JAN / FEV / MAR 2011 • No 1 • ANO XXXV
Remodelando o futuro
Artrite Psoriásica
Recomendado pelo grupo GRAPPA*
para todos os quadros e
comorbidades de AP 9
*GRAPPA: Group for Research and Assessment of Psoriasis and Psoriatic Arthritis
Artrite Reumatoide
REMICADE interrompe a progressão da doença1-4
- resposta rápida5-7
- reduz a progressão radiográfica1,2
- possibilita remissão sem uso de medicação3,4,8
Espondilite Anquilosante
REMICADE promove:
- redução nas crises de uveíte anterior em
comparação ao etanercepte10
- redução significativa nas crises de doença inflamatória
intestinal em comparação aos outros agentes anti-TNF11
- melhora significativa e sustentada por até 5 anos na
atividade da doença axial, mobilidade e função12
Referências bibliográficas: 1. St Clair EW, van der Heijde DM, Smolen JS, Maini RN, Bathon JM, Emery P, et al.; Active-Controlled Study of Patients Receiving Infliximab for the Treatment of Rheumatoid
Arthritis of Early Onset Study Group. Combination of infliximab and methotrexate therapy for early rheumatoid arthritis: a randomized, controlled trial. Arthritis Rheum. 2004;50(11):3432-43. 2. Smolen JS,
Van Der Heijde DM, St Clair EW, Emery P, Bathon JM, Keystone E, et al.; Active-Controlled Study of Patients Receiving Infliximab for the Treatment of Rheumatoid Arthritis of Early Onset (ASPIRE) Study Group.
Predictors of joint damage in patients with early rheumatoid arthritis treated with high-dose methotrexate with or without concomitant infliximab: results from the ASPIRE trial. Arthritis Rheum. 2006;54(3):70210. 3. Van der Kooij, et al. Remission induction in early rheumatoid arthritis with initial infliximab and methotrexate therapy: 4-year follow-up data of the disease course after infliximab discontinuation in the best trial. Ann
Rheum Dis 2007;66(Suppl II):192. 4. Van Der Kooij S, et al. Drug-free remission, functioning and radiographic damage after 4 years of response-driven treatment in patients with recent onset rheumatoid arthritis. Ann
Rheum Dis. 2009; 68:914-921. 5. Maini R, St Clair EW, Breedveld F, Furst D, Kalden J, Weisman M, et al. Infliximab (chimeric anti-tumour necrosis factor alpha monoclonal antibody) versus placebo in rheumatoid arthritis
patients receiving concomitant methotrexate: a randomised phase III trial. ATTRACT Study Group. Lancet. 1999 Dec 4;354(9194):1932-9. 6. St Clair EW, Wagner CL, Fasanmade AA, Wang B, Schaible T, Kavanaugh A,
Keystone EC. The relationship of serum infliximab concentrations to clinical improvement in rheumatoid arthritis: results from ATTRACT, a multicenter, randomized, double-blind, placebo-controlled trial. Arthritis Rheum. 2002
Jun;46(6):1451-9. 7. Maini RN, Breedveld FC, Kalden JR, Smolen JS, Furst D, Weisman MH, et al.; Anti-Tumor Necrosis Factor Trial in Rheumatoid Arthritis with Concomitant Therapy Study Group. Sustained improvement
over two years in physical function, structural damage, and signs and symptoms among patients with rheumatoid arthritis treated with infliximab and methotrexate. Arthritis Rheum. 2004;50(4):1051-65. 8. Van Der Kooij
SM, et al. Remission induction in early rheumatoid arthritis (RA) with initial infliximab (IFX) and methotrexate (MTX) therapy: The disease course after IFX discontinuation in the best trial. Arthritis Rheum. 2006; 54(9,Suppl):
S302-3. 9. Ritchlin CT, Kavanaugh A, Gladman DD, Mease PJ, Helliwell P, Boehncke WH, de Vlam K, Fiorentino D, Fitzgerald O, Gottlieb AB, McHugh N, Nash PT, Qureshi A, Soriano ER, Taylor WJ. Treatment recommendations
for psoriatic arthritis. Ann Rheum Dis. 2009; 68: 387-1394. 10. Braun J, Baraliakos X, Listing J, Sieper J. Decrease incidence of anterior uveitis in patients with ankylosing spondylitis treated with the anti-tumor necrosis
factor agents infliximab and etanercept. Arthritis Rheum. 2005;52:2447-51. 11. Kontoyiannis D, Pasparakis M, Pizarro TT, Cominelli F, Kollias G. Impaired on/off regulation of TNF biosynthesis in mice lacking TNF AU-rich
elements: implications for joint and gut-associated immunipathologies. Immunity. 1999;10:387-98. 12. Braun J, et al. Persistent clinical efficacy and safety of anti-tumour necrosis factor alpha therapy with infliximab in
patients with ankylosing spondylitis over 5 years: evidence for different types of response. Ann Rheum Dis. 2008;67(3):340-5.
REMICADE® (infliximabe 100 mg). INDICAÇÕES: Artrite Reumatoide: redução de sinais e sintomas; prevenção de lesão articular estrutural e melhora do desempenho físico em pacientes com doença ativa já tratados com
metotrexato e em pacientes com doença ativa moderada a grave ainda não tratados com metotrexato (tratamento de 1ª linha). Espondilite Anquilosante: redução dos sinais e sintomas; melhora da função física em pacientes
com doença ativa. Doença de Crohn em pacientes adultos e pediátricos (6 a 17 anos de idade): redução de sinais e sintomas; indução e manutenção da remissão clínica; indução da cicatrização da mucosa e melhora da
qualidade de vida de pacientes com Doença de Crohn ativa moderada a grave, com resposta inadequada às terapias convencionais. REMICADE® permite a redução ou suspensão do uso de corticosteroides pelos pacientes.
Doença de Crohn fistulizante: redução no número de fístulas enterocutâneas com drenagem e fístula retovaginal; manutenção da cicatrização da fístula; redução dos sinais e sintomas; melhora a qualidade de vida em
pacientes com Doença de Crohn fistulizante. Artrite Psoriásica: redução dos sinais e sintomas dos pacientes com artrite psoriásica ativa e progressiva que tiveram resposta inadequada às drogas modificadoras da doença
(DMARDs); melhora da função física; redução da psoríase medida por PASI e inibição da progressão da lesão estrutural da artrite ativa. Psoríase: redução dos sinais e sintomas da psoríase e melhora da qualidade de vida
em pacientes com psoríase de moderada a grave, em que a fototerapia ou tratamento sistêmico convencional for inadequado ou impróprio. Colite ou Retocolite ulcerativa: redução dos sinais e sintomas; indução e
manutenção da remissão clínica; indução da cicatrização da mucosa; redução ou descontinuação do uso de corticosteroides; redução da hospitalização e melhora na qualidade de vida de pacientes com colite ou retocolite
ulcerativa ativa moderada a grave, com resposta inadequada aos tratamentos convencionais. CONTRAINDICAÇÕES: Pacientes com hipersensibilidade conhecida a qualquer componente do produto ou a proteínas murinas;
infecções graves, como tuberculose, sepse, abcessos e infecções oportunistas; insuficiência cardíaca moderada ou grave. PRECAUÇÕES E ADVERTÊNCIAS: REMICADE® pode estar associado a efeitos agudos de infusão
e reação de hipersensibilidade tardia. Os pacientes recebendo REMICADE® devem ser observados durante, pelo menos, 1 a 2 horas após a infusão. Se ocorrerem reações agudas, a infusão deverá ser interrompida
imediatamente. Alguns desses efeitos podem ser descritos como anafilaxia. Medicamentos, equipamentos para suporte respiratório e outros materiais apropriados para o tratamento destes efeitos devem estar disponíveis
para uso imediato. Em alguns pacientes podem se desenvolver anticorpos contra o infliximabe (associado com um aumento na frequência de reações à infusão) e provocar reações alérgicas graves. Em pacientes com
Doença de Crohn, uma associação entre o desenvolvimento de anticorpos contra infliximabe e redução da duração da resposta também foi observada. Pacientes que não estão recebendo imunossupressores durante o
tratamento com REMICADE® têm maior risco potencial para desenvolvimento desses anticorpos e aumento na frequência de reações infusionais. Se ocorrerem reações graves deve ser introduzido tratamento sintomático
e não deverão ser administradas infusões de REMICADE® posteriormente. Um número significativo de pacientes (25% em um único ensaio clínico) tratados inicialmente com REMICADE® que abandonaram o tratamento
por um período de 2 a 4 anos apresentaram reação de hipersensibilidade tardia ao serem retratados. Os sinais e sintomas incluíram mialgia e/ou artralgia com febre e/ou erupção cutânea, no período de 12 dias após o
novo tratamento. Alguns pacientes também apresentaram prurido, edema facial, edema de mãos ou lábios, disfagia, urticária, dor de garganta e/ou cefaleia. Os pacientes devem procurar atendimento médico imediato se
apresentarem qualquer evento adverso tardio após as infusões com REMICADE®. Pacientes com infecção crônica ou com histórico de infecção recorrente não devem iniciar tratamento com REMICADE® até que os sinais
de infecção sejam totalmente excluídos e deverá ser interrompido se o paciente desenvolver infecção grave ou sepse. Como a eliminação de REMICADE® pode levar até 6 meses, é importante o acompanhamento cuidadoso
do paciente nesse período. Infecções oportunistas, incluindo tuberculose e outras como sepse, têm sido relatadas em pacientes tratados com infliximabe. Os agentes que inibem o TNFa têm sido associados a casos raros
de neurite ótica, convulsões e início ou exacerbação dos sintomas clínicos e/ou evidência radiográfica de doenças desmielinizantes, incluindo esclerose múltipla. Pacientes que serão submetidos a cirurgia durante o
tratamento com REMICADE® devem ser cuidadosamente monitorados quanto à ocorrência de infecções. REMICADE® deve ser usado com precaução em pacientes com insuficiência cardíaca leve. Se o paciente desenvolver
sintomas sugestivos de síndrome tipo lúpus e for positivo para anticorpos anti-DNA dupla-hélice, o tratamento com REMICADE® deverá ser descontinuado. Pacientes com Doença de Crohn ou artrite reumatoide,
particularmente com a doença altamente ativa e/ou exposição à terapia imunossupressora crônica, podem ter maior risco de desenvolvimento de linfoma do que a população geral. O papel potencial da terapia de bloqueador
com TNF no desenvolvimento de malignidades não é conhecido. Gravidez e lactação: Não se sabe se REMICADE® pode provocar comprometimento fetal quando administrado a gestantes ou se afeta a capacidade
reprodutiva, nem se é excretado no leite materno. Recomenda-se que as medidas contraceptivas sejam mantidas durante pelo menos 6 meses após sua última infusão e em nutrizes a interrupção do tratamento com
REMICADE® por seis meses deve ser avaliada e decidida pelo médico. Pacientes idosos: Não foram observadas diferenças importantes na farmacocinética de REMICADE® em pacientes idosos (65 a 80 anos) com artrite
reumatoide. A farmacocinética em pacientes idosos com Doença de Crohn não foi estudada. Não foram realizados estudos em pacientes com doença hepática ou renal. Pacientes pediátricos: Não houve diferenças
relevantes na farmacocinética de dose única entre os pacientes pediátricos e adultos com Doença de Crohn. REMICADE® não foi estudado em crianças com Doença de Crohn com menos de 6 anos de idade. A segurança
e eficácia de REMICADE® em pacientes com artrite reumatoide juvenil não foram estabelecidas. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: Em pacientes com Doença de Crohn e artrite reumatoide foi demonstrado que a
formação de anticorpos contra o infliximabe é reduzida quando administrado concomitantemente ao metotrexato ou outros imunomoduladores. REAÇÕES ADVERSAS: As reações adversas mais comumente relatadas
referem-se à infusão. As causas mais comuns para a interrupção do tratamento foram: dispneia, urticária e cefaleia. Outras reações adversas, sendo a maioria de intensidade leve a moderada, foram: rubor, cefaleia, vertigem/
tontura, náuseas, diarreia, dor abdominal, dispepsia, função hepática alterada, infecções de vias aéreas superiores e inferiores, dispneia, sinusite, infecção viral, febre, erupção cutânea, prurido, urticária, aumento da sudorese,
pele seca, dor torácica, transaminases hepáticas elevadas e reações do tipo doença do soro. Os eventos adversos sérios mais comuns nos relatos pós-comercialização foram as infecções. Em geral, os eventos adversos
ocorridos em pacientes pediátricos que receberam REMICADE® foram similares em frequência e tipo àqueles observados em adultos com doença de Crohn. POSOLOGIA: REMICADE® destina-se ao uso intravenoso em
adultos (idade ≥ 18 anos) para todas as indicações presentes na bula e em crianças e adolescentes (com idade entre 6 e 17 anos) somente para a Doença de Crohn. O tratamento com REMICADE® deve ser administrado
sob supervisão de equipe especializada no diagnóstico e tratamento de artrite reumatoide, espondilite anquilosante, doenças inflamatórias intestinais, artrite psoriática e psoríase. Artrite reumatoide: Infusão intravenosa de 3
mg/kg durante um período de 2 horas, nas semanas 0, 2 e 6 e, a partir de então, a cada 8 semanas. A dose pode ser ajustada, a critério médico, para até 10 mg/kg ou 3mg/kg a cada 4 semanas, se necessário.
Recomenda-se a administração de REMICADE® em combinação com o metotrexato. Doença de Crohn moderada a grave adulto e pediátrico, Doença de Crohn fistulizante, Espondilite anquilosante, Artrite Psoriásica e
Psoríase: Infusão intravenosa de 5 mg/kg, por um período mínimo de 2 horas, nas semanas 0, 2 e 6, e, a partir de então, em intervalos de até 8 semanas. Doença de Crohn moderada a grave: Nos pacientes com resposta
incompleta durante o tratamento de manutenção, deve-se considerar, a critério médico, o ajuste da dose para até 10 mg/kg, se necessário. Existem dados limitados em relação a intervalos de dose superiores a 16 semanas.
Doença de Crohn fistulizante: Se o paciente não responder após as três primeiras doses não se deve instituir tratamento adicional com infliximabe. A experiência com readministração em caso de reaparecimento de sinais
e sintomas da doença é limitada e não há dados comparativos a respeito do risco/benefício das estratégias alternativas para o tratamento continuado. Na artrite reumatoide, Doença de Crohn e colite ou retocolite ulcerativa,
a dose pode ser aumentada, a critério médico, para até 10 mg/kg, se necessário. Para readministração consulte a bula completa do produto. MS 1.6614.0004. VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. A
PERSISTIREM OS SINTOMAS, O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO. Recorra à bula do produto para maiores informações. Distribuição exclusiva à classe médica. (MB-rem15)
Dentre as informações citadas em bula, ressaltamos que este medicamento é contraindicado para pacientes com histórico de infecção grave, incluindo tuberculose, assim como a interação medicamentosa com a
combinação de infliximabe e anacinra.
Nota: antes de prescrever, recomendamos a leitura da Circular aos Médicos (bula) completa, para informações detalhadas sobre o produto.
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IMPRESSO EM JANEIRO/2011
1/19/11 6:21 PM
Editorial
Tem gente nova no Conselho Editorial
M
ais um ano começa no boletim ou, melhor,
continua. A dedicação dos vários editores
que por aqui já passaram só torna maior a
nossa responsabilidade, sem, entretanto, nos tirar o ânimo e o fulgor de realizar um bom trabalho. Lembro,
durante a reunião realizada em dezembro passado pela
Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) com todas as comissões da nova gestão, do nosso presidente,
Geraldo Castelar, desejando-nos boa sorte, como nova
geração no boletim. Confiança gera confiança, que gera
resultados. Começar implica encontrar dificuldades e
conquistar, neste caso, implica alcançar respeito e êxito.
É isso que esperamos. Divulgar as iniciativas das regionais e da SBR, mostrar as atividades dos reumatologistas
dentro e fora de seus consultórios e dos hospitais, difundir os principais estudos científicos nacionais e internacionais, com doses de bom humor e cultura geral,
são os nossos principais objetivos. Contamos e contaremos com a continuidade do trabalho dos editores, amigos e mestres, Marcelo Pinheiro e Kaline Medeiros.
Nesta primeira edição do ano, queremos chamar sua
atenção para algumas novas seções, como Foco em, que
se inicia com o Hospital Universitário da Universidade
Federal de Santa Catarina, e Além da Reumatologia, que
traz as experiências de mergulho de Karina Dubeux e
Isac Szwarc, o “casal tsunami”. O boletim ainda aborda
a importância dos grupos de apoio para indivíduos com
doenças reumáticas, por meio dos quais tanto médicos
como pacientes podem ter um suporte de informações
úteis e confiáveis dentro da grande rede da internet.
Enfatizamos também a matéria de capa deste número, que mostra os bastidores da criação da Câmara
Técnica em Reumatologia. Essa conquista resultou de
um trabalho de equipe, com muitas e muitas mãos,
em torno de um mesmo propósito, ou seja, a elaboração e a padronização de diretrizes para a atenção à
saúde dos pacientes reumáticos. Aproveite a leitura!
Edgard Reis, Diogo Domiciano e Francinne Ribeiro
Marcelo Pinheiro e Kaline Medeiros
SOCIEDADE
BRASILEIRA DE
REUMATOLOGIA
Presidente
Geraldo da Rocha Castelar Pinheiro – RJ
Tesoureiro
Reno Martins Coelho – RJ
Secretária-geral
Blanca Elena Rios Gomes Bica – RJ
Vice-tesoureiro
Manoel Barros Bértolo – SP
Primeira-secretária
Claúdia Goldenstein Schainberg – SP
Diretor científico
Luis Eduardo Coelho Andrade – SP
Segundo-secretário
Francisco José Fernandes Vieira – CE
Presidente eleito
Walber Pinto Vieira – CE
Boletim da Sociedade Brasileira de Reumatologia
Av. Brig. Luís Antônio, 2.466, conjuntos 93 e 94
01402-000 – São Paulo – SP
Tel.: (11) 3289-7165 / 3266-3986
www.reumatologia.com.br
Coordenação editorial
Marcelo de Medeiros Pinheiro
Kaline Medeiros Costa Pereira
Conselho editorial
Diogo Souza Domiciano
Edgard Torres dos Reis Neto
Francinne Machado Ribeiro
@ [email protected]
Jornalista responsável
Solange Arruda (Mtb 45.848)
Layout
Sergio Brito
Impressão
Sistema Gráfico SJS
Tiragem: 2.000 exemplares
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2011
Representantes junto à Panlar
Fernando Neubarth – RS
Maria Amazile Ferreira Toscano – SC
Representantes junto ao Ministério da Saúde
Ana Patrícia de Paula – DF
Mário Soares Ferreira – DF
Representantes junto à AMB
Eduardo de Souza Meirelles – SP
Gustavo de Paiva Costa – DF
ÍNDICE
Diretoria Executiva da SBR – Biênio 2010-2012
Índice
4
6
7
11
12
13
14
16
20
22
23
Matéria de capa
Engajamento
O melhor do Brasil
Deu na mídia
Primeira fila
Foco em
Baluartes da Reumatologia
Notas
Dia a dia
Além da Reumatologia
Carta do leitor
3
Capa
Nos bastidores da criação da Câmara
A reumatologista Ana Patrícia de Paula já tinha experiência na
articulação política necessária para deflagrar projetos de interesse
da coletividade. Isso ocorreu quando trabalhou em associação
com o coordenador de Reumatologia da Secretaria de Estado de
Saúde do Distrito Federal (SES-DF), Mário Soares Ferreira, e com o
presidente da Sociedade de Reumatologia de Brasília (SRB),
Rodrigo Aires Correia Lima, para a elaboração do plano diretor de
Reumatologia para a SES-DF, que culminou com a implementação do
Plano de Atenção Integral ao Paciente com Diagnóstico de Doença
Reumatológica na secretaria, em 10 de dezembro de 2008, enquanto
ainda atuava no Hospital Universitário de Brasília. Em 2009, assumiu
a Coordenação-Geral de Pesquisa Clínica do Departamento de
Ciência e Tecnologia da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos
Estratégicos do Ministério da Saúde (MS) com o objetivo principal
de fomentar e fortalecer a pesquisa clínica em hospitais de ensino,
atuando como interlocutora do MS com superintendentes e
diretores de hospitais e coordenadores/pesquisadores, cargo que
ainda ocupa na atual gestão. Uma vez nessa posição, Ana Patrícia
não só facilitou a aproximação da SBR do Ministério da Saúde,
como também defendeu os interesses da entidade. O resultado
todos conhecemos: a Câmara Técnica em Reumatologia, criada em
12 de novembro de 2010 pela Portaria no 3.443, da qual,
evidentemente, ela faz parte, como suplente do atual presidente
da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), Geraldo da Rocha
Castelar Pinheiro. Veja, a seguir, como transcorreu esse processo e
quais os próximos passos. O trabalho, afinal, começa agora.
4
A aproximação
Na Jornada de Maringá, em 2009,
Geraldo Castelar conversou com Ana
Patricía e solicitou que ela avaliasse a
melhor estratégia para uma aproximação entre a SBR e o MS. Na ocasião, a
reumatologista ressaltou a importância
de seguir passos que demonstrassem o
profissionalismo da SBR enquanto sociedade em seus vários campos de ação:
educação, assistência e pesquisa. Sua
primeira providência foi conversar com
o diretor do Departamento de Ações
Programáticas Estratégicas (Dapes),
José Luiz Telles, que prontamente agendou uma reunião com a entidade. “Considerando a rapidez do processo, conversamos com a então presidente da
SBR, Ieda Laurindo, e explicamos que
a nossa sondagem para desdobramentos na gestão do Geraldo havia se concretizado em uma ação imediata”, relata. No dia 16 de dezembro de 2009,
Telles recebeu Ieda, Geraldo e Ana Patrícia, assim como Mário Soares Fer-
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2011
Grupo que participou da primeira reunião da CTR:
• José Luiz Telles
Departamento de Ações
Programáticas Estratégicas/Secretaria
de Atenção à Saúde (Dapes/SAS)
• Carlos Alberto Maia
Dapes/SAS
• Luciana Sardinha
Coordenação-Geral de Vigilância de
Doenças e Agravos Não
Transmissíveis/Secretaria de
Vigilância em Saúde (CGDANT/SVS)
• Tereza F. L. Faillace
Departamento de Regulação,
Avaliação e Controle/Secretaria de
Atenção à Saúde (Drac/SAS)
• Carolina Dantas Rocha de Lucena
Drac/SAS
• Vanilsa Simion Nascimento
Atenção Básica/Secretaria de
Atenção à Saúde (DAB/SAS)
• Abigail Gomes Silva
Associação Brasiliense de Portadores
de Artrite (Abrapar)/Associação
Nacional de Grupos de Pacientes
Reumáticos (Anapar)
• Lauda Santos – Abrapar/Anapar
• Geraldo Castelar
Sociedade Brasileira de Reumatologia
(SBR)
• Ana Patrícia de Paula
Suplente da SBR
• Ivânio Alves Pereira
Associação Brasileira de Hospitais
Universitários e de Ensino (Abrahue)
Ana Patrícia de Paula e Geraldo Castelar (à esq.) com parte
dos representantes da CTR, no dia da primeira reunião.
Técnica em Reumatologia
reira, Rodrigo Aires Correia Lima e o
reumatologista do Ministério da Defesa
Sérgio Cândido Kowalski. Nessa reunião, a SBR manifestou sua vontade de
colaborar com o Ministério da Saúde em
todas as ações pertinentes ao exercício
da Reumatologia. Depois desse encontro, o Dapes instituiu um grupo de trabalho dentro do MS, do qual Ana Patrícia participou juntamente com as Secretarias de Atenção à Saúde, ou seja,
Dapes, Atenção Especializada (DAE) e
Atenção Básica (DAB), e a Secretaria
de Vigilância em Saúde (SVS).
A evolução da
ideia de cooperação
No ano seguinte, mais precisamente
em 25 de fevereiro de 2010, representantes das áreas técnicas do MS, da SBR
(Ieda Laurindo e Geraldo Castelar) e da
SES-DF (Mário Ferreira) se reuniram
com o objetivo de elaborar uma agenda
de cooperação entre a SBR e o ministério. Na ocasião, a entidade apresentou
uma visão geral da Reumatologia e propôs áreas de interação que iam da capacitação de profissionais da atenção básica para o reconhecimento precoce das
artrites até a atualização dos medicamentos, passando pelo planejamento da rede
de referência e contrarreferência para o
atendimento da pessoa com doença reumatológica. Menos de um mês depois, em
11 de março, a diretora do DAE, Maria
Inez Gadelha, sugeriu a elaboração de
uma portaria instituindo uma Câmara
Técnica em Reumatologia (CTR), em vez
de celebrar um termo de cooperação com
a SBR. A partir daí, Ana Patrícia teve reuniões internas com as áreas técnicas do
MS, sob a coordenação do Dapes. “Em
resumo, fiz articulação política e defendi
os interesses da SBR, além de ter sugerido o texto e compilado as sugestões para
a portaria final”, sintetiza.
A primeira reunião oficial
Após a publicação da portaria n o
3.443, no Diário Oficial da União, a
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2011
primeira reunião da CTR ocorreu em 14
de dezembro, com a presença de 11 representantes. Na oportunidade, foram
formadas quatro subcomissões, entre as
quais as de Normas e Regulamento, de
Informação, de Educação e Saúde e de
Atenção à Saúde – as duas últimas com
um membro da SBR. Além disso, o grupo discutiu propostas de elaboração de
regimento interno e a agenda de trabalho para 2011-2012. O próximo encontro da CTR deve ocorrer em abril.
As expectativas
Para Ana Patrícia, a CTR é uma oportunidade ímpar para a melhoria da atenção à saude dos indivíduos com doenças
reumatológicas, o que engloba benefícios
para o paciente e para o reumatologista.
Ela vai ainda mais longe: “Uma sociedade dinâmica, participativa nas questões
referentes a políticas públicas de saúde,
com o profissionalismo inerente à SBR,
fará muito bem ao SUS e, portanto, à saúde da população brasileira”, pontua.
5
Essas entidades
funcionam como
aliadas de médicos e
pacientes, exercendo
ainda pressão sobre
as autoridades de
saúde para o
surgimento de
políticas públicas
efetivas de
atendimento,
diagnóstico e
tratamento das
doenças reumáticas.
Engajamento
Por que
precisamos
dos grupos
de apoio ao
paciente
reumático
N
ão é de hoje que os pacientes crônicos se organizam
para dividir suas dores e vitórias, no Brasil e no mundo. Há desde entidades bem conhecidas que congregam, por
exemplo, diabéticos ou epilépticos, até pequenas organizações
que reúnem portadores de síndromes genéticas raras e seus
familiares. Na Reumatologia, o movimento é um pouco mais
recente – os primeiros grupos surgiram na década de 70, nos
Estados Unidos –, mas também proveio da necessidade de os
portadores de afecções reumáticas trocarem informações e experiências, assim como de seu desejo de buscar novas e eficazes opções terapêuticas.
Inicialmente, os benefícios alcançados por esses grupos eram
atribuídos à facilidade de adquirir informações e à maior possibilidade de o indivíduo receber um diagnóstico precoce e,
consequentemente, ser submetido a formas tradicionais,
multidisciplinares e alternativas de tratamento. Hoje, porém,
há evidências de que a melhora decorrente da participação
nessas entidades está ligada a um efeito cascata. Ou seja, um
paciente bem-sucedido serve de modelo para os demais, torna-se um exemplo para todos, o que só aumenta quando os
familiares e cuidadores também estão engajados.
Por outro lado, além desse papel de suporte, tais organizações têm uma atuação importante no sentido de cobrar das
autoridades de saúde a criação de medidas de fácil acesso para
o diagnóstico e o tratamento das doenças reumáticas. Nos
últimos anos, a pauta de suas reivindicações abrangeu desde o
aumento do número de reumatologistas nos serviços públicos
de saúde, passando pela necessária melhoria do atendimento,
até o auxílio para a instituição de processos de obtenção de
medicações de alto custo.
Nesse particular, merece destaque o papel da Associação
Nacional de Grupos de Pacientes Reumáticos, ou Anapar
(www.anapar.org.br), que representa as diversas entidades
regionais em nível nacional e vem sendo envolvida nas grandes discussões em prol dos reumáticos – incluindo a Câmara
6
Técnica em Reumatologia, que tem duas representantes dessa associação (leia matéria à pág. 4).
O fato é que, na prática, tanto a pressão política quanto o
apoio social exercido por esses grupos vêm fazendo uma profunda diferença na qualidade de vida dos pacientes.
Indique um grupo de apoio a seus pacientes
Aracaju - SE
• Grupo de Pacientes Artríticos
do Sergipe (Gruparse)*
[email protected]
Porto Alegre - RS
• Grupo de Pacientes Artríticos
de Porto Alegre (Grupal)*
www.grupal.org.br
Brasília - DF
• Associação Brasiliense de Pacientes
Reumáticos (Abrapar)*
www.abrapardf.org.br
Ribeirão Preto - SP
• Grupo de Apoio ao Paciente
Reumático de Ribeirão Preto
(Grupar-RP)*
www.grupar-rp.org.br
Campinas - SP
• Associação Brasileira de Pacientes
de Esclerose Sistêmica (Abrapes)*
www.abrapes.org.br
Fortaleza - CE
• Grupo de Apoio aos Pacientes
Reumáticos do Ceará (Garce)*
[email protected]
Goiânia - GO
• Grupo de Pacientes Artríticos
de Goiás (Grupago)*
www.grupago.org
Itajaí - SC
• Associação dos Portadores
de Artrite do Vale do Itajaí (Apavi)*
[email protected]
Juiz de Fora - MG
• Grupo de Pacientes Artríticos
de Juiz de Fora (Grupajuf)*
[email protected]
Manaus - AM
• Grupo de Pacientes Artríticos
do Amazonas (Grupaam)*
[email protected]
Natal - RN
• Grupo de Pacientes Reumáticos
do Rio Grande do Norte (Gruparn)*
[email protected]
São Leopoldo - RS
• Associação dos Portadores de
Lúpus do Vale dos Sinos (APL/Sinos)*
[email protected]
São Luís - MA
• Grupo de Pacientes Reumáticos
do Maranhão (Gruparma)*
[email protected]
São Paulo - SP
• Grupo de Pacientes Artríticos
de São Paulo (Grupasp)*
www.grupasp.org.br
• Acredite – Amigos da Criança
com Reumatismo
www.acredite.org.br
[email protected]
• Associação Brasileira Superando
o Lúpus
www.superandolupus.com.br
[email protected]
Uberlândia - MG
• Associação dos Reumáticos
de Uberlândia e Região (Arur)*
[email protected]
*Essas entidades estão associadas à Anapar.
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2011
Notícias das regionais
O melhor do Brasil
Sergipe
Tudo pronto para a XXI Jornada
Norte-Nordeste de Reumatologia
A maratona de atualização começa no dia 12 de maio,
em plena capital brasileira da qualidade de vida.
C
onferências, casos comentados,
mesas-redondas, simpósios e
muito debate de novos conteúdos integram a programação da XXI Jornada
Norte-Nordeste de Reumatologia, que
será realizada de 12 a 14 de maio, no
Hotel Parque dos Coqueiros, e terá,
como cenário, a capital brasileira da qualidade de vida – Aracaju, em Sergipe.
Em torno do tema “A clínica e os avanços terapêuticos”, o evento oferecerá um
conteúdo científico vasto e atual, com
destaque para assuntos como lúpus
eritematoso sistêmico, infecções, artrite
reumatoide, osteoporose, gota, fibromialgia, espondiloartrites e Reumatologia Pediátrica, entre outros. Por conta
dessa riqueza de temas, os organizadores
esperam receber 400 profissionais ligados à Reumatologia de todo o País. “Estou certo de que os visitantes gostarão
da estrutura e das atrações da cidade”,
adiciona o presidente da XXI Jornada,
José Caetano Macieira.
O objetivo da Sociedade Sergipana de
Reumatologia e da Sociedade Brasileira
de Reumatologia é de que a iniciativa leve
conhecimento para a população em relação às doenças reumatológicas, bem
como proporcione atualização para os
profissionais que atuam nessa área nas
Regiões Norte e Nordeste. “Além das
questões técnicas e pesquisas, também
estamos buscando palestrantes que tenham novidades para os profissionais da
especialidade”, afirma Macieira. “Esperamos ainda divulgar a Reumatologia
para a sociedade, de forma que as pessoas saibam como utilizar melhor essa
área da medicina”, prossegue.
O presidente da SBR, Geraldo da Rocha Castelar Pinheiro, também tem uma
José Caetano Macieira, presidente da XXI
Jornada Norte-Nordeste de Reumatologia
alta expectativa em relação à jornada. Para
ele, cada vez mais os representantes do
Norte e do Nordeste crescem dentro da
entidade e, além disso, a região está cada
vez mais estruturada para sediar grandes
iniciativas dessa natureza. “Do ponto de
vista científico, a SBR já possui um modelo para a organização do evento que faz
com que toda a parte científica tenha uma
reprodutividade uniforme em relação às
edições anteriores”, observa Castelar. De
qualquer modo, ele acredita que essa será
uma fase de análise para a capital sergipana, ou seja, uma oportunidade para que
a cidade mostre que tem condições de receber um evento ainda maior: o Congresso Brasileiro de Reumatologia.
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2011
Boas lembranças
A Jornada Norte-Nordeste é um evento oficial da Sociedade Brasileira de
Reumatologia que se repete a cada dois
anos em um dos Estados da região, sendo intercalada com a Jornada Brasileira
de Reumatologia. O público-alvo é fundamentalmente o reumatologista, porém
também vem se notando a participação
de outros especialistas, principalmente
aqueles que lidam com doenças ou procedimentos relacionados com as afecções
reumáticas.
Fazendo um retrospecto, as doenças
difusas do tecido conjuntivo – que incluem a artrite reumatoide, o lúpus, a
esclerose sistêmica e a polimiosite, entre
outras –, as espondiloartrites, a gota, a
osteoporose, as algias da coluna vertebral, o reumatismo de partes moles, a
Reumatologia Pediátrica, os exames
laboratoriais, os métodos de imagem e a
terapêutica foram alguns dos temas mais
abordados em edições prévias. Segundo
Macieira, a maioria dos convidados e
palestrantes escolhidos costuma ser das
Regiões Norte e Nordeste, de modo a favorecer a troca de conhecimentos entre
os participantes e os expositores.
Historicamente, a solicitação para a
escolha da capital que vai sediar a iniciativa é feita pela regional de cada Estado
e referendada em assembleia durante o
Congresso Brasileiro de Reumatologia.
“Aracaju foi sede da jornada em 1992,
tendo realizado um excelente evento no
Centro de Convenções de Sergipe, o qual
teve como presidente Elizabeth Andrade
Tavares”, conta Macieira. Pelo andar da
carruagem, a ideia agora é deixar lembranças ainda mais marcantes. Vá conferir e prestigiar!
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Cristina Lanna
e Rafael Fraga
O melhor do Brasil
Minas Gerais
Nova diretoria da regional mineira
toma posse com muitos planos
A
Sociedade Mineira de Reumatologia (SMR) se reuniu na Associação Médica de Minas Gerais, em 3
de dezembro de 2010, para a posse da
nova diretoria da entidade, que tem à
frente Rafael Fraga, e para a escolha do
presidente para o biênio 2012-2014, que,
no caso, resultou na eleição de Boris
Afonso Cruz. Depois de relembrar as
conquistas e os desafios de sua gestão
nos últimos dois anos, que incluíram três
bem-sucedidas jornadas científicas, a
então presidente, Cristina Lanna, transmitiu o cargo a Fraga, que assume a entidade até 2012 com muitos planos –
entre eles, o de repetir os eventos de sucesso e o de esforçar-se ao máximo para
levar a Belo Horizonte o concorrido Congresso Brasileiro de Reumatologia de
2014. “Nossa ideia é também integrar
mais a Reumatologia mineira, atraindo
e promovendo as cidades do interior do
Estado”, revela ele, explicando que a entidade dispõe de uma equipe de coordenadores com essa finalidade. Formado
pela Universidade Federal de Juiz de Fora
(UFJF), Fraga saiu da cidade para fazer
residência em Clínica Médica e Reumatologia na Universidade Federal do Rio
de Janeiro. Ao retornar, estudou os efeitos do alendronato sobre o tubo digestivo de ratos, o assunto de sua dissertação de mestrado em Ciências Biológicas, defendida em 2000. Logo depois,
São Paulo
Além do V Curso de Revisão para Reumatologistas, que realizou em 12 e 13 de
fevereiro, em São Paulo, a Sociedade Paulista de Reumatologia (SPR) programou outros sete eventos de atualização ao longo deste ano. Para se inscrever ou
obter mais informações, fique de olho no site da entidade ou envie um e-mail
para [email protected].
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Sociedade Mineira de Reumatologia
Gestão 2010-2012
•
•
•
•
Presidente: Rafael Fraga
Vice-presidente: Boris Afonso Cruz
Secretária: Viviane Angelina
Diretor científico: Antônio Scafuto Scotton
Coordenadores para o interior do Estado:
• Paulo Ivan F. Guimarães (Norte-Nordeste)
• Ênio Ribeiro Reis (Sul)
• Carlos Eugênio Parolini (Oeste)
Paraná
Conheça o calendário de eventos da SPR
• Fórum de Doenças Raras
Data: 8 e 9 de abril
Local: São Paulo – SP
• 6ª Ação Reumato 2011
Data: 30 de outubro
Local: São Paulo – SP
• XVII Encontro de Reumatologia
Avançada
Data: de 19 a 21 de maio
Local: São Paulo – SP
• II Jornada de Reumatologia
do ABC e Litoral
Data: de 18 a 20 de novembro
Local: Guarujá – SP
• II Jornada de Reumatologia
São Carlos - Araraquara
Data: 20 e 21 de agosto
Local: São Carlos – SP
• XXI Jornada Paulista
de Reumatologia
• 3º Curso de Imunologia
Data: 10 de setembro
Local: São Paulo – SP
o atual presidente da SMR se tornou
professor de Reumatologia da mesma
UFJF. Confira, a seguir, quem é quem
na nova diretoria:
• XIX Encontro Rio–São Paulo
de Reumatologia
Data: de 8 a 10 de dezembro
Local: São Paulo – SP
Regional paranaense
estreia na internet
Pensando em ampliar seu projeto de
desenvolvimento e em oferecer uma forma de
contato rápida com médicos e pacientes, além
de um espaço para compartilhar
conhecimentos, a Sociedade Paranaense de
Reumatologia criou um site na internet
(www.reumatologiapr.com.br) e convida os
colegas de todo o Brasil a visitá-lo. “Estamos
abertos a sugestões para que o projeto seja um
sucesso, tanto para trocar conhecimento
científico como para facilitar a vida de nossos
pacientes”, diz a presidente da entidade, Marilia
Barreto Gameiro Silva. Vale a navegada.
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2011
Notícias das regionais
O melhor do Brasil
Santa Catarina
A XVIII Jornada Cone Sul de Reumatologia promete!
N
ão é pra menos. A Sociedade
Catarinense de Reumatologia
tem trabalhado arduamente na organização da 18ª edição da Jornada Cone Sul
de Reumatologia, evento que será realizado em Florianópolis, no período de 13
a 15 de outubro, no Centro de Convenções de Associação Catarinense de Medicina. De acordo com o presidente da
jornada, Ivânio Alves Pereira, a comissão científica está preparando um programa científico de altíssima qualidade,
composto dos temas mais relevantes,
com o intuito de atender aos interesses
de todos os reumatologistas, desde aqueles que se dedicam a resolver, em seus
consultórios privados e ambulatórios de
hospitais públicos, os problemas das
doenças reumáticas comuns, até os voltados às pesquisas científicas nas áreas
básicas de conhecimento da Reumatologia. Para completar, os organizadores
do evento vão incluir, na programação,
atividades sociais bastante atrativas.
“Estamos dedicados à realização de uma
excelente jornada, de forma que possamos oferecer a todos um encontro inesquecível”, resume Pereira.
Para acompanhar as notícias do
evento, acesse:
www.jornadaconesul2011.com.br.
Temas gerais da jornada:
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Abordagem das manifestações sistêmicas das doenças reumáticas
Investigação das doenças que mimetizam as patologias reumáticas
O reumatologista como um consultor nas síndromes de desafio ao clínico
Novas ferramentas para o diagnóstico das doenças autoimunes
Novas estratégias de tratamento em doenças reumáticas de difícil controle
Segurança dos novos tratamentos em curto e longo prazos
Tratamentos baseados em evidências científicas nas patologias de coluna
Uma revisão sobre reumatismo de partes moles
Sociedade Catarinense de Reumatologia
comemora seus 30 anos com encontro científico
Sócios fundadores
N
Sócios atuais
o ano passado, a Sociedade Catarinense de
Reumatologia completou 30 anos de vida, os quais,
segundo o presidente da entidade, Gláucio R. W. de Castro, foram marcados pela grande união de seus membros.
“Nesse período, a sociedade cresceu em número de associados e aumentou significativamente sua produção científica, sempre alimentada por essa união e pela disposição
dos sócios”, assinala Castro. Para comemorar o aniversário e as conquistas, nada melhor do que um encontro científico com as primeiras e as atuais gerações de associados
para discutir assuntos da especialidade e, claro, confraternizar. Foi o que ocorreu no dia 20 de novembro, na
Jornada Catarinense de Reumatologia. A iniciativa reuniu
cerca de 50 especialistas, entre sócios fundadores e sócios
atuais, que puderam assistir a aulas sobre manifestações
sistêmicas das doenças reumatológicas, anti-inflamatórios, infecções, osteoartrite, osteoporose, lombalgia e
síndrome antifosfolípide, bem como debater casos clínicos. Sem dúvida, uma celebração que comprova a vitalidade da aniversariante!
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2011
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O melhor do Brasil
Amazonas
Especialistas se reúnem para se
atualizar em imagem e biológicos
A
A presidente da SAR, Maria do Socorro
Souza (2a à esq.), ao lado de
João Luís Fernandes, Francisco Aires
Correa Lima e Juliana de Andrade.
Sociedade Amazonense de Reumatologia fechou o ano de 2010
com dois importantes eventos de atualização, feitos em parceria com especialistas de outros Estados, de acordo
com a diretora científica da entidade,
Juliana de Andrade. Nos dias 19 e 20
de novembro, os reumatologistas de
Manaus se reuniram para assistir ao
Curso de Imagem em Reumatologia,
ministrado pelo especialista em ima-
gem do sistema musculoesquelético
João Luís Fernandes, de Salvador, e
também à conferência “Visão holística
do uso dos biológicos na Reumatologia
– Papel das células T reguladoras”,
proferida pelo reumatologista Francisco Aires Correa Lima, de Brasília.
Além de proporcionarem atualização,
os encontros também permitiram a
sempre salutar troca de experiências
entre os colegas.
Rio de Janeiro
Rio Grande do Norte
SRRJ prepara residentes para a
prova do título de especialista
Atividades educacionais
atraem reumatologistas
e outros especialistas
Nos dias 19 e 20 de fevereiro, a
Sociedade de Reumatologia do Rio
de Janeiro (SRRJ) reuniu os
residentes inscritos para a prova de
título de especialista em um
delicioso hotel na serra de
Teresópolis. Os 12 candidatos
fizeram uma imersão nos temas da
prova, que alternou aulas teóricas
com circuito de aulas práticas e
gincana radiológica. Como
professores, a iniciativa teve a
participação decisiva de Roger Levy,
Evandro Klumb, Sueli Carneiro, Reno
Coelho, João Vaz, Selma Marenlender
e Kátia Lino, além da contribuição do
neurologista Diogo Terrana e da
radiologista Elise Tonomura.
Pernambuco
Estado põe o lúpus no
centro das atenções,
com a ajuda da SPER
Os pernambucanos têm colecionado
vitórias para os portadores do lúpus
eritematoso sistêmico (LES).
Depois da aprovação de um
projeto de lei, em março de
2010, que instituiu uma
política estadual de
conscientização e orientação sobre a
doença, o Estado ganhou, no último
dia 5 de fevereiro, uma filial da
Associação Brasileira Superando o
Lúpus. As duas iniciativas, que
10
nasceram da organização dos próprios
lúpicos locais, tiveram a participação
da Sociedade Pernambucana de
Reumatologia (SPER). “Compareci à
audiência e participei da relatoria do
projeto de lei”, conta a presidente da
SPER, Lilian Azevêdo.
A entidade também
contribui com a
Superando o Lúpus
especialmente no que toca
ao fornecimento de informações
sobre a doença e, em parceria com a
associação, criou um dia local
dedicado ao LES nos hospitais da rede
SUS. Bom exemplo de engajamento!
Com a promoção de reuniões de
atualização e cursos, a Sociedade de
Reumatologia do Rio Grande do Norte
(SRRN) vem mantendo uma programação
mensal de atividades, geralmente dirigida
para os reumatologistas locais, segundo o
presidente da entidade, Deoclecio Rocha.
“No entanto, convidados de outras
especialidades também podem se juntar
a nós quando há assuntos afins ou em
discussões de casos clínicos das quais,
por vezes, participam residentes de
Clínica Médica”, observa. A SRRN
começou o ano com uma discussão de
caso, em janeiro, que foi seguida por uma
aula de osteoartrite, em fevereiro, e por
uma reunião sobre esclerose sistêmica,
em março. Já no segundo trimestre, as
atividades prosseguem com um curso
de osteoporose, em abril, com uma aula
de artrite reumatoide, em maio, e com
uma reunião administrativa, em junho.
Os encontros ocorrem sempre na
segunda quinta-feira de cada mês,
na sede da Associação Médica do
Rio Grande do Norte. Apareça!
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2011
Deu na mídia
Falta medicamento contra a
artrite reumatoide no mercado
O programa Fantástico,
da Rede Globo, mostrou
que remédios à base de
metotrexato tiveram sua
produção interrompida
pelos laboratórios.
O presidente da SBR, que
foi um dos entrevistados
na reportagem, comenta o
problema e aponta soluções.
U
ma reportagem apresentada em
13 de fevereiro pelo programa
Fantástico, da TV Globo, enfocou a falta
de algumas medicações de uso crônico
no mercado brasileiro em decorrência da
interrupção de sua produção pelos fabricantes e/ou desinteresse de muitas farmácias em comercializar os produtos –
decisão que, pela letra da lei, pode ser
tomada por qualquer empresa, mesmo laboratórios farmacêuticos e drogarias. Entre os medicamentos mencionados no programa estava o metotrexato,
que, pela alta eficácia e segurança, é
mundialmente o mais utilizado para tratar a artrite reumatoide.
O metotrexato não tem apenas uma
boa relação entre eficácia e segurança,
mas também baixo preço – no Brasil,
uma caixa com 24 comprimidos sai por
R$ 20 a R$ 25. Como o tratamento requer, em média, de seis a oito comprimidos, em uma tomada única semanal,
o paciente geralmente não gasta mais
que R$ 30 por mês. Na ausência desse
fármaco, porém, uma medicação substituta como o leflonomide custa em torno de R$ 300. “Se considerarmos as opções terapêuticas mais modernas, como
os imunobiológicos, o tratamento chega a cerca de R$ 6 mil a R$ 7 mil mensais”, diz o presidente da SBR, Geraldo
da Rocha Castelar Pinheiro, que foi um
dos entrevistados na reportagem.
Diante de alternativas de acesso tão
restrito, por que, então, remédios com
o metotrexato, baratos e eficientes, estão faltando? O presidente da SBR explica que, no Brasil, cerca de 660 mil
pessoas adultas têm artrite reumatoide,
um número que, diluído na população
geral, não significa muito – algo em torno de 0,5% da população com mais de
16 anos. Além disso, prossegue, grande parte desses pacientes não faz um
acompanhamento médico adequado e,
portanto, não utiliza tal medicamento, o que torna o público consumidor
pequeno e desinteressante para os laboratórios e as farmácias.
Sem patente
Como não há patente envolvida com
o metotrexato, que já é usado desde a
década de 50, vários laboratórios produzem medicações com essa substância, como a Pfizer, que fabrica o
Miantrex, a Zodiac, que faz o Tecnomet,
o Darrow, que produz o Lexato, e a
Apsen, fabricante do Reutrexato. “Mas
realmente observamos que é difícil conciliar necessidades de saúde pública com
condições adversas de mercado, uma vez
que os remédios são produtos comerciais como qualquer outro, sujeitos a regras de demanda”, assinala Castelar.
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2011
Se não tem poder aquisitivo para usar
as demais opções terapêuticas, o paciente fica praticamente sem saída. A alternativa à compra nas farmácias seria buscar o remédio em postos do governo.
“Contudo, nesse caso há burocracia envolvida, papéis para preencher e necessidade de locomover-se até um posto da
secretaria de saúde local para retirar o
medicamento, ou seja, exigências que
muitas vezes as pessoas com menor renda não conseguem cumprir”, pondera
o presidente da SBR. Uma possibilidade, contudo, poderia ser a distribuição
do metotrexato pelos hospitais públicos
que atendem esses pacientes.
O que não é admissível é a interrupção do tratamento. “A artrite reumatoide precisa ser diagnosticada o
mais cedo possível e ser efetivamente
tratada, senão há risco de os danos
tornarem-se irreversíveis”, avisa
Castelar. Por essa razão, ele espera
que a reportagem mostrada pela
Globo possa levar os laboratórios a
repensar sua posição quanto à produção e à comercialização de produtos como o metotrexato. “A maioria dessas empresas tem grande preocupação com seu papel social e uma
reportagem como a apresentada pelo
Fantástico pode arranhar sua imagem institucional”, observa.
11
Primeira fila
O que nossos colegas andam estudando
Pesquisa clínica
Marcadores tumorais são elevados
em pacientes com artrite reumatoide e
não indicam presença de câncer
Bergamaschi SB, Morato EF, Bazzo ML, Neves FS, Fialho SCM, Castro GRW, Zimmermann AF, Pereira IA
Serviço de Reumatologia do Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Introdução
Marcadores tumorais são substâncias produzidas pelas células tumorais malignas. Representam o estágio e
o grau do tumor, sendo também úteis para monitorar resposta ao tratamento e predizer recorrência. Uma
vez que apresentam várias funções inflamatórias e imunológicas, tem sido sugerido seu eventual aumento
nas doenças inflamatórias. Assim, a interpretação dos resultados desses marcadores na artrite reumatoide
(AR) pode ser equivocada.
Objetivo
Avaliar os níveis séricos de marcadores tumorais em pacientes com AR e sua associação com a atividade da
doença ou com a presença de câncer.
Métodos
Foi realizado um estudo de caso-controle na Divisão de Reumatologia da Universidade Federal de Santa
Catarina, o qual incluiu cem pacientes com AR, diagnosticados de acordo com os critérios do American
College of Rheumatology (ACR), de 1987, e cem controles saudáveis, pareados por idade e sexo. Pessoas
que tiveram câncer no passado foram excluídas. O grupo de estudo analisou amostras séricas de marcadores
tumorais e reagentes de fase aguda: CEA, CA-125, CA-19-9, CA-15-3, taxa de sedimentação de eritrócitos
(VHS) e proteína C reativa (PCR). Todos os indivíduos ainda passaram por uma avaliação sistemática de
sinais e sintomas sugestivos de câncer. Os que apresentaram marcadores tumorais anormais foram submetidos a uma investigação mais aprofundada, com colonoscopia, ultrassonografia abdominal, endoscopia
digestiva alta e mamografia, dependendo do tipo de marcador elevado. Os autores obtiveram os dados
clínicos por meio de revisão de prontuários e a atividade da doença foi avaliada pelo escore DAS-28.
Resultados
Os pacientes com AR tinham média de idade de 55,1 ± 12,3 anos e 89% eram do sexo feminino. A duração
média da doença foi de 13,7 ± 7,9 anos. O fator reumatoide (FR) mostrou-se positivo em 55% dos casos e
a antivimentina citrulinada mutada (anti-MCV), positiva em 62% dos casos. A concentração média de CEA
foi maior nos pacientes, em comparação aos controles (2,7 ± 2,2 U/mL vs 2,1 ± 1,5 U/mL, p = 0,015),
assim como o CA-19-9, também mais frequentemente elevado nos indivíduos com AR (10% vs 2,2%, p=0,02).
Outros marcadores de câncer apresentaram concentrações similares nos dois grupos. Observou-se correlação significativa do CEA com todos os demais marcadores tumorais. Além disso, o CEA também foi
correlacionado com tabagismo e positividade do FR, mas não com o DAS-28.
Conclusão
Os autores verificaram que o CEA e o CA-19-9 são frequentemente anormais em pacientes com AR, mesmo
na doença bem controlada, e que a elevação de seus níveis não parece indicar a presença de câncer. Assim,
pequenos aumentos de marcadores tumorais em indivíduos com AR não justificam a necessidade de uma
busca exaustiva de neoplasia oculta.
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BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2011
Foco em Santa Catarina
A união explica o sucesso no
Núcleo de Reumatologia do HU-UFSC
Liderado pelo reumatologista
Ivânio Alves Pereira, o serviço
nasceu da motivação de trabalhar
em grupo há quase 20 anos.
U
m bom serviço precisa de espaço,
equipamentos, mão de obra, enfim, de estrutura, mas não é nada sem
pessoas comprometidas com o que fazem e em perfeita sintonia. É exatamente este último aspecto que explica a bemsucedida trajetória do Núcleo de Reumatologia do Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina
(HU-UFSC) desde que ele foi criado, em
1993. “A união do grupo aumentou a
produção científica de todos e permitiu
dividir linhas de pesquisa de acordo com
o interesse do serviço e dos seus componentes”, sustenta o chefe do núcleo,
Ivânio Alves Pereira. De acordo com ele,
as atividades assistenciais com grande
número de pacientes em um hospital de
ensino de referência terciária dão oportunidade para que os alunos do curso de
medicina e da residência em Clínica Médica vejam casos comuns da Reumatologia e casos que determinam desafio
diagnóstico e terapêutico.
A harmonia da equipe remonta aos
tempos de sua formação. Em janeiro de
1992, Pereira retornou ao HU-UFSC,
após a residência em Reumatologia na
FMUSP, com a motivação de trabalhar
em grupo e, naquele mesmo ano, deu
início a reuniões clínicas, a uma pequena produção científica e a visitas conjuntas na enfermaria. “Mas a equipe, na realidade, começou mesmo com a chegada
da Adriana Zimmermann, em 1993”,
conta. Algum tempo depois, outros competentes e muito bem formados colegas foram se juntando a eles e fortalecendo o pequeno núcleo. “O Gláucio
Castro voltou da Unicamp, enquanto o
Equipe do Núcleo de Reumatologia do HU-UFSC
Fabrício Neves, a Giovana Ribeiro e a
Sonia Fialho vieram da FMUSP; já a
Juliane Paupitz chegou mais recentemente e trabalha conosco em protocolo de
pesquisa”, enumera. “Outra pessoa importante no serviço é a reumatologista
pediátrica Nadyesda Brandão, formada
pelo Instituto da Criança do Hospital das
Clínicas da FMUSP”, acrescenta. Para
completar, o grupo ainda está recebendo o reforço de Kenia Rodrigues.
O núcleo hoje dispõe de ambulatórios
de várias doenças – o primeiro foi o de
artrite reumatoide –, os quais têm sido
importantes para melhorar a assistência aos pacientes e facilitar a realização dos protocolos de pesquisa clínica.
Apesar do ótimo clima de trabalho, Pereira admite que as dificuldades não são
poucas. “O fato de estarmos inseridos em um hospital público de uma universidade federal faz com que muitas
das nossas solicitações para o crescimento do serviço, principalmente em termos
de espaço físico e número de concursados oficiais, não sejam atendidas”, lamenta ele, enfatizando, contudo, que o
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2011
grupo nem por isso perde o ânimo. Tanto é assim que, garante, a residência em
Reumatologia por ali logo vai ser uma
realidade. “Temos visto um número
cada vez maior de alunos e residentes
da Clínica Médica da UFSC que, após
passarem pelo nosso Núcleo de Reumatologia, escolhem a especialidade e
são aprovados nos mais difíceis concursos e nas melhores escolas de residência em Reumatologia do Brasil, em
particular Unicamp, Unifesp e FMUSP,
o que nos deixa obviamente muito orgulhosos”, justifica.
Equipe do Núcleo de
Reumatologia do HU-UFSC:
• Ivânio Alves Pereira
• Adriana Fontes Zimmermann
• Fabrício de Souza Neves
• Giovana Ribeiro
• Gláucio Ricardo Werner Castro
• Juliane Paupitz
• Kenia Rodrigues
• Nadyesda Diehl Brandão
• Sonia Cristina de Magalhães Souza Fialho
13
Baluartes da Reumatologia
Ensinar e aprender com Hilton Seda
Quase que o perdemos para a
Cardiologia, a ponto de seu
primeiro estágio ter sido num
serviço dessa especialidade.
Para a sorte de tantos
profissionais que ele formou,
e a de tantos pacientes de
quem cuidou ao longo de
sua carreira, Hilton Seda
descobriu que uma das causas
de cardiopatia era um tipo
especial de reumatismo.
Ao mesmo tempo em que se
aprofundava no assunto,
acabara de ser criado, na
Policlínica Geral do
Rio de Janeiro, o primeiro
ambulatório público do
Brasil para atender indivíduos
reumáticos. Foi uma feliz
coincidência, que ele
evidentemente aproveitou,
dando o passo inicial para se
tornar um dos mais notáveis
reumatologistas do seu
tempo. Na entrevista a seguir,
Seda narra sua rica trajetória,
revela algumas de suas
conquistas e deixa claro que
seus tesouros não são
mensuráveis. “Meu maior
orgulho é ter conseguido
viver em grande harmonia
com os colegas da
especialidade”, diz.
Por que escolheu a Reumatologia?
Minha opção inicial era ser cardiologista, tanto que fui estagiar no mais
conceituado serviço da época, o Instituto de Cardiologia, órgão público,
quando estava no sexto ano de medicina. Lá aprendi que uma das causas de
cardiopatia era um tipo especial de reumatismo, mas que existiam vários outros, não bem conhecidos da equipe com
a qual trabalhava. A curiosidade me fez
comprar um livro de Reumatologia para
desvendar o mistério. Ao mesmo tempo, soube que havia sido criado, em
1949, o primeiro ambulatório público do
Brasil para atender pacientes reumáticos na Policlínica Geral do Rio de Janeiro. Ayrthon Ferreira da Costa, interessado que estava na especialidade, ofereceu-se para conseguir que eu pudesse
frequentar esse novo ambulatório, no
qual ele já estava, para que eu tivesse
uma noção mais objetiva daquele grupo
de doenças. Fui. Gostei. Traí a Cardiologia. Virei reumatologista.
Em que área da especialidade
concentrou seus esforços? Por que
o interesse pela osteoartrite?
Meu interesse pela osteoartrose/osteoartrite nasceu do fato de essa doença,
apesar de ser o mais frequente dos reumatismos, estar relegada a um plano
secundário, chamando pouco a atenção
dos pesquisadores. Felizmente, essa época passou e apareceram, de uns anos
para cá, investigadores de alto padrão
dispostos a estudá-la.
Publicou muito? Qual foi
a maior surpresa nesse sentido?
Publiquei bastante, mais de 300 trabalhos, no Brasil e fora do País. Editei al-
14
guns livros e escrevi capítulos em obras
saídas aqui e no estrangeiro. Tive duas
grandes surpresas. A primeira foi quando recebi uma carta de Gerald P.
Rodnan, editor da oitava edição do
Primer on the Rheumatic Diseases, publicado pela Arthritis Foundation, em
1983, convidando-me para ser um dos
colaboradores da obra. A segunda, ao
ser solicitado para escrever um artigo
para a revista Current Opinion in
Rheumatology, em 1995.
Tem ideia de quantos profissionais
ajudou a formar, de quantas teses
leu e de quantas bancas fez parte?
Pela Escola Médica de Pós-Graduação
da Pontifícia Universidade Católica do
Rio de Janeiro (PUC-RJ), participei da
formação de 105 reumatologistas. Infelizmente, sei que um percentual, ainda que não muito elevado, deixou de
exercer a especialidade. No Hospital do
Andaraí (RJ), tive oportunidade de trabalhar com vários grupos de residentes,
porém não disponho de números para
apresentar. Não sei quantas teses li, mas
participei de cerca de 30 bancas examinadoras, incluindo as de mestrado, doutorado e professor titular.
Viu muitos pacientes?
Ainda se lembra do caso mais
complicado que pegou?
Milhares. O caso mais doloroso foi o de
uma jovem com lúpus eritematoso disseminado muito grave, com comprometimento psiquiátrico. Apesar de toda a
vigilância exercida pela família, não se
sabe como ela descobriu um velho revólver em um cofre e, com um tiro, suicidou-se.
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2011
“
Orgulho-me
de viver em
harmonia
com os
colegas da
especialidade.
Hilton Seda
De que se orgulha
mais em sua carreira?
De ter conseguido viver em grande harmonia com os colegas da especialidade.
to importante é não ter pressa em firmar o diagnóstico definitivo. O
afogadilho em fazê-lo leva frequentemente ao erro.
No seu entender, o que ainda é
desafiante na Reumatologia?
O grande desafio, a meu ver, é a
esclerose sistêmica, doença que me deixa humilhado por não poder fazer muito pelo paciente.
Na sua opinião, por que ainda
há poucos reumatologistas
para tantos pacientes reumáticos?
Porque a Reumatologia é eminentemente clínica, quase sem procedimentos adicionais para quem atua no consultório.
Como a esmagadora maioria dos médicos vive hoje ligada aos convênios, não
havendo possibilidade de ganho adicional além de uma consulta de remuneração irrisória, o interesse pela especiali-
O que deixou de ser um desafio?
Nada. Quando não houver desafio, estará tudo perdido.
O que costuma dizer para quem está
começando na área e se deparando
com as primeiras dificuldades?
O primeiro conselho é dar grande valor
ao exame clínico. Uma boa anamnese é
fundamental. Deve, inclusive, ser
dirigida, pois muitos pacientes não relatam sintomas que nos interessam pelo
fato de julgarem que nada têm a ver com
seu reumatismo. Um bom exemplo é a
síndrome de Sjögren. Portanto, não
descurar de um exame físico bem completo. Considerar os exames subsidiários como complementares, e não como
a chave do diagnóstico. Outra coisa mui-
dade tende a diminuir. Essa explicação
parece consensual.
Já pensou no que faria
se não fosse médico?
Fora da medicina, minha única opção
seria ser milionário!
Aliás, tem alguma atividade
paralela não científica,
mesmo que a título de hobby?
Interessei-me durante algum tempo pela
pintura. Fui autodidata. Cheguei a ganhar uma menção honrosa no Primeiro
Salão Nacional de Artes Plásticas de
Médicos, organizado pelo Sindicato dos
Médicos do Rio de Janeiro, em 1965.
Mas a pintura exige tempo e concentração, o que se tornou difícil pela minha
intensa atividade médica. Faz tempo que
não pinto. De vez em quando, elaboro
um desenho para ilustrar alguma de minhas publicações. Ao lado disso, escrevo uns versos que raramente tenho coragem de publicar. Atualmente, meu
principal hobby é a música clássica.
Ouço-a quase que diariamente, como
um alimento espiritual. Não posso passar sem ela.
Curriculum vitae
Hilton Seda estudou no tradicional Colégio de São Bento, no Rio de
Janeiro, e formou-se em 1950 pela Faculdade Nacional de Medicina, na
mesma cidade. Foi professor titular de Reumatologia da Escola de
Reabilitação do Rio de Janeiro (ABBR) e da Escola Médica de PósGraduação da PUC-RJ a partir de 1969 – a mesma, que, em 2007, lhe
conferiria o título de professor emérito. Em 1968, Seda recebeu o desafio
de organizar e responder pela Unidade de Reumatologia do Serviço de
Clínica Médica do Hospital do Andaraí, dirigido pelo Dr. Meer Gurfinkel,
função na qual se manteve até 1982, ano de sua aposentadoria do
serviço público. Desde 1975, é chefe do Serviço de Reumatologia da
Policlínica Geral do Rio de Janeiro, onde tudo começou.
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2011
15
Notas
Ministério da Saúde tem
banco de dados para estudos brasileiros
S
abe aquele ensaio clínico que não deu em nada, mas
que está recheado de informações clínicas e
epidemiológicas da mais alta relevância? Pois agora esses
dados não vão mais cair no esquecimento. O Ministério da
Saúde criou recentemente o Registro Brasileiro de Ensaios
Clínicos (RBEC), uma plataforma virtual de acesso livre
para registrar, de forma gratuita, ensaios clínicos realizados em seres humanos, em andamento ou finalizados, por
pesquisadores brasileiros e estrangeiros. O objetivo do
RBEC é estimular o registro primário de estudos brasileiros, prover acesso a dados de pesquisas em português e
obter essas informações independentemente de sua publicação, além de permitir o envio de dados para a International
Clinical Trials Registry Platform. Para cadastrar projetos
na área de pesquisa clínica, basta entrar na página do RBEC
em www.ensaiosclinicos.gov.br. Experimente!
Terapia imunobiológica intravenosa entra na
CBHPM e já tem valor mínimo de remuneração
A
Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) conseguiu uma
importante vitória para a Reumatologia. Depois de um longo processo
de negociação, a Associação Médica
Brasileira (AMB) incluiu a terapia imunobiológica intravenosa na última versão da Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos
(CBHPM), de outubro de 2010. A remuneração do procedimento ficou
igual à da pulsoterapia intravenosa
ambulatorial ou hospitalar, ou seja,
porte 4C, que corresponde a R$ 209
por sessão. Com isso, a terapia imunobiológica passou a ser remunerada
de forma semelhante aos procedimentos de Oncologia, como a terapia
oncológica. De acordo com o representante da SBR na AMB, Eduardo
Meirelles, que participou ativamente
dessa empreitada, o valor pode ser usado desde já e conta com o aval da AMB
e do Conselho Federal de Medicina
(CFM). Assim, vale em nível nacional,
com uma margem de 20% a mais ou a
menos para contemplar as variações
econômicas regionais. “Se será obedecido pelos diversos compradores de
16
serviços, vai depender da força de pressão dos médicos e suas entidades representativas, a começar pelas Unimeds,
já que são compostas e dirigidas por médicos”, observa Meirelles. A inclusão do
procedimento na CBHPM deu-se após
uma grande luta que remonta às duas
últimas gestões da SBR, de Fernando
Neubarth e Ieda Laurindo, tendo sido
marcada por inúmeras reuniões entre a
AMB, o CFM e os representantes dos
diversos compradores de serviços médicos. A primeira conquista foi o reconhecimento da terapia imunobiológica
intravenosa por meio de uma resolução
normativa, que a equiparou à pulsoterapia intravenosa e a colocou em con-
junto com esta última na classificação,
em termos de honorários médicos.
Posteriormente, a SBR argumentou
que, pela sua importância para a
Reumatologia, o procedimento deveria ser desmembrado da pulsoterapia,
e não só considerado de forma isolada, além de ser oficialmente publicado, como ocorreu em outubro último.
“Mas a nossa luta ainda não terminou”, diz Meirelles. “Precisamos incluir a terapia imunobiológica no rol
de procedimentos da ANS e do SUS”,
avisa. Para os médicos que tiverem alguma dúvida, a terapia imunobiológica
intravenosa figura, na CBHPM, na seção de Terapêutica dos Procedimentos Clínicos Ambulatoriais, sob o
código 2.01.04.39-1, e na seção de
Terapêutica dos Procedimentos Clínicos Hospitalares, sob o código
2.02.04.16-7. Vale lembrar que, na
mesma CBHPM de outubro de 2010,
a consulta médica com o reumatologista também foi reajustada, passando a valer, em consultório ou pronto-socorro, R$ 60, e em domicílio, R$
97. “É o mínimo não aviltante”, arremata Meirelles.
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2011
Notas
SBR fará parte de comitê assessor de
políticas de prevenção contra a osteoporose
P
ouco mais de um mês depois da instituição da Câmara Técnica em
Reumatologia (CTR), o Ministério da
Saúde (MS) anunciou outra grande notícia – a Portaria no 4.016, de 17 de dezembro de 2010, que estabelece a composição do Comitê Assessor de Políticas de
Prevenção e Promoção dos Cuidados da
Osteoporose e de Quedas na População
Idosa, criado em 2007 pela Portaria nº
3.213. Da mesma forma que na CTR, a
portaria define que a Sociedade Brasileira
de Reumatologia (SBR) terá um representante nesse comitê, assim como outras importantes entidades voltadas ao estudo da
osteoporose e à defesa dos pacientes, tais
como a Confederação das Entidades Brasileiras de Osteoporose e Osteometabolismo (Cebom), a Sociedade Brasileira
de Estudos de Metabolismo Ósseo e Mineral (Sobemom), a Sociedade Brasileira
de Geriatria e Gerontologia, a Sociedade
Brasileira de Osteoporose (Sobrao) e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), entre
outras. A coordenação desse comitê estará
sob a responsabilidade da Área Técnica de
Saúde do Idoso, que pertence ao Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas da Secretaria de Atenção à Saúde do
MS. Evidentemente, esse coordenador poderá convidar representantes de outras áreas
do ministério, de órgãos vinculados à administração pública federal, estadual e municipal e de entidades do setor privado, bem
como especialistas em assuntos ligados à sua
área de competência. Segundo definiu o
presidente da SBR, Geraldo da Rocha
Castelar Pinheiro, essa é uma nova via de
luta em prol dos pacientes com doenças
osteometabólicas. E, portanto, mais uma
conquista da entidade.
Governo aprova o
adalimumabe
para o tratamento
da artrite
idiopática juvenil
O Diário Oficial da União
publicou, no último dia 7 de
fevereiro, a aprovação do
registro regulatório do
adalimumabe para o tratamento
da artrite idiopática juvenil na
população de 13 a 17 anos.
Com isso, o governo federal
dispensará gratuitamente o
medicamento também para esse
grupo de pacientes. A medida,
na prática, dá aos
reumatologistas pediátricos mais
uma opção terapêutica para o
manejo dos jovens artríticos.
A luta continua na RBR: o alvo agora é uma nova
indexação, além do aumento do fator de impacto
A
Revista Brasileira de Reumatologia
(RBR) conquistou a sonhada indexação
no Medline, no fim do ano passado, mas, quando se trata de qualidade e excelência, o trabalho nunca termina – ao contrário, sempre tem
um novo começo. Assim, com o objetivo de
continuar o processo de aprimoramento da publicação, a política editorial da revista vai, ao
longo deste ano, buscar a indexação no ISIWeb of Science e o subsequente fator de impacto no JCR. Para tanto, os novos editores,
Paulo Louzada Junior e Max Victor Carioca
de Freitas, ressaltam que é fundamental manter estritamente a
periodicidade da RBR a cada edição. Até porque esse processo é lento – a indexação pode demorar 12 meses e o FI-JCR,
de 12 a 24 meses. O corpo editorial também deseja priorizar
artigos originais e revisões e, por seu lado, procurará agilizar
o processo de peer review, a fim de que o manuscrito seja publicado o mais rápido possível. “Por isso, solicitamos aos au-
tores que, ao submeterem artigos, verifiquem
se não houve publicação prévia, na RBR, referente ao assunto do estudo, sobretudo nos
últimos três anos”, assinalam os editores. Por
fim, o aumento do fator de impacto do periódico será igualmente perseguido em 2011,
tanto o SJR da Scopus, como no caso de futura indexação no Web of Science. Para tanto, o número de citações da RBR em outras
revistas internacionais precisa subir – em bom
português, portanto, não deixe de mencionar,
nas referências de publicações nacionais, incluindo a RBR, e estrangeiras, os artigos recentes que vier a
publicar na RBR. Essa ajuda faz e fará uma grande diferença
nesse trabalho de excelência. Para ter uma ideia, a Revista Brasileira de Reumatologia foi contemplada com auxílio financeiro do CNPq para o ano de 2011, o que corrobora sua qualidade entre os periódicos brasileiros. Afinal, somente 20% das
revistas científicas do País conseguem esse apoio.
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2011
17
Notas
Lancet traz estudo multicêntrico sobre nova
droga para o tratamento do lúpus
N
os últimos 50 anos, nenhuma droga foi aprovada para o
tratamento específico do lúpus eritematoso sistêmico
(LES). Assim, o desenvolvimento de novas medicações contra
a doença constitui um desafio e uma necessidade, sendo, portanto, um assunto de grande interesse da comunidade médica
mundial, em especial quando referendado por um periódico
de grande impacto como a Lancet. Na edição de fevereiro, a
revista publicou um estudo multicêntrico de fase 3 para a avaliação da eficácia, da segurança e da tolerabilidade do anticorpo
monoclonal humanizado inibidor específico do estimulador do
linfócito B (BLyS), o belimumabe, em pacientes com LES em
atividade. Ainda não disponível no Brasil, essa droga possui
um novo mecanismo de ação, uma vez que concentrações do
BLyS são associadas a mudanças na atividade da doença e nos
títulos de anti-dsDNA no LES. O ensaio publicado envolveu
14 países, incluindo Brasil, China, Índia e Estados Unidos, e
teve, entre seus autores, o professor doutor Roger Levy, do
Hospital Universitário Pedro Ernesto da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), além da participação de outros
nove brasileiros, que ajudaram nosso país a conquistar a mai-
or taxa de recrutamento no estudo – Mauro Keiserman (PUCRS), Morton Scheinberg (AACD-SP), Ângela Duarte (UFPE),
Luiz Carlos Latorre (Cepic-SP), Mittermayer Santiago (Santa Casa-BA), Antônio Carlos Ximenes (CIP-GO), Luis
Roimicher (UFRJ), Lilian Costallat (Unicamp), Antônio
Scafuto Scotton (CMIP-MG), Sebastião Radominski (CetiPR) e Wiliam Chahade (HSPE-SP). No estudo, 867 pacientes foram randomizados para usar belimumabe na dose de 1
mg/kg (288) e de 10 mg/kg (290) ou placebo (287), tendo
sido acompanhados por 52 semanas. Os resultados parecem
otimistas. Houve melhora significante nos indivíduos tratados
com a medicação, em comparação com os que receberam
placebo, no que se refere ao índice de resposta do lúpus (SRI),
medido pelos escores Selena-Sledai e Bilag, além da avaliação
física global. Não se encontrou diferença estatística na taxa de
eventos adversos. Infecções graves foram relatadas em 8% e
4% dos pacientes em uso de belimumabe na dose de 1 mg/kg
e 10 mg/kg, respectivamente, assim como em 6% dos que
utilizaram placebo. Para completar, menos de 1% dos que usaram a medicação tiveram reação infusional.
Arthritis & Rheumatism publica e destaca estudo da equipe
da Disciplina de Reumatologia da Unifesp
O
lha o Brasil brilhando na comunidade reumatológica internacional! A edição de janeiro da revista
Arthritis & Rheumatism, publicação de
maior impacto em nossa especialidade,
publicou a tese de mestrado de Henrique
Mariz, da Unifesp, feita sob a orientação
da professora titular de Reumatologia da
universidade, Emília Sato, e a co-orientação do chefe da disciplina, Luis Eduardo
Coelho Andrade. O estudo, intitulado
Pattern on the antinuclear antibody –
HEp-2 test is a critical parameter for
discriminating antinuclear antibodypositive healthy individuals and patients
with autoimmune rheumatic diseases,
mostrou que os títulos de FAN e, em especial, os padrões encontrados melhoram
substancialmente a capacidade de o teste
discriminar os indivíduos saudáveis dos
portadores de afecções reumáticas auto18
imunes. Para chegar a essa conclusão, a
equipe acompanhou 918 pessoas hígidas
e 153 pacientes com doenças reumáticas
já diagnosticadas. O fator antinúcleo foi
encontrado em 118 indivíduos saudáveis
(12,9%) e em 138 pacientes reumáticos
(90,2%). Além disso, ficou constatada
uma significativa diferença nos padrões de
fluorescência observados entre pacientes
e controles. Os padrões nucleares homogêneo, pontilhado grosso e centromérico
apareceram exclusivamente nos reumáticos, enquanto o pontilhado fino denso
(PFD), ao contrário, estava presente somente nas pessoas sem doença autoimune.
Embora o título do FAN tenha se mostrado maior nos pacientes (p<0,0001), vários indivíduos hígidos com padrão PFD
apresentaram títulos iguais ou superiores
a 1:1.280. Para completar, das 118 pessoas saudáveis com FAN positivo, 40 fo-
Da esq. para a dir., Henrique Mariz,
Emília Sato e Luis Eduardo Andrade.
ram reavaliadas depois de quatro anos e,
apesar de nenhuma ter desenvolvido sintomas de doença autoimune ao longo desse período, 72,5% permaneceram com
positividade no exame. Ao jogar luz na
complexa interpretação de um FAN positivo, o trabalho traz uma contribuição
ímpar para os especialistas. Não por acaso, virou o assunto do editorial da Arthritis
& Rheumatism e ainda recebeu cinco estrelas no Medscape e no Docguide.
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2011
Notas
AMB convoca associados para eleições do triênio 2011-2014
A
Associação Médica Brasileira (AMB) divulgou edital
convocando associados com direito a voto para as eleições de cargos de direção da entidade para o triênio 20112014, marcada para 25 de agosto. As votações e apurações
serão organizadas e dirigidas pelas entidades federadas, ligadas à associação, assegurando-se em todos os níveis e momentos a participação de fiscais ou representantes das chapas
concorrentes. Até 30 de abril, as federadas deverão encaminhar à AMB a relação dos associados filiados até 3 de março
deste ano. Para concorrer aos cargos de diretoria, os candidatos precisam ser associados efetivos há mais de três anos e
estar em pleno gozo de seus direitos estatutários. Já para quem
quiser inscrever-se como delegado, a condição de associado
efetivo deve valer há mais de um ano, contando retroativamente a partir do último dia do prazo fixado para a apresentação das chapas. O pedido de registro das chapas, aliás, tem de
ser feito de 1º de julho a 1º de agosto na secretaria da AMB.
Para ver o edital completo: www.reumatologia.com.br.
A Reumatologia Nacional tem novos livres-docentes
Manoel Barros Bértolo (Unicamp)
Depois de uma verdadeira maratona de testes, o atual chefe
da Disciplina de Reumatologia da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, Manoel Barros Bértolo, conquistou o título de professor livre-docente do Departamento de Clínica
Médica da universidade, na área de
Reumatologia, tendo sido aprovado com a
nota dez. Bértolo, que também é superintendente do Hospital das Clínicas da instituição, submeteu-se ao concurso para a obtenção da livre-docência em 1º e 2 de dezembro de 2010. No primeiro dia, o
reumatologista fez uma prova prática e, a seguir, soube, por
um sorteio, que deveria dar uma aula sobre esclerose sistêmica
24 horas depois. Após essa apresentação, no dia seguinte, o
candidato proferiu uma segunda aula referente à sua linha de
pesquisa, ou seja, a tese intitulada “O HLA em doenças reumáticas”. O encerramento do concurso deu-se com a arguição de
todas as provas enunciadas, ou seja, do currículo, da avaliação
prática, das aulas didáticas e da tese apresentada. A banca examinadora do concurso foi presidida por Maria Luiza Moretti,
da Unicamp, e contou também com a participação de Natalino
H. Yoshinari e Eduardo Ferreira Borba Neto, ambos da FMUSP,
Paulo Louzada Junior, da FMUSP-RP, e Aparecida Machado
de Morais, da Unicamp.
Que tal uma aula
rápida sobre o
exame do aparelho
musculoesquelético?
Jozélio Freire de Carvalho (FMUSP)
Quase dois meses mais tarde, entre os dias 7 e 8 de fevereiro de 2011, o médico-assistente do Serviço de Reumatologia
do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade São Paulo (HC-FMUSP), Jozélio Freire de Carvalho, também foi aprovado no concurso para
a obtenção do título de professor livre-docente da Disciplina de Reumatologia do
Departamento de Clínica Médica da
FMUSP. No primeiro dia, o candidato realizou uma prova prática por meio de discussão de caso clínico referente a um paciente internado no HC. À tarde, procedeu à arguição do
memorial e à defesa da tese intitulada “Síndrome antifosfolípide
– Uma doença intrigante e desafiadora”. No segundo dia, após
o sorteio do assunto da prova escrita, sobre o tratamento
imunobiológico das doenças reumáticas, Carvalho desenvolveu
o tema durante cinco horas e leu seu exame no período da tarde. Na sequência, executou a prova didática, ou prova de erudição, com a aula “Manifestações neuropsiquiátricas da síndrome
antifosfolípide”. Presidida por Eloísa Bonfá, da FMUSP, a banca examinadora foi formada por Lilian Teresa Lavras Costallat,
da Unicamp, Sérgio Bydlowsky, da Hematologia da FMUSP,
Dayse Maria Lourenço, da Hematologia da Unifesp, e
Virgínia Paes Leme Ferriani, da FMUSP-RP.
Não precisa nem sair da cadeira do consultório. A Sociedade
Brasileira de Reumatologia acaba de inserir, em seu site, uma série de
videoaulas que mostram, na prática, o exame físico do aparelho
musculoesquelético, dos membros superiores ao quadril. No total, são
11 vídeos criados e detalhadamente executados pelos reumatologistas
Maria Roseli Monteiro Callado e Walber Pinto Vieira. Comprove a
utilidade desse novo projeto em www.reumatologia.com.br.
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2011
19
Dia a dia
Sistema de saúde
de conveniência
Marcos Bosi Ferraz*
Eis o que temos
no Brasil. Caso o
sistema público de
saúde oferecesse
o que os usuários
entendem por
qualidade na
prestação de
serviços, a
disposição para
o pagamento
adicional do
chamado sistema
suplementar
provavelmente
não existiria.
* Professor e diretor do
Centro Paulista de Economia
da Saúde da FAP/Unifesp,
diretor de Economia Médica
da AMB e autor do livro
Dilemas e Escolhas do
Sistema de Saúde. E-mail:
[email protected]
20
N
osso sistema de saúde, ainda em
construção, é moldado conforme
a força dos ventos e interesses. Há algum tempo perdemos a capacidade ou
interesse de olhar o futuro e definir metas claras, transparentes e conhecidas
pela sociedade para os próximos dez
anos. Como podemos construir o sistema de saúde para atender às nossas expectativas se não sabemos aonde e quando queremos chegar? Como estabelecer metas para um prazo definido se
nosso instrumento de navegação, ou
seja, a coleta de dados e informações sobre o que acontece no sistema de saúde,
deixa a desejar? Como lidar com um
compromisso de médio e longo prazos
se a mentalidade político-ideológica é de
absoluto curto prazo ou evanescente?
Não temos hoje um sistema único de
saúde e, mesmo o que chamamos de sistema suplementar, não faz jus à sua designação. O que temos, de fato, é um
“sistema de saúde de conveniência”.
Conveniência, pois a indefinição do ponto de vista regulamentar e a insegurança jurídica fazem com que os interesses
de ambos os sistemas e das várias partes interessadas predominem sobre o interesse coletivo. Administramos no dia
a dia a pobreza de recursos. É mais fácil
reconhecer a carência do que aceitar a
ineficiência e a falência do processo que
envolve a priorização, o planejamento,
a implementação, a mensuração dos resultados e a reavaliação das ações.
O sistema suplementar só existe e progressivamente se estrutura porque 23%
da população brasileira hoje opta por um
pagamento adicional, e o deseja, para
ter direito a seu uso. Milhões de brasileiros certamente têm o mesmo desejo,
porém não possuem a condição econômico-financeira para tanto. Caso o sistema público oferecesse o que os usuários entendem por qualidade na prestação de serviços em saúde, certamente a
disposição para esse pagamento extra
não existiria ou não seria necessária.
Num ambiente onde as escolhas individuais são cada vez mais valorizadas,
desde que respeitem os marcos legais e
os valores éticos e morais, o desafio é a
construção de um sistema de saúde cada
vez melhor e que atenda minimamente
às expectativas de seus usuários. Sem
contar que cidadãos saudáveis querem
estratégias que enfoquem a promoção
de saúde e a prevenção de doenças, pois
estas consideram o futuro, apesar das
incertezas, como algo visível e passível
de valorização. Não há vácuo regulatório
nesse ambiente. O mercado se autorregulamenta orientado por dados e informações disponíveis e, acima de tudo,
por interesses.
O atual sistema é de conveniência, e
as partes interessadas ora ganham, ora
perdem. Essa dualidade de sistemas
atende, por um lado, à expectativa de
uma parcela da população, que pode pagar pelo que deseja; por outro, cria uma
inequidade entre brasileiros.
Direito à escassez
Um dos ganhos para os usuários do
sistema público é a potencial menor angústia ou concorrência na utilização dos
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2011
serviços oferecidos. A complexidade e a
conveniência crescem ao se admitir que,
pelo fato de todos os brasileiros contribuírem com taxas e impostos, todos têm
o direito de uso dos escassos recursos
públicos.
Já as políticas e alguns programas que
envolvem a atenção básica à saúde são
definidos e ofertados majoritariamente
pelo sistema público. Os programas que
envolvem a alta complexidade são também disponibilizados pelo sistema público e, para estes, existe uma competição pelo seu uso. Há a conveniência na
oferta dos serviços de alta complexidade (público e privado), pois sua remuneração é comparativamente atrativa,
ocasionando, assim, um desestímulo à
oferta de serviços menos sofisticados,
porém muito necessários.
Esse fato promove uma enorme distorção e contribui para inverter a lógica
assistencial. Estimula-se a especialização em detrimento do profissional gene-
ralista. A ausência de definição de prioridades locorregionais colabora para a
renovação tecnológica acrítica. A oferta
orienta e cria a demanda, o que atende
aos interesses do modelo médico-hospitalar e assistencial existente e incentivado globalmente, outra conveniência.
Drogas e tecnologias de alto custo são
disponibilizadas para todos os brasileiros – todos têm direitos –, porém a definição do ponto de vista do que, quanto e para quem oferecer carece de um
processo sustentado nas melhores evidências técnico-científicas, outra limitação e conveniência.
Mais-valia conveniente
O sistema superespecializado convenientemente atende à lógica de contínua formação e qualificação de profissionais, nem sempre fundamentada pela
necessidade, mas que estimula e alimenta oportunidades na esfera educacional.
A geração de novos conhecimentos, num
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2011
ambiente competitivo global, é orientada muito mais pelo interesse individual
do pesquisador ou de grupos empresariais específicos do que pelas necessidades e lacunas do conhecimento a serem priorizadas e definidas pelo sistema de saúde.
A mais-valia, para o pesquisador, está
associada à publicação de um artigo em
revista técnico-científica internacional,
e não à solução de problemas e dúvidas
práticas do sistema de saúde. Tal modelo, embora não supra às necessidades do sistema de saúde, é conveniente,
pois estimula a geração de conhecimento pouco aplicável no curto prazo, porém muito promissor no longo prazo. É
também conveniente no âmbito social e
aceito coletivamente, uma vez que mantém a esperança daqueles que sofrem
com uma determinada doença, embora
injustificável ao assumir que o atual sistema tenha um olhar focado apenas para
o curto prazo.
Por fim, em sistemas complexos, pouco educados e influenciados por interesses específicos, algumas ações implicam
reações nem sempre estruturadas, o que
contribui para o aumento da entropia.
Com o excesso de conveniência, correse o sério risco de o sistema não ser sustentável, além de ser injusto socialmente
e altamente inseguro para todos.
Os princípios doutrinários e organizacionais de nosso sistema de saúde
já estão definidos. É preciso interpretá-los à luz das condições atuais e
definir como, de fato, atender a eles.
Urge pensar no longo prazo e ter coragem para definir prioridades e modelos assistenciais que sejam adequados
à nossa realidade econômico-social e
educacional. Urge a responsabilização
dos envolvidos nesse processo, que se
fundamenta em dois elementos críticos: liderança e educação.
21
Karina e Isac comemoram
20 anos de vida em comum
com um mergulho pelas
terras, pelo ar e pelo mar
da Tanzânia (com direito
a tubarão-baleia!).
Além da Reumatologia
De cabeça na vida
Entre um congresso e outro, o casal tsunami mergulha e descobre as maravilhas que o planeta esconde dentro e fora da água.
T
odo mundo precisa achar o seu
mergulho, uma forma de recarregar as baterias, diz a reumatologista
Karina Dubeux, que leva essa ideia ao
pé da letra com o companheiro de vida e
profissão, Isac Szwarc, com quem está
há 20 anos. O casal já fez nada menos
que 885 mergulhos, em 80 destinos diferentes pelo mundo, desde seu batismo
em um curso básico de apneia, em 1993
– depois do qual, evidentemente, os dois
fizeram “pós-doutorado” na técnica:
hoje, Isac é instrutor de mergulho e,
Karina, mergulhadora de resgate.
O último destino foi a Tanzânia, no
continente africano, no fim do ano passado. Nessa oportunidade, porém,
Karina e Isac não se restringiram apenas ao mar, mas também exploraram a
terra e o ar. “Foram cinco dias de safári
e um voo de balão sobre o Serengeti, na
Savana Africana, de onde pudemos ver
de girafas a elefantes”, conta essa pernambucana aventureira. Após comer
muita poeira da estrada, com direito a
ver a migração de gnus, zebras, impalas
e gazelas, o casal terminou o passeio em
terra em Zanzibar, onde o litoral convidou a um mergulho. Mas não era ainda
o destino oficial.
Dali os dois partiram para a Ilha de
Mafia, o maior arquipélago daquele litoral, onde, por fim, conheceram os habitantes do mar local, tendo tido, inclusive, a incrível oportunidade de mergulhar
lado a lado com quatro tubarões-baleia,
criaturas de 8 a 14 metros de comprimento que dificilmente são vistas. “E foi
durante o snorkel, ou seja, muito perto
da superfície, o que significa que a sorte
22
sorriu para nós”, salienta Karina.
Atraso do destino
Essa foi a quarta
vez que Karina e Isac
visitaram o continente africano, mas seus
rumos preferenciais
estão mesmo na Ásia.
Tanto é que o episódio mais marcante, nestes anos todos,
ocorreu na Tailândia, em 2004. Quis o
destino que o barco que os conduziria
até o local do mergulho, naquele 26 de
dezembro, atrasasse meia hora. Eles ficaram impacientes, mas prosseguiram.
Pouco depois, já embaixo da água, sentiram uma corrente diferente, circular,
que os puxava em direção às pedras. Mas
não imaginaram que, na superfície, uma
onda gigante provocava uma das maiores catástrofes naturais de que se tem
notícia nos últimos tempos. Ao verem o
que sucedia em terra, os turistas cederam lugar aos médicos. “Fomos buscar
nosso material de primeiros socorros
para ajudar os feridos”, relata Karina.
O tsunami atingiu em cheio a forma
de o casal encarar seu papel no mundo,
como cidadãos, e de exercer sua atividade, como médicos. “Mudaram os valores, mudou o olhar”, avalia Karina, que,
a princípio, ficou balançada com esse impacto da onda. Assim como a personagem Marie, do recente filme Além da
vida, que, após sobreviver ao tsunami,
registrou sua experiência de quase-morte em livro, a médica precisava exorcizar
seus sentimentos. Já em fevereiro de
2005, começou
então a escrever
um relato que
intitulou de Salvos
por um Mergulho.
O texto evoluiu
para um livro, que
foi lançado em
2008 no Congresso Brasileiro de
Reumatologia, em
Maceió, e, no ano seguinte, na Livraria
Cultura de São Paulo, Porto Alegre e
Recife, estando agora em sua segunda
reimpressão.
O novo olhar não alterou os planos de
Karina e Isac, que continuaram descobrindo paisagens submersas pelo mundo. Em 2010, particularmente, os dois
extrapolaram, numa maratona de viagens
que começou com Bonaire, no Caribe
holandês, passando pela Costa Amalfitana, na Itália, logo depois do Eular, e
terminou com o norte do Sulawesi, na
Indonésia, antes da viagem à Tanzânia,
só para citar alguns destinos. É claro que,
para equilibrar a vida profissional com
os mergulhos, o casal se organiza segundo o calendário mundial de eventos da
Reumatologia. E assim vai contaminando a todos, inclusive a seus pacientes,
com esse apetite pelos mares e pela descoberta de novas culturas. “O mergulho
é sempre no país que visitamos”, sublinha Karina. “Os peixinhos são apenas
os anfitriões”.
O livro Salvos por um Mergulho pode ser encontrado
na Livraria Cultura (www.livrariacultura.com.br)
ou ser adquirido diretamente da Editora Kalligraphos
([email protected]).
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2011
Carta do leitor
Duas visões sobre uma mesma imagem
A Charge do Valderilio da edição passada divertiu, como esperado, mas também incomodou, o que,
no entanto, não era sua intenção. Por essa razão, em vez de trazer uma nova arte, nesta oportunidade o
Boletim Informativo da SBR empresta o espaço dedicado a essas criações para a manifestação do grupo
que não gostou da brincadeira e, claro, para o autor, Valderilio Feijó Azevedo, fazer sua defesa.
A carta
“Foi com grande tristeza que nós, reumatologistas titulados pela SBR e AMB, sócios titulares e quites da SBR e
pioneiros na criação de Centros de Infusão de Imunobiológicos Não Oncológicos no Brasil, lemos a charge veiculada no último Boletim da SBR.
Não cremos que o veículo oficial de comunicação da
entidade maior da Reumatologia Brasileira seja o local
ideal para se inserir uma ‘charge’ tão preconceituosa e
de mau gosto.
A charge aborda questões éticas e técnicas da profissão,
atingindo diretamente um grupo específico de reumatologistas, aqueles vinculados a Centros de Infusão de
Imunobiológicos, chamados jocosamente de ‘Drs. TNF’.
O nome ‘Antônio’, dado ao caricato doutor, pode ter
sido uma ‘infeliz coincidência’, mas mostra, mais uma
vez, a total falta de cuidado em se ofender a quem quer
que seja.
Vejamos a definição da palavra cuidado: ‘cautela, algo
que implica não fazer algo no qual poderia prejudicar alguém ou alguma coisa’.
A grande maioria dos colegas não deve imaginar, e não
imagina mesmo, o quanto foi difícil, há cinco anos, criarmos
sozinhos, no ‘peito e na raça’, os Centros de Infusão de
Imunobiológicos. Muito além do investimento de capital e
todo o risco que o novo negócio representava, tivemos de
criar um padrão de atendimento diferenciado, de nos tornar competitivos em um mercado dominado há décadas
pela Oncologia, de ‘furar’ o bloqueio dos planos de saúde
e, tão difícil quanto e ainda mais doloroso, de vencer a ‘desconfiança’ de muitos colegas de profissão.
Acreditamos ser parte de uma mesma família, a Sociedade Brasileira de Reumatologia, e não é nossa intenção piorar ainda mais essa situação com brigas ou troca de ofensas, mas pedir apenas respeito.
Nesta carta, manifestamos publicamente nosso repúdio à charge veiculada no Boletim Oficial da SBR e
aguardamos o pronunciamento oficial de seus editores
sobre o fato ocorrido”.
Reno Martins Coelho
CID - Centro de Infusão (RJ)
José Roberto Miranda
Artrocenter (SP)
Antônio Scafuto Scotton
Rafael de Oliveira Fraga
Marcelo Alvarenga
Silviane Vassalo
Viviane Angelina
Reumatocenter (MG)
Vander Fernandes
José Carlos Amaral
Centro de Infusão de
Imunobiológicos (MT)
A defesa
“Reconheço que uma das belezas da inteligência
humana está no contraditório, no simples fato de termos visões diferentes sobre um mesmo tópico. Como
autor, lamento que alguns colegas tenham feito essa
interpretação da charge, pois, sinceramente, não foi
essa nossa intenção. Na atual era, em que se estabelece uma revolução no tratamento de diversas doen-
ças autoimunes presentes em nossa especialidade médica, obtida com o advento das moléculas biológicas,
a proposta da charge foi a de chamar a atenção, de
forma divertida, para a dificuldade que muitos de nós
temos – e me incluo nessa lista, tal qual a personagem médica! – em lidar com pacientes portadores de
dor crônica generalizada”.
Valderilio Feijó Azevedo
Professor de Reumatologia da Universidade Federal do Paraná
Diretor de ensino e pesquisa da Associação Brasileira de Medicina e Arte
Membro da Comissão de Espondiloartrites da SBR
BOLETIM DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA • No 1 • jan/fev/mar/2011
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JAN / FEV / MAR 2011 • No 1 • ANO XXXV