Vimos que os conteúdos da filosofia são
problemas, teorias e argumentos. Os
problemas filosóficos não têm resposta
empírica nem formal, mas sim
conceptual: as teorias são as respostas
dadas aos problemas, as posições
tomadas. Mas não basta apresentar
respostas, é preciso mostrar porque é
que se dá essas respostas, apresentar
justificações que as fundamentem, ou
seja, utilizar argumentos. Estes são os
principais instrumentos do trabalho
filosófico, pois é deles que vai depender
a aceitação das teorias.
A validade, dedutiva ou não dedutiva, tem que ver com a relação entre o valor de
verdade das premissas e o valor de verdade da conclusão.
Num argumento dedutivamente válido é impossível as premissas serem verdadeiras e
a conclusão falsa; no caso de um argumento válido não dedutivamente, pelo
contrário, dizemos que a verdade das premissas torna apenas improvável que a
conclusão seja falsa.
Por exemplo:
Se 3 é um número primo, então é divisível apenas por si e pela unidade.
Ora, 3 é um número primo.
Logo, 3 é divisível unicamente por si e pela unidade.
Ou:
O cisne da semana passada era branco.
O que vi ontem também era branco.
Igualmente o que observei há pouco era branco.
Portanto, todos os cisnes são brancos.
No primeiro caso estamos perante um argumento dedutivamente válido: se as
premissas forem verdadeiras, como acontece, é impossível a conclusão ser falsa;
no segundo exemplo, as coisas não se passam da mesma maneira — do facto de
termos feito um elevado número de observações de cisnes e de em todos os casos
termos constatado que se tratava de animais de cor branca, apenas podemos
concluir que é bastante improvável que alguém encontre um cisne que seja de uma
qualquer outra cor, mas não se afirma que tal coisa seja impossível; aliás, sabemos
que o não é.
A verdade é uma propriedade das proposições.
A validade é uma propriedade dos argumentos.
É incorrecto falar em proposições válidas. As proposições não são válidas
nem inválidas. As proposições só podem ser verdadeiras ou falsas.
Também é incorrecto dizer que os argumentos são verdadeiros ou que são
falsos. Os argumentos não são verdadeiros nem falsos. Os argumentos dizemse válidos ou inválidos.
A verdade e a validade não dependem dos agentes envolvidos; já da
plausibilidade, como vemos, não se pode dizer o mesmo.
Disto segue-se que há na noção de força de um argumento uma componente
relativa ao sujeito, sem que isso, no entanto, signifique que se adopta uma
concepção subjectivista da verdade, mas, isso sim, que se reconhece que a
plausibilidade remete necessariamente para um sujeito que, no entanto, se
pressupõe racional.
A questão da plausibilidade, factor determinante na avaliação dos
argumentos, evidencia algumas das limitações da lógica formal. Se é decisivo
dar resposta às perguntas sobre a verdade e a validade, o que é certo é que
não é possível decidir da força do argumento sem colocar interrogações que
escapam à perspectiva da lógica formal e exigem o recurso a um ponto de
vista epistemológico e até psicológico que remete já para a lógica informal.
A Lógica Informal é uma tentativa de desenvolver uma
lógica que possa ser usada para avaliar, analisar e
aprimorar os raciocínios informais que ocorrem em
relacionamentos interpessoais, propagandas,
debates políticos, argumentos legais e nos
comentários sociais encontrados em jornais,
televisão, Internet e outras formas de
comunicação de massa.
Em muitos casos o desenvolvimento da lógica informal
motiva-se pelo desejo de desenvolver um modo de
análise e avaliação do raciocínio comum que seja
capaz de se tornar parte do ensino geral, e de
compor e aprimorar o raciocínio público, a
discussão e o debate
Estuda os aspectos lógicos da argumentação que não
dependem exclusivamente da forma lógica.
Estuda argumentos formais e informais.
Estuda as relações entre os argumentos e os agentes
cognitivos envolvidos.
Permite definir várias noções centrais que não podem
ser definidas recorrendo exclusivamente aos
instrumentos da lógica formal (p. ex. as noções de
argumento, falácia, explicação).
A noção de argumento implica uma intenção de um
agente: alguém tem de ter a intenção de sustentar
uma proposição com base noutras.
Distingue graus de força dos argumentos. O estudo da
força dos argumentos não prescinde de
referências ao conteúdo das proposições e ao
contexto da argumentação.
A Lógica Formal estuda apenas os aspectos lógicos
da argumentação que dependem
exclusivamente da forma lógica.
Estuda exclusivamente os argumentos dedutivos
formais — os únicos cuja validade ou invalidade
depende exclusivamente da sua forma lógica
ou da forma lógica das suas proposições.
Do ponto de vista da lógica formal, tudo o que se
pode dizer de um argumento é que é
formalmente válido ou não.
Um argumento é formalmente válido quando há uma
relação de derivabilidade ou consequência
formal entre as suas premissas e a sua
conclusão.
O estudo da validade formal prescinde de
referências ao conteúdo das proposições e ao
contexto da argumentação
.
Chama-se «silogismo» a argumentos com duas premissas em que tanto as premissas
como a conclusão são proposições de tipo A, E, I ou O. Por exemplo:
Todos os portugueses são sábios.
Todos os minhotos são portugueses.
Logo, Todos os minhotos são sábios.
Além de terem duas premissas e unicamente proposições de uma das quatro formas
silogísticas, os silogismos têm de obedecer a uma certa configuração:
• O termo maior é o termo predicado da conclusão e ocorre uma única vez na primeira
premissa (premissa maior).
• O termo menor é o termo sujeito da conclusão e ocorre uma única vez na segunda
premissa (premissa menor).
• O termo médio é o termo que surge em ambas as premissas, mas não na conclusão.
Nem sempre os argumentos surgem na sua forma silogística (a que também se
chama «forma padrão»). Para colocar um argumento na forma silogística, é preciso
apresentar as premissas pela ordem correcta. A premissa maior deve estar sempre
acima da premissa menor. O argumento «Não há filósofos dogmáticos, visto que
qualquer filósofo é crítico; mas nenhum dogmático é crítico» não se encontra na
forma silogística. Na forma silogística este argumento teria de ser apresentado do
seguinte modo:
Nenhum dogmático é crítico. (Premissa maior.)
Todos os filósofos são críticos. (Premissa menor.)
Logo, nenhum filósofo é dogmático. (Conclusão.)
Existem regras que nos permitem dizer se um silogismo é ou não válido.
Um argumento é um conjunto de proposições que utilizamos para
justificar (provar, dar razão, suportar) algo. A proposição que
queremos justificar tem o nome de conclusão; as proposições que
pretendem apoiar a conclusão ou a justificam têm o nome de
premissas.
Supõe que queres pedir aos teus pais um aumento da "mesada". Como
justificas este aumento? Recorrendo a razões, não é? Dirás qualquer
coisa como:
Os preços no bar da escola subiram; como eu lancho no bar da escola, o
lanche fica me mais caro. Portanto, preciso de um aumento da
"mesada".
Temos aqui um argumento, cuja conclusão é: "preciso de um aumento da
'mesada'". E como justificas esta conclusão? Com a subida dos
preços no bar da escola e com o facto de lanchares no bar. Então,
estas são as premissas do teu argumento, são as razões que utilizas
para defender a conclusão.
Este exemplo permite-nos esclarecer outro aspecto dos argumentos, que
é o seguinte: embora um argumento seja um conjunto de proposições,
nem todos os conjuntos de proposições são argumentos. Por
exemplo, o seguinte conjunto de proposições não é um argumento:
Eu lancho no bar da escola, mas o João não.
A Joana come pipocas no cinema.
O Rui foi ao museu.
Argumentos sólidos e argumentos bons
Em filosofia não é suficiente termos argumentos válidos, pois, como viste,
podemos ter argumentos válidos com conclusão falsa (se pelo menos uma
das premissas for falsa). Em filosofia pretendemos chegar a conclusões
verdadeiras. Por isso, precisamos de argumentos sólidos.
Um argumento sólido é um argumento válido com premissas verdadeiras.
Um argumento sólido não pode ter conclusão falsa, pois, por definição, é
válido e tem premissas verdadeiras; ora, a validade exclui a possibilidade de
se ter premissas verdadeiras e conclusão falsa.
O seguinte argumento é válido, mas não é sólido:
Todos os minhotos são alentejanos.
Todos os bracarenses são minhotos.
Logo, todos os bracarenses são alentejanos.
Este argumento não é sólido, porque a primeira premissa é falsa (os
minhotos não são alentejanos). E é porque tem uma premissa falsa que a
conclusão é falsa, apesar de o argumento ser válido.
Nos argumentos há algo que não é objecto do estudo da lógica
formal: trata-se de tudo aquilo que remete para elementos
epistemológicos e psicológicos, sociológicos e históricos… tudo aquilo
que aponta para os agentes envolvidos na argumentação. Nem todos
mas, por certo, alguns desses elementos vão ser decisivos na hora de
avaliar com que força uma conclusão é inferida, e são estudados pela
lógica informal. Afinal, os argumentos não têm uma existência etérea,
são criados e avaliados por homens e mulheres com determinados
conhecimentos, preconceitos, convicções, etc.
Se queremos compreender plenamente o que é um bom argumento,
então não nos basta ser capazes de detectar a solidez. A verdade das
premissas e a validade do argumento são condições necessárias mas
não suficientes para que o argumento seja forte
Exemplo:
A seguir ao sábado vem o domingo.
Portanto, a seguir ao sábado vem o domingo.
A premissa é verdadeira e o argumento é dedutivamente válido: se é
verdade que «a seguir ao sábado vem o domingo», então é
impossível que «a seguir ao sábado vem o domingo» seja uma
afirmação falsa. E, no entanto, o argumento, uma petição de princípio,
é indiscutivelmente mau apesar de sólido.
Também podemos ter argumentos sólidos deste tipo:
Sócrates era grego.
Logo, Sócrates era grego.
(É claro que me estou a referir ao Sócrates, filósofo grego e mestre de
Platão, e não ao Sócrates, primeiro-ministro. Por isso, a premissa e a
conclusão são verdadeiras.)
Este argumento é sólido, porque tem premissa verdadeira e é impossível
que, sendo a premissa verdadeira, a conclusão seja falsa. É sólido, mas não
é um bom argumento, porque a conclusão se limita a repetir a premissa.
Fica agora claro por que é que o argumento "Sócrates era grego; logo,
Sócrates era grego", apesar de sólido, não é um bom argumento: a razão
que apresentamos a favor da conclusão não é mais plausível do que a
conclusão e, por isso, o argumento não é persuasivo.
Um bom argumento ou um argumento cogente é aquele cujas
premissas suportam ou justificam efectivamente a conclusão; e,
para que isso aconteça, tem de reunir três condições:
1. Tem de ser válido.
2. Tem de ter premissas verdadeiras.
3. As premissas devem ser mais plausíveis do que a conclusão.
Um indicador é um articulador do discurso, é uma palavra ou expressão que utilizamos para
introduzir uma razão (uma premissa) ou uma conclusão. O quadro seguinte apresenta
alguns indicadores de premissa e de conclusão:
Indicadores de premissa
pois
porque
dado que
como foi dito
visto que
devido a
a razão é que
admitindo que
sabendo-se que
assumindo que
Indicadores de conclusão
por isso
por conseguinte
implica que
logo
portanto,
então
daí que
segue-se que
pode-se inferir que
consequentemente
Falácias do Argumento Indutivo :
Amostra tendenciosa
Generalização precipita
Falácias do Argumento por Analogia
Falsa analogia
Falácias do Argumento de Autoridade
Apelo à autoridade
Autoridade anónima
Argumento que consiste em pretender
provar uma conclusão, tendo como
premissa a própria conclusão.
A mesma proposição funciona
simultaneamente como premissa e
como conclusão

Forma de inferência que consiste em adoptar,
para premissa de um raciocínio, a própria
conclusão que se quer demonstrar

Ex: “permitir a todos os homens liberdade de
expressão ilimitada deve ser sempre (…) vantajoso
para o Estado, pois é altamente propício aos
interesses da comunidade que cada indivíduo
goze de liberdade ilimitada para expressar os seus
sentimentos”

Argumento que pretende mostrar que uma
afirmação é falsa, atacando e desacreditando a
pessoa que a emite.

Ex: Roberto disse que amanhã não há aulas, mas
de certeza que há, porque ele é malcriado e um
grande preguiçoso
Ex: doutor, por causa do meu problema
respiratório, o senhor não me pode proibir o
tabaco. Eu sei que o senhor tem o mesmo
problema de saúde que eu e vejo-o, fora do
consultório, sempre de cigarro na boca


Um argumento ad hominem é legítimo
se as questões relativas às
características da pessoa forem
relevantes para o assunto em discussão.

Argumento que consiste em pressionar
psicologicamente o auditório,
desencadeando sentimentos de
piedade ou compaixão.
Chegou a hora de estudar
como o Chico está a
fazer.
Este PowerPoint foi elaborado a partir de diversos documentos.
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