08-04-2015 | Imobiliário
Tiragem: 36211
Pág: 2
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Semanal
Área: 13,61 x 24,95 cm²
Âmbito: Informação Geral
Corte: 1 de 1
O que não quero
ignorar pelos sinais
que revelam
Luís Lima
H
á mais de um ano,
mais
precisamente
em finais de Fevereiro
de 2014, este jornal
revelava que alegados abusos em matéria de comissões cobradas em imóveis transacionados a estrangeiros estavam
a preocupar algumas instituições, entre as quais a Associação
dos Profissionais e Empresas de
Mediação Imobiliária de Portugal
(APEMIP) a que presido, e que a
necessidade de uma transparência
exemplar nesta matéria justificava
uma convergência de esforços a
envolver inclusivamente autoridades estrangeiras.
As situações mais sensíveis estavam focadas em cidadãos chineses,
razão mais do que suficiente para
que o tema fosse levantado durante
o Portugal-China Property & Investment Road Show 2014, um evento
que então estava a ser preparado
para decorrer, como decorreu, em
Xangai, entre 14 e 17 de Março desse
ano, e que contava, como contou,
com a minha presença, na dupla
qualidade de presidente da APEMIP e de presidente da Comissão
de Estratégia do Salão Imobiliário
de Portugal (SIL).
A notícia revelava que existiriam
queixas “em relação à intermediação de negócios realizados por grandes escritórios de advogados”, referia como eventual foco do problema
algumas “agências de emigração”
e, tendo-me questionado sobre tais
alegados abusos na venda de imóveis a investidores estrangeiros, citava-me referindo a minha posição
“contra a especulação de preços e
de comissões”. Disse também que o
imobiliário português devia promover-se transmitindo as suas melhores características e a transparência
e segurança do mercado.
Mais tarde, numa das minhas
reflexões sobre esta matéria, classifiquei a súbita inflação do preço
de alguns imóveis para valores que
chegam a duplicar aqueles que são
os justos e que já foram praticados,
para alegadamente aproveitar o
desconhecimento de alguns clientes estrangeiros, classifiquei essa inflação como indigna e condenável,
manifestando a minha convicção
de que tais práticas não envolvem
empresas imobiliárias, cujas comissões são, em regra, adequadas
e pequenas.
No que me diz respeito, são temas
que abordo sempre com muito cuidado, pelo melindre que envolvem,
o que explica a surpresa que tive ao
ler recentemente uma breve transcrição de um breve diálogo telefónico que terei mantido com o então
presidente do Instituto dos Registos
e do Notariado. Essa escuta da conversa verbal soa de forma muito estranha quando traduzida para uma
linguagem escrita, além de provocar uma sensação desagradável que
julgo possa andar próxima da que
também sentem, no plano de violação de intimidade, aqueles cujas
casas são assaltadas.
Não sei, embora admita que possa
ter dito, se disse o que li como tendo
sido um diálogo meu. Mesmo conferindo que nada do que terá sido
escutado, e foi citado, desmente as
posições que tenho assumido sobre
esta matéria, mesmo descontando
a falta de rigor no que toca à possibilidade de ser a APEMIP a custear
ao então presidente do IRN uma viagem a Xangai (o que não seria ilícito
mas nunca esteve em equação), ler,
em letra de forma, a citação de um
diálogo em que fui escutado é algo
que não posso deixar em claro, pelos sinais que revelam da sociedade
em que vivemos.
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e
do Imobiliário de Língua Oficial
Portuguesa
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O que não quero ignorar pelos sinais que revelam