JAN / FEV / MAR 2011 • No 1 • ANO XXXV Remodelando o futuro Artrite Psoriásica Recomendado pelo grupo GRAPPA* para todos os quadros e comorbidades de AP 9 *GRAPPA: Group for Research and Assessment of Psoriasis and Psoriatic Arthritis Artrite Reumatoide REMICADE interrompe a progressão da doença1-4 - resposta rápida5-7 - reduz a progressão radiográfica1,2 - possibilita remissão sem uso de medicação3,4,8 Espondilite Anquilosante REMICADE promove: - redução nas crises de uveíte anterior em comparação ao etanercepte10 - redução significativa nas crises de doença inflamatória intestinal em comparação aos outros agentes anti-TNF11 - melhora significativa e sustentada por até 5 anos na atividade da doença axial, mobilidade e função12 Referências bibliográficas: 1. St Clair EW, van der Heijde DM, Smolen JS, Maini RN, Bathon JM, Emery P, et al.; Active-Controlled Study of Patients Receiving Infliximab for the Treatment of Rheumatoid Arthritis of Early Onset Study Group. Combination of infliximab and methotrexate therapy for early rheumatoid arthritis: a randomized, controlled trial. Arthritis Rheum. 2004;50(11):3432-43. 2. Smolen JS, Van Der Heijde DM, St Clair EW, Emery P, Bathon JM, Keystone E, et al.; Active-Controlled Study of Patients Receiving Infliximab for the Treatment of Rheumatoid Arthritis of Early Onset (ASPIRE) Study Group. Predictors of joint damage in patients with early rheumatoid arthritis treated with high-dose methotrexate with or without concomitant infliximab: results from the ASPIRE trial. Arthritis Rheum. 2006;54(3):70210. 3. Van der Kooij, et al. Remission induction in early rheumatoid arthritis with initial infliximab and methotrexate therapy: 4-year follow-up data of the disease course after infliximab discontinuation in the best trial. Ann Rheum Dis 2007;66(Suppl II):192. 4. Van Der Kooij S, et al. Drug-free remission, functioning and radiographic damage after 4 years of response-driven treatment in patients with recent onset rheumatoid arthritis. Ann Rheum Dis. 2009; 68:914-921. 5. Maini R, St Clair EW, Breedveld F, Furst D, Kalden J, Weisman M, et al. Infliximab (chimeric anti-tumour necrosis factor alpha monoclonal antibody) versus placebo in rheumatoid arthritis patients receiving concomitant methotrexate: a randomised phase III trial. ATTRACT Study Group. Lancet. 1999 Dec 4;354(9194):1932-9. 6. St Clair EW, Wagner CL, Fasanmade AA, Wang B, Schaible T, Kavanaugh A, Keystone EC. The relationship of serum infliximab concentrations to clinical improvement in rheumatoid arthritis: results from ATTRACT, a multicenter, randomized, double-blind, placebo-controlled trial. Arthritis Rheum. 2002 Jun;46(6):1451-9. 7. Maini RN, Breedveld FC, Kalden JR, Smolen JS, Furst D, Weisman MH, et al.; Anti-Tumor Necrosis Factor Trial in Rheumatoid Arthritis with Concomitant Therapy Study Group. Sustained improvement over two years in physical function, structural damage, and signs and symptoms among patients with rheumatoid arthritis treated with infliximab and methotrexate. Arthritis Rheum. 2004;50(4):1051-65. 8. Van Der Kooij SM, et al. Remission induction in early rheumatoid arthritis (RA) with initial infliximab (IFX) and methotrexate (MTX) therapy: The disease course after IFX discontinuation in the best trial. Arthritis Rheum. 2006; 54(9,Suppl): S302-3. 9. Ritchlin CT, Kavanaugh A, Gladman DD, Mease PJ, Helliwell P, Boehncke WH, de Vlam K, Fiorentino D, Fitzgerald O, Gottlieb AB, McHugh N, Nash PT, Qureshi A, Soriano ER, Taylor WJ. Treatment recommendations for psoriatic arthritis. Ann Rheum Dis. 2009; 68: 387-1394. 10. Braun J, Baraliakos X, Listing J, Sieper J. Decrease incidence of anterior uveitis in patients with ankylosing spondylitis treated with the anti-tumor necrosis factor agents infliximab and etanercept. Arthritis Rheum. 2005;52:2447-51. 11. Kontoyiannis D, Pasparakis M, Pizarro TT, Cominelli F, Kollias G. Impaired on/off regulation of TNF biosynthesis in mice lacking TNF AU-rich elements: implications for joint and gut-associated immunipathologies. Immunity. 1999;10:387-98. 12. Braun J, et al. Persistent clinical efficacy and safety of anti-tumour necrosis factor alpha therapy with infliximab in patients with ankylosing spondylitis over 5 years: evidence for different types of response. Ann Rheum Dis. 2008;67(3):340-5. REMICADE® (infliximabe 100 mg). INDICAÇÕES: Artrite Reumatoide: redução de sinais e sintomas; prevenção de lesão articular estrutural e melhora do desempenho físico em pacientes com doença ativa já tratados com metotrexato e em pacientes com doença ativa moderada a grave ainda não tratados com metotrexato (tratamento de 1ª linha). Espondilite Anquilosante: redução dos sinais e sintomas; melhora da função física em pacientes com doença ativa. Doença de Crohn em pacientes adultos e pediátricos (6 a 17 anos de idade): redução de sinais e sintomas; indução e manutenção da remissão clínica; indução da cicatrização da mucosa e melhora da qualidade de vida de pacientes com Doença de Crohn ativa moderada a grave, com resposta inadequada às terapias convencionais. REMICADE® permite a redução ou suspensão do uso de corticosteroides pelos pacientes. Doença de Crohn fistulizante: redução no número de fístulas enterocutâneas com drenagem e fístula retovaginal; manutenção da cicatrização da fístula; redução dos sinais e sintomas; melhora a qualidade de vida em pacientes com Doença de Crohn fistulizante. Artrite Psoriásica: redução dos sinais e sintomas dos pacientes com artrite psoriásica ativa e progressiva que tiveram resposta inadequada às drogas modificadoras da doença (DMARDs); melhora da função física; redução da psoríase medida por PASI e inibição da progressão da lesão estrutural da artrite ativa. Psoríase: redução dos sinais e sintomas da psoríase e melhora da qualidade de vida em pacientes com psoríase de moderada a grave, em que a fototerapia ou tratamento sistêmico convencional for inadequado ou impróprio. Colite ou Retocolite ulcerativa: redução dos sinais e sintomas; indução e manutenção da remissão clínica; indução da cicatrização da mucosa; redução ou descontinuação do uso de corticosteroides; redução da hospitalização e melhora na qualidade de vida de pacientes com colite ou retocolite ulcerativa ativa moderada a grave, com resposta inadequada aos tratamentos convencionais. CONTRAINDICAÇÕES: Pacientes com hipersensibilidade conhecida a qualquer componente do produto ou a proteínas murinas; infecções graves, como tuberculose, sepse, abcessos e infecções oportunistas; insuficiência cardíaca moderada ou grave. PRECAUÇÕES E ADVERTÊNCIAS: REMICADE® pode estar associado a efeitos agudos de infusão e reação de hipersensibilidade tardia. Os pacientes recebendo REMICADE® devem ser observados durante, pelo menos, 1 a 2 horas após a infusão. Se ocorrerem reações agudas, a infusão deverá ser interrompida imediatamente. Alguns desses efeitos podem ser descritos como anafilaxia. Medicamentos, equipamentos para suporte respiratório e outros materiais apropriados para o tratamento destes efeitos devem estar disponíveis para uso imediato. Em alguns pacientes podem se desenvolver anticorpos contra o infliximabe (associado com um aumento na frequência de reações à infusão) e provocar reações alérgicas graves. Em pacientes com Doença de Crohn, uma associação entre o desenvolvimento de anticorpos contra infliximabe e redução da duração da resposta também foi observada. Pacientes que não estão recebendo imunossupressores durante o tratamento com REMICADE® têm maior risco potencial para desenvolvimento desses anticorpos e aumento na frequência de reações infusionais. Se ocorrerem reações graves deve ser introduzido tratamento sintomático e não deverão ser administradas infusões de REMICADE® posteriormente. Um número significativo de pacientes (25% em um único ensaio clínico) tratados inicialmente com REMICADE® que abandonaram o tratamento por um período de 2 a 4 anos apresentaram reação de hipersensibilidade tardia ao serem retratados. Os sinais e sintomas incluíram mialgia e/ou artralgia com febre e/ou erupção cutânea, no período de 12 dias após o novo tratamento. Alguns pacientes também apresentaram prurido, edema facial, edema de mãos ou lábios, disfagia, urticária, dor de garganta e/ou cefaleia. Os pacientes devem procurar atendimento médico imediato se apresentarem qualquer evento adverso tardio após as infusões com REMICADE®. Pacientes com infecção crônica ou com histórico de infecção recorrente não devem iniciar tratamento com REMICADE® até que os sinais de infecção sejam totalmente excluídos e deverá ser interrompido se o paciente desenvolver infecção grave ou sepse. Como a eliminação de REMICADE® pode levar até 6 meses, é importante o acompanhamento cuidadoso do paciente nesse período. Infecções oportunistas, incluindo tuberculose e outras como sepse, têm sido relatadas em pacientes tratados com infliximabe. Os agentes que inibem o TNFa têm sido associados a casos raros de neurite ótica, convulsões e início ou exacerbação dos sintomas clínicos e/ou evidência radiográfica de doenças desmielinizantes, incluindo esclerose múltipla. Pacientes que serão submetidos a cirurgia durante o tratamento com REMICADE® devem ser cuidadosamente monitorados quanto à ocorrência de infecções. REMICADE® deve ser usado com precaução em pacientes com insuficiência cardíaca leve. Se o paciente desenvolver sintomas sugestivos de síndrome tipo lúpus e for positivo para anticorpos anti-DNA dupla-hélice, o tratamento com REMICADE® deverá ser descontinuado. Pacientes com Doença de Crohn ou artrite reumatoide, particularmente com a doença altamente ativa e/ou exposição à terapia imunossupressora crônica, podem ter maior risco de desenvolvimento de linfoma do que a população geral. O papel potencial da terapia de bloqueador com TNF no desenvolvimento de malignidades não é conhecido. Gravidez e lactação: Não se sabe se REMICADE® pode provocar comprometimento fetal quando administrado a gestantes ou se afeta a capacidade reprodutiva, nem se é excretado no leite materno. Recomenda-se que as medidas contraceptivas sejam mantidas durante pelo menos 6 meses após sua última infusão e em nutrizes a interrupção do tratamento com REMICADE® por seis meses deve ser avaliada e decidida pelo médico. Pacientes idosos: Não foram observadas diferenças importantes na farmacocinética de REMICADE® em pacientes idosos (65 a 80 anos) com artrite reumatoide. A farmacocinética em pacientes idosos com Doença de Crohn não foi estudada. Não foram realizados estudos em pacientes com doença hepática ou renal. Pacientes pediátricos: Não houve diferenças relevantes na farmacocinética de dose única entre os pacientes pediátricos e adultos com Doença de Crohn. REMICADE® não foi estudado em crianças com Doença de Crohn com menos de 6 anos de idade. A segurança e eficácia de REMICADE® em pacientes com artrite reumatoide juvenil não foram estabelecidas. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: Em pacientes com Doença de Crohn e artrite reumatoide foi demonstrado que a formação de anticorpos contra o infliximabe é reduzida quando administrado concomitantemente ao metotrexato ou outros imunomoduladores. REAÇÕES ADVERSAS: As reações adversas mais comumente relatadas referem-se à infusão. As causas mais comuns para a interrupção do tratamento foram: dispneia, urticária e cefaleia. Outras reações adversas, sendo a maioria de intensidade leve a moderada, foram: rubor, cefaleia, vertigem/ tontura, náuseas, diarreia, dor abdominal, dispepsia, função hepática alterada, infecções de vias aéreas superiores e inferiores, dispneia, sinusite, infecção viral, febre, erupção cutânea, prurido, urticária, aumento da sudorese, pele seca, dor torácica, transaminases hepáticas elevadas e reações do tipo doença do soro. Os eventos adversos sérios mais comuns nos relatos pós-comercialização foram as infecções. Em geral, os eventos adversos ocorridos em pacientes pediátricos que receberam REMICADE® foram similares em frequência e tipo àqueles observados em adultos com doença de Crohn. POSOLOGIA: REMICADE® destina-se ao uso intravenoso em adultos (idade ≥ 18 anos) para todas as indicações presentes na bula e em crianças e adolescentes (com idade entre 6 e 17 anos) somente para a Doença de Crohn. O tratamento com REMICADE® deve ser administrado sob supervisão de equipe especializada no diagnóstico e tratamento de artrite reumatoide, espondilite anquilosante, doenças inflamatórias intestinais, artrite psoriática e psoríase. Artrite reumatoide: Infusão intravenosa de 3 mg/kg durante um período de 2 horas, nas semanas 0, 2 e 6 e, a partir de então, a cada 8 semanas. A dose pode ser ajustada, a critério médico, para até 10 mg/kg ou 3mg/kg a cada 4 semanas, se necessário. Recomenda-se a administração de REMICADE® em combinação com o metotrexato. Doença de Crohn moderada a grave adulto e pediátrico, Doença de Crohn fistulizante, Espondilite anquilosante, Artrite Psoriásica e Psoríase: Infusão intravenosa de 5 mg/kg, por um período mínimo de 2 horas, nas semanas 0, 2 e 6, e, a partir de então, em intervalos de até 8 semanas. Doença de Crohn moderada a grave: Nos pacientes com resposta incompleta durante o tratamento de manutenção, deve-se considerar, a critério médico, o ajuste da dose para até 10 mg/kg, se necessário. Existem dados limitados em relação a intervalos de dose superiores a 16 semanas. Doença de Crohn fistulizante: Se o paciente não responder após as três primeiras doses não se deve instituir tratamento adicional com infliximabe. A experiência com readministração em caso de reaparecimento de sinais e sintomas da doença é limitada e não há dados comparativos a respeito do risco/benefício das estratégias alternativas para o tratamento continuado. Na artrite reumatoide, Doença de Crohn e colite ou retocolite ulcerativa, a dose pode ser aumentada, a critério médico, para até 10 mg/kg, se necessário. Para readministração consulte a bula completa do produto. MS 1.6614.0004. VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. A PERSISTIREM OS SINTOMAS, O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO. Recorra à bula do produto para maiores informações. Distribuição exclusiva à classe médica. (MB-rem15) Dentre as informações citadas em bula, ressaltamos que este medicamento é contraindicado para pacientes com histórico de infecção grave, incluindo tuberculose, assim como a interação medicamentosa com a combinação de infliximabe e anacinra. Nota: antes de prescrever, recomendamos a leitura da Circular aos Médicos (bula) completa, para informações detalhadas sobre o produto. MC 085/11 MC 085/11 Anúncio_Remicade_Reumato18x28.indd 2 12-2012-REM-11-BR-(SP9801654)-085-J IMPRESSO EM JANEIRO/2011 1/19/11 6:21 PM Editorial Tem gente nova no Conselho Editorial M ais um ano começa no boletim ou, melhor, continua. A dedicação dos vários editores que por aqui já passaram só torna maior a nossa responsabilidade, sem, entretanto, nos tirar o ânimo e o fulgor de realizar um bom trabalho. Lembro, durante a reunião realizada em dezembro passado pela Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) com todas as comissões da nova gestão, do nosso presidente, Geraldo Castelar, desejando-nos boa sorte, como nova geração no boletim. Confiança gera confiança, que gera resultados. Começar implica encontrar dificuldades e conquistar, neste caso, implica alcançar respeito e êxito. É isso que esperamos. Divulgar as iniciativas das regionais e da SBR, mostrar as atividades dos reumatologistas dentro e fora de seus consultórios e dos hospitais, difundir os principais estudos científicos nacionais e internacionais, com doses de bom humor e cultura geral, são os nossos principais objetivos. Contamos e contaremos com a continuidade do trabalho dos editores, amigos e mestres, Marcelo Pinheiro e Kaline Medeiros. Nesta primeira edição do ano, queremos chamar sua atenção para algumas novas seções, como Foco em, que se inicia com o Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina, e Além da Reumatologia, que traz as experiências de mergulho de Karina Dubeux e Isac Szwarc, o “casal tsunami”. O boletim ainda aborda a importância dos grupos de apoio para indivíduos com doenças reumáticas, por meio dos quais tanto médicos como pacientes podem ter um suporte de informações úteis e confiáveis dentro da grande rede da internet. Enfatizamos também a matéria de capa deste número, que mostra os bastidores da criação da Câmara Técnica em Reumatologia. Essa conquista resultou de um trabalho de equipe, com muitas e muitas mãos, em torno de um mesmo propósito, ou seja, a elaboração e a padronização de diretrizes para a atenção à saúde dos pacientes reumáticos. Aproveite a leitura! Edgard Reis, Diogo Domiciano e Francinne Ribeiro Marcelo Pinheiro e Kaline Medeiros SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA Presidente Geraldo da Rocha Castelar Pinheiro – RJ Tesoureiro Reno Martins Coelho – RJ Secretária-geral Blanca Elena Rios Gomes Bica – RJ Vice-tesoureiro Manoel Barros Bértolo – SP Primeira-secretária Claúdia Goldenstein Schainberg – SP Diretor científico Luis Eduardo Coelho Andrade – SP Segundo-secretário Francisco José Fernandes Vieira – CE Presidente eleito Walber Pinto Vieira – CE Boletim da Sociedade Brasileira de Reumatologia Av. Brig. Luís Antônio, 2.466, conjuntos 93 e 94 01402-000 – São Paulo – SP Tel.: (11) 3289-7165 / 3266-3986 www.reumatologia.com.br Coordenação editorial Marcelo de Medeiros Pinheiro Kaline Medeiros Costa Pereira Conselho editorial Diogo Souza Domiciano Edgard Torres dos Reis Neto Francinne Machado Ribeiro @ [email protected] Jornalista responsável Solange Arruda (Mtb 45.848) Layout Sergio Brito Impressão Sistema Gráfico SJS Tiragem: 2.000 exemplares BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2011 Representantes junto à Panlar Fernando Neubarth – RS Maria Amazile Ferreira Toscano – SC Representantes junto ao Ministério da Saúde Ana Patrícia de Paula – DF Mário Soares Ferreira – DF Representantes junto à AMB Eduardo de Souza Meirelles – SP Gustavo de Paiva Costa – DF ÍNDICE Diretoria Executiva da SBR – Biênio 2010-2012 Índice 4 6 7 11 12 13 14 16 20 22 23 Matéria de capa Engajamento O melhor do Brasil Deu na mídia Primeira fila Foco em Baluartes da Reumatologia Notas Dia a dia Além da Reumatologia Carta do leitor 3 Capa Nos bastidores da criação da Câmara A reumatologista Ana Patrícia de Paula já tinha experiência na articulação política necessária para deflagrar projetos de interesse da coletividade. Isso ocorreu quando trabalhou em associação com o coordenador de Reumatologia da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal (SES-DF), Mário Soares Ferreira, e com o presidente da Sociedade de Reumatologia de Brasília (SRB), Rodrigo Aires Correia Lima, para a elaboração do plano diretor de Reumatologia para a SES-DF, que culminou com a implementação do Plano de Atenção Integral ao Paciente com Diagnóstico de Doença Reumatológica na secretaria, em 10 de dezembro de 2008, enquanto ainda atuava no Hospital Universitário de Brasília. Em 2009, assumiu a Coordenação-Geral de Pesquisa Clínica do Departamento de Ciência e Tecnologia da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde (MS) com o objetivo principal de fomentar e fortalecer a pesquisa clínica em hospitais de ensino, atuando como interlocutora do MS com superintendentes e diretores de hospitais e coordenadores/pesquisadores, cargo que ainda ocupa na atual gestão. Uma vez nessa posição, Ana Patrícia não só facilitou a aproximação da SBR do Ministério da Saúde, como também defendeu os interesses da entidade. O resultado todos conhecemos: a Câmara Técnica em Reumatologia, criada em 12 de novembro de 2010 pela Portaria no 3.443, da qual, evidentemente, ela faz parte, como suplente do atual presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), Geraldo da Rocha Castelar Pinheiro. Veja, a seguir, como transcorreu esse processo e quais os próximos passos. O trabalho, afinal, começa agora. 4 A aproximação Na Jornada de Maringá, em 2009, Geraldo Castelar conversou com Ana Patricía e solicitou que ela avaliasse a melhor estratégia para uma aproximação entre a SBR e o MS. Na ocasião, a reumatologista ressaltou a importância de seguir passos que demonstrassem o profissionalismo da SBR enquanto sociedade em seus vários campos de ação: educação, assistência e pesquisa. Sua primeira providência foi conversar com o diretor do Departamento de Ações Programáticas Estratégicas (Dapes), José Luiz Telles, que prontamente agendou uma reunião com a entidade. “Considerando a rapidez do processo, conversamos com a então presidente da SBR, Ieda Laurindo, e explicamos que a nossa sondagem para desdobramentos na gestão do Geraldo havia se concretizado em uma ação imediata”, relata. No dia 16 de dezembro de 2009, Telles recebeu Ieda, Geraldo e Ana Patrícia, assim como Mário Soares Fer- BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2011 Grupo que participou da primeira reunião da CTR: • José Luiz Telles Departamento de Ações Programáticas Estratégicas/Secretaria de Atenção à Saúde (Dapes/SAS) • Carlos Alberto Maia Dapes/SAS • Luciana Sardinha Coordenação-Geral de Vigilância de Doenças e Agravos Não Transmissíveis/Secretaria de Vigilância em Saúde (CGDANT/SVS) • Tereza F. L. Faillace Departamento de Regulação, Avaliação e Controle/Secretaria de Atenção à Saúde (Drac/SAS) • Carolina Dantas Rocha de Lucena Drac/SAS • Vanilsa Simion Nascimento Atenção Básica/Secretaria de Atenção à Saúde (DAB/SAS) • Abigail Gomes Silva Associação Brasiliense de Portadores de Artrite (Abrapar)/Associação Nacional de Grupos de Pacientes Reumáticos (Anapar) • Lauda Santos – Abrapar/Anapar • Geraldo Castelar Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) • Ana Patrícia de Paula Suplente da SBR • Ivânio Alves Pereira Associação Brasileira de Hospitais Universitários e de Ensino (Abrahue) Ana Patrícia de Paula e Geraldo Castelar (à esq.) com parte dos representantes da CTR, no dia da primeira reunião. Técnica em Reumatologia reira, Rodrigo Aires Correia Lima e o reumatologista do Ministério da Defesa Sérgio Cândido Kowalski. Nessa reunião, a SBR manifestou sua vontade de colaborar com o Ministério da Saúde em todas as ações pertinentes ao exercício da Reumatologia. Depois desse encontro, o Dapes instituiu um grupo de trabalho dentro do MS, do qual Ana Patrícia participou juntamente com as Secretarias de Atenção à Saúde, ou seja, Dapes, Atenção Especializada (DAE) e Atenção Básica (DAB), e a Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS). A evolução da ideia de cooperação No ano seguinte, mais precisamente em 25 de fevereiro de 2010, representantes das áreas técnicas do MS, da SBR (Ieda Laurindo e Geraldo Castelar) e da SES-DF (Mário Ferreira) se reuniram com o objetivo de elaborar uma agenda de cooperação entre a SBR e o ministério. Na ocasião, a entidade apresentou uma visão geral da Reumatologia e propôs áreas de interação que iam da capacitação de profissionais da atenção básica para o reconhecimento precoce das artrites até a atualização dos medicamentos, passando pelo planejamento da rede de referência e contrarreferência para o atendimento da pessoa com doença reumatológica. Menos de um mês depois, em 11 de março, a diretora do DAE, Maria Inez Gadelha, sugeriu a elaboração de uma portaria instituindo uma Câmara Técnica em Reumatologia (CTR), em vez de celebrar um termo de cooperação com a SBR. A partir daí, Ana Patrícia teve reuniões internas com as áreas técnicas do MS, sob a coordenação do Dapes. “Em resumo, fiz articulação política e defendi os interesses da SBR, além de ter sugerido o texto e compilado as sugestões para a portaria final”, sintetiza. A primeira reunião oficial Após a publicação da portaria n o 3.443, no Diário Oficial da União, a BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2011 primeira reunião da CTR ocorreu em 14 de dezembro, com a presença de 11 representantes. Na oportunidade, foram formadas quatro subcomissões, entre as quais as de Normas e Regulamento, de Informação, de Educação e Saúde e de Atenção à Saúde – as duas últimas com um membro da SBR. Além disso, o grupo discutiu propostas de elaboração de regimento interno e a agenda de trabalho para 2011-2012. O próximo encontro da CTR deve ocorrer em abril. As expectativas Para Ana Patrícia, a CTR é uma oportunidade ímpar para a melhoria da atenção à saude dos indivíduos com doenças reumatológicas, o que engloba benefícios para o paciente e para o reumatologista. Ela vai ainda mais longe: “Uma sociedade dinâmica, participativa nas questões referentes a políticas públicas de saúde, com o profissionalismo inerente à SBR, fará muito bem ao SUS e, portanto, à saúde da população brasileira”, pontua. 5 Essas entidades funcionam como aliadas de médicos e pacientes, exercendo ainda pressão sobre as autoridades de saúde para o surgimento de políticas públicas efetivas de atendimento, diagnóstico e tratamento das doenças reumáticas. Engajamento Por que precisamos dos grupos de apoio ao paciente reumático N ão é de hoje que os pacientes crônicos se organizam para dividir suas dores e vitórias, no Brasil e no mundo. Há desde entidades bem conhecidas que congregam, por exemplo, diabéticos ou epilépticos, até pequenas organizações que reúnem portadores de síndromes genéticas raras e seus familiares. Na Reumatologia, o movimento é um pouco mais recente – os primeiros grupos surgiram na década de 70, nos Estados Unidos –, mas também proveio da necessidade de os portadores de afecções reumáticas trocarem informações e experiências, assim como de seu desejo de buscar novas e eficazes opções terapêuticas. Inicialmente, os benefícios alcançados por esses grupos eram atribuídos à facilidade de adquirir informações e à maior possibilidade de o indivíduo receber um diagnóstico precoce e, consequentemente, ser submetido a formas tradicionais, multidisciplinares e alternativas de tratamento. Hoje, porém, há evidências de que a melhora decorrente da participação nessas entidades está ligada a um efeito cascata. Ou seja, um paciente bem-sucedido serve de modelo para os demais, torna-se um exemplo para todos, o que só aumenta quando os familiares e cuidadores também estão engajados. Por outro lado, além desse papel de suporte, tais organizações têm uma atuação importante no sentido de cobrar das autoridades de saúde a criação de medidas de fácil acesso para o diagnóstico e o tratamento das doenças reumáticas. Nos últimos anos, a pauta de suas reivindicações abrangeu desde o aumento do número de reumatologistas nos serviços públicos de saúde, passando pela necessária melhoria do atendimento, até o auxílio para a instituição de processos de obtenção de medicações de alto custo. Nesse particular, merece destaque o papel da Associação Nacional de Grupos de Pacientes Reumáticos, ou Anapar (www.anapar.org.br), que representa as diversas entidades regionais em nível nacional e vem sendo envolvida nas grandes discussões em prol dos reumáticos – incluindo a Câmara 6 Técnica em Reumatologia, que tem duas representantes dessa associação (leia matéria à pág. 4). O fato é que, na prática, tanto a pressão política quanto o apoio social exercido por esses grupos vêm fazendo uma profunda diferença na qualidade de vida dos pacientes. Indique um grupo de apoio a seus pacientes Aracaju - SE • Grupo de Pacientes Artríticos do Sergipe (Gruparse)* [email protected] Porto Alegre - RS • Grupo de Pacientes Artríticos de Porto Alegre (Grupal)* www.grupal.org.br Brasília - DF • Associação Brasiliense de Pacientes Reumáticos (Abrapar)* www.abrapardf.org.br Ribeirão Preto - SP • Grupo de Apoio ao Paciente Reumático de Ribeirão Preto (Grupar-RP)* www.grupar-rp.org.br Campinas - SP • Associação Brasileira de Pacientes de Esclerose Sistêmica (Abrapes)* www.abrapes.org.br Fortaleza - CE • Grupo de Apoio aos Pacientes Reumáticos do Ceará (Garce)* [email protected] Goiânia - GO • Grupo de Pacientes Artríticos de Goiás (Grupago)* www.grupago.org Itajaí - SC • Associação dos Portadores de Artrite do Vale do Itajaí (Apavi)* [email protected] Juiz de Fora - MG • Grupo de Pacientes Artríticos de Juiz de Fora (Grupajuf)* [email protected] Manaus - AM • Grupo de Pacientes Artríticos do Amazonas (Grupaam)* [email protected] Natal - RN • Grupo de Pacientes Reumáticos do Rio Grande do Norte (Gruparn)* [email protected] São Leopoldo - RS • Associação dos Portadores de Lúpus do Vale dos Sinos (APL/Sinos)* [email protected] São Luís - MA • Grupo de Pacientes Reumáticos do Maranhão (Gruparma)* [email protected] São Paulo - SP • Grupo de Pacientes Artríticos de São Paulo (Grupasp)* www.grupasp.org.br • Acredite – Amigos da Criança com Reumatismo www.acredite.org.br [email protected] • Associação Brasileira Superando o Lúpus www.superandolupus.com.br [email protected] Uberlândia - MG • Associação dos Reumáticos de Uberlândia e Região (Arur)* [email protected] *Essas entidades estão associadas à Anapar. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2011 Notícias das regionais O melhor do Brasil Sergipe Tudo pronto para a XXI Jornada Norte-Nordeste de Reumatologia A maratona de atualização começa no dia 12 de maio, em plena capital brasileira da qualidade de vida. C onferências, casos comentados, mesas-redondas, simpósios e muito debate de novos conteúdos integram a programação da XXI Jornada Norte-Nordeste de Reumatologia, que será realizada de 12 a 14 de maio, no Hotel Parque dos Coqueiros, e terá, como cenário, a capital brasileira da qualidade de vida – Aracaju, em Sergipe. Em torno do tema “A clínica e os avanços terapêuticos”, o evento oferecerá um conteúdo científico vasto e atual, com destaque para assuntos como lúpus eritematoso sistêmico, infecções, artrite reumatoide, osteoporose, gota, fibromialgia, espondiloartrites e Reumatologia Pediátrica, entre outros. Por conta dessa riqueza de temas, os organizadores esperam receber 400 profissionais ligados à Reumatologia de todo o País. “Estou certo de que os visitantes gostarão da estrutura e das atrações da cidade”, adiciona o presidente da XXI Jornada, José Caetano Macieira. O objetivo da Sociedade Sergipana de Reumatologia e da Sociedade Brasileira de Reumatologia é de que a iniciativa leve conhecimento para a população em relação às doenças reumatológicas, bem como proporcione atualização para os profissionais que atuam nessa área nas Regiões Norte e Nordeste. “Além das questões técnicas e pesquisas, também estamos buscando palestrantes que tenham novidades para os profissionais da especialidade”, afirma Macieira. “Esperamos ainda divulgar a Reumatologia para a sociedade, de forma que as pessoas saibam como utilizar melhor essa área da medicina”, prossegue. O presidente da SBR, Geraldo da Rocha Castelar Pinheiro, também tem uma José Caetano Macieira, presidente da XXI Jornada Norte-Nordeste de Reumatologia alta expectativa em relação à jornada. Para ele, cada vez mais os representantes do Norte e do Nordeste crescem dentro da entidade e, além disso, a região está cada vez mais estruturada para sediar grandes iniciativas dessa natureza. “Do ponto de vista científico, a SBR já possui um modelo para a organização do evento que faz com que toda a parte científica tenha uma reprodutividade uniforme em relação às edições anteriores”, observa Castelar. De qualquer modo, ele acredita que essa será uma fase de análise para a capital sergipana, ou seja, uma oportunidade para que a cidade mostre que tem condições de receber um evento ainda maior: o Congresso Brasileiro de Reumatologia. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2011 Boas lembranças A Jornada Norte-Nordeste é um evento oficial da Sociedade Brasileira de Reumatologia que se repete a cada dois anos em um dos Estados da região, sendo intercalada com a Jornada Brasileira de Reumatologia. O público-alvo é fundamentalmente o reumatologista, porém também vem se notando a participação de outros especialistas, principalmente aqueles que lidam com doenças ou procedimentos relacionados com as afecções reumáticas. Fazendo um retrospecto, as doenças difusas do tecido conjuntivo – que incluem a artrite reumatoide, o lúpus, a esclerose sistêmica e a polimiosite, entre outras –, as espondiloartrites, a gota, a osteoporose, as algias da coluna vertebral, o reumatismo de partes moles, a Reumatologia Pediátrica, os exames laboratoriais, os métodos de imagem e a terapêutica foram alguns dos temas mais abordados em edições prévias. Segundo Macieira, a maioria dos convidados e palestrantes escolhidos costuma ser das Regiões Norte e Nordeste, de modo a favorecer a troca de conhecimentos entre os participantes e os expositores. Historicamente, a solicitação para a escolha da capital que vai sediar a iniciativa é feita pela regional de cada Estado e referendada em assembleia durante o Congresso Brasileiro de Reumatologia. “Aracaju foi sede da jornada em 1992, tendo realizado um excelente evento no Centro de Convenções de Sergipe, o qual teve como presidente Elizabeth Andrade Tavares”, conta Macieira. Pelo andar da carruagem, a ideia agora é deixar lembranças ainda mais marcantes. Vá conferir e prestigiar! 7 Cristina Lanna e Rafael Fraga O melhor do Brasil Minas Gerais Nova diretoria da regional mineira toma posse com muitos planos A Sociedade Mineira de Reumatologia (SMR) se reuniu na Associação Médica de Minas Gerais, em 3 de dezembro de 2010, para a posse da nova diretoria da entidade, que tem à frente Rafael Fraga, e para a escolha do presidente para o biênio 2012-2014, que, no caso, resultou na eleição de Boris Afonso Cruz. Depois de relembrar as conquistas e os desafios de sua gestão nos últimos dois anos, que incluíram três bem-sucedidas jornadas científicas, a então presidente, Cristina Lanna, transmitiu o cargo a Fraga, que assume a entidade até 2012 com muitos planos – entre eles, o de repetir os eventos de sucesso e o de esforçar-se ao máximo para levar a Belo Horizonte o concorrido Congresso Brasileiro de Reumatologia de 2014. “Nossa ideia é também integrar mais a Reumatologia mineira, atraindo e promovendo as cidades do interior do Estado”, revela ele, explicando que a entidade dispõe de uma equipe de coordenadores com essa finalidade. Formado pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Fraga saiu da cidade para fazer residência em Clínica Médica e Reumatologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ao retornar, estudou os efeitos do alendronato sobre o tubo digestivo de ratos, o assunto de sua dissertação de mestrado em Ciências Biológicas, defendida em 2000. Logo depois, São Paulo Além do V Curso de Revisão para Reumatologistas, que realizou em 12 e 13 de fevereiro, em São Paulo, a Sociedade Paulista de Reumatologia (SPR) programou outros sete eventos de atualização ao longo deste ano. Para se inscrever ou obter mais informações, fique de olho no site da entidade ou envie um e-mail para [email protected]. 8 Sociedade Mineira de Reumatologia Gestão 2010-2012 • • • • Presidente: Rafael Fraga Vice-presidente: Boris Afonso Cruz Secretária: Viviane Angelina Diretor científico: Antônio Scafuto Scotton Coordenadores para o interior do Estado: • Paulo Ivan F. Guimarães (Norte-Nordeste) • Ênio Ribeiro Reis (Sul) • Carlos Eugênio Parolini (Oeste) Paraná Conheça o calendário de eventos da SPR • Fórum de Doenças Raras Data: 8 e 9 de abril Local: São Paulo – SP • 6ª Ação Reumato 2011 Data: 30 de outubro Local: São Paulo – SP • XVII Encontro de Reumatologia Avançada Data: de 19 a 21 de maio Local: São Paulo – SP • II Jornada de Reumatologia do ABC e Litoral Data: de 18 a 20 de novembro Local: Guarujá – SP • II Jornada de Reumatologia São Carlos - Araraquara Data: 20 e 21 de agosto Local: São Carlos – SP • XXI Jornada Paulista de Reumatologia • 3º Curso de Imunologia Data: 10 de setembro Local: São Paulo – SP o atual presidente da SMR se tornou professor de Reumatologia da mesma UFJF. Confira, a seguir, quem é quem na nova diretoria: • XIX Encontro Rio–São Paulo de Reumatologia Data: de 8 a 10 de dezembro Local: São Paulo – SP Regional paranaense estreia na internet Pensando em ampliar seu projeto de desenvolvimento e em oferecer uma forma de contato rápida com médicos e pacientes, além de um espaço para compartilhar conhecimentos, a Sociedade Paranaense de Reumatologia criou um site na internet (www.reumatologiapr.com.br) e convida os colegas de todo o Brasil a visitá-lo. “Estamos abertos a sugestões para que o projeto seja um sucesso, tanto para trocar conhecimento científico como para facilitar a vida de nossos pacientes”, diz a presidente da entidade, Marilia Barreto Gameiro Silva. Vale a navegada. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2011 Notícias das regionais O melhor do Brasil Santa Catarina A XVIII Jornada Cone Sul de Reumatologia promete! N ão é pra menos. A Sociedade Catarinense de Reumatologia tem trabalhado arduamente na organização da 18ª edição da Jornada Cone Sul de Reumatologia, evento que será realizado em Florianópolis, no período de 13 a 15 de outubro, no Centro de Convenções de Associação Catarinense de Medicina. De acordo com o presidente da jornada, Ivânio Alves Pereira, a comissão científica está preparando um programa científico de altíssima qualidade, composto dos temas mais relevantes, com o intuito de atender aos interesses de todos os reumatologistas, desde aqueles que se dedicam a resolver, em seus consultórios privados e ambulatórios de hospitais públicos, os problemas das doenças reumáticas comuns, até os voltados às pesquisas científicas nas áreas básicas de conhecimento da Reumatologia. Para completar, os organizadores do evento vão incluir, na programação, atividades sociais bastante atrativas. “Estamos dedicados à realização de uma excelente jornada, de forma que possamos oferecer a todos um encontro inesquecível”, resume Pereira. Para acompanhar as notícias do evento, acesse: www.jornadaconesul2011.com.br. Temas gerais da jornada: • • • • • • • • Abordagem das manifestações sistêmicas das doenças reumáticas Investigação das doenças que mimetizam as patologias reumáticas O reumatologista como um consultor nas síndromes de desafio ao clínico Novas ferramentas para o diagnóstico das doenças autoimunes Novas estratégias de tratamento em doenças reumáticas de difícil controle Segurança dos novos tratamentos em curto e longo prazos Tratamentos baseados em evidências científicas nas patologias de coluna Uma revisão sobre reumatismo de partes moles Sociedade Catarinense de Reumatologia comemora seus 30 anos com encontro científico Sócios fundadores N Sócios atuais o ano passado, a Sociedade Catarinense de Reumatologia completou 30 anos de vida, os quais, segundo o presidente da entidade, Gláucio R. W. de Castro, foram marcados pela grande união de seus membros. “Nesse período, a sociedade cresceu em número de associados e aumentou significativamente sua produção científica, sempre alimentada por essa união e pela disposição dos sócios”, assinala Castro. Para comemorar o aniversário e as conquistas, nada melhor do que um encontro científico com as primeiras e as atuais gerações de associados para discutir assuntos da especialidade e, claro, confraternizar. Foi o que ocorreu no dia 20 de novembro, na Jornada Catarinense de Reumatologia. A iniciativa reuniu cerca de 50 especialistas, entre sócios fundadores e sócios atuais, que puderam assistir a aulas sobre manifestações sistêmicas das doenças reumatológicas, anti-inflamatórios, infecções, osteoartrite, osteoporose, lombalgia e síndrome antifosfolípide, bem como debater casos clínicos. Sem dúvida, uma celebração que comprova a vitalidade da aniversariante! BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2011 9 O melhor do Brasil Amazonas Especialistas se reúnem para se atualizar em imagem e biológicos A A presidente da SAR, Maria do Socorro Souza (2a à esq.), ao lado de João Luís Fernandes, Francisco Aires Correa Lima e Juliana de Andrade. Sociedade Amazonense de Reumatologia fechou o ano de 2010 com dois importantes eventos de atualização, feitos em parceria com especialistas de outros Estados, de acordo com a diretora científica da entidade, Juliana de Andrade. Nos dias 19 e 20 de novembro, os reumatologistas de Manaus se reuniram para assistir ao Curso de Imagem em Reumatologia, ministrado pelo especialista em ima- gem do sistema musculoesquelético João Luís Fernandes, de Salvador, e também à conferência “Visão holística do uso dos biológicos na Reumatologia – Papel das células T reguladoras”, proferida pelo reumatologista Francisco Aires Correa Lima, de Brasília. Além de proporcionarem atualização, os encontros também permitiram a sempre salutar troca de experiências entre os colegas. Rio de Janeiro Rio Grande do Norte SRRJ prepara residentes para a prova do título de especialista Atividades educacionais atraem reumatologistas e outros especialistas Nos dias 19 e 20 de fevereiro, a Sociedade de Reumatologia do Rio de Janeiro (SRRJ) reuniu os residentes inscritos para a prova de título de especialista em um delicioso hotel na serra de Teresópolis. Os 12 candidatos fizeram uma imersão nos temas da prova, que alternou aulas teóricas com circuito de aulas práticas e gincana radiológica. Como professores, a iniciativa teve a participação decisiva de Roger Levy, Evandro Klumb, Sueli Carneiro, Reno Coelho, João Vaz, Selma Marenlender e Kátia Lino, além da contribuição do neurologista Diogo Terrana e da radiologista Elise Tonomura. Pernambuco Estado põe o lúpus no centro das atenções, com a ajuda da SPER Os pernambucanos têm colecionado vitórias para os portadores do lúpus eritematoso sistêmico (LES). Depois da aprovação de um projeto de lei, em março de 2010, que instituiu uma política estadual de conscientização e orientação sobre a doença, o Estado ganhou, no último dia 5 de fevereiro, uma filial da Associação Brasileira Superando o Lúpus. As duas iniciativas, que 10 nasceram da organização dos próprios lúpicos locais, tiveram a participação da Sociedade Pernambucana de Reumatologia (SPER). “Compareci à audiência e participei da relatoria do projeto de lei”, conta a presidente da SPER, Lilian Azevêdo. A entidade também contribui com a Superando o Lúpus especialmente no que toca ao fornecimento de informações sobre a doença e, em parceria com a associação, criou um dia local dedicado ao LES nos hospitais da rede SUS. Bom exemplo de engajamento! Com a promoção de reuniões de atualização e cursos, a Sociedade de Reumatologia do Rio Grande do Norte (SRRN) vem mantendo uma programação mensal de atividades, geralmente dirigida para os reumatologistas locais, segundo o presidente da entidade, Deoclecio Rocha. “No entanto, convidados de outras especialidades também podem se juntar a nós quando há assuntos afins ou em discussões de casos clínicos das quais, por vezes, participam residentes de Clínica Médica”, observa. A SRRN começou o ano com uma discussão de caso, em janeiro, que foi seguida por uma aula de osteoartrite, em fevereiro, e por uma reunião sobre esclerose sistêmica, em março. Já no segundo trimestre, as atividades prosseguem com um curso de osteoporose, em abril, com uma aula de artrite reumatoide, em maio, e com uma reunião administrativa, em junho. Os encontros ocorrem sempre na segunda quinta-feira de cada mês, na sede da Associação Médica do Rio Grande do Norte. Apareça! BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2011 Deu na mídia Falta medicamento contra a artrite reumatoide no mercado O programa Fantástico, da Rede Globo, mostrou que remédios à base de metotrexato tiveram sua produção interrompida pelos laboratórios. O presidente da SBR, que foi um dos entrevistados na reportagem, comenta o problema e aponta soluções. U ma reportagem apresentada em 13 de fevereiro pelo programa Fantástico, da TV Globo, enfocou a falta de algumas medicações de uso crônico no mercado brasileiro em decorrência da interrupção de sua produção pelos fabricantes e/ou desinteresse de muitas farmácias em comercializar os produtos – decisão que, pela letra da lei, pode ser tomada por qualquer empresa, mesmo laboratórios farmacêuticos e drogarias. Entre os medicamentos mencionados no programa estava o metotrexato, que, pela alta eficácia e segurança, é mundialmente o mais utilizado para tratar a artrite reumatoide. O metotrexato não tem apenas uma boa relação entre eficácia e segurança, mas também baixo preço – no Brasil, uma caixa com 24 comprimidos sai por R$ 20 a R$ 25. Como o tratamento requer, em média, de seis a oito comprimidos, em uma tomada única semanal, o paciente geralmente não gasta mais que R$ 30 por mês. Na ausência desse fármaco, porém, uma medicação substituta como o leflonomide custa em torno de R$ 300. “Se considerarmos as opções terapêuticas mais modernas, como os imunobiológicos, o tratamento chega a cerca de R$ 6 mil a R$ 7 mil mensais”, diz o presidente da SBR, Geraldo da Rocha Castelar Pinheiro, que foi um dos entrevistados na reportagem. Diante de alternativas de acesso tão restrito, por que, então, remédios com o metotrexato, baratos e eficientes, estão faltando? O presidente da SBR explica que, no Brasil, cerca de 660 mil pessoas adultas têm artrite reumatoide, um número que, diluído na população geral, não significa muito – algo em torno de 0,5% da população com mais de 16 anos. Além disso, prossegue, grande parte desses pacientes não faz um acompanhamento médico adequado e, portanto, não utiliza tal medicamento, o que torna o público consumidor pequeno e desinteressante para os laboratórios e as farmácias. Sem patente Como não há patente envolvida com o metotrexato, que já é usado desde a década de 50, vários laboratórios produzem medicações com essa substância, como a Pfizer, que fabrica o Miantrex, a Zodiac, que faz o Tecnomet, o Darrow, que produz o Lexato, e a Apsen, fabricante do Reutrexato. “Mas realmente observamos que é difícil conciliar necessidades de saúde pública com condições adversas de mercado, uma vez que os remédios são produtos comerciais como qualquer outro, sujeitos a regras de demanda”, assinala Castelar. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2011 Se não tem poder aquisitivo para usar as demais opções terapêuticas, o paciente fica praticamente sem saída. A alternativa à compra nas farmácias seria buscar o remédio em postos do governo. “Contudo, nesse caso há burocracia envolvida, papéis para preencher e necessidade de locomover-se até um posto da secretaria de saúde local para retirar o medicamento, ou seja, exigências que muitas vezes as pessoas com menor renda não conseguem cumprir”, pondera o presidente da SBR. Uma possibilidade, contudo, poderia ser a distribuição do metotrexato pelos hospitais públicos que atendem esses pacientes. O que não é admissível é a interrupção do tratamento. “A artrite reumatoide precisa ser diagnosticada o mais cedo possível e ser efetivamente tratada, senão há risco de os danos tornarem-se irreversíveis”, avisa Castelar. Por essa razão, ele espera que a reportagem mostrada pela Globo possa levar os laboratórios a repensar sua posição quanto à produção e à comercialização de produtos como o metotrexato. “A maioria dessas empresas tem grande preocupação com seu papel social e uma reportagem como a apresentada pelo Fantástico pode arranhar sua imagem institucional”, observa. 11 Primeira fila O que nossos colegas andam estudando Pesquisa clínica Marcadores tumorais são elevados em pacientes com artrite reumatoide e não indicam presença de câncer Bergamaschi SB, Morato EF, Bazzo ML, Neves FS, Fialho SCM, Castro GRW, Zimmermann AF, Pereira IA Serviço de Reumatologia do Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Introdução Marcadores tumorais são substâncias produzidas pelas células tumorais malignas. Representam o estágio e o grau do tumor, sendo também úteis para monitorar resposta ao tratamento e predizer recorrência. Uma vez que apresentam várias funções inflamatórias e imunológicas, tem sido sugerido seu eventual aumento nas doenças inflamatórias. Assim, a interpretação dos resultados desses marcadores na artrite reumatoide (AR) pode ser equivocada. Objetivo Avaliar os níveis séricos de marcadores tumorais em pacientes com AR e sua associação com a atividade da doença ou com a presença de câncer. Métodos Foi realizado um estudo de caso-controle na Divisão de Reumatologia da Universidade Federal de Santa Catarina, o qual incluiu cem pacientes com AR, diagnosticados de acordo com os critérios do American College of Rheumatology (ACR), de 1987, e cem controles saudáveis, pareados por idade e sexo. Pessoas que tiveram câncer no passado foram excluídas. O grupo de estudo analisou amostras séricas de marcadores tumorais e reagentes de fase aguda: CEA, CA-125, CA-19-9, CA-15-3, taxa de sedimentação de eritrócitos (VHS) e proteína C reativa (PCR). Todos os indivíduos ainda passaram por uma avaliação sistemática de sinais e sintomas sugestivos de câncer. Os que apresentaram marcadores tumorais anormais foram submetidos a uma investigação mais aprofundada, com colonoscopia, ultrassonografia abdominal, endoscopia digestiva alta e mamografia, dependendo do tipo de marcador elevado. Os autores obtiveram os dados clínicos por meio de revisão de prontuários e a atividade da doença foi avaliada pelo escore DAS-28. Resultados Os pacientes com AR tinham média de idade de 55,1 ± 12,3 anos e 89% eram do sexo feminino. A duração média da doença foi de 13,7 ± 7,9 anos. O fator reumatoide (FR) mostrou-se positivo em 55% dos casos e a antivimentina citrulinada mutada (anti-MCV), positiva em 62% dos casos. A concentração média de CEA foi maior nos pacientes, em comparação aos controles (2,7 ± 2,2 U/mL vs 2,1 ± 1,5 U/mL, p = 0,015), assim como o CA-19-9, também mais frequentemente elevado nos indivíduos com AR (10% vs 2,2%, p=0,02). Outros marcadores de câncer apresentaram concentrações similares nos dois grupos. Observou-se correlação significativa do CEA com todos os demais marcadores tumorais. Além disso, o CEA também foi correlacionado com tabagismo e positividade do FR, mas não com o DAS-28. Conclusão Os autores verificaram que o CEA e o CA-19-9 são frequentemente anormais em pacientes com AR, mesmo na doença bem controlada, e que a elevação de seus níveis não parece indicar a presença de câncer. Assim, pequenos aumentos de marcadores tumorais em indivíduos com AR não justificam a necessidade de uma busca exaustiva de neoplasia oculta. 12 BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2011 Foco em Santa Catarina A união explica o sucesso no Núcleo de Reumatologia do HU-UFSC Liderado pelo reumatologista Ivânio Alves Pereira, o serviço nasceu da motivação de trabalhar em grupo há quase 20 anos. U m bom serviço precisa de espaço, equipamentos, mão de obra, enfim, de estrutura, mas não é nada sem pessoas comprometidas com o que fazem e em perfeita sintonia. É exatamente este último aspecto que explica a bemsucedida trajetória do Núcleo de Reumatologia do Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (HU-UFSC) desde que ele foi criado, em 1993. “A união do grupo aumentou a produção científica de todos e permitiu dividir linhas de pesquisa de acordo com o interesse do serviço e dos seus componentes”, sustenta o chefe do núcleo, Ivânio Alves Pereira. De acordo com ele, as atividades assistenciais com grande número de pacientes em um hospital de ensino de referência terciária dão oportunidade para que os alunos do curso de medicina e da residência em Clínica Médica vejam casos comuns da Reumatologia e casos que determinam desafio diagnóstico e terapêutico. A harmonia da equipe remonta aos tempos de sua formação. Em janeiro de 1992, Pereira retornou ao HU-UFSC, após a residência em Reumatologia na FMUSP, com a motivação de trabalhar em grupo e, naquele mesmo ano, deu início a reuniões clínicas, a uma pequena produção científica e a visitas conjuntas na enfermaria. “Mas a equipe, na realidade, começou mesmo com a chegada da Adriana Zimmermann, em 1993”, conta. Algum tempo depois, outros competentes e muito bem formados colegas foram se juntando a eles e fortalecendo o pequeno núcleo. “O Gláucio Castro voltou da Unicamp, enquanto o Equipe do Núcleo de Reumatologia do HU-UFSC Fabrício Neves, a Giovana Ribeiro e a Sonia Fialho vieram da FMUSP; já a Juliane Paupitz chegou mais recentemente e trabalha conosco em protocolo de pesquisa”, enumera. “Outra pessoa importante no serviço é a reumatologista pediátrica Nadyesda Brandão, formada pelo Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da FMUSP”, acrescenta. Para completar, o grupo ainda está recebendo o reforço de Kenia Rodrigues. O núcleo hoje dispõe de ambulatórios de várias doenças – o primeiro foi o de artrite reumatoide –, os quais têm sido importantes para melhorar a assistência aos pacientes e facilitar a realização dos protocolos de pesquisa clínica. Apesar do ótimo clima de trabalho, Pereira admite que as dificuldades não são poucas. “O fato de estarmos inseridos em um hospital público de uma universidade federal faz com que muitas das nossas solicitações para o crescimento do serviço, principalmente em termos de espaço físico e número de concursados oficiais, não sejam atendidas”, lamenta ele, enfatizando, contudo, que o BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2011 grupo nem por isso perde o ânimo. Tanto é assim que, garante, a residência em Reumatologia por ali logo vai ser uma realidade. “Temos visto um número cada vez maior de alunos e residentes da Clínica Médica da UFSC que, após passarem pelo nosso Núcleo de Reumatologia, escolhem a especialidade e são aprovados nos mais difíceis concursos e nas melhores escolas de residência em Reumatologia do Brasil, em particular Unicamp, Unifesp e FMUSP, o que nos deixa obviamente muito orgulhosos”, justifica. Equipe do Núcleo de Reumatologia do HU-UFSC: • Ivânio Alves Pereira • Adriana Fontes Zimmermann • Fabrício de Souza Neves • Giovana Ribeiro • Gláucio Ricardo Werner Castro • Juliane Paupitz • Kenia Rodrigues • Nadyesda Diehl Brandão • Sonia Cristina de Magalhães Souza Fialho 13 Baluartes da Reumatologia Ensinar e aprender com Hilton Seda Quase que o perdemos para a Cardiologia, a ponto de seu primeiro estágio ter sido num serviço dessa especialidade. Para a sorte de tantos profissionais que ele formou, e a de tantos pacientes de quem cuidou ao longo de sua carreira, Hilton Seda descobriu que uma das causas de cardiopatia era um tipo especial de reumatismo. Ao mesmo tempo em que se aprofundava no assunto, acabara de ser criado, na Policlínica Geral do Rio de Janeiro, o primeiro ambulatório público do Brasil para atender indivíduos reumáticos. Foi uma feliz coincidência, que ele evidentemente aproveitou, dando o passo inicial para se tornar um dos mais notáveis reumatologistas do seu tempo. Na entrevista a seguir, Seda narra sua rica trajetória, revela algumas de suas conquistas e deixa claro que seus tesouros não são mensuráveis. “Meu maior orgulho é ter conseguido viver em grande harmonia com os colegas da especialidade”, diz. Por que escolheu a Reumatologia? Minha opção inicial era ser cardiologista, tanto que fui estagiar no mais conceituado serviço da época, o Instituto de Cardiologia, órgão público, quando estava no sexto ano de medicina. Lá aprendi que uma das causas de cardiopatia era um tipo especial de reumatismo, mas que existiam vários outros, não bem conhecidos da equipe com a qual trabalhava. A curiosidade me fez comprar um livro de Reumatologia para desvendar o mistério. Ao mesmo tempo, soube que havia sido criado, em 1949, o primeiro ambulatório público do Brasil para atender pacientes reumáticos na Policlínica Geral do Rio de Janeiro. Ayrthon Ferreira da Costa, interessado que estava na especialidade, ofereceu-se para conseguir que eu pudesse frequentar esse novo ambulatório, no qual ele já estava, para que eu tivesse uma noção mais objetiva daquele grupo de doenças. Fui. Gostei. Traí a Cardiologia. Virei reumatologista. Em que área da especialidade concentrou seus esforços? Por que o interesse pela osteoartrite? Meu interesse pela osteoartrose/osteoartrite nasceu do fato de essa doença, apesar de ser o mais frequente dos reumatismos, estar relegada a um plano secundário, chamando pouco a atenção dos pesquisadores. Felizmente, essa época passou e apareceram, de uns anos para cá, investigadores de alto padrão dispostos a estudá-la. Publicou muito? Qual foi a maior surpresa nesse sentido? Publiquei bastante, mais de 300 trabalhos, no Brasil e fora do País. Editei al- 14 guns livros e escrevi capítulos em obras saídas aqui e no estrangeiro. Tive duas grandes surpresas. A primeira foi quando recebi uma carta de Gerald P. Rodnan, editor da oitava edição do Primer on the Rheumatic Diseases, publicado pela Arthritis Foundation, em 1983, convidando-me para ser um dos colaboradores da obra. A segunda, ao ser solicitado para escrever um artigo para a revista Current Opinion in Rheumatology, em 1995. Tem ideia de quantos profissionais ajudou a formar, de quantas teses leu e de quantas bancas fez parte? Pela Escola Médica de Pós-Graduação da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), participei da formação de 105 reumatologistas. Infelizmente, sei que um percentual, ainda que não muito elevado, deixou de exercer a especialidade. No Hospital do Andaraí (RJ), tive oportunidade de trabalhar com vários grupos de residentes, porém não disponho de números para apresentar. Não sei quantas teses li, mas participei de cerca de 30 bancas examinadoras, incluindo as de mestrado, doutorado e professor titular. Viu muitos pacientes? Ainda se lembra do caso mais complicado que pegou? Milhares. O caso mais doloroso foi o de uma jovem com lúpus eritematoso disseminado muito grave, com comprometimento psiquiátrico. Apesar de toda a vigilância exercida pela família, não se sabe como ela descobriu um velho revólver em um cofre e, com um tiro, suicidou-se. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2011 “ Orgulho-me de viver em harmonia com os colegas da especialidade. Hilton Seda De que se orgulha mais em sua carreira? De ter conseguido viver em grande harmonia com os colegas da especialidade. to importante é não ter pressa em firmar o diagnóstico definitivo. O afogadilho em fazê-lo leva frequentemente ao erro. No seu entender, o que ainda é desafiante na Reumatologia? O grande desafio, a meu ver, é a esclerose sistêmica, doença que me deixa humilhado por não poder fazer muito pelo paciente. Na sua opinião, por que ainda há poucos reumatologistas para tantos pacientes reumáticos? Porque a Reumatologia é eminentemente clínica, quase sem procedimentos adicionais para quem atua no consultório. Como a esmagadora maioria dos médicos vive hoje ligada aos convênios, não havendo possibilidade de ganho adicional além de uma consulta de remuneração irrisória, o interesse pela especiali- O que deixou de ser um desafio? Nada. Quando não houver desafio, estará tudo perdido. O que costuma dizer para quem está começando na área e se deparando com as primeiras dificuldades? O primeiro conselho é dar grande valor ao exame clínico. Uma boa anamnese é fundamental. Deve, inclusive, ser dirigida, pois muitos pacientes não relatam sintomas que nos interessam pelo fato de julgarem que nada têm a ver com seu reumatismo. Um bom exemplo é a síndrome de Sjögren. Portanto, não descurar de um exame físico bem completo. Considerar os exames subsidiários como complementares, e não como a chave do diagnóstico. Outra coisa mui- dade tende a diminuir. Essa explicação parece consensual. Já pensou no que faria se não fosse médico? Fora da medicina, minha única opção seria ser milionário! Aliás, tem alguma atividade paralela não científica, mesmo que a título de hobby? Interessei-me durante algum tempo pela pintura. Fui autodidata. Cheguei a ganhar uma menção honrosa no Primeiro Salão Nacional de Artes Plásticas de Médicos, organizado pelo Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro, em 1965. Mas a pintura exige tempo e concentração, o que se tornou difícil pela minha intensa atividade médica. Faz tempo que não pinto. De vez em quando, elaboro um desenho para ilustrar alguma de minhas publicações. Ao lado disso, escrevo uns versos que raramente tenho coragem de publicar. Atualmente, meu principal hobby é a música clássica. Ouço-a quase que diariamente, como um alimento espiritual. Não posso passar sem ela. Curriculum vitae Hilton Seda estudou no tradicional Colégio de São Bento, no Rio de Janeiro, e formou-se em 1950 pela Faculdade Nacional de Medicina, na mesma cidade. Foi professor titular de Reumatologia da Escola de Reabilitação do Rio de Janeiro (ABBR) e da Escola Médica de PósGraduação da PUC-RJ a partir de 1969 – a mesma, que, em 2007, lhe conferiria o título de professor emérito. Em 1968, Seda recebeu o desafio de organizar e responder pela Unidade de Reumatologia do Serviço de Clínica Médica do Hospital do Andaraí, dirigido pelo Dr. Meer Gurfinkel, função na qual se manteve até 1982, ano de sua aposentadoria do serviço público. Desde 1975, é chefe do Serviço de Reumatologia da Policlínica Geral do Rio de Janeiro, onde tudo começou. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2011 15 Notas Ministério da Saúde tem banco de dados para estudos brasileiros S abe aquele ensaio clínico que não deu em nada, mas que está recheado de informações clínicas e epidemiológicas da mais alta relevância? Pois agora esses dados não vão mais cair no esquecimento. O Ministério da Saúde criou recentemente o Registro Brasileiro de Ensaios Clínicos (RBEC), uma plataforma virtual de acesso livre para registrar, de forma gratuita, ensaios clínicos realizados em seres humanos, em andamento ou finalizados, por pesquisadores brasileiros e estrangeiros. O objetivo do RBEC é estimular o registro primário de estudos brasileiros, prover acesso a dados de pesquisas em português e obter essas informações independentemente de sua publicação, além de permitir o envio de dados para a International Clinical Trials Registry Platform. Para cadastrar projetos na área de pesquisa clínica, basta entrar na página do RBEC em www.ensaiosclinicos.gov.br. Experimente! Terapia imunobiológica intravenosa entra na CBHPM e já tem valor mínimo de remuneração A Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) conseguiu uma importante vitória para a Reumatologia. Depois de um longo processo de negociação, a Associação Médica Brasileira (AMB) incluiu a terapia imunobiológica intravenosa na última versão da Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM), de outubro de 2010. A remuneração do procedimento ficou igual à da pulsoterapia intravenosa ambulatorial ou hospitalar, ou seja, porte 4C, que corresponde a R$ 209 por sessão. Com isso, a terapia imunobiológica passou a ser remunerada de forma semelhante aos procedimentos de Oncologia, como a terapia oncológica. De acordo com o representante da SBR na AMB, Eduardo Meirelles, que participou ativamente dessa empreitada, o valor pode ser usado desde já e conta com o aval da AMB e do Conselho Federal de Medicina (CFM). Assim, vale em nível nacional, com uma margem de 20% a mais ou a menos para contemplar as variações econômicas regionais. “Se será obedecido pelos diversos compradores de 16 serviços, vai depender da força de pressão dos médicos e suas entidades representativas, a começar pelas Unimeds, já que são compostas e dirigidas por médicos”, observa Meirelles. A inclusão do procedimento na CBHPM deu-se após uma grande luta que remonta às duas últimas gestões da SBR, de Fernando Neubarth e Ieda Laurindo, tendo sido marcada por inúmeras reuniões entre a AMB, o CFM e os representantes dos diversos compradores de serviços médicos. A primeira conquista foi o reconhecimento da terapia imunobiológica intravenosa por meio de uma resolução normativa, que a equiparou à pulsoterapia intravenosa e a colocou em con- junto com esta última na classificação, em termos de honorários médicos. Posteriormente, a SBR argumentou que, pela sua importância para a Reumatologia, o procedimento deveria ser desmembrado da pulsoterapia, e não só considerado de forma isolada, além de ser oficialmente publicado, como ocorreu em outubro último. “Mas a nossa luta ainda não terminou”, diz Meirelles. “Precisamos incluir a terapia imunobiológica no rol de procedimentos da ANS e do SUS”, avisa. Para os médicos que tiverem alguma dúvida, a terapia imunobiológica intravenosa figura, na CBHPM, na seção de Terapêutica dos Procedimentos Clínicos Ambulatoriais, sob o código 2.01.04.39-1, e na seção de Terapêutica dos Procedimentos Clínicos Hospitalares, sob o código 2.02.04.16-7. Vale lembrar que, na mesma CBHPM de outubro de 2010, a consulta médica com o reumatologista também foi reajustada, passando a valer, em consultório ou pronto-socorro, R$ 60, e em domicílio, R$ 97. “É o mínimo não aviltante”, arremata Meirelles. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2011 Notas SBR fará parte de comitê assessor de políticas de prevenção contra a osteoporose P ouco mais de um mês depois da instituição da Câmara Técnica em Reumatologia (CTR), o Ministério da Saúde (MS) anunciou outra grande notícia – a Portaria no 4.016, de 17 de dezembro de 2010, que estabelece a composição do Comitê Assessor de Políticas de Prevenção e Promoção dos Cuidados da Osteoporose e de Quedas na População Idosa, criado em 2007 pela Portaria nº 3.213. Da mesma forma que na CTR, a portaria define que a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) terá um representante nesse comitê, assim como outras importantes entidades voltadas ao estudo da osteoporose e à defesa dos pacientes, tais como a Confederação das Entidades Brasileiras de Osteoporose e Osteometabolismo (Cebom), a Sociedade Brasileira de Estudos de Metabolismo Ósseo e Mineral (Sobemom), a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, a Sociedade Brasileira de Osteoporose (Sobrao) e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), entre outras. A coordenação desse comitê estará sob a responsabilidade da Área Técnica de Saúde do Idoso, que pertence ao Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas da Secretaria de Atenção à Saúde do MS. Evidentemente, esse coordenador poderá convidar representantes de outras áreas do ministério, de órgãos vinculados à administração pública federal, estadual e municipal e de entidades do setor privado, bem como especialistas em assuntos ligados à sua área de competência. Segundo definiu o presidente da SBR, Geraldo da Rocha Castelar Pinheiro, essa é uma nova via de luta em prol dos pacientes com doenças osteometabólicas. E, portanto, mais uma conquista da entidade. Governo aprova o adalimumabe para o tratamento da artrite idiopática juvenil O Diário Oficial da União publicou, no último dia 7 de fevereiro, a aprovação do registro regulatório do adalimumabe para o tratamento da artrite idiopática juvenil na população de 13 a 17 anos. Com isso, o governo federal dispensará gratuitamente o medicamento também para esse grupo de pacientes. A medida, na prática, dá aos reumatologistas pediátricos mais uma opção terapêutica para o manejo dos jovens artríticos. A luta continua na RBR: o alvo agora é uma nova indexação, além do aumento do fator de impacto A Revista Brasileira de Reumatologia (RBR) conquistou a sonhada indexação no Medline, no fim do ano passado, mas, quando se trata de qualidade e excelência, o trabalho nunca termina – ao contrário, sempre tem um novo começo. Assim, com o objetivo de continuar o processo de aprimoramento da publicação, a política editorial da revista vai, ao longo deste ano, buscar a indexação no ISIWeb of Science e o subsequente fator de impacto no JCR. Para tanto, os novos editores, Paulo Louzada Junior e Max Victor Carioca de Freitas, ressaltam que é fundamental manter estritamente a periodicidade da RBR a cada edição. Até porque esse processo é lento – a indexação pode demorar 12 meses e o FI-JCR, de 12 a 24 meses. O corpo editorial também deseja priorizar artigos originais e revisões e, por seu lado, procurará agilizar o processo de peer review, a fim de que o manuscrito seja publicado o mais rápido possível. “Por isso, solicitamos aos au- tores que, ao submeterem artigos, verifiquem se não houve publicação prévia, na RBR, referente ao assunto do estudo, sobretudo nos últimos três anos”, assinalam os editores. Por fim, o aumento do fator de impacto do periódico será igualmente perseguido em 2011, tanto o SJR da Scopus, como no caso de futura indexação no Web of Science. Para tanto, o número de citações da RBR em outras revistas internacionais precisa subir – em bom português, portanto, não deixe de mencionar, nas referências de publicações nacionais, incluindo a RBR, e estrangeiras, os artigos recentes que vier a publicar na RBR. Essa ajuda faz e fará uma grande diferença nesse trabalho de excelência. Para ter uma ideia, a Revista Brasileira de Reumatologia foi contemplada com auxílio financeiro do CNPq para o ano de 2011, o que corrobora sua qualidade entre os periódicos brasileiros. Afinal, somente 20% das revistas científicas do País conseguem esse apoio. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2011 17 Notas Lancet traz estudo multicêntrico sobre nova droga para o tratamento do lúpus N os últimos 50 anos, nenhuma droga foi aprovada para o tratamento específico do lúpus eritematoso sistêmico (LES). Assim, o desenvolvimento de novas medicações contra a doença constitui um desafio e uma necessidade, sendo, portanto, um assunto de grande interesse da comunidade médica mundial, em especial quando referendado por um periódico de grande impacto como a Lancet. Na edição de fevereiro, a revista publicou um estudo multicêntrico de fase 3 para a avaliação da eficácia, da segurança e da tolerabilidade do anticorpo monoclonal humanizado inibidor específico do estimulador do linfócito B (BLyS), o belimumabe, em pacientes com LES em atividade. Ainda não disponível no Brasil, essa droga possui um novo mecanismo de ação, uma vez que concentrações do BLyS são associadas a mudanças na atividade da doença e nos títulos de anti-dsDNA no LES. O ensaio publicado envolveu 14 países, incluindo Brasil, China, Índia e Estados Unidos, e teve, entre seus autores, o professor doutor Roger Levy, do Hospital Universitário Pedro Ernesto da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), além da participação de outros nove brasileiros, que ajudaram nosso país a conquistar a mai- or taxa de recrutamento no estudo – Mauro Keiserman (PUCRS), Morton Scheinberg (AACD-SP), Ângela Duarte (UFPE), Luiz Carlos Latorre (Cepic-SP), Mittermayer Santiago (Santa Casa-BA), Antônio Carlos Ximenes (CIP-GO), Luis Roimicher (UFRJ), Lilian Costallat (Unicamp), Antônio Scafuto Scotton (CMIP-MG), Sebastião Radominski (CetiPR) e Wiliam Chahade (HSPE-SP). No estudo, 867 pacientes foram randomizados para usar belimumabe na dose de 1 mg/kg (288) e de 10 mg/kg (290) ou placebo (287), tendo sido acompanhados por 52 semanas. Os resultados parecem otimistas. Houve melhora significante nos indivíduos tratados com a medicação, em comparação com os que receberam placebo, no que se refere ao índice de resposta do lúpus (SRI), medido pelos escores Selena-Sledai e Bilag, além da avaliação física global. Não se encontrou diferença estatística na taxa de eventos adversos. Infecções graves foram relatadas em 8% e 4% dos pacientes em uso de belimumabe na dose de 1 mg/kg e 10 mg/kg, respectivamente, assim como em 6% dos que utilizaram placebo. Para completar, menos de 1% dos que usaram a medicação tiveram reação infusional. Arthritis & Rheumatism publica e destaca estudo da equipe da Disciplina de Reumatologia da Unifesp O lha o Brasil brilhando na comunidade reumatológica internacional! A edição de janeiro da revista Arthritis & Rheumatism, publicação de maior impacto em nossa especialidade, publicou a tese de mestrado de Henrique Mariz, da Unifesp, feita sob a orientação da professora titular de Reumatologia da universidade, Emília Sato, e a co-orientação do chefe da disciplina, Luis Eduardo Coelho Andrade. O estudo, intitulado Pattern on the antinuclear antibody – HEp-2 test is a critical parameter for discriminating antinuclear antibodypositive healthy individuals and patients with autoimmune rheumatic diseases, mostrou que os títulos de FAN e, em especial, os padrões encontrados melhoram substancialmente a capacidade de o teste discriminar os indivíduos saudáveis dos portadores de afecções reumáticas auto18 imunes. Para chegar a essa conclusão, a equipe acompanhou 918 pessoas hígidas e 153 pacientes com doenças reumáticas já diagnosticadas. O fator antinúcleo foi encontrado em 118 indivíduos saudáveis (12,9%) e em 138 pacientes reumáticos (90,2%). Além disso, ficou constatada uma significativa diferença nos padrões de fluorescência observados entre pacientes e controles. Os padrões nucleares homogêneo, pontilhado grosso e centromérico apareceram exclusivamente nos reumáticos, enquanto o pontilhado fino denso (PFD), ao contrário, estava presente somente nas pessoas sem doença autoimune. Embora o título do FAN tenha se mostrado maior nos pacientes (p<0,0001), vários indivíduos hígidos com padrão PFD apresentaram títulos iguais ou superiores a 1:1.280. Para completar, das 118 pessoas saudáveis com FAN positivo, 40 fo- Da esq. para a dir., Henrique Mariz, Emília Sato e Luis Eduardo Andrade. ram reavaliadas depois de quatro anos e, apesar de nenhuma ter desenvolvido sintomas de doença autoimune ao longo desse período, 72,5% permaneceram com positividade no exame. Ao jogar luz na complexa interpretação de um FAN positivo, o trabalho traz uma contribuição ímpar para os especialistas. Não por acaso, virou o assunto do editorial da Arthritis & Rheumatism e ainda recebeu cinco estrelas no Medscape e no Docguide. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2011 Notas AMB convoca associados para eleições do triênio 2011-2014 A Associação Médica Brasileira (AMB) divulgou edital convocando associados com direito a voto para as eleições de cargos de direção da entidade para o triênio 20112014, marcada para 25 de agosto. As votações e apurações serão organizadas e dirigidas pelas entidades federadas, ligadas à associação, assegurando-se em todos os níveis e momentos a participação de fiscais ou representantes das chapas concorrentes. Até 30 de abril, as federadas deverão encaminhar à AMB a relação dos associados filiados até 3 de março deste ano. Para concorrer aos cargos de diretoria, os candidatos precisam ser associados efetivos há mais de três anos e estar em pleno gozo de seus direitos estatutários. Já para quem quiser inscrever-se como delegado, a condição de associado efetivo deve valer há mais de um ano, contando retroativamente a partir do último dia do prazo fixado para a apresentação das chapas. O pedido de registro das chapas, aliás, tem de ser feito de 1º de julho a 1º de agosto na secretaria da AMB. Para ver o edital completo: www.reumatologia.com.br. A Reumatologia Nacional tem novos livres-docentes Manoel Barros Bértolo (Unicamp) Depois de uma verdadeira maratona de testes, o atual chefe da Disciplina de Reumatologia da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, Manoel Barros Bértolo, conquistou o título de professor livre-docente do Departamento de Clínica Médica da universidade, na área de Reumatologia, tendo sido aprovado com a nota dez. Bértolo, que também é superintendente do Hospital das Clínicas da instituição, submeteu-se ao concurso para a obtenção da livre-docência em 1º e 2 de dezembro de 2010. No primeiro dia, o reumatologista fez uma prova prática e, a seguir, soube, por um sorteio, que deveria dar uma aula sobre esclerose sistêmica 24 horas depois. Após essa apresentação, no dia seguinte, o candidato proferiu uma segunda aula referente à sua linha de pesquisa, ou seja, a tese intitulada “O HLA em doenças reumáticas”. O encerramento do concurso deu-se com a arguição de todas as provas enunciadas, ou seja, do currículo, da avaliação prática, das aulas didáticas e da tese apresentada. A banca examinadora do concurso foi presidida por Maria Luiza Moretti, da Unicamp, e contou também com a participação de Natalino H. Yoshinari e Eduardo Ferreira Borba Neto, ambos da FMUSP, Paulo Louzada Junior, da FMUSP-RP, e Aparecida Machado de Morais, da Unicamp. Que tal uma aula rápida sobre o exame do aparelho musculoesquelético? Jozélio Freire de Carvalho (FMUSP) Quase dois meses mais tarde, entre os dias 7 e 8 de fevereiro de 2011, o médico-assistente do Serviço de Reumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade São Paulo (HC-FMUSP), Jozélio Freire de Carvalho, também foi aprovado no concurso para a obtenção do título de professor livre-docente da Disciplina de Reumatologia do Departamento de Clínica Médica da FMUSP. No primeiro dia, o candidato realizou uma prova prática por meio de discussão de caso clínico referente a um paciente internado no HC. À tarde, procedeu à arguição do memorial e à defesa da tese intitulada “Síndrome antifosfolípide – Uma doença intrigante e desafiadora”. No segundo dia, após o sorteio do assunto da prova escrita, sobre o tratamento imunobiológico das doenças reumáticas, Carvalho desenvolveu o tema durante cinco horas e leu seu exame no período da tarde. Na sequência, executou a prova didática, ou prova de erudição, com a aula “Manifestações neuropsiquiátricas da síndrome antifosfolípide”. Presidida por Eloísa Bonfá, da FMUSP, a banca examinadora foi formada por Lilian Teresa Lavras Costallat, da Unicamp, Sérgio Bydlowsky, da Hematologia da FMUSP, Dayse Maria Lourenço, da Hematologia da Unifesp, e Virgínia Paes Leme Ferriani, da FMUSP-RP. Não precisa nem sair da cadeira do consultório. A Sociedade Brasileira de Reumatologia acaba de inserir, em seu site, uma série de videoaulas que mostram, na prática, o exame físico do aparelho musculoesquelético, dos membros superiores ao quadril. No total, são 11 vídeos criados e detalhadamente executados pelos reumatologistas Maria Roseli Monteiro Callado e Walber Pinto Vieira. Comprove a utilidade desse novo projeto em www.reumatologia.com.br. BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2011 19 Dia a dia Sistema de saúde de conveniência Marcos Bosi Ferraz* Eis o que temos no Brasil. Caso o sistema público de saúde oferecesse o que os usuários entendem por qualidade na prestação de serviços, a disposição para o pagamento adicional do chamado sistema suplementar provavelmente não existiria. * Professor e diretor do Centro Paulista de Economia da Saúde da FAP/Unifesp, diretor de Economia Médica da AMB e autor do livro Dilemas e Escolhas do Sistema de Saúde. E-mail: [email protected] 20 N osso sistema de saúde, ainda em construção, é moldado conforme a força dos ventos e interesses. Há algum tempo perdemos a capacidade ou interesse de olhar o futuro e definir metas claras, transparentes e conhecidas pela sociedade para os próximos dez anos. Como podemos construir o sistema de saúde para atender às nossas expectativas se não sabemos aonde e quando queremos chegar? Como estabelecer metas para um prazo definido se nosso instrumento de navegação, ou seja, a coleta de dados e informações sobre o que acontece no sistema de saúde, deixa a desejar? Como lidar com um compromisso de médio e longo prazos se a mentalidade político-ideológica é de absoluto curto prazo ou evanescente? Não temos hoje um sistema único de saúde e, mesmo o que chamamos de sistema suplementar, não faz jus à sua designação. O que temos, de fato, é um “sistema de saúde de conveniência”. Conveniência, pois a indefinição do ponto de vista regulamentar e a insegurança jurídica fazem com que os interesses de ambos os sistemas e das várias partes interessadas predominem sobre o interesse coletivo. Administramos no dia a dia a pobreza de recursos. É mais fácil reconhecer a carência do que aceitar a ineficiência e a falência do processo que envolve a priorização, o planejamento, a implementação, a mensuração dos resultados e a reavaliação das ações. O sistema suplementar só existe e progressivamente se estrutura porque 23% da população brasileira hoje opta por um pagamento adicional, e o deseja, para ter direito a seu uso. Milhões de brasileiros certamente têm o mesmo desejo, porém não possuem a condição econômico-financeira para tanto. Caso o sistema público oferecesse o que os usuários entendem por qualidade na prestação de serviços em saúde, certamente a disposição para esse pagamento extra não existiria ou não seria necessária. Num ambiente onde as escolhas individuais são cada vez mais valorizadas, desde que respeitem os marcos legais e os valores éticos e morais, o desafio é a construção de um sistema de saúde cada vez melhor e que atenda minimamente às expectativas de seus usuários. Sem contar que cidadãos saudáveis querem estratégias que enfoquem a promoção de saúde e a prevenção de doenças, pois estas consideram o futuro, apesar das incertezas, como algo visível e passível de valorização. Não há vácuo regulatório nesse ambiente. O mercado se autorregulamenta orientado por dados e informações disponíveis e, acima de tudo, por interesses. O atual sistema é de conveniência, e as partes interessadas ora ganham, ora perdem. Essa dualidade de sistemas atende, por um lado, à expectativa de uma parcela da população, que pode pagar pelo que deseja; por outro, cria uma inequidade entre brasileiros. Direito à escassez Um dos ganhos para os usuários do sistema público é a potencial menor angústia ou concorrência na utilização dos BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2011 serviços oferecidos. A complexidade e a conveniência crescem ao se admitir que, pelo fato de todos os brasileiros contribuírem com taxas e impostos, todos têm o direito de uso dos escassos recursos públicos. Já as políticas e alguns programas que envolvem a atenção básica à saúde são definidos e ofertados majoritariamente pelo sistema público. Os programas que envolvem a alta complexidade são também disponibilizados pelo sistema público e, para estes, existe uma competição pelo seu uso. Há a conveniência na oferta dos serviços de alta complexidade (público e privado), pois sua remuneração é comparativamente atrativa, ocasionando, assim, um desestímulo à oferta de serviços menos sofisticados, porém muito necessários. Esse fato promove uma enorme distorção e contribui para inverter a lógica assistencial. Estimula-se a especialização em detrimento do profissional gene- ralista. A ausência de definição de prioridades locorregionais colabora para a renovação tecnológica acrítica. A oferta orienta e cria a demanda, o que atende aos interesses do modelo médico-hospitalar e assistencial existente e incentivado globalmente, outra conveniência. Drogas e tecnologias de alto custo são disponibilizadas para todos os brasileiros – todos têm direitos –, porém a definição do ponto de vista do que, quanto e para quem oferecer carece de um processo sustentado nas melhores evidências técnico-científicas, outra limitação e conveniência. Mais-valia conveniente O sistema superespecializado convenientemente atende à lógica de contínua formação e qualificação de profissionais, nem sempre fundamentada pela necessidade, mas que estimula e alimenta oportunidades na esfera educacional. A geração de novos conhecimentos, num BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2011 ambiente competitivo global, é orientada muito mais pelo interesse individual do pesquisador ou de grupos empresariais específicos do que pelas necessidades e lacunas do conhecimento a serem priorizadas e definidas pelo sistema de saúde. A mais-valia, para o pesquisador, está associada à publicação de um artigo em revista técnico-científica internacional, e não à solução de problemas e dúvidas práticas do sistema de saúde. Tal modelo, embora não supra às necessidades do sistema de saúde, é conveniente, pois estimula a geração de conhecimento pouco aplicável no curto prazo, porém muito promissor no longo prazo. É também conveniente no âmbito social e aceito coletivamente, uma vez que mantém a esperança daqueles que sofrem com uma determinada doença, embora injustificável ao assumir que o atual sistema tenha um olhar focado apenas para o curto prazo. Por fim, em sistemas complexos, pouco educados e influenciados por interesses específicos, algumas ações implicam reações nem sempre estruturadas, o que contribui para o aumento da entropia. Com o excesso de conveniência, correse o sério risco de o sistema não ser sustentável, além de ser injusto socialmente e altamente inseguro para todos. Os princípios doutrinários e organizacionais de nosso sistema de saúde já estão definidos. É preciso interpretá-los à luz das condições atuais e definir como, de fato, atender a eles. Urge pensar no longo prazo e ter coragem para definir prioridades e modelos assistenciais que sejam adequados à nossa realidade econômico-social e educacional. Urge a responsabilização dos envolvidos nesse processo, que se fundamenta em dois elementos críticos: liderança e educação. 21 Karina e Isac comemoram 20 anos de vida em comum com um mergulho pelas terras, pelo ar e pelo mar da Tanzânia (com direito a tubarão-baleia!). Além da Reumatologia De cabeça na vida Entre um congresso e outro, o casal tsunami mergulha e descobre as maravilhas que o planeta esconde dentro e fora da água. T odo mundo precisa achar o seu mergulho, uma forma de recarregar as baterias, diz a reumatologista Karina Dubeux, que leva essa ideia ao pé da letra com o companheiro de vida e profissão, Isac Szwarc, com quem está há 20 anos. O casal já fez nada menos que 885 mergulhos, em 80 destinos diferentes pelo mundo, desde seu batismo em um curso básico de apneia, em 1993 – depois do qual, evidentemente, os dois fizeram “pós-doutorado” na técnica: hoje, Isac é instrutor de mergulho e, Karina, mergulhadora de resgate. O último destino foi a Tanzânia, no continente africano, no fim do ano passado. Nessa oportunidade, porém, Karina e Isac não se restringiram apenas ao mar, mas também exploraram a terra e o ar. “Foram cinco dias de safári e um voo de balão sobre o Serengeti, na Savana Africana, de onde pudemos ver de girafas a elefantes”, conta essa pernambucana aventureira. Após comer muita poeira da estrada, com direito a ver a migração de gnus, zebras, impalas e gazelas, o casal terminou o passeio em terra em Zanzibar, onde o litoral convidou a um mergulho. Mas não era ainda o destino oficial. Dali os dois partiram para a Ilha de Mafia, o maior arquipélago daquele litoral, onde, por fim, conheceram os habitantes do mar local, tendo tido, inclusive, a incrível oportunidade de mergulhar lado a lado com quatro tubarões-baleia, criaturas de 8 a 14 metros de comprimento que dificilmente são vistas. “E foi durante o snorkel, ou seja, muito perto da superfície, o que significa que a sorte 22 sorriu para nós”, salienta Karina. Atraso do destino Essa foi a quarta vez que Karina e Isac visitaram o continente africano, mas seus rumos preferenciais estão mesmo na Ásia. Tanto é que o episódio mais marcante, nestes anos todos, ocorreu na Tailândia, em 2004. Quis o destino que o barco que os conduziria até o local do mergulho, naquele 26 de dezembro, atrasasse meia hora. Eles ficaram impacientes, mas prosseguiram. Pouco depois, já embaixo da água, sentiram uma corrente diferente, circular, que os puxava em direção às pedras. Mas não imaginaram que, na superfície, uma onda gigante provocava uma das maiores catástrofes naturais de que se tem notícia nos últimos tempos. Ao verem o que sucedia em terra, os turistas cederam lugar aos médicos. “Fomos buscar nosso material de primeiros socorros para ajudar os feridos”, relata Karina. O tsunami atingiu em cheio a forma de o casal encarar seu papel no mundo, como cidadãos, e de exercer sua atividade, como médicos. “Mudaram os valores, mudou o olhar”, avalia Karina, que, a princípio, ficou balançada com esse impacto da onda. Assim como a personagem Marie, do recente filme Além da vida, que, após sobreviver ao tsunami, registrou sua experiência de quase-morte em livro, a médica precisava exorcizar seus sentimentos. Já em fevereiro de 2005, começou então a escrever um relato que intitulou de Salvos por um Mergulho. O texto evoluiu para um livro, que foi lançado em 2008 no Congresso Brasileiro de Reumatologia, em Maceió, e, no ano seguinte, na Livraria Cultura de São Paulo, Porto Alegre e Recife, estando agora em sua segunda reimpressão. O novo olhar não alterou os planos de Karina e Isac, que continuaram descobrindo paisagens submersas pelo mundo. Em 2010, particularmente, os dois extrapolaram, numa maratona de viagens que começou com Bonaire, no Caribe holandês, passando pela Costa Amalfitana, na Itália, logo depois do Eular, e terminou com o norte do Sulawesi, na Indonésia, antes da viagem à Tanzânia, só para citar alguns destinos. É claro que, para equilibrar a vida profissional com os mergulhos, o casal se organiza segundo o calendário mundial de eventos da Reumatologia. E assim vai contaminando a todos, inclusive a seus pacientes, com esse apetite pelos mares e pela descoberta de novas culturas. “O mergulho é sempre no país que visitamos”, sublinha Karina. “Os peixinhos são apenas os anfitriões”. O livro Salvos por um Mergulho pode ser encontrado na Livraria Cultura (www.livrariacultura.com.br) ou ser adquirido diretamente da Editora Kalligraphos ([email protected]). BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2011 Carta do leitor Duas visões sobre uma mesma imagem A Charge do Valderilio da edição passada divertiu, como esperado, mas também incomodou, o que, no entanto, não era sua intenção. Por essa razão, em vez de trazer uma nova arte, nesta oportunidade o Boletim Informativo da SBR empresta o espaço dedicado a essas criações para a manifestação do grupo que não gostou da brincadeira e, claro, para o autor, Valderilio Feijó Azevedo, fazer sua defesa. A carta “Foi com grande tristeza que nós, reumatologistas titulados pela SBR e AMB, sócios titulares e quites da SBR e pioneiros na criação de Centros de Infusão de Imunobiológicos Não Oncológicos no Brasil, lemos a charge veiculada no último Boletim da SBR. Não cremos que o veículo oficial de comunicação da entidade maior da Reumatologia Brasileira seja o local ideal para se inserir uma ‘charge’ tão preconceituosa e de mau gosto. A charge aborda questões éticas e técnicas da profissão, atingindo diretamente um grupo específico de reumatologistas, aqueles vinculados a Centros de Infusão de Imunobiológicos, chamados jocosamente de ‘Drs. TNF’. O nome ‘Antônio’, dado ao caricato doutor, pode ter sido uma ‘infeliz coincidência’, mas mostra, mais uma vez, a total falta de cuidado em se ofender a quem quer que seja. Vejamos a definição da palavra cuidado: ‘cautela, algo que implica não fazer algo no qual poderia prejudicar alguém ou alguma coisa’. A grande maioria dos colegas não deve imaginar, e não imagina mesmo, o quanto foi difícil, há cinco anos, criarmos sozinhos, no ‘peito e na raça’, os Centros de Infusão de Imunobiológicos. Muito além do investimento de capital e todo o risco que o novo negócio representava, tivemos de criar um padrão de atendimento diferenciado, de nos tornar competitivos em um mercado dominado há décadas pela Oncologia, de ‘furar’ o bloqueio dos planos de saúde e, tão difícil quanto e ainda mais doloroso, de vencer a ‘desconfiança’ de muitos colegas de profissão. Acreditamos ser parte de uma mesma família, a Sociedade Brasileira de Reumatologia, e não é nossa intenção piorar ainda mais essa situação com brigas ou troca de ofensas, mas pedir apenas respeito. Nesta carta, manifestamos publicamente nosso repúdio à charge veiculada no Boletim Oficial da SBR e aguardamos o pronunciamento oficial de seus editores sobre o fato ocorrido”. Reno Martins Coelho CID - Centro de Infusão (RJ) José Roberto Miranda Artrocenter (SP) Antônio Scafuto Scotton Rafael de Oliveira Fraga Marcelo Alvarenga Silviane Vassalo Viviane Angelina Reumatocenter (MG) Vander Fernandes José Carlos Amaral Centro de Infusão de Imunobiológicos (MT) A defesa “Reconheço que uma das belezas da inteligência humana está no contraditório, no simples fato de termos visões diferentes sobre um mesmo tópico. Como autor, lamento que alguns colegas tenham feito essa interpretação da charge, pois, sinceramente, não foi essa nossa intenção. Na atual era, em que se estabelece uma revolução no tratamento de diversas doen- ças autoimunes presentes em nossa especialidade médica, obtida com o advento das moléculas biológicas, a proposta da charge foi a de chamar a atenção, de forma divertida, para a dificuldade que muitos de nós temos – e me incluo nessa lista, tal qual a personagem médica! – em lidar com pacientes portadores de dor crônica generalizada”. Valderilio Feijó Azevedo Professor de Reumatologia da Universidade Federal do Paraná Diretor de ensino e pesquisa da Associação Brasileira de Medicina e Arte Membro da Comissão de Espondiloartrites da SBR BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2011 23