilização deste recurso, Freitas
(2007, p. 35) afirma que:
As transparências são um recurso visual que pode ser usado em todas as
modalidades do ensino e áreas do currículo, podendo auxiliar na introdução,
recapitulação, fixação e verificação dos conteúdos trabalhados. Facilita a
concentração, mantendo a atenção e o interesse do estudante, mediando a construção
do conhecimento.
Desta forma é necessário pensar que, para conseguir estes resultados não se pode ficar
preso somente à leitura das transparências, pensando sempre em maneiras de buscar a atenção
dos alunos sem fazer com que percam o interesse pela aula. Algumas dessas maneiras se
resumem em: utilizar sempre exemplos para justificar o que está escrito; não apresentar uma
transparência por muito tempo; apontar as informações mais importantes trazidas pelo objeto.
E outro fator importante é não se esquecer de utilizar outros recursos além do
retroprojetor para transmissão dos conteúdos. Existem algumas características desse recurso
que ajudam o professor durante suas aulas, que são: a substituição do quadro; a facilidade da
exposição do conteúdo; o interesse da turma, visto que o texto e as ilustrações conseguem
chamar a atenção dos alunos; a melhor fixação da matéria estudada e a clareza da informação
transmitida. Não se pode esquecer que as transparências devem se de fácil entendimento dos
alunos, precisando ter um título, idéias centrais para debates e letras legíveis.
O projetor de slides também é utilizado como recurso didático para auxiliar o
educador durante e suas aulas e para ajudar os alunos a compreenderem melhor a matéria
transmitida através de projeções de imagens. Um dos aspectos positivos desse recurso é que
ele estimula a concentração dos alunos. O uso dos projetores de slides demanda um gasto
maior de recursos, pois é preciso fotografar a figura ou imagem desejada em filmes e fazer o
negativo, para depois emoldurá-lo.
Existem outros materiais didáticos, sendo conhecidos como materiais audiovisuais,
que também são utilizados em sala de aula pelos docentes durante as aulas, como: o vídeo
cassete e o DVD. Por meio destes aparelhos eletrônicos é possível levar para os alunos filmes
ou vídeos que representam a matéria que está sendo estudada, para obterem maior
compreensão do conteúdo.
O computador e o data show são recursos muito utilizados nos dias atuais nas
apresentações de conteúdos. Em muitas instituições escolares o projetor de slide passa a ser
substituído pelo aparelho data show, cujas apresentações podem ser muito dinâmicas,
contendo textos, figuras e sons. Com esses fatores e possível elevar o interesse e a motivação
da turma.
Um recurso atual, que não se pode deixar de mencionar, é um dos itens modernos nas
salas de aula nos dias de hoje, a lousa digital que facilita a aprendizagem, a motivação e a
interação dos alunos com o professor e com o conteúdo que está sendo apresentado. Este
objeto se parece com uma tela de computador, de um tamanho maior que dê para os alunos
visualizarem o que está sendo apresentado no recurso. O professor pode utilizá-la para acessar
a Internet durante a aula, apresentando a matéria através de imagens em tempo real e mais
dinâmica. Sem se esquecer que o docente pode salvar suas aulas e compartilhá-las com seus
alunos. Sobre o recurso, Brunca (2010) ressalta que:
Os especialistas afirmam que a lousa digital surge como uma necessidade para
atender aos anseios dos alunos, que são imediatistas e querem informações e
resultados rápidos. Nesse contexto, é mais um instrumento para os professores, que
continuam sendo os principais protagonistas no processo de aprendizagem.
Desta maneira percebe-se que a lousa digital veio para ajudar o professor durante suas
aulas, não para substituí-lo. A mesma está presente nas escolas para despertar nos alunos mais
interesse pela educação, proporcionando-lhes um aprendizado de uma forma mais divertida,
não se prendendo a educação tradicional, onde somente o professor fala e o aluno finge que
aprendeu. É possível identificar inúmeras vantagens sobre a lousa digital, sendo elas: a
criação de imagens com mais facilidade; criação de exercícios interativos; reprodução de
vídeos e debates sobre eles, dentre outras.
Em outras épocas e não tão distantes, o rádio foi inserido como recurso didático que
possibilitava vantagens para utilização dentro de sala de aula, pois a comunicação imediata
chamava a atenção dos alunos, era de fácil acesso e sua comunicação atingia diferentes
localidades. Por questões políticas, na década de 30 o rádio foi deixando de ser um veículo
voltado para a educação, se tornando um meio de comunicação política.
Pode-se considerar que o desenvolvimento do rádio brasileiro foi freado neste
período, não “apenas por razões de ordem técnica, mas também pela turbulenta
conjuntura política”. Já na década de 30, o rádio sofre uma mudança radical com a
inserção de mensagens comerciais, onde o que era “erudito”, “educativo”,
“cultural”, passa a transformar-se em “popular”, voltando-se mais para o lazer e à
diversão. (FERREIRA, 2009).
O rádio, ainda hoje, em meio aos avanços tecnológicos é um dos recursos propostos
pelos Parâmetros Curriculares Nacionais, devendo ser trabalhado interdisciplinarmente, pois
permite de promover o debate, colaborando para a cidadania e a integração da comunidade.
Assim como o rádio, os discos de vinil foram bastante utilizados. Por meio da música
era possível trabalhar a audição dos alunos; as letras das canções possibilitavam ao educando
utilizar a imaginação, percebendo o ambiente, costumes, climas, cores mencionadas na
música. O disco podia ser tocada tantas vezes quanto fosse necessário, mas os docentes
deviam avaliar com antecedência o conteúdo da música, para saber o que trabalhar com os
alunos.
O gravador de fita magnética era um meio didático mais atraente que o rádio e o disco,
pois passava a ser uma novidade, um aspecto científico. O gravador possuía vantagens, como
ser apagado quantas vezes fossem necessárias para a informação ser registrada. O aparelho
podia ser utilizado inúmeras vezes pelo professor, podendo proporcionar oportunidades de
experiências para seus alunos.
Percebe-se, portanto, ao longo do tempo, as transformações por que passaram os
recursos materiais didáticos, do quadro negro à lousa digital, do projetor de slides para o datashow, do mimeográfo para as impressoras e máquinas copiadoras, e a cada dia, o mercado
apresenta outras inovações. Dos materiais utilizados no início do século, o quadro negro é um
recurso que continua sendo usado nos tempos atuais, principalmente nas escolas com menos
recursos financeiros, não sendo então possível ao professor escolher, mas sim utilizar bem o
recurso que tem disponível.
Por meio desta pesquisa nota-se que o material didático tem grande importância no
processo de ensino e aprendizagem, porém não se pode esquecer que esses recursos
apresentados auxiliam aos professores durante as aulas, mas não devem ser utilizados como
começo, meio e fim de um aprendizado.
10. REFERÊNCIAS
BRUNCA, L. Lousa digital aproxima conhecimento do aluno. Disponível em
<http://www.compromissocampinas.org.br/index.php/documento/784>acesso em 05/04/2011
FREITAS, O. Equipamentos e materiais didáticos. / Olga Freitas. - Brasília : Universidade
de Brasília, 2007. 132 p. ISBN: 978-85-230-0979-3
HOUAISS. Dicionário Eletrônico da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Editora Objetiva,
2001.
PAIVA, Vera Lúcia Menezes de Oliveira e. História do Material Didático UFMG / CNPq /
FAPEMIG)
PAIXÃO, Fernando. Origem do quadro Negro. Disponível em <http://
www.educacaoemdestaque.com/postquadronegro.htm> acesso em 23/03/2011
RUTZ, S. Recursos de Ensino Aprendizagem. Ensino de Física. DEFIS - UPEG. Disponível
em <http://www.ceismael.com.br/oratoria/recursos_audiovisuais.pdf> Acesso em 19/03/2011.
SCHEFFER, A. M. M.; ARAÚJO, R. C. B. F.; ARAÚJO, V. C.: Cartilhas: das Cartas ao
Livro de Alfabetização. Tese mestrado Educação pela Faculdade de Educação da
Universidade Federal de Juiz de Fora.
FERREIRA, Priscila. O rádio como recurso didático para entender os anos 30 no Brasil.
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Año 14 - Nº 136 - Septiembre
de 2009.
CONSANI, Marciel. Como usar o rádio na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2007.
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