UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS/UNIFAL-MG EZEQUIEL FIGUEIREDO VILELA UTILIZAÇÃO DO PLANEJAMENTO FATORIAL PARA A OTMIZAÇÃO DO EXPERIMENTO DO PÊNDULO ALFENAS/MG 2013 EZEQUIEL FIGUEIREDO VILELA UTILIZAÇÃO DO PLANEJAMENTO FATORIAL PARA A OTMIZAÇÃO DO EXPERIMENTO DO PÊNDULO Projeto de pesquisa apresentado como parte dos requisitos para o desenvolvimento estudo do Trabalho de Conclusão de Curso, referente ao curso de Física Licenciatura. Orientador: Wisniewski ALFENAS/MG 2013 Prof. Dr. Célio RESUMO A Física experimental é uma ferramenta indispensável para o professor tanto na escola média como na universidade, sendo a prática uma forma construtivista do conhecimento. Há inúmeras experiências disponíveis em livros, revistas de divulgação científica, internet, entre outros meios. Nem sempre são realizadas observações cautelosas ao se proceder com experimentos e muitas vezes os resultados são inesperados. Por isso é preciso ter um olhar mais crítico aos diversos fatores que podem influenciar os resultados de um experimento. Com o objetivo de minimizar ao máximo o percentual de incertezas envolvidas em uma prática e para que se possa aproximar aos dados da literatura, foi realizado o experimento do pêndulo simples para determinar o valor da aceleração da força gravitacional. Planejamento fatorial e metodologia de superfície de resposta foram utilizados com o intuito de avaliar quais fatores foram significativos para o experimento e o valor de ótimo para os mesmos. Na determinação da gravidade local, observou–se que o planejamento fatorial foi eficiente e os resultados foram coerentes ao da literatura. Palavras Chave: planejamento fatorial; experimentos no ensino médio e superior, pêndulo simples. ABSTRACT Experimental physics is an indispensable tool for the teacher, both in high school and in the university, and practice is a constructivist form of knowledge. There are innumerable experiences available in books, science magazines, internet, and other means. Not always careful observations are performed and lead, many times, to unexpected results. So, a more critical look to the various factors that can influence the variables in an experiment is necessary. With the objective of minimizing the percentage of uncertainties involved in a practice and approach to the literature data, the simple pendulum experiment, to determine the value of acceleration gravity force, was performed. Factorial design and response surface methodology were used in order to assess which were significant factors for the experiment and optimum values to them. In the determination of local gravity, it was observed that the factorial design was efficient and results were consistent to literature. Keywords: factorial planning; physics experiment at the high school and college, simple pendulum. LISTA DE FIGURAS Figura 1- Alguns livros relacionados à prática experimental, desde a Física básica até conteúdos de Física moderna. (Fontes: [8, 9 e 11]). .................................................................. 3 Figura 2- Diagrama de Pareto para um experimento fictício envolvendo as variáveis A, B, C e D e suas interações. ................................................................................................................. 6 Figura 3- Planejamento em estrela com os dados codificados. Figura adaptada de (BARROS NETO, BENICIO, 1996 [1]). .................................................................................................... 8 Figura 4 -Diagrama esquemático do pêndulo simples mostrando os valores máximos e mínimos para as variáveis envolvidas. .................................................................................... 11 Figura 5- Representação esquemática da energia potencial para um pêndulo simples. (Fonte: Keith R. Symon [24]) .............................................................................................................. 13 Figura 6- Pareto das interações das variáveis para o valor da aceleração da gravidade. ....... 18 Figura 7- Curvas de nível da superfície da resposta, representando os valores de concordâcia em função do ângulo e o comprimento. .................................................................................. 20 Figura 8 – Curvas de nível da superfície da resposta para a concordância em função do ângulo e da massa. ................................................................................................................... 21 Figura 9 – Curvas de nível da superfície da resposta para a concordância em função do comprimento e da massa.......................................................................................................... 22 Figura 10 - Curvas de nível da superfície da resposta para a concordância em função do diâmetro e ângulo. ................................................................................................................... 23 Figura 11 - Curvas de nível da superfície de resposta para a concordância em função comprimento do fio e o diâmetro. ........................................................................................... 24 Figura 12- Curvas de nível da superfície de resposta para a concordância em função do diâmetro e a massa. .................................................................................................................. 25 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Matriz Doehlert para dois três e quatro fatores (valores codificados)..................... 9 Tabela 2- Níveis dos fatores no planejamento fracionário 25-1 e seus respectivos níveis de máximo e mínimo. ................................................................................................................... 15 Tabela 3 - Ensaios realizados para o no planejamento fracionário 25-1. ................................. 16 Tabela 4 - Valores dos períodos (T1 e T2), gravidade (G1 e G2) e a concordância (C1 e C2) obtidos nos Ensaios. ................................................................................................................ 17 Tabela 5 – Valores atribuídos na matriz de Doehlert para os 4 fatores mais influentes de acordo com a figura 6 e resposta (C). Valores mínimos e máximos sublinhados. .................. 19 Tabela 6 – Valores obtidos da gravidade a partir dos dados fornecidos pelos gráficos de superfície e resposta................................................................................................................. 26 LISTA DE ABREVEATURAS E SIGLAS CBC- Conteúdo Básico Comum; GREF- Grupo de Reelaboração do Ensino de Física; A.C– Antes de Cristo; g– Aceleração da força gravitacional. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 1 1.1. Contextos Históricos ......................................................................................... 1 1.2. A Gravidade ...................................................................................................... 1 1.3. Laboratório de Física Ferramenta Indispensável .............................................. 2 1.4. Planejamento e otimização ............................................................................... 3 2. JUSTIFICATIVA ............................................................................................... 10 3. OBJETIVOS ....................................................................................................... 10 3.1. Objetivos específicos ...................................................................................... 10 4. METODOLOGIA............................................................................................... 11 4.1. Desenvolvimento da pesquisa e de análise dos dados. ................................... 11 4.2. Desenvolvimento experimental. ..................................................................... 14 5. RESULTADOS .................................................................................................. 17 5.1. Otimização das variáveis – quatro fatores. ..................................................... 18 5.2. Comparação método experimental clássico x planejamento. ......................... 26 6. CONCLUSÃO .................................................................................................... 27 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 28 1 1 . INTRODUÇÃO 1.1. Contextos Históricos Desde os tempos mais remotos a experimentação é considerada uma maneira prática de transformar problemas teóricos em respostas para sanar a curiosidade humana. Aristóteles (384-322 A.C.), discípulo de Platão, analisava o que se podia observar naturalmente, na experiência sensível humana e em seguida postulava seus princípios observáveis do comportamento da natureza. Contudo, ele nos trouxe um conceito importante, a descrição de movimentos, onde dizia que movimento é um processo de mudança de um corpo que passa de um estado que se encontra para outro (atualização e corrupção). Este conhecimento mais tarde foi descrito como “os estados inerciais” por Galileu e Descartes. Pode se dizer que no Egito (A.C.) foram desenvolvidas as primeiras notações geométricas e desde então sendo aperfeiçoadas cada vez mais. Os trabalhos e observações feitas na época nos parecer arcaicos, hoje, mas foram indispensáveis para o avanço científico e desenvolvimento tecnológico que temos nos dias atuais [2]. Em meados dos anos de 1615 a 1670, grandes nomes da ciência como Kepler, Galileu, Newton e Leibniz, entre outros, desenvolveram métodos experimentais e cálculos que alavancaram a ciência em geral. No início do século XVII, o conhecimento da ciência moderna começou a se desenvolver, em relação à ciência remota e tudo encaminhou de forma bem mais rápida. Hoje o método experimental é fundamental para qualquer comprovação teórica científica e demonstração de um determinado fenômeno que ocorre em nosso meio [2]. 1.2. A Gravidade A força gravitacional ou simplesmente gravidade é descrita como uma das quatro forças fundamentais da natureza, nos possibilitando a vida, de uma magnitude natural impressionante e curiosa. Esta força governa o universo agindo sobre tudo que possui massa, e utilizada para gerar diferentes tipos de energia da qual nós usufruímos. Galileu Galilei, grande cientista que viveu nos séculos XVI e XVII, fez uma descoberta sobre a queda de corpos com massas diferentes, observando em seu experimento que ambos caem com a mesma velocidade, porém Galileu não sabia ao certo explicar este fenômeno [2]. 2 Isaac Newton (1643-1727) descobriu a relação da força com a massa, e foi precursor da lei da gravitação universal. Ele introduziu em sua obra, Philosophiae Naturalis Principia Mathematica, o equacionamento desta lei, dentre outros trabalhos altamente importantes na Física, que são utilizados nos dias atuais. Posteriormente Albert Einstein(1879-1955) explica porquê a gravidade realizava tais fenômenos descritos por Newton, atribuindo e descrevendo a curvatura do espaço devido à interação gravitacional de grandes massas [4 e 22]. O número de informações que a mídia nos proporciona sobre aspectos científicos tecnológicos, referentes à gravidade, está cada vez mais frequente. Desta maneira, pode-se trabalhar com uma série de tecnologias, que nos proporciona o desenvolvimento da ciência e nos remete a inúmeros benefícios. O avião é um exemplo da evolução tecnológica para superar os efeitos gravitacionais. Podemos levantar algumas questões intrigantes para debate em sala de aula, por exemplo; Como é possível um objeto tão grande como avião vencer a força gravitacional e transportar toneladas? Por que é possível um satélite artificial orbitar? É possível usar a energia gravitacional como fonte de energia? A Agência Espacial Europeia (ESA) lançou em 2009 uma sonda com o intuito de estudar o nosso planeta. A sonda denominada de “Gravity field and steady-state Ocean Circulation Explorer (GOCE)” foi desenvolvida para captar com o máximo de precisão e fazer o mapeamento da gravidade terrestre em toda a superfície do planeta. A gravidade pode variar de 9,78 m/s2 no equador até 9,83 m/s2 nos polos, assim como possui pequenas variações devido à altitude e à composição do subsolo. Com esta nova fonte tecnológica foi possível obter, com precisão jamais anteriormente conseguida, o valor real da aceleração gravitacional terrestre em todos os pontos da superfície e com isso prover dados para outras pesquisas geofísicas [23]. 1.3. Laboratório de Física Ferramenta Indispensável Alvarenga & Máximo [7], e o Grupo de Reelaboração do Ensino de Física (GREF) [5], entre vários outros escritores de obras para o ensino médio e superior, nos fornecem uma programação completa de guias para professores de Física, disponibilizando aulas em texto e uma série de roteiros de experimentos de fácil compreensão. Os materiais que são propostos nas obras citadas do ensino médio, geralmente são de fácil acesso e baixo custo, e o principal foco é desenvolver habilidades lógicas dos discentes, contando também com uma série de aspectos trabalhados pelo professor [13]. Cabe ao professor ser o intermediador dos conceitos 3 a serem desenvolvidos na prática e fazer a conexão teórico-prática esperada, sempre trabalhando as concepções prévias já existentes pelos discentes [16]. A Educação básica atual, é permeada pelo CBC (Conteúdo Básico Comum), este manual aborda tanto questões quanto descrições de fenômenos naturais ligados a vivência cotidiana, sendo esta, uma peça fundamental no desenvolvimento educacional e científico [15 e 17]. A metodologia tradicional e os métodos usuais de ensino de Física trazem inúmeras aplicações diferenciadas de roteiros experimentais, ou seja, procedimentos diferentes, mas que alcançam o mesmo objetivo. É grande o número de obras que se referem a atividades práticas de Física e sua relação ao conteúdo teórico, como por exemplo, as citadas na Figura 1. No geral, existem algumas obras com embasamento mais específicos a experimentos, outras com mais discussões teóricas, contendo questões prévias, analógicas e questões pós-prática. E existem aquelas que trazem ambas as partes, tanto teórica quanto prática, “A Coleção do Ensino Médio”, dos professores Antônio Máximo e Beatriz Alvarenga, por exemplo [7]. Figura 1- Alguns livros relacionados à prática experimental, desde a Física básica até conteúdos de Física moderna. (Fontes: [8, 9 e 11]). 1.4. Planejamento e otimização Muitas vezes nos deparamos com situações inesperadas no decorrer das experimentações, o que pode nos levar a conclusões precipitadas de um dado experimento. Por exemplo a busca para alcançar os objetivos, previamente descritos, ou então a preocupação em realizar tudo o que foi planejado no tempo destinado a sua aula. Existem casos, em que a realização dos experimentos sem muito rigor, sem preocupações estatísticas na elaboração do experimento e no tratamento dos resultados, também pode nos conduzir a conclusões errôneas ou com um grau de aproximação exagerado dos valores [1]. 4 Tradicionalmente estes procedimentos levam a natureza intuitiva de professores de Física na realização de seus experimentos, utilizando roteiros determinados que não sintetizam apropriadamente as variáveis envolvidas. Podemos notar casos como estes até mesmo nas práticas desenvolvidas na graduação, na escola regular comum, nas quais o experimento é feito seguindo os roteiros como uma “receita”. A falta de planejamento para que haja resultados significativos não é levada em consideração, na maioria dos casos [6]. Além disso, muitas vezes não há uma discussão do papel de cada grandeza no experimento e os limites para os quais estes fornecem bons resultados experimentais [12]. O professor geralmente se depara com alguns questionamentos que, em geral, são amenizados pela prática e anos de experiência na execução do experimento. Entretanto, ao realizar um novo experimento é necessário conhecer previamente o comportamento de algumas variáveis do experimento [19]. Por exemplo, ao fazer a medição do valor da aceleração gravitacional utilizando um pêndulo, logo surgem perguntas: Qual o comprimento do fio que liga a massa ao ponto de apoio? Qual a melhor geometria e quantidade de massa? Qual o melhor ângulo inicial da oscilação? Qual a interferência causada pelas forças de atrito do ar com o sistema? Quantas oscilações são necessárias para medir o período do pêndulo? Uma maneira eficiente de combater a comodidade experimental de arredondamento de valores, postulando erros inexistentes ou poucos significativos, e ainda, atribuir os erros a fenômenos não existentes, é desenvolver o planejamento do experimento e posteriormente a otimização das variáveis envolvidas, para identificar os reais fatores que influenciam no experimento [14]. O emprego de ferramentas que permitam desenvolver dados mais precisos e viáveis e assim constatar quais variáveis influenciam o sistema pode ser útil em experimentos de Física. Em geral somos levados a fazer somente a propagação de incertezas e avaliar o quanto é confiável o resultado obtido ou então fazer somente uma análise matemática das equações envolvidas obtendo–se a importância teórica de cada grandeza [20]. Para se obter a otimização de um dado experimento precisamos realizar uma triagem, utilizando planejamento fatoriais completos ou fracionários. Estes são procedimentos estatísticos que buscam minimizar o trabalho necessário. Com isso são eliminadas as variáveis aqui chamadas de fatores, que não são significativas no experimento (denominados pela letra k). O planejamento fatorial completo consiste basicamente de realizar um levantamento dos fatores do experimento proposto e avaliar os efeitos que os mesmos exercem um sobre o outro e sobre o resultado final. Isto é feito de forma que os fatores variem com pelo menos 5 dois níveis (n) diferentes, ou seja, para k fatores e n ≥ 2 níveis, teremos: nk experimentos, para dois níveis temos 2k. Exemplificando o fundamento anterior; temos um experimento que desejamos otimizar contendo 4 fatores teremos o seguinte número de experimentos: 24 ou seja 16 experimentos. Este resultado será a quantidade de ensaios realizados e para avaliação das incertezas envolvidas, estes serão feitos em duplicata, ou seja, duas vezes cada ensaio, totalizando 32 experimentos, sempre realizados de maneira aleatória para evitar erros sistemáticos nos procedimentos experimentais [10]. No planejamento fatorial completo o número de ensaios cresce a cada fator adicionado, para experimentos com k-fatores, maior que quatro variáveis, as interações de 3 ou mais fatores não são consideradas significativas e também o número de experimentos tornam-se muito grande e o trabalho para realizar fica muito complexo. Por exemplo, para k = 6 temos: 26 = 64 ensaios, sendo cada vez maior o número de ensaios a medida que o valor de k cresce. Nestes casos podemos utilizar o planejamento fatorial fracionário. O planejamento fatorial fracionário é semelhante ao fatorial completo, usando também dois níveis e o número de ensaios é dado por: 2k-1. Por exemplo, em um experimento que se deseja fazer a otimização composto por 5 variáveis teremos 25-1 = 24 = 16 ensaios. Os dois níveis de valores para as variáveis são representados pelos sinais (+) e (–), isto é, os valores máximos e mínimos respectivamente, utilizados para avaliar o comportamento das variáveis. Estes valores são essenciais para observar a interação entre os fatores a cada ensaio [1]. Para se obter respostas significativas é necessário fazer um levantamento preliminar das variáveis mais significativas e fazer o planejamento fatorial identificando os níveis mais adequados para cada fator. A observação dos efeitos de variáveis e interações entre elas é de extrema importância para entender os processos que estão sendo monitorados em um determinado sistema. O diagrama de Pareto é uma representação gráfica onde podemos analisar as causas e efeitos de um dado experimento. Com ele podemos obter as melhores interações entre os fatores e quais destes são mais significativos no experimento. Por exemplo, no diagrama de Pareto da Figura 2, adotamos fatores fictícias do experimento representadas por, A, B ou C. Podemos notar a importância de cada fator através do comprimento da barra, assim como, as interações entre os fatores, A x B, C x A e C x B. O valor p = 0,05 indica o limite de significância, abaixo do qual a variável pode ser considerada insignificante ou sem influência no experimento. Este recurso gráfico foi desenvolvido pelo estudioso economista italiano chamado Pareto e as variáveis, e suas interações, são colocadas verticalmente da mais significativa para a menos significativa. O resultado fictício abaixo nos mostra, seguindo as 6 barras horizontais de cima para baixo, que A é o fator mais significativo, logo sendo o fator mais importante do experimento seguido pela interação de B x A, e em seguida o fator B, e assim sucessivamente em ordem decrescente o gráfico nos indica como ocorrem os efeitos. A interação entre C x B não é significativa neste caso, pois esta está abaixo do limite de significância p = 0,05. Os valores positivos das barras do gráfico indicam que o efeito é proporcional ao valor esperado da grandeza que se pretende medir, dependente destes fatores. Figura 2- Diagrama de Pareto para um experimento fictício envolvendo as variáveis A, B, C e D e suas interações. A partir do diagrama de Pareto pode-se fazer a otimização utilizando os fatores mais significativos, estudando separadamente com mais níveis, logo pode se obter mais informação do sistema. Estes são tratados segundo a metodologia de superfície de resposta, em que modelos matemáticos são construídos a fim de obter o ótimo experimental [3]. A análise do experimento de segunda ordem, proposto por David H. Doehlert em 1970, refere-se a esquematizações onde é possível se obter os valores de máximo ou mínimo experimental [24]. O número de experimentos (N) necessários para a construção do modelo é dado por K² +K+Co, sendo K o número de fatores e Co é o número de experimentos no ponto central. Segundo Teofilo & Ferreira (2004) [14], cada problema é definido levando-se em conta o número de fatores e os valores codificados (X) da matriz experimental, a relação entre os valores codificados e os reais (Y) é dado por: 7 X = Y−X ∆X (1) A otimização dos fatores e feita através do planejamentos de Doehlert, que se baseiam na metodologia de superfície de resposta, empregando funções polinomiais. Estas funções polinomiais mais comumente utilizadas são as lineares onde é possível identificar a direção da ocorrência do fenômeno estudado e as quadráticas que permite a observação do ponto máximo, em diferentes superfícies gráficas. A resposta da função linear pode ser estimada pela equação 2, os termos b0, b1 e b2, são a s estimativas dos parâmetros do modelo e x1 e x2 referem-se as variáveis codificadas. y = b0 + b1 x1 + b2 x2 (2) O modelo quadrático é o mais adequado para descrever o ponto crítico, ou seja a superfície de resposta, pois o mesmo pode se adequar a uma grande variedade de superfícies (BOSQUE-SENDRA et al. (1995) apud DO LAGO, AYLA C, 2010, P.42) [10]. O modelo polinomial de uma função quadrática é representado para duas variáveis pela equação 3 [1 e 10]. Y = bo + b1X1+b2X2+b11X21+b22X22+b12X1X2 O ponto estrela nada mais é do que uma outra forma do planejamento de um modelo quadrático, porém girado em 45 graus em relação a partida, o resultado é uma distribuição octogonal conforme a figura 3. (3) 8 Figura 3- Planejamento em estrela com os dados codificados. Figura adaptada de (BARROS NETO, BENICIO, 1996 [1]). O ponto estrela possui o mesmo nível para todos os fatores, onde sua resposta mostra os pontos centrados do ótimo experimental. Em seguida apresentamos a matriz de Doehlert, que diferentemente do ponto estrela, os níveis são variados para os fatores, obtendo mais informações da otimização. Os valores codificados das matrizes do planejamento Doehlert para dois três e quatro fatores, podem ser visualizados na Tabela 1. 9 Tabela 1 - Matriz Doehlert para dois três e quatro fatores (valores codificados). Variáveis Experimentais – Matriz de Doehlert Ensaios 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 2 Variáveis A B 0 0 1 0 0,5 0,866 -1 0 -0,5 -0,866 0,5 -0,866 -0,5 0,866 A 0 1 0,5 0,5 -1 -0,5 -0,5 0,5 0,5 -0,5 0 -0,5 0 3 Variáveis B 0 0 0,866 0,289 0 -0,866 -0,289 -0,866 -0,289 0,866 0,577 0,289 -0,577 C 0 0 0 0,817 0 0 -0,817 0 -0,817 0 -0,817 0,817 0,817 A 0 1 0,5 0,5 0,5 -1 -0,5 -0,5 -0,5 0,5 0,5 0,5 -0,5 0 0 -0,5 0 0 -0,5 0 0 4 Variáveis B C 0 0 0 0 0,866 0 0,289 0,817 0,289 0,204 0 0 -0,866 0 -0,289 -0,817 -0,289 -0,204 -0,866 0 -0,289 -0,817 -0,289 -0,204 0,866 0 0,577 -0,817 0,577 -0,204 0,289 0,817 -0,577 0,817 0 0,613 0,289 0,204 -0,577 0,204 0 -0,613 D 0 0 0 0 0,791 0 0 0 -0,791 0 0 -0,791 0 0 -0,791 0 0 -0,791 0,791 0,791 0,791 Fonte: FERREIRA et al., 2004. O número de variáveis adotadas, nos dará a matriz de Doehlert, vale destacar que as variáveis serão apenas as que representam os pontos mais significativos, obtidos no diagrama de Pareto. Neste caso, serão feitos 21 ensaios para se obter o valor da grandeza de interesse e otimizar os valores de A, B, C e D para obter o melhor valor da grandeza. Em outros experimentos podemos adotar um número de variáveis diferente ou seja pode ser feito para mais ou menos fatores, sendo adotada outra matriz de Doehlert. O uso da planejamento em Física bem como em outras áreas é fundamental para uma visão mais detalhada das variáveis que realmente podem afetar o experimento realizado, o método é bem prático e simples, nos possibilitando uma compreensão do que ocorre no experimento. Neste trabalho investigamos o método de planejamento fracionário na determinação da gravidade local utilizando a experiência do pêndulo simples, prosseguindo os procedimentos 10 baseados à roteiros clássicos, realização dos experimentos onde foi possível obter uma análise estatística dos resultados esperados. 2 . JUS TIFIC ATIVA As universidades e algumas escolas possuem laboratórios para aulas práticas, onde é realizado experimentos que visam entender a relação entre o contexto teórico e prático, levar ferramentas que possibilita o professor a desenvolver a aprendizagem de seus alunos. As experiências realizadas no ambiente escolar podem ter influências tanto do meio interno quanto externo, isto pode variar drasticamente com o uso inadequado de instrumentos e/ou metodologias, levando a prática ao fracasso. A análise cautelosa feita na otimização pode fornecer resultados experimentais bem mais coerentes com os dados da literatura, assim como demonstrar aos alunos os cálculos dos principais efeitos envolvidos e sua influência sobre o resultado final, eliminando–se interpretações errôneas das incertezas associadas. Com isso podemos mostrar que a prática pode ser precisa, dentro dos limites do experimento. 3 . OBJE TIV OS Demonstrar o uso do planejamento fatorial no desenvolvimento da prática de medição da gravidade local com o pêndulo simples e, com isso, possibilitar ao professor uma ferramenta fundamental para verificar seus conceitos experimentais bem como as influências das variáveis envolvidas que podem ou não trazer resultados significativos. 3.1. Objetivos específicos 1. Desenvolver estudo das variáveis experimentais a serem realizadas e fazer o planejamento do experimento para, em seguida, fazer a otimização; 2. Construir o diagrama de Pareto e identificar a importância de cada grandeza física no experimento; 3. Utilizar a matriz de Doehlert, construir superfícies de resposta e otimizar as variáveis envolvidas. 11 4 . METODOLOGI A 4.1. Desenvolvimento da pesquisa e de análise dos dados. Neste trabalho foi realizado o experimento para obtenção da aceleração gravitacional local (g). Esta pratica é altamente utilizada em salas de aula e nos laboratórios de Física, por se tratar de um tema muito importante em nosso entendimento de ciências [18]. Figura 4 -Diagrama esquemático do pêndulo simples mostrando os valores máximos e mínimos para as variáveis envolvidas. Para o desenvolvimento do experimento, foram identificadas as principais variáveis que podem influenciar na medição do valor da gravidade local, tais como: θ – o ângulo, a partir do equilíbrio, que o pêndulo será solto para iniciar o movimento de oscilação; M – a massa da esfera presa na ponta do fio; O experimento foi desenvolvido a partir do planejamento fracionário da gravidade local, trabalhando com as seguintes variáveis: ângulo (θ), massa (M) das esferas, comprimento do fio (L), número de oscilação (Nº) e o diâmetro das esferas (D); esquematicamente representados conforme a Figura 4. 12 O pêndulo simples pode ser construído com materiais acessíveis e de baixo custo, neste caso empregamos os seguintes materiais: fio de náilon, transferidor, massas diferentes e com diâmetros diferentes, um garra fixa ao teto e cronômetro. Para que se possa chegar nos termos representativos da equação do período T, neste experimento, devemos descrever uma série de funções envolvendo alguns conceitos de cálculo para se obter à mesma. Keith R. Symon em sua obra: Mecânica de 1982 [25] faz um tratamento minucioso para o movimento pendular, levando em consideração os principais efeitos desenvolvidos e as equações do movimento pendular. O momento de inércia no eixo z representamos aqui por (Iz) da figura 4, é dado pela equação: Iz = ml 2 (4) Onde m representa a massa e l o comprimento do fio, o torque de oscilação (τz) considerando que o ângulo de oscilação diminui é dado por: (5) τ z = −mgl sen θ Substituindo (5) na equação do movimento de rotação de um corpo rígido d L = Izα = τ z dt (6) g l (7) Temos: α = − sen θ Onde α indica a aceleração angular, a equação (7) não é fácil de ser resolvida, porém para pequenas oscilações do pêndulo ou seja ߠ≪ߨ/2 a equação pode ser reescrita como: (8) Também escrita na forma diferencial ordinária por: d 2θ g + sen θ = 0 dt 2 l (9) A energia total do sistema é: E= 1 2 2 ml ω − mgl (1 − cos θ ) 2 (10) 13 Podemos analisar o gráfico 1 da energia potencial onde é notável que para valores –mgl < E <mgl o movimento é oscilatório logo harmônico simples para E ligeiramente maior que –mgl. Figura 5- Representação esquemática da energia potencial para um pêndulo simples. (Fonte: Keith R. Symon [24]) Para E > mgl, o pêndulo tem energia suficiente para girar em torno de um círculo completo. Neste caso, é claro que a massa deve estar presa a uma haste rígida em vez de um fio, a menos que θ seja muito grande. No ponto 0 este movimento é ainda periódico, pois o pêndulo realiza uma revolução completa cada vez que θ aumenta ou diminui de 2π. A partir da equação 10 pode–se isolar o valor da velocidade angular ω, e por conveniência tomar como referência o ângulo invertido, isto é, o valor 1 − cos θ ⇒ cos α , sendo agora o valor máximo de energia potencial com θ = 0 (ou na posição θmax). Isolando ω na equação 10: 1 2g E 2 ω= + cos α l mgl Mas T = 2π ω (11) para um ciclo completo com ω constante. Para ω dependente de α,tem–se: dα dT = ω θ max T =4 ∫ 0 dα ω =4 1 2 l g θ max ∫ 0 (12) dα ( E mgl + cos α ) 1 2 Onde θmax é o ângulo de oscilação máximo. O termo 4 é introduzido pois a integral é calculada sob ¼ de ciclo. Quando o movimento é oscilatório (E<mgl), o valor máximo de E 14 em termos de α, é para a energia cinética igual a zero e energia potencial máxima. Tomando este ângulo como sendo k: E = −mgl (1 − cos θ max ) = −mgl cos k 1 T =4 2 l g θ max dα ∫ ( cos α − cos k ) 0 1 2 (13) (14) Esta equação pode ser resolvida em termos das integrais elípticas, na forma: T =4 l k π F sen , g 2 2 (15) Sendo F(b,α ) é a função elíptica de Legendre do primeiro tipo definida como: θ max F ( b, α ) = ∫ 0 Onde b= sen dα 1 − b2 sen 2 α (16) k A solução desta integral leva ao valor de T na forma: 2 T= 2 2 2 θ l 1 3 15 2 θ max 4 θ max + sen + sen 6 max + ... 1 + sen g 2 2 8 2 48 2 (17) Resolvendo a equação(17), podemos obter a exatidão para os termos da série no caso aqui calculado para o ângulo de 10º e 40º sendo obtido a exatidão para o período com o ângulo de, 10º de 1,00, para o ângulo de 40º a exatidão é 1,03; a medida que θ cresce a exatidão tende a infinito ou seja para ângulo 180º, período T é infinito, pois o pêndulo se encontra em repouso. 4.2. Desenvolvimento experimental. A influência dos fatores no sistema experimental, foi investigada por meio de um planejamento fatorial fracionário 25-1, composto de 16 ensaios, considerando o número de fatores pertinentes ao experimento nos fornecendo em duplicata 32 experimentos. Os níveis de máximo e mínimo para os fatores de estudo estão dispostos na Tabela 2. 15 Tabela 2- Níveis dos fatores no planejamento fracionário 25-1 e seus respectivos níveis de máximo e mínimo. Sigla Variáveis Θ Ângulo (graus) M Níveis Mínimo(-) Máximo(+) 10 40 Massa (g) 44,07 106,92 L Comprimento (cm) 0,50 2,35 N Número de oscilações 10 50 D Diâmetro (cm) 5,5 9,7 Os critérios de escolha para os ângulos de 10º e 40º, são geralmente utilizados em laboratório e as massas diferentes com as demais variáveis nos permite uma boa comparação nos resultados entres os valores de máximo(+) e mínimo(-) para obter g. A prática foi desenvolvida no Laboratório de Física 1, da Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL), com o intuito de analisar os fenômenos que ocorrem em um experimento da aceleração da gravidade através do pêndulo simples, onde todo o ambiente da sala estava fechado como portas e janelas, para evitar influências do meio externo. Para confecção do pêndulo simples foi seguido os valores de máximo e mínimo conforme consta a tabela 2. Utilizou-se bolas de isopor de diâmetros diferentes, sendo amarrado ao fio de nylon com os respectivos comprimentos no suporte do teto, a princípio o pêndulo está pronto. Com o auxílio de um transferidor foi possível demarcar o ângulo que se desejava, e com isso fazer a contagem das oscilações através do cronômetro obtendo o período (T). Para dar continuidade no experimento, utilizou-se os dados da Tabela 3 como base, onde cada ensaio foi realizado aleatoriamente, assim podemos evitar erros sistemáticos, ressaltando, que é importante observar as diferentes variáveis, que alternam no decorrer de cada ensaio, pois os valores tabelados de máximo e mínimo variam. 16 Tabela 3 - Ensaios realizados para o no planejamento fracionário 25-1. Ensaios Θ (graus) M(g) L(m) Nº D(m) 1 10- 44,07- 0,5- 10- 9,7+ 2 40+ 44,07- 0,5- 10- 5,5- 3 10- 106,92+ 0,5- 10- 5,5- 4 40+ 106,92+ 0,5- 10- 9,7+ 5 10- 44,07- 2,35+ 10- 5,5- 6 40+ 44,07- 2,35+ 10- 9,7+ 7 10- 106,92+ 2,35+ 10- 9,7+ 8 40+ 106,92+ 2,35+ 10- 5,5- 9 10- 44,07- 0,5- 50+ 5,5- 10 40+ 44,07- 0,5- 50+ 9,7+ 11 10- 106,92+ 0,5- 50+ 9,7+ 12 40+ 106,92+ 0,5- 50+ 5,5- 13 10- 44,07- 2,35+ 50+ 9,7+ 14 40+ 44,07- 2,35+ 50+ 5,5- 15 10- 106,92+ 2,35+ 50+ 5,5- 16 40+ 106,92+ 2,35+ 50+ 9,7+ A aceleração da gravidade foi medida com grande cautela no Departamento de Física, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), na cidade de Belo Horizonte MG, com altitude média de 858 m obtendo gravidade (g) = 9,7838163±4x10-7 m/s²; este padrão é apropriado quando comparado ao valor de (g) da cidade de Alfenas-MG, por possuir uma altitude média de 881 m[21]. O estudo em questão foi trabalhado, com valores obtidos da gravidade(g) por meio da concordância(C), que pode ser calculada pela equação (18), onde os valores mais próximos de 1, estão mais coerentes com o valor dado na literatura. C = 1− g medido − g literatura g literatura (18) Utilizou-se a concordância, já que o objetivo experimental é determinar uma superfície de resposta que possua um máximo (ou mínimo) em relação as variáveis analisadas. Desta 17 forma a concordância sempre possuirá um máximo, que é o valor concordância exata entre o valor máximo e o valor da literatura. 5 . RE SULTADO S Após a realização dos ensaios obtemos os períodos T1 e T2, e com isso os valores da gravidade representada por G1 e G2, para um melhor entendimento dos valores obtidos, fizemos a concordância C1 e C2, a partir do valor literário da UFMG, obtendo os dados conforme a Tabela 4. Tabela 4 - Valores dos períodos (T1 e T2), gravidade (G1 e G2) e a concordância (C1 e C2) obtidos nos Ensaios. T1 1,4685 1,514 1,43 1,5485 3,1085 3,29 3,0615 3,141 1,4614 1,5391 1,5637 1,4559 3,1617 3,2244 3,0705 3,1924 T2 1,477 1,507 1,427 1,5595 3,1495 3,2805 3,072 3,149 1,4605 1,5386 1,5644 1,4532 3,1628 3,2245 3,0717 3,1896 G1 9,153387 8,611484 9,652897 8,232037 9,601207 8,571085 9,898265 9,403548 9,242544 8,332898 8,072775 9,312508 9,280819 8,923388 9,840324 9,103177 G2 9,048337 8,69167 9,693526 8,116317 9,352859 8,620799 9,830717 9,355829 9,253939 8,338315 8,065553 9,347145 9,274364 8,922834 9,832637 9,119167 C1 0,935451 0,88007 0,986499 0,841291 0,981217 0,875941 0,988425 0,961017 0,944563 0,851599 0,825015 0,951713 0,948474 0,911946 0,994346 0,93032 C2 0,924715 0,888265 0,990652 0,829465 0,955836 0,881022 0,995328 0,95614 0,945727 0,852153 0,824277 0,955252 0,947814 0,911889 0,995132 0,931954 Logo em seguida obtivemos a figura 6, através do programa computacional STATISTICA versão 7, onde podemos visualizar os fatores apresentadas por meio do diagrama de Pareto, para o modelo quadrático. 18 Diâmetro 24.9423 Ângulo -22.7098 Comprimento 21.70424 15.57393 Ângulo x Oscilações Comprimento x Diâmetro -14.794 12.73727 Massa x Diâmetro 10.14734 Massa x Comprimento 9.3141 Ângulo x Massa Massa 9.038879 Oscilações x Diâmetro 4.537891 Oscilações -4.49858 Massa x Oscilações -3.99478 Comprimento x Oscilações 3.108157 Ângulo x Comprimento -2.98016 Ângulo x Diâmetro .5450954 p=.05 Figura 6- Pareto das interações das variáveis para o valor da aceleração da gravidade. Seguindo as barras horizontais de cima para baixo, o resultado nos mostra os valores positivos da figura, que representa o aumento do valor da gravidade, e os valores negativos o inverso ou seja diminuem o valor de (g). O diâmetro da esfera foi o mais significativo, logo, sendo o fator mais importante do experimento, posteriormente o ângulo, que foi descrito na equação (17), da secção 4.1, o valor negativo da barra está coerente com a equação pois ângulos menores nos dará um valor de g mais significativo. Continuando temos o comprimento positivo, que também foi descrito na equação (17), e esta coerente pois valores muito pequenos fornecem resultados menos plausíveis. A massa da esfera deve ser aumentada com um percentual menor, mas cabe ressaltar que foi significativa, na equação geral do período não empregamos a variável massa mas como foi significativa cabe fazer a otimização desta variável. O número de oscilações foi o menos significativo das variáveis envolvidas no estudo, e seu resultado sendo negativo com uma taxa muito baixa, podemos fixar um número de oscilação em torno de 10, para o processo seguinte da otimização. 5.1. Otimização das variáveis – quatro fatores. De posse do Pareto podemos fazer a otimização das variáveis mais influentes, considerando que o diâmetro D, o comprimento L, o ângulo T e a massa, foram mais significativos, realizou-se a otimização destes fatores por meio de planejamento Doehlert e assim obtendo o valor da concordância (C). 19 Tabela 5 – Valores atribuídos na matriz de Doehlert para os 4 fatores mais influentes de acordo com a figura 6 e resposta (C). Valores mínimos e máximos sublinhados. Ensaios 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 D(cm) 15 25 20 20 20 5 10 10 10 20 20 20 10 15 15 10 15 15 10 15 15 T 20 20 35 25 25 20 5 15 15 5 15 15 35 30 30 25 10 20 25 10 20 L(m) 2,35 2,35 2,35 2,5 2,1 2,35 2,35 2,2 2 2,35 2,2 2 2,35 2,2 2 2,5 2,5 2,4 2,1 2,1 2,15 M(g) 158,06 158,06 158,06 158,06 209,67 158,06 158,06 158,06 106,92 158,06 158,06 106,92 158,06 158,06 106,92 158,06 158,06 106,92 209,67 209,67 209,67 C 0,998044 0,993812 0,960919 0,986441 0,981756 0,995449 0,97923 0,99404 0,983668 0,99871 0,997042 0,995034 0,959078 0,975027 0,966325 0,986441 0,999055 0,984492 0,977099 0,99926 0,985583 Com o objetivo de encontrar a região ótima do experimento ou seja a máxima ou mínima dentro do domínio experimental, através da matriz de Doehlert podemos construir as superfícies de respostas, as figuras abaixo representam todas as possíveis interações entre as variáveis de estudo. Desenvolvemos as superfícies por meio da concordância dos resultados da gravidade em busca de melhores interpretações do experimento. Na Figura 7, esta representada a interação dos fatores ângulo e comprimento em relação à resposta, concordância. De acordo com a figura os valores de ótimo obtidos foram aproximadaemente de 9º e 2,4 m para ângulo e comprimento, respectivamente de acordo com o máximo da concordância obtido na figura, isto é, a região representada pela cor vinho. Esta cor representa o dominio entre os pontos mais indicados para se obter o valor mais significativo da gravidade, porém as demais regiões afastão da concordância. 20 Figura 7- Curvas de nível da superfície da resposta, representando os valores de concordâcia em função do ângulo e o comprimento. Na Figura 8 é mostrada a dependência da concordância em função da massa e do ângulo. Pode–se observar que o valor máximo da superfície encontram–se próximos a uma massa de 180 g e um ângulo em torno de 13º. 21 Figura 8 – Curvas de nível da superfície da resposta para a concordância em função do ângulo e da massa. Na Figura 9 é mostrada a dependência da concordância em função da massa e do comprimento do fio. Nesta figura, observa–se claramente, que as curvas permanecem com o valor máximo da concordância com uma massa de 190 g, semelhante à mostrada na figura 8, e o comprimento de 2,5 m, semelhante à figura 7. 22 Figura 9 – Curvas de nível da superfície da resposta para a concordância em função do comprimento e da massa. Na Figura 10 é mostrada a concondância em função do ângulo e do diâmetro. O diâmetro está próximo de de 35 cm. Percebe-se que o ângulo continua aproximado. 23 Figura 10 - Curvas de nível da superfície da resposta para a concordância em função do diâmetro e ângulo. Na Figura 11 é mostrada a concondância em função do diâmetro e do comprimento. Obtemos valores de 1,9 m para o comprimento e diâmetro de 28 cm, para o máximo da concordância. 24 Figura 11 - Curvas de nível da superfície de resposta para a concordância em função comprimento do fio e o diâmetro. Na Figura 12 é mostrada a concordância em função da massa e do diâmetro. Podemos notar que os valores ótimos para esta função são de massa equivalente a 170 g e diâmetro 23 cm. 25 Figura 12- Curvas de nível da superfície de resposta para a concordância em função do diâmetro e a massa. Tendo os dados do ótimo experimental, foi realizado todas as possíveis funções de interaçãos das váriaveis estudadas para a matriz de Doehlert. A partir das figuras obtivemos os valores ótimos para a concordância em função de cada par de variáveis. Pode-se inferir a partir dos resultados obtidosdas das superfícies de resposta que a massa permaneceu com um valor dentro do domínio experimental em todas as figuras de interação, no entanto, os demais fatores ficaram com uma aproximação mais defasada, mas dentro do domíno experimental da região otima. Com isto, foram feitas possíveis combinações entre os fatores e as respostas gráficas obtendo as respostas finais otimizadas para os valores da tabela 6, com a respectiva concordância de resposta. 26 Tabela 6 – Valores obtidos da gravidade a partir dos dados fornecidos pelos gráficos de superfície e resposta. Ensaios 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 D(cm) 25 25 25 25 35 35 35 35 40 40 40 40 T 9 13 13 9 9 13 13 9 9 13 13 9 L(m) 1,9 2,5 1,9 2,5 1,9 2,5 1,9 2,5 1,9 2,5 1,9 2,5 M(g) 172,35 172,35 172,35 172,35 172,35 172,35 172,35 172,35 172,35 172,35 172,35 172,35 Nº 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 10 G 9,800609 9,741517 9,744157 9,79067 9,829104 9,744576 9,747665 9,744663 9,789969 9,708057 9,758212 9,79067 C 0,99819 0,995677 0,995946 0,999299 0,995371 0,995989 0,996305 0,995998 0,999277 0,992257 0,997383 0,999299 Com os valores dos fatores da Tabela acima obteve–se o valor da concordância com o valor da literatura. Os valores de concordância destacados em negrito, tem uma concordância muito próxima a 100%. Todos os valores são para ângulos em torno de 9º, demonstrando que o senso comum dos docentes, em laboratório, que os melhores valores para g pode ser obtido para valores de ângulo em torno de 10º, embora pelas figuras de resposta 7, 8 e 10, os valores de ângulo em até 20º forneceriam valores com 98% de concordância. Podemos ainda perceber que os valores do diâmetro entre 25 e 40 cm estão no extremo superior dos valores considerados para as superfícies de resposta (entre 5 e 25 cm) e fornecem valores ótimos para a concordância. Em experimentos futuros é necessário deslocar os experimentos para valores maiores dos diâmetros e assim estabelecer uma relação melhor entre este parâmetro e a obtenção do valor de g e com sorte, estabelecer uma relação com a força de arrasto e até uma forma do professor estudar com seus alunos o efeito desta sobre o experimento. 5.2. Comparação método experimental clássico x planejamento. O experimento otimizado nos fornecem dados mais precisos, nos levando a resultados significativos e as variáveis mais pertinentes para serem usadas, assim coincidirem com o que se espera do valor dado na literatura. É importante salientar que na maneira clássica experimental é menos trabalhosa, porém um dos principais fatores negativos são os resultados com pouca arguição a ser discutida. O máximo que o professor faz é a propagação de erros 27 para o valor do período, em função do comprimento do fio, e atribuir um erro experimental a fatores como “resistência do ar”, “imprecisão na medição do tempo”, “ângulo de oscilação muito grande”, entre outros. 6 . CONCLUS ÃO Neste trabalho examinamos a interação entre as variaveis presentes no experimento do pêndulo e os efeitos destas sobre a grandeza de resposta. Observamos que o processo de planejamento e otimização é significativo. Os resultados encontrados nos levam a concluir que a física experimental pode ser explorada de forma diferente pelo professor e discutir com os alunos os efeitos de fatores que normalmente são aproximados, desprezados ou até ignorados pelo professor, que os atribui a um único pacote como “erros experimentais inerentes ao experimento”. Ainda podemos destacar as concepções errôneas constantemente abordadas pelos professores, em um dado experimento, onde é desprezado alguns fatores, porém cabe ressaltar que a física em geral estuda a natureza e suas influências em nosso meio. Não seria apropriado desprezar uma dada variável sem ao menos conhecer estatisticamente, seu papel no experimento. 28 7 . RE FERÊ NCI AS BIBLIOGRÁFIC AS [1] BARROS NETO, BENICIO. Planejamento e Otimização de Experimentos. CampinasSP, 2º ed. 1996 278p [2] PIRES, ANTONIO S.T. Evolução das ideias da Física. 2º Edição – São Paulo: Editora Livraria da Física, 2011. [3] EIRAS, S. P.; COSCIONE, A. 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