X ENCONTRO NACIONAL DE ACERVOS RAROS SÍMBOLOS E REPRESENTAÇÕES A Biblioteca “do” Nacional Carlos Henrique Juvêncio [email protected] Mestrando do Programa de PósGraduação em Ciência da Informação da Universidade de Brasília (PPGCInf/UnB) Biblioteca Nacional Novembro, 2012 1 INTRODUÇÃO Aspectos Históricos; Biblioteca como um “Lugar de Memória”, conforme a acepção de Nora (1993); Missão: Preservação da memória nacional; O que seria o “Nacional”? O símbolo do Nacional. 2 O SÍMBOLO DA NAÇÃO [...] os livros representavam muito: custavam caro e significavam mais do que seu valor objetivo. Objetos carregam dons, portam dádivas e se vinculam a outros ganhos, emocionais, políticos ou mesmo simbólicos. E era assim que se avaliava uma Real Livraria. Mais do que livros, lá se acumulavam idéias, projetos, ambições, e ainda a cultura possível de uma nação – sobretudo de uma monarquia independente, isolada no meio da América republicana. [...] Segundo item de uma longa pauta de negociações, ela representava a cultura acumulada e a tradição de que carecia: nada como colocar tudo numa lista e quantificar o que é da ordem e da cultura e da própria representação (SCHWARCZ, 2002, p. 401). Como símbolo, a Biblioteca Real transmite significados, estando carregada “de sentidos, fornece indícios ou sinais aparentes que podem ser interpretados de acordo com a mentalidade de uma determinada época ou cultura” (MUNIZ, 2012, p. 127). Assim, “os símbolos relacionam-se com os valores impregnados no imaginário de uma sociedade, de uma comunidade, de um grupo de indivíduos, refletindo aspirações, ideais, utopias, produzindo sentimentos de pertença, enfim, produzindo identidade” (Idem, p. 127). 3 A BIBLIOTECA “DO” NACIONAL O Monumento transfigurado num magnífico Palácio, segundo Peregrino da Silva. O poder do Documento segundo Le Goff (2003, p. 538): O documento não é inócuo. É, antes de mais nada, o resultado de uma montagem, consciente ou inconsciente, da história, da época, da sociedade que o produziram, mas também das épocas sucessivas durantes as quais continuou a viver, talvez esquecido, durante as quais continuou a ser manipulado, ainda que pelo silêncio. O documento é uma coisa que fica, que dura, e o testemunho, o ensinamento (para evocar a etimologia) que ele traz devem ser em primeiro lugar analisados, desmistificando-lhe o seu significado aparente. O documento é monumento. Resulta de esforços das sociedades históricas para impor ao futuro – voluntária ou involuntariamente – determinada imagem de si próprias. [...] 4 RARO, VALIOSO E PRECIOSO: JOGOS DE INTERESSE NA “SELEÇÃO DE MEMÓRIAS” A Coleção Benedicto Ottoni/José Carlos Rodrigues: Fonte: Guia de Coleções da Divisão de Manuscritos. Descrição da Coleção José Carlos Rodrigues Manoel Cícero Peregrino da Silva, declara que “A collecção Benedicto Ottoni comprehende taes e tantas preciosidades bibliographicas relativas á historia da America ou especialmente ao Brasil que difficil seria enumeral-as [...]” (SILVA, 1915) E continua: A doação da collecção Benedicto Ottoni é um dos acontecimentos mais notaveis da historia da Bibliotheca Nacional. Presente verdadeiro regio, deu ao Sr. Dr. Julio Benedicto Ottoni o direito de ser considerado como um dos maiores bamfeitores deste estabelecimento. Ao carinho e competencia com que o bibliophilo formou durante annos paciente e intelligentemente tão admiravel conjuncto de peças bibliographicas referentes ao Brasil corresponderam a generosidade e a benemerencia do doador que num rasgo de patriotismo não permittiu sahisse do paiz a preciosissima collecção. (SILVA, 1915) Sendo preciosa, a Coleção Benedicto Ottoni “[...] se caracteriza pela suntuosidade, pela magnificência” (IDICIONÁRIO, [2012]), ou seja, pelo seu esplendor, grandiosidade e valor. O raro, o valioso e precioso estão presentes na coleção de Rodrigues: os livros raros que tão exaltados são nas mais variadas reflexões sobre as coleções; o valioso e precioso acervo que traz em seu escopo a história de um personagem do nacional. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS O Documento e a Memória como constructos sociais; A preservação da memória de José Carlos Rodrigues por meio da Coleção Benedicto Ottoni; Grupos sociais e a Memória; REFERÊNCIAS BIBLIOTECA NACIONAL (Brasil). Guia de Coleções de Manuscritos. Rio de Janeiro, [2003]. Disponível em: <http://catcrd.bn.br/scripts/odwp012k.dll?INDEXLIST=manuscritos_guia_pr:manuscritos_guia>. Acesso em: 5 jul. 2012. BETTIOL, Maria Regina Barcelos. A Fundação da Biblioteca Nacional: uma memória compartilhada entre dois mundos. 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