UNIVERSIDADE ALTO VALE DO RIO DO PEIXE – UNIARP CURSO DE PEDAGOGIA ANA CLAUDIA POMPERMAIER A PRÁTICA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS E SUA CONTRIBUIÇÃO NA INTEGRAÇÃO DOS EDUCANDOS NA SOCIEDADE FRAIBURGO 2010 ANA CLAUDIA POMPERMAIER A PRÁTICA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS E SUA CONTRIBUIÇÃO NA INTEGRAÇÃO DOS EDUCANDOS NA SOCIEDADE Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência para a obtenção do título de Licenciado em Pedagogia, do Curso de Pedagogia, ministrado pela Universidade Alto Vale Rio do Peixe – Uniarp – Campus de Fraiburgo, sob orientação do professor Ms. Paulo Roberto Gonçalves. FRAIBURGO 2010 A PRÁTICA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS E SUA CONTRIBUIÇÃO NA INTEGRAÇÃO DOS EDUCANDOS NA SOCIEDADE ANA CLAUDIA POMPERMAIER Este Trabalho de Conclusão de Curso foi submetido ao processo de avaliação pela Banca Examinadora para a obtenção do Título (Grau) de: Licenciado em Pedagogia E aprovado na sua versão final em _______(data), atendendo às normas da legislação vigente da Universidade Alto Vale do Rio do Peixe – Uniarp e Coordenação do Curso de Pedagogia. _____________________________________________ Nome do Coordenador do Curso BANCA EXAMINADORA: _________________________ Nome do Presidente _________________________ Membro _________________________ Membro RESUMO Neste trabalho, o objetivo principal foi buscar junto aos educandos quais as contribuições que a Educação de Jovens e Adultos proporciona para sua vida familiar, profissional e social e, também, identificando junto aos educadores qual o método utilizado nas escolas. Através de estudos na literatura e artigos buscou-se argumentações para entender a grande importância que tem a atividade de dança para a pessoa idosa. A alfabetização não é um ato mecânico de memorização de letras, palavras, conceitos, valores, trata-se da importância de ler a palavra, mas também de ler o contexto e o mundo dos alunos da Educação de Jovens e Adultos, uma vez que eles já possuem sua cultura, seus valores, sua profissão e têm toda uma experiência de vida. Portanto, o ensino deve partir dessa realidade, da sua cultura e das motivações de sua comunidade. Assim, realizou-se uma pesquisa buscando identificar quais contribuições que a Educação de Jovens e Adultos traz para seus alunos, seus anseios e dificuldades, sendo que foram entrevistados 17 alunos, que, pela dificuldade, ainda, quanto à escrita, foi trabalhado com entrevista semi-estruturada, com 11 perguntas. Ao final do trabalho, pode-se comprovar que há uma grande carência com relação à horas/aula oferecidas aos alunos, bem como há necessidade dos professores elaborarem atividades em sala de aula, as quais valorizem seus conhecimentos prévios. Os alunos têm anseio em aprender a ler e escrever. Diante deste resultado, percebemos que em muitos casos o ato do retorno à escola teve como motivo a realização de um sonho, e também ficou bastante claro por parte dos entrevistados que após alcançá-lo não existe o interesse em continuar os estudos. Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos. Alfabetização. Integração. ABSTRACT In this work, the main objective went look for the students close to which the contributions that the Education of Youths and Adults provide for its family life, professional and social and, also, identifying the educators close to which the method used in the schools. Through studies in the literature and goods was looked for arguments to understand the great importance that has the dance activity for the senior person. The literacy is not a mechanical act of memorization of letters, words, concepts, values, it is the importance of reading the word, but also of reading the context and the students' of the Education of Youths world and Adults, once they already possess its culture, its values, its profession and they have an entire life experience. Therefore, the teaching should leave of that reality, of its culture and of its community's motivations. Thus, he took place a research looking for to identify which contributions that the Education of Youths and Adults bring for its students, its longings and difficulties, and 17 students were interviewed, that, for the difficulty, still, with relationship to the writing, it was worked with semi-structured interview, with 11 questions. At the end of the work, it can be proven that there is a great lack with relationship to at hours class offered to the students, as well as there is the teachers' need they to elaborate activities in class room, which value its previous knowledge. The students have longing in learning to read and to write. Before this result, we noticed that in many cases the act of the return to the school had as reason the accomplishment of a dream, and it was also plenty clear on the part of the interviewees that it doesn't exist in continuing the studies after reaching it the interest. Word-key: Education of Youths and Adults. Literacy. Integration. LISTA DE FIGURAS Gráfico 1: Estudou quando jovem ............................................................................. 21 Gráfico 1.1: Com quantos anos deixou de estudar ................................................... 22 Gráfico 2: O que motivou o retorno aos estudos ....................................................... 23 Gráfico 3: Benefícios conseguidos ............................................................................ 26 Gráfico 4: Assuntos abordados são próximos à sua realidade ................................. 27 Gráfico 5: Maiores diferenças no dia a dia ................................................................ 28 Gráfico 6: Utilização de livros durante as aulas......................................................... 28 Gráfico 7: Exercícios para realizar em casa .............................................................. 29 Gráfico 8: Como são as aulas ................................................................................... 30 Gráfico 9: O que gostariam que mudasse na escola ................................................. 31 Gráfico 10: Projeto para o futuro ............................................................................... 32 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 7 1 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 10 1.1 ASPECTOS HISTÓRICOS DA EJA NO BRASIL ................................................ 10 1.2 A DÉCADA DE 60 E A PROPOSTA DE PAULO FREIRE .................................. 16 1.3 PEDAGOGIA LIBERTADORA............................................................................. 18 1.4 PROPOSTA DA EDUCACAO DE JOVENS E ADULTOS ................................... 19 2 ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA................................................................. 21 2.1 ANÁLISE DO QUESTIONÁRIO DIRECIONADO AOS ALUNOS ........................ 21 2.2 ANÁLISE DO QUESTIONÁRIO DIRECIONADO AOS PROFESSORES ........... 33 3 ANÁLISE DO CURSO DE PEDAGOGIA................................................................ 39 CONCLUSÃO............................................................................................................ 41 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 44 APÊNDICES.............................................................................................................. 46 APÊNDICE A: ENTREVISTA COM ALUNOS ........................................................... 47 APÊNDICE B: QUESTIONÁRIO AOS PROFESSORES .......................................... 49 7 INTRODUÇÃO Este trabalho de conclusão de curso visa avaliar qualitativamente os programas de educação destinados a atender a Educação de Jovens e Adultos (EJA) nas escolas que adotaram esse modelo de Educação Popular, no município de Fraiburgo – SC. A Educação de Jovens e Adultos (EJA), enquanto modalidade de Educação Popular apresenta uma trajetória de desafios, principalmente por ser uma alternativa para minimizar o problema da exclusão social. Porém, essa modalidade de educação, por muito tempo, não se apresentou como prioridade educacional, sendo entendida e tratada apenas como política compensatória direcionada a suprir a perda de escolaridade em idade própria. Com a implantação da Lei 9.394, de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, no artigo 37) aparece, pela primeira vez, a preocupação em garantir o acesso e a continuidade dos estudos àqueles que não tiveram a oportunidade em idade própria. A EJA foi valorizada também por sua contribuição à promoção da igualdade entre os homens e mulheres, pela formação para o trabalho e pelo apoio a preservação do meio ambiente e da saúde, devendo seguir novas orientações didático-metodológicas para enfrentar o processo de transformações socioeconômicas e culturais, vivenciadas a partir das últimas décadas do século XX. Nesse sentido, precisamos avaliar até que ponto esse ideal educacional tem atingido algumas dessas metas na cidade de Fraiburgo – SC. Pensamos que esse trabalho não pode e nem deve se esgotar apenas na oferta de vagas e garantia de acesso e continuidade nos estudos, como prevê a Lei 9.394, já que o fundamental é proporcionar ensino comprometido com a qualidade. Tendo em vista as metas estabelecidas como parâmetro para a EJA, o primeiro aspecto de nossa abordagem neste trabalho se volta para uma análise da formação dos educandos, a fim de verificar, quais os benefícios e transformações que o regresso à escola pode lhes fornecer. Para tanto, precisamos investigar entre os educandos os aspectos qualitativos do aprendizado, avaliando seus interesses e expectativas quando iniciam os estudos e após concluírem uma etapa do curso, para enfim obtermos uma 8 medida avaliativa do ensino, tendo em vista o modelo teórico-pedagógico dessa modalidade. Esse seria o papel da Educação Popular, mas enfim, vejamos como Freire a entende: Entendo a educação popular como o esforço de mobilização, organização e capacitação das classes populares; capacitação científica e técnica. Entendo que esse esforço não se esquece que é preciso poder, ou seja, é preciso transformar essa organização do poder burguês que está aí, para que se possa fazer escola de outro jeito. Em uma primeira „definição‟ eu a apreendo desse jeito. Há estreita relação entre escola e vida política (FREIRE, 1996, p. 19). Na concepção de Paulo Freire, o povo brasileiro, devido ao longo período de colonização e escravidão, tornou-se apático à vida pública e adotou a cultura do silêncio, situação que percebemos ter se agravado com as ditaduras militares que compreendem os períodos de 1937/1945 e 1964/1985. É candente a idéia de que a volta à democracia não trouxe consigo a necessária participação popular. Dessa perspectiva, a nossa abordagem precisa investigar o preparo dos educadores atuantes na EJA, tendo em vista o compromisso político desses profissionais para com a transformação social. Por transformação social entendemos, de acordo com Paulo Freire, aprimoramento na estrutura educacional voltada para estratégias progressistas que conduzam os atores sociais (no caso, educando) a um processo de libertação pela conscientização. Então, nesse segundo aspecto de nossa abordagem precisamos saber se há consonância entre a prática educativa ou ato de educar com a tendência pedagógica que orienta a EJA. É de fundamental importância o engajamento político dos profissionais para que a ação educativa produza eficácia, bem como o conhecimento pleno das teorias que orientam o processo pedagógico no interior da tendência. A problemática detectada foi investigar como ocorre a prática pedagógica na Educação de Jovens e Adultos e sua contribuição na integração dos educandos na sociedade. O objetivo que norteou este trabalho foi no sentido de buscar junto aos educandos quais as contribuições que a Educação de Jovens e Adultos proporciona para sua vida familiar, profissional e social e, também, identificando junto aos educadores qual o método utilizado nas escolas. 9 Especificamente, buscar quais as contribuições que os educandos estão recebendo para a melhoria da suas ações cotidianas; verificar a sintonia da prática pedagógica de acordo com as políticas que orientam a EJA e o método adotado pelas escolas; analisar a visão de educandos e educadores quanto aos resultados obtidos e identificar a importância da EJA para os participantes do projeto. A Educação de Jovens e Adultos possui muitas especificidades e requer um quadro de profissionais preparados para atuar de forma integral aos interesses expostos no próprio modelo pedagógico. Este último pressupõe, além da inclusão de uma parcela das camadas populares a um direito fundamental – a educação, o preparo no interior do processo educacional para a participação na vida pública e acesso aos bens sócioculturais a que todo cidadão, de fato, tem direito. Nesse sentido, a educação de qualidade na EJA, de acordo com esses objetivos de inclusão social, necessariamente passa por um processo de adequação, tendo em vista a formação de quadro docente da rede pública para atender a demanda e uma avaliação constante do processo educacional. Assim, a EJA tem como função não somente oferecer vagas para suprir a escolaridade perdida (função reparadora), mas produzir as condições necessárias para que o cidadão esteja preparado para interagir e, por meios próprios, buscar melhorias na qualidade de vida pelo acesso aos bens sociais, que, em si, forma o ideal almejado pela função equalizadora. A função qualificadora, que parece reagrupar as funções anteriores, permite ao cidadão a flexibilidade para adaptar-se às transformações constantes do mundo moderno, visto que, em tese, a escola lhe forneceu formação integral como ferramenta para atuar e buscar sempre novos meios de inserção social (saber como buscar informações e como utilizá-la no cotidiano). 10 1 REFERENCIAL TEÓRICO 1.1 ASPECTOS HISTÓRICOS DA EJA NO BRASIL A história da Educação de Jovens e Adultos (EJA) apresenta muitas variações ao longo do tempo, demonstrando estar estreitamente ligada ás transformações sociais, econômicas e políticas que caracterizaram os diferentes momentos históricos do país. Inicialmente a alfabetização de adultos para os colonizadores, tinha como objetivo instrumentalizar a população, ensinando-a a ler e a escrever. Essa concepção foi adotada para que os colonos pudessem ler o catecismo e seguir as ordens e instruções da corte, os índios pudessem ser catequizados e, mais tarde, para que os trabalhadores conseguissem cumprir as tarefas exigidas pelo Estado. A expulsão dos Jesuítas, ocorrida no século XVIII, desorganizou o ensino até então estabelecido. Novas iniciativas sobre ações dirigidas à educação de adultos somente ocorreram durante a época do Império. Desde a Revolução de 1930, as mudanças políticas e econômicas permitiram o início da consolidação de um sistema público de educação elementar no país. A Constituição de 1934 estabeleceu a criação de um Plano Nacional de Educação, que indicava pela primeira vez a educação de adultos como dever do Estado, incluindo em suas normas a oferta do ensino primário integral, gratuito e de freqüência obrigatória, extensiva para adultos. A década de 40 foi marcada por algumas iniciativas políticas e pedagógicas que ampliaram a educação de jovens e adultos: a criação e a regulamentação do Fundo Nacional do Ensino Primário (FNEP); a criação do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (INEP); o surgimento das primeiras obras dedicadas ao ensino supletivo; o lançamento da Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos (CEAA), e outros. Este conjunto de iniciativas permitiu que a educação de adultos se firmasse como uma questão nacional. Ao mesmo tempo, os movimentos internacionais e organizações como a UNESCO, exerceram influência positiva, reconhecendo os trabalhos que vinham sendo realizados no Brasil e estimulando a criação de programas nacionais de educação de adultos analfabetos. Em 1946, com a instalação do Estado Nacional Desenvolvimentista, houve um deslocamento do 11 projeto político do Brasil, passando do modelo agrícola e rural para um modelo industrial e urbano, que gerou a necessidade de mão-de-obra qualificada e alfabetizada. Em 1947, o MEC promoveu a Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos (CEAA). A campanha possuía duas estratégias: os planos de ação extensiva (alfabetização de grande parte da população) e os planos de ação em profundidade (capacitação profissional e atuação junto à comunidade). O objetivo não era apenas alfabetizar, mas aprofundar o trabalho educativo. Essa campanha – denominada CEAA – atuou no meio rural e no meio urbano, possuindo objetivos diversos, mas diretrizes comuns. No meio urbano visava à preparação de mão-de-obra alfabetizada para atender às necessidades do contexto urbano-industrial. Na zona rural, visava fixar o homem no campo, além de integrar os imigrantes e seus descendentes nos Estados do Sul. Apesar de, no fundo, ter o objetivo de aumentar a base eleitoral (o analfabeto não tinha direito ao voto) e elevar a produtividade da população, a CEAA contribuiu para a diminuição dos índices de analfabetismo no Brasil. (VIEIRA, 2004, p. 19-20). Ainda em 1947, realizou-se o 1º Congresso Nacional de Educação de Adultos. E em 1949 foi realizado mais um evento de extrema importância para a educação de adultos: o Seminário Interamericano de Educação de Adultos. Em 1952 foi criada a Campanha Nacional de Educação Rural (CNER), inicialmente ligada a Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos - CEAA. A CNER caracterizou-se, no período de 1952 a 1956, como uma das instituições promotoras do processo de desenvolvimento de comunidades no meio rural brasileiro. Contava com um corpo de profissionais de áreas diversas como agronomia, veterinária, medicina, economia doméstica e assistência social, entre outras, que realizavam trabalho de desenvolvimento comunitário junto às populações da zona rural. Ainda nos anos 50, foi realizada a Campanha Nacional de Erradicação do Analfabetismo (CNEA), que marcou uma nova etapa nas discussões sobre a educação de adultos. Seus organizadores compreendiam que a simples ação alfabetizadora era insuficiente, devendo dar prioridade à educação de crianças e jovens, aos quais à educação ainda poderia significar alteração em suas condições 12 de vida. Citando Vieira (2004), onde constatamos que a CNEA, em 1961, passou por dificuldades financeiras, diminuindo suas atividades. Em 1963 foi extinta, juntamente com as outras campanhas até então existentes. Em 1958, foi realizado o segundo Congresso Nacional de Educação de Adultos, objetivando avaliar as ações realizadas na área e visando propor soluções adequadas para a questão. Foram feitas críticas à precariedade dos prédios escolares, à inadequação do material didático e à qualificação do professor. A delegação de Pernambuco, da qual Paulo Freire fazia parte, propôs uma educação baseada no diálogo, que considerasse as características socioculturais das classes populares, estimulando sua participação consciente na realidade social. Nesse congresso se discutiu, também, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e, em decorrência, foi elaborada em 1962 o Plano Nacional de Educação, sendo extintas as campanhas nacionais de educação de adultos em 1963. Na década de 60, com o Estado associado à Igreja Católica, novo impulso foi dado às campanhas de alfabetização de adultos. No entanto, em 1964, com o golpe militar, todos os movimentos de alfabetização que se vinculavam à idéia de fortalecimento de uma cultura popular foram reprimidos. O Movimento de Educação de Bases (MEB) sobreviveu por estar ligado ao MEC e à igreja Católica. Todavia, devido às pressões e à escassez de recursos financeiros, grande parte do sistema encerrou suas atividades em 1966. A década de 70, ainda sob a ditadura militar, marca o início das ações do Movimento Brasileiro de Alfabetização – o MOBRAL, que era um projeto para se acabar com o analfabetismo em apenas dez anos. Após esse período, quando já deveria ter sido cumprida essa meta, o Censo divulgado pelo IBGE registrou 25,5% de pessoas analfabetas na população de 15 anos ou mais. O programa passou por diversas alterações em seus objetivos, ampliando sua área de atuação para campos como a educação comunitária e a educação de crianças. O ensino supletivo, implantado em 1971, foi um marco importante na história da Educação de Jovens e Adultos do Brasil: Durante o período militar, a educação de adultos adquiriu pela primeira vez na sua história um estatuto legal, sendo organizada em capítulo exclusivo da Lei nº 5.692/71, intitulado ensino supletivo. O artigo 24 desta legislação estabelecia com função do supletivo suprir a escolarização regular para adolescentes e adultos que não a tenham conseguido ou concluído na idade própria. (VIEIRA, 2004, p. 40). 13 Foram criados os Centros de Estudos Supletivos em todo o país, com a proposta de ser um modelo de educação do futuro, atendendo às necessidades de uma sociedade em processo de modernização. O objetivo era escolarizar um grande número de pessoas, mediante um baixo custo operacional, satisfazendo às necessidades de um mercado de trabalho competitivo, com exigência de escolarização cada vez maior. O sistema não requeria frequência obrigatória e a avaliação era feita em dois módulos: uma interna ao final dos módulos e outra externa feita pelos sistemas educacionais. Contudo, a metodologia adotada gerou alguns problemas: o fato de os cursos não exigirem frequência faz com que os índices de evasão sejam elevados, o atendimento individual impede a socialização do aluno com os demais colegas, a busca por uma formação rápida a fim de ingressar no mercado de trabalho, restringe o aluno à busca apenas do diploma sem conscientização da necessidade do aprendizado. Na visão de Haddad (1991), os Centros de Estudos Supletivos não atingiram seus objetivos verdadeiros, pois, não receberam o apoio político nem os recursos financeiros suficientes para sua plena realização. Além disso, seus objetivos estavam voltados para os interesses das empresas privadas de educação. No início da década de 80, a sociedade brasileira viveu importantes transformações sócio-políticas com o fim dos governos militares e a retomada do processo de democratização, basta lembrar da campanha nacional a favor das eleições diretas. Em 1985, o Mobral foi extinto sendo substituído pela Fundação Educar. O contexto da redemocratização possibilitou a ampliação das atividades da EJA. Estudantes, educadores e políticos organizaram-se em defesa da escola pública e gratuita para todos. A nova Constituição de 1988 trouxe importantes avanços para a EJA: o ensino fundamental, obrigatório e gratuito, passou a ser garantia constitucional também para os que a ele não tiveram acesso na idade apropriada. Contudo, a partir dos anos 90, a EJA começou a perder espaço nas ações governamentais. Em março de 1990, com o início do governo Collor, a Fundação EDUCAR foi extinta e todos os seus funcionários colocados em disponibilidade. Em nome do enxugamento da máquina administrativa, a União foi se afastando das atividades da EJA e transferindo a responsabilidade para os Estados e Municípios. 14 O Conselho Nacional de Educação regulamentou as “Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos” e com a aprovação desse parecer a EJA não possui mais apenas a função de suprir ou compensar a escolaridade perdida, mas também a função reparadora, que promove a cidadania por meio do ingresso/retorno a sala de aula, a função equalizadora, que garante o acesso aos bens sociais e à permanência na escola de maneira equitativa, considerando cada sujeito com suas necessidades específicas, e, por último, a função qualificadora, ao efetivar uma educação permanente que corresponde às necessidades de atualização e aprendizagem contínuas. Um dos fatores que deve ser levado em conta é o rápido desenvolvimento das sociedades, pois, exige de seus membros capacidades para descobrir e potencializar os conhecimentos e aprendizagens de forma global e permanente. De acordo com a Conferência Internacional sobre Educação de Adultos – Declaração de Hamburgo de 1997, em seu artigo 3º, ficou definido da seguinte forma o conceito de educação dirigida aos adultos: [...] por educação de adultos entende-se o conjunto de processos de aprendizagem, formal ou não, graças ao qual as pessoas consideradas adultas pela sociedade a que pertencem desenvolvem as suas capacidades, enriquecem os seus conhecimentos e melhoram as suas qualificações técnicas ou profissionais, ou as reorientam de modo a satisfazerem as suas próprias necessidades e as da sociedade. A educação de adultos compreende a educação formal e a educação permanente, a educação não-formal e toda a gama de oportunidades de educação informal e ocasional existentes numa sociedade educativa multicultural, em que são reconhecidas às abordagens teóricas e baseadas na prática. (UNESCO, 1997, p. 2). O atual momento histórico é marcado por uma aceleração dramática no processo das transformações tecnológicas. Essa aceleração é excitante, mas também inconsequente porque parece aumentar as desigualdades entre os grupos sociais em diferentes sociedades, multiplicando crises sociais, cada vez mais violentas e ameaçando o equilíbrio ambiental. A educação é um dos fatores estratégicos na formação dos cidadãos capazes de reconstruir relações pessoais e sociais, segundo a orientação de quatro pilares (aprender a ser, aprender a conhecer, aprender a fazer e aprender a conviver) que devem sustentar a educação no século XXI, conforme o relatório emitido pela Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura). 15 No Brasil, a EJA tem se constituído, nos últimos anos, como um campo estratégico para fazer frente à exclusão e desigualdade social e, se observarmos a Lei 9.394, de 1996, o Parecer CEB 11/2000 e acompanharmos a conclusão a que chegou a Conferência de Hamburgo, bem como a orientação do relatório da UNESCO sobre educação para o século XXI, percebemos que essa modalidade tem pretensões de assumir contornos que transbordam os limites do processo de escolarização formal ao abarcar aprendizagens realizadas em diversos âmbitos. Em janeiro de 2003, o MEC anunciou que a alfabetização de jovens e adultos seria uma prioridade do novo governo federal. Para isso, foi criada a Secretaria Extraordinária de Erradicação do Analfabetismo, cuja meta era erradicar o analfabetismo durante o mandato dos primeiros quatro anos do governo Lula. Para cumprir essa meta foi lançado o Programa Brasil Alfabetizado, por meio do qual o MEC contribuirá com os órgãos públicos estaduais e municipais, instituições de ensino superior e organizações sem fins lucrativos que desenvolvam ações de alfabetização. No Programa Brasil Alfabetizado, a assistência está direcionada ao desenvolvimento de projetos com as seguintes ações: Alfabetização de jovens e adultos e formação de alfabetizadores. É necessário que o alfabetizador, antes de iniciar as atividades de ensino, conheça o grupo com o qual irá trabalhar. Esse conhecimento prévio pode ser pelo cadastro dos alunos e pelo diagnóstico inicial que deve servir de base para o planejamento das atividades. A intenção é tornar o processo de alfabetização participativo e democrático. A formação de alfabetizadores compreende a formação inicial e a formação continuada. O Programa está em andamento, por isso não é possível, ainda, afirmar se o objetivo pretendido foi alcançado. É preciso de haja continuidade das ações governamentais. O Programa Brasil Alfabetizado foi criado para ter duração de quatro anos, e com a reeleição do Presidente Lula, ainda está em andamento. Contudo, nada impede que o próximo Presidente dê continuidade a esse programa. Os resultados seriam muito melhores se houvesse seguimento nos programas já implantados, pois evitaria perda de tempo e de dinheiro na criação de novos programas, como vem acontecendo ao longo dos anos: muda o presidente, mudam os programas. Deve haver, também, a ligação do programa de alfabetização 16 com outros programas governamentais ou não, como é o caso do bem sucedido programa Alfabetização Solidária, que é hoje indiscutivelmente um programa de relevância quando o assunto é alfabetização de jovens e adultos. Sua abrangência educacional transcende as fronteiras Brasileiras e já é destaque e modelo de Educação em vários países. A Educação de Jovens e Adultos deve ser tratada juntamente com outras políticas públicas e não isoladamente. Mesmo reconhecendo a disposição do governo em estabelecer uma política ampla para EJA, especialistas apontam a desarticulação entre as ações de alfabetização e de EJA, questionando o tempo destinado à alfabetização e à questão da formação do educador. A prioridade concedida ao programa recoloca a educação de jovens e adultos no debate da agenda das políticas públicas, reafirmando, portanto, o direito constitucional ao ensino fundamental, independente da idade. Todavia, o direito à educação não se reduz à alfabetização. A experiência acumulada pela história da EJA nos permite reafirmar que intervenções breves e pontuais não garantem um domínio suficiente da leitura e da escrita. Além da necessária continuidade no ensino básico, é preciso articular as políticas de EJA a outras políticas. Afinal, o mito de que a alfabetização por si só promove o desenvolvimento social e pessoal há muito foi desfeito. Isolado, o processo de alfabetização não gera emprego, renda e saúde. (VIEIRA, 2004, p. 85-86). Apesar de não estar havendo continuidade dos programas ao longo dos tempos, a Educação de Jovens e Adultos está sempre sendo buscada, com o objetivo de realmente permitir o acesso de todos à educação, independentemente da idade. Desta forma, fica claro o caminho que a EJA percorreu em nosso país até chegar aos dias de hoje. Muito já foi feito, mas ainda há o que se fazer. Não se pode acomodar com os avanços já conseguidos, é necessário vislumbrar novos horizontes na busca da total erradicação do analfabetismo em nosso país, pois a educação é direito de todos. 1.2 A DÉCADA DE 60 E A PROPOSTA DE PAULO FREIRE A história da EJA no Brasil está muito ligada a Paulo Freire. O Sistema Paulo Freire, desenvolvido na década de 60, teve sua primeira aplicação na cidade de Angicos, no Rio Grande do Norte. E, com o sucesso da experiência, passou a ser conhecido em todo País, sendo praticado por diversos grupos de cultura popular. Com ele ocorreu uma mudança no paradigma teórico-pedagógico sobre a EJA. 17 Durante muitos séculos, para alfabetizar alguém se utilizava o método silábico de aprendizagem, ou seja, partia-se da idéia de que se conhecendo as sílabas e juntando-as poderia formar qualquer palavra. Por isso, os alunos recebiam cartilhas com sílabas e, orientados pelo professor, passavam a tentar juntá-las para formar palavras e frases soltas, que muitas vezes só memorizavam e repetiam. Por essa concepção, não se desenvolvia o pensamento crítico; não importava entender o que era escrito e o que era lido porque o importante era dominar o código. Por essas novas concepções, educador e educando devem interagir. São criados novos métodos de aprendizagem, por meio dos quais o alfabetizador trabalha o conteúdo a ser ensinado - a língua escrita - com a preocupação de que seus alunos estejam compreendendo o sentido para o sistema da escrita, a partir de temas e palavras geradoras, ligadas às suas experiências de vida. Nessa nova concepção de alfabetização, a língua escrita vem acompanhada por um processo de construção do conhecimento, que se dá por meio de diálogos de interação entre educador e educando. Paulo Freire, importante autor na história da alfabetização de adultos, foi punido e cassado pós-64 e suas idéias foram proibidas de circular no Brasil durante muito tempo. A proposta de Paulo Freire baseia-se na realidade do educando, levando-se em conta suas experiências, suas opiniões e sua história de vida. Esses dados devem ser organizados pelo educador, a fim de que as informações fornecidas por ele, o conteúdo preparado para as aulas, a metodologia e o material utilizados sejam compatíveis e adequados às realidades presentes. Educador e educandos devem caminhar juntos, interagindo durante todo o processo de alfabetização. É importante que o adulto alfabetizando compreenda o que está sendo ensinado e que saiba aplicar em sua vida o conteúdo aprendido na escola. Segundo Freire (1996, p. 58) a relação professor-aluno deve ser: Para ser um ato de conhecimento o processo de alfabetização de adultos demanda, entre educadores e educandos, uma relação de autêntico diálogo. Aquela em que os sujeitos do ato de conhecer (educador-educando - educando-educador) se encontram mediatizados pelo objeto a ser conhecido. Nesta perspectiva, portanto, os alfabetizandos assumem, desde o começo mesmo da ação, o papel de sujeitos criadores. Aprender a ler e escrever já não é, pois, memorizar sílabas, palavras ou frases, mas refletir criticamente sobre o próprio processo de ler e escrever e sobre o profundo significado da linguagem. 18 O chamado "método” Paulo Freire tem como objetivo a alfabetização visando a libertação. Essa libertação não se dá somente no campo cognitivo, mas deve acontecer, essencialmente, nos campos sóciocultural e político, pois o ato de conhecer não é apenas cognitivo, mas político, e se realiza no seio da cultura. A visão ingênua que os indivíduos têm da realidade torna-os escravos, na medida em que, não sabendo que podem transformá-la, sujeitam-se a ela. Essa descrença na possibilidade de intervir na realidade em que vivem é alimentada pelas cartilhas e manuais escolares que colocam homens e mulheres como observadores e não como sujeitos ativos dessa realidade. 1.3 PEDAGOGIA LIBERTADORA Também conhecida como Pedagogia de Paulo Freire, a tendência libertadora nasce em oposição aos métodos da época que não eram capazes ou não se preocupavam prioritariamente em formar cidadãos. Para ele, cidadão é o indivíduo capaz de, na relação com a realidade, atuar num sentido de transformação social. Nas palavras de Mercado (1995, p. 5): A educação para ser libertadora precisa objetivar uma ação e reflexão consciente e criadora das classes oprimidas sobre seu próprio processo de libertação [...] A educação libertadora questiona concretamente a realidade das relações do homem com o mundo e com os outros homens, buscando uma transformação. Paulo Freire trabalhava com a conscientização dos indivíduos através da alfabetização, mas não despreza o conhecimento prévio. No livro “A importância do ato de ler”, afirma que todos somos leitores antes mesmo do processo de alfabetização. Faz-se uma leitura do mundo antes da leitura da palavra. Assim, o educador tem apenas o domínio da leitura e da escrita, buscando a construção de um novo coletivo social. A realidade exerce papel fundamental, uma vez que ela é ao mesmo tempo mediador e próprio conteúdo a ser apreendido. Através da percepção do mundo constroem-se conceitos e atribuem-se significados a cerca da realidade que, em um ciclo, influenciarão posteriormente leituras e ressignificações. Assim, o mundo que cerca o educador e o educando, tem papel fundamental na tendência libertadora, uma vez que: 19 Os conteúdos são temas geradores ou grupos temáticos, retirados da prática cotidiana dos educandos. Cada pessoa ou grupo dispõe, em si próprio, dos conteúdos necessários de onde se parte. A transmissão de conteúdos estruturados a partir de fora é considerada uma invasão cultural, porque não emerge do saber popular. (LIBÂNEO, 1996, p. 33). O objetivo e o direcionamento da pedagogia de Paulo Freire, como explicitado por Libâneo, é atingir um nível de consciência da realidade. Mas é importante observar que este direcionamento não perde de vista as diferenças entre homens e crianças, como relata o Paulo Freire falando de sua experiência de leitura do mundo: Mas, é importante dizer, a leitura do meu mundo, que me foi sempre fundamental, não fez de mim um menino antecipado em homem, um racionalista de calças curtas. A curiosidade do menino não iria distorcer-se pelo simples fato de ser exercida, no que fui mais ajudado do que desajudado por meus pais. (MERCADO, 1995, p. 7). Os conteúdos não são estabelecidos de fora, nada deve ser inculcado ou imitado, nem existir em descompasso com o mundo. Como destacou Libâneo (1996, p. 33), existe também uma aproximação educador-educando: “[...] a educação é uma atividade onde professores e alunos [...] atingem um nível de consciência [...] [da realidade], a fim de [...] atuarem, num sentido de transformação social”. Assim, o professor acompanha o aluno na busca constante desde nível de consciência. Tento a realidade como mediador e objeto de aprendizado, a tendência libertadora funciona como abertura para uma sociedade democrática, preocupandose também com o que está fora da escola em busca da emancipação do homem. É uma perspectiva transformadora da educação onde o foco sai do conteúdo e se dirige para a relação e onde o aluno desloca-se do papel passivo e passa para o ativo. 1.4 PROPOSTA DA EDUCACAO DE JOVENS E ADULTOS O domínio da leitura e da escrita é uma exigência da contemporaneidade em quase todas as culturas, quer na área urbana ou rural. Desse modo, a educação de jovens e adultos, a que se propõe este trabalho, busca inserir este segmento da população que histórica e reconhecidamente, é excluído dos conhecimentos socialmente construídos. Tomar a Educação de Jovens 20 e Adultos como temática não remete inicialmente só a pensar na faixa etária que caracteriza esse grupo de homens e mulheres que, já crescidos, voltam a estudar, mas também a vê-los num determinado contexto cultural. Olhar esse grupo em seu contexto exige dialeticamente demarcar o lugar teórico do qual se vale esse olhar que tem como pressuposto básico a corrente histórico-cultural, que neste projeto busca aproximação com a concepção freireana, as quais compreendem como sendo determinantes da própria vida e do modo de viver de cada sujeito, as condições nas quais esse homem vive. Tendo como “princípio a origem social das funções psíquicas”. (PINO, 1993, p. 17), é possível afirmar que o processo de constituição do psiquismo individual é indissociável do contexto social e histórico, que regula as ações do sujeito, as quais, numa dimensão dialógica, também o regulam. Assim demarcado, este trabalho considera a educação de jovens e adultos num plano onde a cultura em que se inserem jovens e adultos possa ser construída e reconstruída por eles cotidianamente que ao mesmo tempo, os constrói singular e coletivamente. Portanto, as considerações teóricas metodológicas baseiam-se nesta compreensão de mundo e deste sujeito no mundo, bem como nos princípios da educação popular, sendo reconhecida como um processo em constante reflexãoação sobre a prática, pautando-se na idéia de educação como um diálogo entre educador e educando, onde o professor é reconhecido como mediador do conhecimento socialmente produzido. O percurso teórico-metodológico que orienta as ações deste está voltado para as recomendações específicas do trabalho como uma ação voltada para uma percepção da realidade dos educando de uma concepção de educação recuperadora da cidadania do(a) trabalhador(a). As linhas gerais dos conteúdos que serão estudados e escolarizados, estão direcionadas para os conteúdos programáticos previstos nas orientações e exigências legais da LDB 9394/96, no que concerne ao conhecimento científico acumulado historicamente e às interfaces destes com a realidade concreta vivida pelos alunos. O processo de capacitação e de escolarização será instaurado a partir da história de vida de cada um, de onde buscar-se-á suporte para o trabalho de formação que servirá de instrumento de sondagem inicial do nível de conhecimento, para o trabalho com seus educandos. 21 2 ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA Este trabalho trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa, com pesquisa de campo e análise de dados de forma descritiva-análitca. A pesquisa foi realizada em uma escola, das sete existentes na cidade, que atuam na Educação de Jovens e Adultos no Bairro Santo Antonio, em Fraiburgo SC, envolvendo professores e alunos do Projeto. A sala de aula escolhida para a coleta das informações conta com aproximadamente (têm-se a flexibilidade de ingresso ou desistência a qualquer momento) com 25 alunos, sendo que foram entrevistados 17 alunos, que, pela dificuldade, ainda, quanto à escrita, foi trabalhado com entrevista semi-estruturada, com 11 perguntas. Esta entrevista buscou identificar quais contribuições que a Educação de Jovens e Adultos traz para seus alunos, seus anseios e dificuldades. As informações coletadas foram discutidas e analisadas através de gráficos. 2.1 ANÁLISE DO QUESTIONÁRIO DIRECIONADO AOS ALUNOS A primeira pergunta indagava se o aluno frequentou a escola quando jovem, com quantos anos deixou estudar e os motivos. Devido à diversidade de respostas, este gráfico será demonstrado como gráfico 1 e gráfico 1.1, uma vez que se tratam das respostas deste questionamento e analisados de acordo com cada um deles. 35% 65% Sim Gráfico 1: Estudou quando jovem Fonte: a autora Não 22 De acordo com o gráfico 1, 65% dos alunos entrevistados responderam que estudaram quando jovens, apesar de pouco tempo, como demonstrado no gráfico a seguir, no entanto, 35% deles não estudaram, pelos motivos que serão explicados descritivamente. 10% 20% 10% 20% 20% 20% 8 anos 9 anos 10 anos 12 anos 13 anos Não sabe Gráfico 1.1: Com quantos anos deixou de estudar Fonte: a autora O gráfico 1.1 demonstra que 80% dos alunos deixaram de estudar entre as idades de 8 a 12 anos; 10% com 13 anos e 10% não sabem precisar com que idade não mais frequentou as aulas. Quanto aos motivos apontados para deixar os estudos ou não frequentar a escola, as respostas foram diversificadas, as quais transcrevemos a seguir: - “Tinha que trabalhar na agricultura para ajudar a família. Pois eu ia uma vez por mês na aula”. - “Me envolvia em muita confusão, daí parei”. - “Eu não sou brasileiro, estudei no meu país, só que agora como viemos morar aqui no Brasil tenho que aprender a falar português, vim porque temos parentes aqui em Fraiburgo”. - “Meus pais mudavam bastante de cidade e tinha que trabalhar”. - “Ajudava a minha família no trabalho da agricultura, eles arrendavam terra para plantar, meu pai era bêbado”. - “Meu pai não deixava ir para a escola dizia que lugar de vagabundo era na rua, então mandava eu trabalhar na agricultura”. - “Não estudei porque meu pai trabalhava em uma companhia de asfalto, daí a gente mudava muito, passamos em um monte de cidades”. 23 - “Morava no interior, não tinha escola próxima e também não morava na casa dos meus pais, morava com outras pessoas”. - “Embora saísse de casa para estudar, por causa da pobreza ia trabalhar. O pai e a mãe nunca desconfiaram”. - “Meus pais me batiam muito”. - “Tinha que trabalhar nas casas para fazer limpeza”. Portanto, fica evidente que a maioria dos alunos parou de estudar para poderem ajudar os pais no sustento da família, outros motivos foram apresentados, mas o fator relevante é o analfabetismo desses alunos. Segundo Gadotti (2010, p. 6), os alunos jovens e adultos já foram desrespeitados uma vez quando tiveram seu direito à educação negada, e hoje: Os jovens e adultos trabalhadores lutam para superar suas condições de vida (moradia, saúde, alimentação, transporte, emprego, etc.) que estão na raiz do problema do analfabetismo. O desemprego, os baixos salários e as péssimas condições de vida, comprometem o seu processo de alfabetização. Falamos de jovens e adultos referindo-nos à educação de adultos, porque aqueles que frequentam os programas de educação de adultos, são majoritariamente os jovens trabalhadores. Assim, sabe-se que o analfabetismo é a expressão da pobreza, consequência inevitável de uma estrutura social injusta. É preciso partir do conhecimento das condições de vida do analfabeto, sejam elas o salário, o emprego, a moradia, sejam a história de cada grupo, suas lutas, organização, conhecimento, habilidades, enfim, sua cultura. Na segunda questão buscou-se saber o que motivou o retorno aos estudos. 21% 26% 21% 32% Vontade de aprender a ler e escrever. Porque a vida está cobrando o estudo. Gráfico 2: O que motivou o retorno aos estudos Fonte: a autora Quero tirar a carteira de motorista. Trabalho e emprego 24 O gráfico 2 demonstra que 32% dos alunos querem tirar a carteira de motorista, pois tem carro e não sabem dirigir; 26% indicam que é pela vontade de aprender a ler e escrever, pois: - “Eu trabalhava e não sabia ler, então dobrava o cartão ponto para saber qual era o meu na hora de bater”. - “Para conseguir ter uma qualidade de vida melhor”. - “Sem estudo não somos nada. Acontece mais cedo ou mais tarde temos que ler, contar o dinheiro, conhecer a moeda”. - “Como não consegui estudar, agora estou voltando para não ser enganada pelos outros”. - “Meu marido me falou pra voltar a estudar e aprender a ler e escrever, para não ser chamada de ignorante”. Dos entrevistados, 21% responderam retornar aos estudos “Porque a vida está cobrando o estudo”; 21% disseram ser por motivos de trabalho e emprego, e ainda para conseguir ter uma qualidade de vida melhor; por incentivo dos filhos, como uma das respostas: “Nós incentivamos os filhos a estudar e temos que dar o exemplo”. Conforme Costa; Álvares e Barreto (2006, p. 8): Sabemos que a procura de jovens e adultos pela escola não se dá de forma simples. Ao contrário, em muitos casos, trata-se de uma decisão que envolve as famílias, os patrões, as condições de acesso e as distâncias entre casa e escola, as possibilidades de custear os estudos e, muitas vezes, trata-se de um processo contínuo de idas e vindas, de ingressos e desistências. Ir à escola, para um jovem ou adulto, é antes de tudo, um desafio, um projeto de vida. A aprendizagem escolar, só se torna significativa para o aluno se fizer uso e valorizar seus conhecimentos anteriores, produzir saberes novos, que façam sentido na vida fora da escola, possibilitar a inserção do jovem e adulto nesse mundo letrado. A terceira questão versou sobre quais as dificuldades encontradas ao ingressar/voltar a estudar. As respostas dos alunos são diversificadas, por esse motivo transcrevemos as mesmas, sendo que dois alunos não responderam a questão: “Matemática e Português, é que faz tempo que não estudava”. “Dificuldade de descobrir as letras e os números”. 25 “Dificuldade de acompanhar a turma, eu não sei ler e escrever. Na minha sala tem gente que tá mais na frente, sabe ler e escrever, então, como vou fazer?” “Eu estranhei o modo como a professora dá aula, fica conversando, eu quero aprender a ler e escrever”. “Aos poucos vou conseguindo superar as dificuldades”. “Tive várias dificuldades, mas é que é tudo novo”. “Dificuldade de não saber ler e escrever”. “Não sei falar português e também não enxergo bem, acho que preciso de óculos”. “Não encontrei dificuldades, faço leituras em casa”. “Não encontrei dificuldades, porque já tinha estudado, então logo comecei lembrar das coisas”. “Estou há 1 ano de volta, no começo foi difícil, mas agora já está bem melhor”. “Achei que não iria conseguir, mas agora está melhor, fazem 2 anos que voltei”. “Primeiro ver as letras e os números, acho mais difícil a matemática”. “Sim, inclusive com vontade de parar, acho mais difícil escrever”. “Bastante dificuldade, hoje estou me preparando para a 5ª série. Acho que no meio do ano eu vou para lá". De acordo com as respostas dos alunos, fica evidente que quando começaram a estudar da Educação de Jovens e Adultos enfrentaram dificuldades em relação a conhecer as letras e os números, pois não sabiam ler, nem escrever. Além disso, a escola que os alunos têm em seu imaginário, aquela que conhecem porque já passaram por ela anos atrás ou porque acompanham o cotidiano de seus filhos, nem sempre é aquela com que se deparam nos primeiros dias de aula. Nesses casos, esperam encontrar o modelo tradicional de escola, ou seja, um lugar onde predominam aulas expositivas, com pontos copiados da lousa, onde o(a) professor(a) é o único detentor do saber e transmite conteúdos que são recebidos passivamente pelo(a) aluno(a). Esperam muita lição de casa porque acreditam que a quantidade de treino leva a boa aprendizagem. Especialmente, os alunos mais velhos se mostram resistentes à nova concepção de escola que os coloca como sujeitos do processo educativo, que espera deles práticas ativas de aprendizagem. (COSTA; ÁLVARES; BARRETO, 2006, p. 8). A maior dificuldade, no entanto, foi relatada por um aluno que não é brasileiro, pois ele não sabe falar o Português, o que dificulta seu entendimento nas aulas. 26 Outros não encontraram grandes dificuldades, já sabiam ler e relembraram o que já estudaram no passado. Gadotti (2010, p. 7) afirma que: Trata-se de não desprezar e, sobretudo, não matar a cultura primeira do aluno. Trata-se de incorporar uma abordagem do ensino/aprendizagem que se baseia em valores e crenças democráticas e procura fortalecer o pluralismo cultural num mundo cada vez mais interdependente. Por isso que a educação de adultos deve ser sempre uma educação multicultural, uma educação que desenvolve o conhecimento e a integração na diversidade cultural, contra a exclusão por motivos de raça, sexo, cultura ou outras formas de discriminação. A quarta pergunta versava sobre quais os benefícios que a escola trouxe, até o momento. 8% 16% 13% 13% 13% 16% 13% 8% Na leitura e na escrita. Na família Eu consigo ver as coisas de maneira diferente. Não vejo benefícios. No meu serviço, sinto mais segurança. Eu converso mais com as pessoas. Sou mais útil, me sinto bem melhor. No mercado consigo fazer compras e ver os preços. Gráfico 3: Benefícios conseguidos Fonte: a autora Analisando o gráfico 3, verifica-se que 16% dos alunos desinibiram-se e conversam mais com as pessoas, também 16% referem-se ao dia a dia ao dirigiremse ao supermercado e verificar os preços. 26% referem-se aos benefícios na família e sentem-se bem melhores; 13% deles enxergam as coisas de maneira diferente, no entanto, 13% alegam que não veem benefícios; 8% melhoraram a leitura e a escrita 27 e 8% disseram sentir-se mais seguros no trabalho. Além disso, um dos alunos respondeu que pode tirar a carteira de motorista. Na quinta pergunta buscou-se saber se na sala de aula, os assuntos abordados são próximos à sua realidade. 18% 6% 52% 24% Sim Não Às vezes Não respondeu Gráfico 4: Assuntos abordados são próximos à sua realidade Fonte: a autora Para essa questão, o gráfico 4 demonstra que 52% dos alunos dizem que os assuntos abordados na sala de aula são próximos à sua realidade, no entanto, 24% deles simplesmente responderam que não; 6% às vezes e 18% não se posicionaram à respeito. Verificou-se que os 52% dos alunos referem-se a assuntos discutidos sobre as notícias da TV, a comunidade, sobre a cidade, o bairro e às vezes escrevem sobre isso. Segundo Souza (1995 apud MACHADO, 2010, p. 7): Chartier (1990) discute aspectos importantes sobre as diversificadas representações das capacidades de ler e de escrever. Para ele, as representações variam de acordo com as práticas culturais que são construídas histórica e socialmente. [...] lembra que, frente ao texto escrito, os leitores não são apenas receptores passivos de informações, mas estão em permanente ação, produzindo uma leitura a partir de sua experiência de vida e das suas referências culturais. Também citaram que as histórias da vida que as pessoas contam na sala de aula ajudam a crescer. Outro ainda se posiciona dizendo que “Se aprende muita coisa inclusive a viver, porque quando não se estudou não se compreende às vezes o que as pessoas querem dizer”. 28 A sexta pergunta indagava: no dia a dia, onde o aluno percebe mais diferença depois do retorno à escola. 22% 27% 4% 4% 7% 7% 11% 7% 11% No mercado consigo comprar sem precisar de ajuda. Já posso deixar recados para meus filhos, para meu marido. No trabalho Na igreja Com os filhos No banco Pouca coisa Não Não responderam Gráfico 5: Maiores diferenças no dia a dia Fonte: a autora A análise do gráfico 5 evidencia que 27% dos alunos perceberam a diferença quando vão fazer suas compras, pois conseguem ler os preços e compará-los; 22% referem-se às diferenças no trabalho e na igreja; 21% referem-se ao banco retirar ou depositar dinheiro e com a comunicação com os filhos de modo geral. 8% não perceberam diferenças; 27% dos alunos não responderam. A sétima questão indagava se são utilizados livros durante as aulas 100% Sim Gráfico 6: Utilização de livros durante as aulas Fonte: a autora 29 No gráfico 6, verifica-se que todos os alunos possuem dois livros, que lhes são dados, um de Português e outro de Matemática. Além disso, eles vão à biblioteca para fazer leitura. Na oitava pergunta indagou-se se eles recebem exercícios para realizar em casa. 6% 6% 88% Sim Não Não respondeu Gráfico 7: Exercícios para realizar em casa Fonte: a autora O gráfico 6 revela que 88% dos alunos recebem exercícios para realizar em casa; 6% não responderam e 6% dizem que não. Os alunos disseram realizar exercícios “às vezes do livro e outras a professora escreve no quadro o que a gente precisa fazer”. Importante salientar aqui a resposta de alunos quando dizem: “quando a professora não dá, faço por conta cópias de textos e leitura”; ou então “Como são poucos dias de aula eu já pedi para a professora dar mais exercícios para fazer”. Grande parte dos alunos jovens e adultos, que buscam a escola, esperam dela um espaço que atenda às suas necessidades como pessoas e não apenas como alunos que ignoram o conhecimento escolar. Por outro lado, todos eles acreditam que a escola possa imprimir-lhes uma marca importante e por isso apostam nela. (COSTA; ÁLVARES; BARRETO, 2006, p. 11). Essas atitudes dos alunos da EJA demonstram a motivação, a vontade de aprender, pois os alunos buscam a escola para satisfazer necessidades particulares, para se integrar à sociedade letrada da qual fazem parte por direito, mas da qual não podem participar plenamente quando não dominam a leitura e a escrita. 30 A pergunta de número nove indagava como são as aulas. 15% 15% 55% 15% Boas Muito boas Ótimas Cansativas Gráfico 8: Como são as aulas Fonte: a autora O gráfico 8 revela a opinião dos alunos, onde 55% conceituam as aulas como boas; 15% dizem ser muito boas; 15% ótimas e 15% cansativas. Os alunos responderam que são aulas tranquilas onde todos procuram aprender, fazem cópias do quadro, leitura de textos do livro e ainda salientam que a professora explica bem a matéria e os alunos fazem o que ela pede. O bom acolhimento e a valorização do aluno, pelo(a) professor(a) de jovens e adultos possibilitam a abertura de um canal de aprendizagem com maiores garantias de êxito, porque fomenta o encontro dos saberes da vida vivida com os saberes escolares. (COSTA; ÁLVARES; BARRETO, 2006, p. 19). Os alunos salientaram que quando eles não entendem, ela explica novamente, e que também eles podem falar e opinar durante as aulas. Um dos alunos escreveu “A professora é animada corrige os erros e mostra individualmente”. 31 Na décima questão buscou-se saber o que eles gostariam que mudasse no dia a dia da escola. 21% 29% 50% Se a escola continuar assim, só ajuda os alunos. Aumentar o número de dias de aula. Não responderam Gráfico 9: O que gostariam que mudasse na escola Fonte: a autora Quanto ao que os alunos gostariam que mudasse na escola, 50% responderam que deveriam ser aumentados os números de dias de aula na semana, pois apenas dois dias são poucos; 21% dizem que não há necessidade de mudanças e 29% não responderam. No entanto, alguns alunos expressaram-se dessa forma: “Melhor nivelamento. As pessoas estão na mesma sala de aula porém com nível de aprendizado diferente”. “Na minha visão, as aulas deveriam ser mais práticas, menos conversadas. Na minha visão, as conversas não levam a nada”. “Eu acredito que precisa de mais atenção, pois eu tenho mais dificuldade na língua”. Nesta questão percebe-se claramente o interesse dos alunos em estudar, aprender a ler e escrever corretamente, tornando-se cidadãos participativos no mundo em que estão inseridos. 32 Na última questão indagou-se qual é o projeto do aluno para o futuro. 25% 50% 25% Aprender a ler e escrever corretamente. Cursar faculdade. Tirar a carteira de motorista Gráfico 10: Projeto para o futuro Fonte: a autora Analisando-se o gráfico 10, percebe-se que o interesse de 50% dos alunos é tirar a carteira de motorista; 25% têm interesse em aprender a ler e escrever corretamente, pois assim podem auxiliar os filhos, fazer curso de culinária, ajudar na igreja; 25% pretendem cursar uma faculdade. Um dos alunos, que não é brasileiro, salientou que pretende ser policial em seu país. As opiniões dos alunos são diversificadas, alguns ainda pretendem melhorar e aprender mais para uma vida melhor, mais tranquila, outros gostariam de continuar os estudos até a 8ª série e se possível fazer o segundo grau, além disso, estudar sempre, sem mais desistir; poder dar boa educação para os filhos e conseguir o melhor para eles. Uma das alunas ao responder essa questão, emocionou-se e chorando disse que almeja se formar. Assim, é pertinente a citação de Costa; Álvares e Barreto (2006, p. 22), quando citam: “Vale destacar, que outras motivações levam os alunos jovens e adultos para a escola. Uma delas é a satisfação pessoal, a conquista de um direito, a sensação de capacidade e dignidade que traz satisfação pessoal”. 33 2.2 ANÁLISE DO QUESTIONÁRIO DIRECIONADO AOS PROFESSORES Foi aplicado questionário com cinco perguntas direcionado a duas professoras que atuam com a EJA em duas escolas distintas, solicitando que respondessem ao questionário. Esta pesquisa objetiva a busca de melhor compreensão a respeito da Educação de Jovens e Adultos. Indagou-se na primeira questão, se o trabalho desenvolvido na sala de aula leva em consideração a idade e história dos alunos. A Professora A respondeu que não, explicando que: “A preparação da aula ocorre de uma maneira que seja proveitosa e confortável para todos. Assim, para que aconteça uma aprendizagem mais próxima de cada um. Como mediador de conhecimento sempre procuro estimulá-los a quererem aprender sempre”. No entanto, o Professor B respondeu que sim, “Pois acredito que só é possível chegar a objetivos concretos aproveitando os conhecimentos prévios de cada um e principalmente porque o adulto já tem uma personalidade formada, e um objetivo traçado em relação à escola, se não tiver uma maneira que considere sua opinião e história é motivo para que o adulto desista da escola”. Não concordamos com a Professora A em relação ao seu posicionamento, quando diz que não considera os conhecimentos já adquiridos pelos alunos, pois entendemos que a aprendizagem de conceitos conta com conhecimentos prévios dos alunos para ser eficaz. Segundo Coll (1998), quando o aluno “enfrenta” um novo conteúdo a ser aprendido, sempre o faz “armado” com uma série de conceitos, concepções, representações e conhecimentos adquiridos no decorrer de suas experiências anteriores. Esses conhecimentos prévios são os fundamentos da construção dos novos significados. Uma aprendizagem é tanto mais significativa quanto mais relações com sentido o aluno for capaz de estabelecer entre o que já conhece, seus conhecimentos prévios, e o novo conteúdo que lhe é apresentado como objeto de aprendizagem. (BIONDO; CALSA, 2003, p. 149). Portanto, isso quer dizer que, grande parte da atividade mental construtiva dos alunos deve consistir em mobilizar e atualizar seus conhecimentos anteriores para entender sua relação ou relações com o novo conteúdo. 34 Na segunda pergunta questionou-se se existem livros próprios para trabalhar com estes alunos, ou como são escolhidos os materiais didáticos. Para a Professora A: “Existe uma coleção, EJA, composta de quatro volumes, adquiridos pela Secretaria de Educação. E também recebemos o livro “Viver, Aprender Alfabetização”, do Governo Federal. E sempre busco em outros livros os conteúdos que acho importante eles saberem”. A Professora B respondeu: “Sim, existem materiais, apostilas, livros didáticos, etc. escolhidos pelos professores”. Convém salientar que, quando trabalhamos com sujeitos jovens e adultos, precisamos ter claro que eles já desenvolvem modos próprios de elaboração e de lidar com o real. Isto implica em pensarmos um encaminhamento metodológico que possa articular o saber dos alunos, assim como pensar também a organização e a seleção de conteúdos e textos significativos, voltados para a realidade do jovem/adulto. No que se refere à sistematização da alfabetização o professor, enquanto sujeito mediador, poderá oportunizar práticas que possibilitem a interlocução com os projetos de leitura/escritura dos alunos que buscam a alfabetização: ler/escrever para buscar informações, para agir, compreender, aprender, escolher..., estudar textos de várias áreas para construir conhecimentos, para buscar organização, registro, memória, identificação, ler/escrever por prazer, ou seja pela simples fruição do texto... Projetos estes que poderão ser registrados pelo professor, enquanto escriba, e lidos para e pelos educandos como um texto do qual foram autores. (SANTA CATARINA, 1998, p. 43). Assim sendo, é possível pensar o trabalho metodológico com a linguagem (fala, leitura e escrita), baseado nas práticas de discursividade, leitura, produção de textos e análise linguística. Portanto, é vivenciando o estudo e experimentando o uso da língua que o aluno se constitui como sujeito do seu processo de ensino/aprendizagem, o que nos possibilitará perceber os avanços e recuos que juntos, professores e alunos, enfrentam neste processo. A terceira pergunta indagava qual a maior dificuldade que você percebe para a EJA. Segundo a Professora A: “São alunos já com uma história de vida, às vezes é difícil ensiná-los. Acredito que a maior dificuldade seja a falta de memorização dos alunos da EJA”. 35 Os conhecimentos de uma pessoa, que procura tardiamente a escola, são inúmeros e adquiridos ao longo de sua história de vida. Esses alunos e alunas demonstram vergonha em perguntar ou em responder perguntas, nervosismo exacerbado nas situações de avaliação, ou então se mostram agitados e indisciplinados. Muitos não conseguem nem olhar nos olhos do professor e da professora. (COSTA; ÁLVARES; BARRETO, 2006, p. 19). O papel do professor da EJA é determinante para evitar situações de novo fracasso escolar. Um caminho seguro para diminuir esses sentimentos de insegurança é valorizar os saberes que os alunos e alunas trazem para a sala de aula. A Proposta Curricular de Santa Catarina (1998), para a Educação de Jovens e Adultos parte do princípio de que a construção de uma educação básica voltada para a cidadania, deve oferecer ensino de qualidade, ministrado por professores capazes de incorporar ao seu trabalho os avanços das pesquisas nas diferentes áreas de conhecimento e de estar atentos às dinâmicas sociais e a suas implicações no âmbito escolar. Na opinião da Professora B: “A corrida contra o tempo. É necessário enxugar o conteúdo para dar tempo de cumprir os prazos o que acaba sendo pincelado o conteúdo tornando-os pobres”. Segundo Costa, Álvares e Barreto (2006, p. 11): Os jovens e adultos buscam na escola, sem dúvida, mais do que conteúdos prontos para serem reproduzidos. Como cidadãos e trabalhadores que são, esses alunos querem se sentir sujeitos ativos, participativos e crescer cultural, social e economicamente. Diminuir a distância entre o que esperam os alunos e alunas e o que a escola lhes oferece é tarefa que só pode ser cumprida pelos professores da EJA. O professor mediador precisa possuir características próprias e sua formação docente permitir: voltar-se para a aprendizagem dos educandos, percebê-los como o centro do processo, desenvolver ações conjuntas com os alunos favorecendo a aprendizagem, promover a parceria entre professor e aluno, respeitar as faixas etárias dos educandos, ter domínio de sua área de conhecimento; ter criatividade; ter capacidade dialógica tanto no contexto escolar como no não escolar; cuidar da expressão e comunicação como instrumentos da aprendizagem. 36 A quarta pergunta versava sobre como foi à qualificação para atuar na Educação de Adultos. A Professora A respondeu “Sou pedagoga, com especialização em Educação de Jovens e Adultos”. A Professora B explicou que é “Pedagogia cursando e cursos de aperfeiçoamento”. Nesse sentido, conforme Freire (1996, p. 68): O professor de educação de Jovens e Adultos, deve ser um profissional capaz de produzir, sistematizar e socializar o saber, a cultura, numa atitude interdisciplinar, resultado mais radical e transcendente do educador diante da educação, do homem, da sociedade e do mundo. Sendo um educadorpesquisador, com uma postura crítico-reflexiva, frente a prática pedagógica na ação-reflexão-ação, possibilitada por uma atitude e um pensar interdisciplinar. Assim, formação do educador deve ter como principal objetivo o de melhorar a qualidade da sua intervenção educativa e pedagógica. Deve ser possibilitado que os educadores construam sua própria prática como: capacitá-los para que sejam seres autônomos, capazes de interagir e de responder às necessidades impostas pelo mundo moderno. Biccas e Vóvio (2010) sugerem que, na atuação do educador devem estar refletidos os seguintes princípios que dizem respeito aos alunos: - O diagnóstico de quais são seus conhecimentos prévios. - A promoção de situações nas quais os alunos interajam entre si e consigo mesmos. - A consideração das práticas cotidianas dos jovens e adultos, consolidando as aprendizagens escolares a partir dessas experiências. - O respeito às diversidades de personalidades e de culturas. - A valorização da autonomia de seus alunos. - A promoção da autoconfiança dos alunos diante de seus saberes, valores e atitudes. - O incentivo à cooperação e à solidariedade entre os alunos. Nesse sentido, os educadores devem estar constantemente avaliando sua prática pedagógica, buscando aprofundar teoricamente aspectos ligados à educação de jovens e adultos: quem são eles, como pensam, como dimensionam seu tempo, 37 quais seus interesses, como percebem o mundo a sua volta, quais suas necessidades, como constroem conhecimento, etc. A última pergunta questionava aos educadores uma análise das ações governamentais quanto à Educação de Jovens e Adultos. A Professora A respondeu que “Hoje estamos vivendo uma época que ninguém é responsável pela EJA. Ainda bem que a nossa coordenadora sempre dá um jeito para que as coisas aconteçam da melhor maneira possível”. Biccas e Vóvio (2010, p. 324) afirmam que: É importante, ainda, que as coordenadoras pedagógicas estejam sempre atentas e próximas das educadoras, avaliando o que não está bom no relacionamento pessoal, no trabalho cotidiano da sala de aula e procurando, durante as reuniões, discutir e buscar, com o grupo, alternativas para mudanças que alterem o que não está funcionando bem. Nesse sentido, o papel das coordenadoras pedagógicas junto das educadoras seria o de garantir o acesso ao conhecimento científico e de relacioná-lo à prática cotidiana. A Professora B salientou que “As ações desenvolvidas parecem ser para acabar com EJA, pois as dificuldades impostas só aumentam”. De acordo com Seffrin (2010), um dos grandes instrumentos disponíveis aos sistemas, visando à construção de uma identidade própria de EJA, refere-se à formulação de propostas político-pedagógicas – contemplada nas Diretrizes Curriculares Nacionais para EJA – que fundamentem uma prática coerente com as características desse segmento e assegurem o direito que os alunos têm a um ensino de qualidade. No entanto, no contexto das escolas brasileiras que oferecem EJA, ainda há um imenso caminho a ser percorrido, pois a realidade mostra que poucas escolas/sistemas embasam seu trabalho em propostas políticopedagógicas, sejam específicas ou integradas na escola como um todo. Pouca importância é, ainda, conferida tanto a sua elaboração quanto a sua execução. Da mesma forma, falta reflexão quanto a sua importância; os planos, quando existem, são meramente burocráticos e o tempo destinado à formulação dessas propostas é curto, geralmente no início do ano, sem a participação do coletivo da escola e sem sintonia com a realidade na qual a escola está inserida. Não há preocupação com a avaliação, nem durante nem no final do processo. (SEFFRIN, 2010, p. 314). A EJA, como modalidade da educação básica e por atender a um público jovem e adulto, excluído do sistema de ensino na idade própria, deve ter tratamento 38 que atenda à sua especificidade, que considere as vivências, os conhecimentos e a cultura que esses alunos trazem para a sala de aula. 39 3 ANÁLISE DO CURSO DE PEDAGOGIA Na sociedade atual, o movimento de qualificação e requalificação da capacidade de trabalho tem ocupado um lugar proeminente em todos os campos profissionais. É uma questão posta pelo próprio mercado e pela dinâmica social, constituindo um movimento indiscutível no campo da formação continuada. A escola, enquanto instituição social, não fica à parte desse movimento, sendo chamada a cumprir o papel de formar os futuros profissionais do mercado. Essa questão tem como consequência um movimento pedagógico na escola, na tentativa de acompanhar o mercado, o que faz introduzir exigências curriculares que alteram o perfil do educador até então desejado. O acompanhamento das mudanças culturais e tecnológicas pelas escolas, torna importante a discussão sobre o papel da formação em serviço para os profissionais da educação. Busca-se tratar de forma sistemática e científica, o problema da formação dos educadores e professores. Se quisermos desenvolver com os educadores competências básicas e específicas que lhes permitam conceber e organizar estratégias de intervenção eficazes no ensino e aprendizagem dos alunos, ressalta-se repensar seriamente os sujeitos, os conteúdos, os métodos e os contextos; ou seja, com que conteúdos, para que sujeitos, com que conhecimentos, capacidades, com que métodos e em que contextos deverão ser formados os educadores para que sejam verdadeiros profissionais. Diferentemente das demais ciências da educação, a pedagogia é ciência da prática. [...] Ela não se constrói como discurso sobre a educação, mas a partir da prática dos educadores tomada como referência para a construção de saberes, no confronto com os saberes teóricos. [...] O objeto/problema da pedagogia é a educação enquanto prática social. Daí seu caráter específico que a diferencia das demais (ciências da educação), que é o de uma ciência prática - parte da prática e a ela se dirige. (PIMENTA, 1998, p. 57). Neste contexto, o processo de trabalho docente requer um profissional que alie habilidades do fazer pedagógico com outras referentes ao pensar permanente de sua própria prática, conforme as exigências de perfil para o cidadão trabalhador na sociedade contemporânea: aquele que acrescente aos conhecimentos básicos para o desenvolvimento de função específica, conhecimentos e habilidades de 40 gestão do seu próprio trabalho. Foi isso que o estudo do tema deste trabalho de conclusão de curso acrescentou para nossa formação. Esta modalidade de ensino exige do professor um lastro de conhecimentos que se apoie numa dinâmica que lhe permita a construção de novos conhecimentos, mediante o confronto permanente com as experiências construídas em outros espaços de aprendizagens, nas relações sociais e produtivas e também levando em conta os conhecimentos e a cultura que o aluno jovem e adulto já traz consigo. No contexto dessa pedagogia, o ensinar e o aprender devem estar associados aos objetivos de compreender por que as coisas são como são e como vieram a se tornar assim. A pedagogia, enquanto produção de conhecimento, tornase um esforço deliberado para influenciar os tipos e os processos de conhecimentos e identidades em meio a determinados conjuntos de relações sociais. Em outras palavras, a pedagogia, num sentido amplo, diz respeito, a um só tempo, às práticas em que educandos e educadores podem juntos engajar-se à política cultural que está por trás delas. A leitura possível de se realizar em relação às mudanças é a busca de um professor que, enquanto cidadão do mundo contemporâneo, apresente conhecimentos e habilidades gerais de pensar, saber escutar, aprender a aprender, lidar com as tecnologias contemporâneas, ter iniciativa para resolver problemas, capacidade para tomar decisões, ser criativo, ser autônomo, estar em sintonia com a realidade. Assim, o curso de pedagogia contribuiu para perceber a Educação de Jovens e Adultos como uma educação emergente, entendendo que a formação necessária ao professor contemporâneo deva ser ampla e não específica para esta modalidade de ensino. Neste sentido, o saber docente é um saber social, sendo adquirido no contexto da socialização profissional no qual o saber não é um conjunto de conhecimentos definidos de uma vez num curso de formação, mas um processo em construção ao longo de uma carreira profissional, em que se aprende a dominar o ambiente de trabalho ao mesmo tempo que se forma uma consciência social. 41 CONCLUSÃO Através da análise e interpretação dos questionários foi possível identificar aspectos associados aos objetivos deste trabalho, que buscamos identificar as contribuições que a EJA realmente proporciona para a vida familiar, profissional e social dos alunos, buscando também identificar junto aos educadores qual o método utilizado na sala de aula. Através dos dados coletados podemos observar que os alunos ingressos na modalidade de educação da EJA estão sedentos pela capacidade de ler e escrever. Também, notamos a preocupação dos mesmos no que diz respeito ao futuro. Quanto às professoras, observamos que uma é Pedagoga formada com especialização em Educação de Jovens e Adultos e a outra é aluna do Curso de Pedagogia com cursos de aperfeiçoamento. Quando analisamos o desempenho obtido pelo profissional pedagógico precisamos levar em consideração não apenas sua atuação em sala de aula, mas também as condições físicas onde desenvolve seu trabalho, o material pedagógico disponibilizado para tal fim, bem como, a capacitação inicial e contínua dos profissionais envolvidos. Percebemos com relação a esta pesquisa desenvolvida que há uma grande carência com relação à horas/aula oferecidas aos alunos, assim como, a necessidade dos professores de elaboração de atividades a serem desenvolvidas em sala de aula, uma vez que o material disponível não leva em consideração, na maioria das vezes, a regionalidade, a idade (normalmente avançada) e o histórico/conhecimento que acompanham estes alunos. Notamos a ânsia dos professores da EJA com relação a alcançarem os objetivos da alfabetização dos alunos, os quais muitas vezes como percebemos na pesquisa, creem que para aprender a ler e escrever é necessário passar as horas resolvendo exercícios, não percebem que no ato da conversação há um aprendizado tão grande quanto no ato da escrita. Notamos através das respostas das entrevistas aplicadas que grande parte dos alunos não teve oportunidades de continuidade dos estudos, pelo fato de que são filhos de agricultores e na época em que deviam dedicar-se aos estudos, era necessário ajudar a família para a subsistência. 42 Pode-se perceber claramente isso através da resposta de um aluno, quando perguntado sobre a frequência na escola quando jovem: “Sim, mas não tenho noção de quanto tempo, pois ia uma vez por mês na aula. Tinha que trabalhar na agricultura para ajudar a família”. Os alunos têm grande preocupação e anseio para poder ler e escrever e observamos isso quando nos contam que com apenas dois encontros semanais não se consegue ter um bom aprendizado, quando questionados sobre o que gostariam que mudasse: “Mais aulas na semana, no mínimo quatro dias para que as pessoas com maior dificuldade possam aprender”. Essa fala foi confirmada por uma das professoras quando referiu-se que a maior dificuldade na opinião dela é o pouco tempo de aulas disponíveis na semana, e por isso, é necessário enxugar o conteúdo para dar tempo de cumprir os prazos tornando-os pobres. Uma questão chamou a atenção quando buscamos saber dos alunos o que motivou o retorno aos estudos. A maioria das respostas foi que estão estudando para poder tirar a carteira de motorista, além de aprender a ler e escrever. Diante deste resultado, percebemos que em muitos casos o ato do retorno à escola teve como motivo a realização de um sonho, e também ficou bastante claro por parte dos entrevistados que após alcançar este objetivo não existe o interesse em continuar os estudos. Nos indagamos sobre o que poderia ser feito para que esta grande maioria dos entrevistados que buscam aprender a ler e escrever com um único objetivo de carteira de motorista, percebessem que o mundo da escolarização é muito maior e muito mais deslumbrante e que o fato de tirar um documento é apenas um dos passos que a leitura do mundo nos proporciona. Quando ingressamos em um curso universitário buscamos a profissionalização e respostas a algumas indagações internas que nos atormenta. Infelizmente como na educação de crianças e jovens, o ensino universitário também deixa a desejar com relação aos seus objetivos. Tratando agora do perfil do nosso curso de Pedagogia, acreditamos que sua grade por ser bastante extensa, ou seja, contemplando desde educação especial, passando por gestão de pessoas, pedagogia hospitalar entre outras, não consegue alcançar seus objetivos dentro do curto espaço de tempo de horas/aula disponíveis. 43 Temos agora um grande desafio a ultrapassar. Fazer a diferença em uma sala de aula, sair do comodismo que hoje a educação se encontra, não esperando que nossos políticos olhem e percebam o quanto é necessário que a educação seja levada a sério, não colocando a culpa unicamente no sistema de governo. Precisamos urgente alcançar na educação brasileira um patamar no qual os alunos não apenas aprendam ler ou escrever, a fazer contas de matemática, mas sim, que sejam capazes de perceber a lógica nos números, a ler o mundo, a opinar de forma coerente e convincente, de emitir críticas construtivas. Assim, quando tivermos uma educação básica que mereça nossos aplausos em pé, conseguiremos ter uma universidade capaz de levar ao mercado de trabalho profissionais realmente capacitados. Sem dúvida, todo conhecimento que agregamos nos torna melhores como seres humanos. Esta trajetória universitária com certeza contribuiu para isso. Temos percepção de fatores psicológicos, sociológicos, filosóficos que nos auxiliam a entendermos as pessoas melhores, entendimento do mundo que vivemos. e consequentemente temos melhor 44 REFERÊNCIAS BICCAS, Maurilane de Souza; VÓVIO, Cláudia Lemos. Programas de Educação de Jovens e Adultos: um olhar sobre a formação dos educadores. Simpósio 22, Alfabetização de jovens e adultos. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me000494.pdf> Acesso em: 29 set. 2010. BIONDO, Fabiana Poças; CALSA, Geiva Carolina. A influência dos conhecimentos prévios na conceituação de gênero gramatical. I Encontro Paranaense de Psicopedagogia – ABPppr – nov./2003. Disponível em: <http://www.abpp.com.br/abppprnorte/pdf/a17Biondo03.pdf> Acesso em 29 set. 2010. COSTA, Elisabete; ÁLVARES, Sônia Carbonell; BARRETO, Vera. Trabalhando com a educação de jovens e adultos. Caderno alunas e alunos da EJA. Brasília: Coordenadoria Geral de Educação de Jovens e Adultos, 2006. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996. FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 32. ed. São Paulo: Cortez, 1996. ______. Ação cultural para a liberdade e outros escritos. 10. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2002. GADOTTI, Moacir. Educação de jovens e adultos: um cenário possível para o Brasil. Disponível em: <http://www.paulofreire.org/pub/Institu/SubInstitucional1203023491It003Ps002/EJA_ Um_cenario_possivel_2003.pdf> Acesso em 27 set. 2010. HADDAD, Sérgio. Estado e educação de adultos (1964-1985). Tese Doutorado, Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo. São Paulo: 1991. LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da escola pública: a pedagogia críticosocial dos conteúdos. 2. ed. São Paulo: Cortez, 1996. MACHADO, Maria Margarida. A prática e a formação de professores na EJA. Disponível em: <www.anped.org.br/reunioes/23/textos/1822t.PDF> Acesso em 27 set. 2010. MERCADO, Luís Paulo Leopoldo. 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Motivos: _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ 2. O que motivou o retorno? _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ 3. Quais as dificuldades encontradas ao ingressar/voltar? _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ 4. Quais os benefícios que a escola trouxe, até o momento? _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ 5. Na sala de aula, os assuntos abordados são próximos a sua realidade? _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ 6. No dia a dia, onde você percebe mais diferença depois do retorno à escola? _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ 48 _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ 7. São utilizados livros durante as aulas? _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ 8. Você recebe exercícios para realizar em casa? _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ 9. Como são as aulas? _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ 10. O que você gostaria que mudasse no dia a dia da escola? _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ 11. Qual é o teu projeto para o futuro? _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ 49 APÊNDICE B: QUESTIONÁRIO AOS PROFESSORES Esta pesquisa objetiva a busca de melhor compreensão a respeito da Educação de Jovens e Adultos. As respostas/reflexões servirão para análise da pesquisadora, mantendo o sigilo quanto aos agentes envolvidos na pesquisa. 1. O trabalho desenvolvido na sala de aula leva em consideração a idade e história dos alunos? Comente. ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 2. Existem livros próprios para trabalhar com estes alunos, ou, como são escolhidos os materiais didáticos? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 3. Qual a maior dificuldade que você percebe para a EJA? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 50 ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 4. Como foi sua qualificação para atuar na Educação de Adultos? ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ ______________________________________________________________ 5. Analise as ações governamentais quanto a Educação de Jovens e Adultos. ______________________________________________________________ ______________________________________________________________