INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE FUNORTE/SOEBRÁS AGENTES CIMENTANTES EM PRÓTESE FIXA DJÚLIE FIGUEREDO MÜLLER Monografia apresentada ao programa de Especialização em Prótese Dentária do ICS – FUNORTE/SOEBRAS NÚCLEO FLORIANÓPOLIS, como parte dos requisitos para obtenção do título de Especialista. Florianópolis, 2009 INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE FUNORTE/SOEBRÁS AGENTES CIMENTANTES EM PRÓTESE FIXA DJÚLIE FIGUEREDO MÜLLER Monografia apresentada ao programa de Especialização em Prótese Dentária do ICS – FUNORTE/SOEBRAS NÚCLEO FLORIANÓPOLIS, como parte dos requisitos para obtenção do título de Especialista. ORIENTADOR: Prof. Sílvio Teodoro de Carvalho Florianópolis, 2009 UM PENSAMENTO Nossos maiores esforços sempre serão transformados em nossas maiores conquistas. DEDICATÓRIA À minha querida madrinha Neide de Figueredo, minha segunda mãe, que me acolhe em todos os momentos. AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pelo dom da vida e por tantos privilégios... Agradeço aos meus pais por serem meus e por fazerem tanto por mim... Agradeço ao meu marido pelo amor, amizade e compreensão que tornam nossa vida tão maravilhosa... Agradeço ao meu irmão pelo companheirismo... Agradeço aos meus parentes e amigos por existirem e fazerem parte de minha vida... Agradeço aos professores por terem sido, além de mestres, amigos... Agradeço aos funcionários pela colaboração... Agradeço aos pacientes pela confiança... Agradeço aos colegas por terem feito de nós uma turma de profissionais que se tornaram grandes amigos, daqueles que “guardaremos do lado esquerdo do peito, debaixo de sete chaves”... SUMÁRIO RESUMO ABSTRACT 1 INTRODUÇÃO 01 2 PROPOSIÇÃO 03 3 RETROSPECTIVA DA LITERATURA 04 3.1. Cimento de Fosfato de Zinco 08 3.2. Cimento de Policarboxilato de Zinco 10 3.3. Cimento de Ionômero de Vidro 12 3.4. Cimento de Ionômero de Vidro modificado por Resina 17 3.5. Cimentos Resinosos 19 3.6. Resina modificada por poliácidos (Compômeros) 36 4 DISCUSSÃO 50 5 CONCLUSÃO 65 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 66 RESUMO A autora realizou uma revisão de literatura na qual descreveu que os agentes cimentantes ou cimentos odontológicos são os materiais responsáveis pela união do material restaurador indireto e a estrutura dental devidamente preparada para recebê-lo. A escolha adequada desses agentes é fundamental para a longevidade das próteses, pois os diversos materiais apresentam características próprias e comportamentos clínicos distintos. O agente cimentante ideal deve apresentar alta resistência à compressão, tração e cisalhamento, adesividade, tanto à estrutura dental quanto à restauração, resistência à microinfiltração, apresentando selamento marginal adequado, biocompatibilidade, ação cariostática, ser bactericida, apresentar baixa solubilidade ou insolubilidade aos fluidos bucais, resistência a fraturas, radiopacidade, variedade e estabilidade de cor, facilidade de manipulação, técnica simples, tempo de trabalho prolongado e presa rápida na boca, não interferir na estética, baixa viscosidade e espessura mínima de película (SIQUEIRA et al., 2005). De acordo com Bottino et al., em 2002, encontramos atualmente seis tipos de agentes cimentantes para cimentação final comercialmente disponíveis: cimento de fosfato de zinco, cimento de carboxilato de zinco, cimento de ionômero de vidro, cimento de ionômero de vidro modificado por resina (híbrido), cimento resinoso e cimento de resina modificado por poliácido (compômero). Os cimentos odontológicos, quando utilizados de maneira correta, conforme suas indicações potencializam a qualidade de todo o trabalho protético, visto que haverá uma estabilidade e maior durabilidade do referido trabalho. ABSTRACT The author conducted a literature revision in which described that the odontological cements are the responsible materials for the union of the indirect filling material and the dental properly prepared structure to receives him. The adequate choice of these agents is fundamental for the prosthesises longevity, because the several materials present own characteristics and distinct clinical behaviors. The ideal odontological cements should present high resistance to the compression, traction and cisalhamento, adhesiveness, so much to the dental structure regarding the restoration, resistance to the microleakage, presenting selamento adequate marginal, biocompatibility, action cariostática, be bactericide, present low solubility or insolubility to the buccal fluid, resistance the fractures, radiopacidade, variety and stability by heart, manipulation easiness, simple technique, time of prolonged working and fast capture in the mouth, do not interfere in the aesthetics, low viscosity and minimum thickness of pellicle (Siqueira et Al., 2005). According to Bottino et Al., In 2002, find nowadays six kinds of agents cimentantes for final commercially available cementation: Zinc phosphate cement, zinc carboxilato cement, glass ionômero cement, glass ionômero cement modified by resin (hybrid), resinous cement and resin cement modified by poliácido (compômero). The odontological cements, when used of correct way, as her indications make potent the quality of the whole prosthetic work, since there will be a referred work stability and larger durability. 1. INTRODUÇÃO Geralmente particularmente negligenciada pelos protesistas, pelos a cirurgiões-dentistas, cimentação tem sido considerada, o verdadeiro “calcanhar de Aquiles” da prótese fixa. De nada adianta uma prótese ter sido adequadamente planejada com relação ao número e tipo de retentores, ter recebido coroas provisórias corretamente adaptadas, ter sido submetida a moldagens com materiais altamente precisos e reproduzida com gesso da melhor qualidade, ter sido fundida com metal precioso ou liga não nobre de excelente reprodução marginal e ser submetida à aplicação de porcelana altamente estética se, ao final do ato de cimentação, o paciente relatar que a prótese anteriormente ajustada e mantida cimentada provisoriamente por algum tempo, agora se encontra “alta” e impedindo a correta oclusão dos dentes (PEGORARO, et al., 1998). Talvez seja esta uma das constatações mais desconcertantes a que um cirurgião-dentista pode ser submetido na rotina da clínica odontológica. Não fica difícil para o paciente aceitar o ajuste oclusal como forma de remediar o problema. Fica difícil para o profissional propor a repetição da peça sem ônus para o paciente, já que esta, com freqüência torna-se “irremovível” com qualquer saca-prótese ou quantidade de pancadas. Além disso, é preciso se levar em consideração o custo para a repetição do trabalho, o tempo gasto para isso, o incômodo gerado para o paciente, o material de consumo (PEGORARO, et al., 1998). Por este motivo muitos profissionais contentam-se em ajustar a oclusão esquecendo-se que as próteses fixas apresentam duas áreas extremamente críticas para alcançar o objetivo principal de qualquer prótese que é o de ser capaz de manter saudáveis os dentes remanescentes e a saúde do tecido periodontal. A primeira dela, a oclusão, às vezes criteriosamente planejada e executada, é prejudicada pelo ajuste pós-cimentação, podendo comprometer os próprios dentes suportes e seus antagonistas; a segunda, o término cervical ou junção dente/cimento/material restaurador, tem seu desajuste aumentado pela espessura da película de cimento, propiciando a degradação marginal e solubilização deste material, inflamação gengival, retenção de placa bacteriana e recidiva de cárie, razão principal dos fracassos em prótese parcial fixa (PEGORARO et al., 1998). A longevidade é um dos aspectos mais importantes na seleção de materiais e de técnicas em prótese, podendo afetar diretamente a relação custo/beneficio do tratamento. O desenvolvimento tecnológico tem possibilitado a introdução de materiais dentários numa escala crescente. Frente a múltiplas opções de materiais e de procedimentos técnicos para restaurar um dente, o cirurgião-dentista freqüentemente se depara com um dilema: utilizar materiais tradicionais ou novos? Pesam aí, certamente, os requisitos biológicos, mecânicos e estéticos de cada caso, o conhecimento e a experiência do profissional, além de bom senso clínico (SHINKKAI et al., 2000). Através de uma revisão de literatura, este trabalho tem como objetivo analisar os diversos cimentos odontológicos utilizados em próteses dentárias, conhecer as diferentes indicações de cada um e saber empregá-los individuais. de forma a potencializar suas qualidades 2. PROPOSIÇÃO Este trabalho propõe-se ampliar conhecimento a respeito dos agentes cimentantes utilizados em próteses dentárias, das indicações de cada cimento odontológico e do uso correto dos cimentos odontológicos de forma a potencializar suas qualidades individuais, apoiado em uma revisão da literatura. 3. RETROSPECTIVA DA LITERATURA A cimentação de uma restauração protética é o último passo após uma série de procedimentos como o preparo dental, a moldagem, a obtenção dos modelos e as etapas laboratoriais de confecção da restauração. O sucesso final dependerá da seleção e manipulação adequada do agente cimentante (MAIA et al., 2003). Os agentes cimentantes ou cimentos odontológicos são os materiais responsáveis pela união do material restaurador indireto e a estrutura dental devidamente preparada para recebê-lo. Há vários tipos de cimentos odontológicos sendo os mesmos temporários ou definitivos. A cimentação definitiva recebe esta denominação devido às características do agente cimentante utilizado. Freqüentemente, essa característica é repassada à prótese parcial fixa e o paciente guarda consigo a falsa imagem de que também a prótese é definitiva, até porque ele já usou uma provisória antes. Se os dentes estão totalmente cobertos como é que pode haver novas cáries? Nessa lógica singular, freqüentemente devido à omissão do profissional, o paciente surpreende-se quando, alguns anos depois, é informado, por exame clínico ou radiográfico, que precisa trocar sua prótese definitiva (PEGORARO et al., 1998). Os materiais restauradores necessitam de agentes cimentantes específicos, que podem ser os cimentos tradicionais (fosfato de zinco, ionômero de vidro) ou cimentos resinosos associados a sistemas adesivos. A escolha adequada desses agentes é fundamental para a longevidade das próteses, pois os diversos materiais apresentam comportamentos clínicos distintos. A associação errada entre material restaurador e agente cimentante resulta, muitas vezes, em fracasso clínico (BOTTINO et al., 2002). A escolha do agente cimentante adequado para o material restaurador a ser utilizado para uma determinada situação clínica deve basear-se cimentante. O nas características agente cimentante própria ideal de deve cada agente apresentar alta resistência à compressão, tração e cisalhamento, adesividade, tanto à estrutura dental quanto à restauração, biocompatibilidade, ação cariostática, baixa solubilidade aos fluidos bucais, tempo de trabalho prolongado e presa rápida na boca, não interferência na estética, baixa viscosidade e espessura mínima de película (SIQUEIRA et al., 2005). Na área dos agentes cimentantes existem necessidades reais ainda não preenchidas. Os cirurgiões-dentistas têm feito esforços exaustivos para reconstruir os elementos dentais com restaurações que apresentem uma linha de cimentação mínima ou nula, para que não ocorra exposição desta aos fluidos orais, o que limitaria a longevidade da restauração (BOTTINO et al., 2002). Os agentes cimentantes devem preencher a interface entre o dente preparado (suporte) e a restauração (retentor), evitando que esta seja preenchida por bactérias a conseqüentemente levando à degradação do suporte. Portanto, um agente cimentante ideal deveria ter características de resistência e ser insolúvel aos fluídos orais (BOTTINO et al., 2002). A integridade marginal da restauração cerâmica é consideravelmente influenciada pela espessura do cimento interposto entre esta e a estrutura dental e a resistência do agente de união (SIQUEIRA et al., 2005). As principais funções dos agentes cimentantes consistem em preencher as discrepâncias de adaptação e favorecer a retenção friccional (TAPETY et al., 2004). O conhecimento das propriedades físico-mecânicas do material de cimentação com que estamos trabalhando é de fundamental importância, uma vez que manipulações e aplicações incorretas podem resultar em grandes alterações das mesmas, comprometendo assim o desempenho clinico dos cimentos e, conseqüentemente, o desempenho clínico da restauração em longo prazo (MAIA et al., 2003). Os mecanismos de retenção de uma restauração sobre um dente preparado podem ser divididos em união mecânica, micromecânica e aderência molecular (BOTTINO et al., 2002). Podemos citar como união mecânica o cimento de fosfato de zinco que não apresenta aderência molecular, fixando a restauração por se introduzir em pequenas irregularidades da superfície do dente e da restauração. O preparo dental correto com paredes opostas aproximadamente paralelas, restauração o sem que cisalhamento impossibilitam das a projeções retirada de da cimento introduzidas na superfície preparada, torna-se um grande aliado quando da utilização de cimentos que atuam somente com retenção mecânica. Esta situação representa uma retenção mecânica típica. A força de retenção depende da resistência do cimento e resiste às forças aplicadas sobre uma prótese, que podem deslocá-la. Para algumas situações a retenção mecânica, apenas, é insuficiente; o incompleto umedecimento pode levar à formação de poros na superfície, que permitem a penetração de fluidos orais. Devido a tais deficiências, a união química como meio de retenção é o objetivo final. Teoricamente, a adesão química pode resistir à separação interfacial, melhorando, assim, a retenção (BOTTINO et al., 2002). Na união micromecânica podemos citar os cimentos resinosos que apresentam resistência à tensão variando entre 30 a 40 MPa (cinco vezes maior que a do cimento de fosfato de zinco) e que quando usados sobre uma superfície irregular (com depressões) podem criar uma ligação micromecânica eficaz. Esta superfície irregular necessária à ligação micromecânica pode ser produzida através do condicionamento ácido: sobre a superfície de esmalte com ácido fosfórico 37%, sobre a superfície cerâmica através de ácido fluorídrico e sobre metais através de tratamento eletrolítico ou jateamento com óxido de alumínio (BOTTINO et al., 2002). Na união por aderência molecular participam forças físicas (bipolares, Van der Waals) e químicas (iônicas covalentes) entre as moléculas de duas substâncias diferentes. Os cimentos de policarboxilato e ionoméricos possuem algumas qualidades adesivas. Neste caso a existência de paredes quase paralelas para que a restauração possa ser retida é fundamental. A aderência molecular não deve ser considerada um mecanismo de união independente, mas tão somente uma maneira de melhorar as retenções mecânicas e micromecânicas, bem como reduzir a infiltração (BOTTINO et al., 2002). Os cimentos odontológicos, quando utilizados de maneira correta, conforme suas indicações potencializam a qualidade de todo o trabalho protético, visto que haverá uma estabilidade e maior durabilidade do referido trabalho. A preocupação com o ato da cimentação e com os agentes cimentantes tem sido uma constante entre pesquisadores e clínicos ao longo dos anos, principalmente depois do aperfeiçoamento das técnicas de fundição por cera perdida no início do século e utilizada, predominantemente, até os nossos dias. Pertence a essa época a afirmação de que, se uma incrustação fosse adaptada precisamente à cavidade, não haveria espaço para o cimento (PEGORARO et al., 1998). A observação clínica de que coroas totais precisamente ajustadas apresentavam-se “altas” após a cimentação, chamou a atenção para o procedimento de cimentação, pois seria este o causador desta situação inconveniente, por não se conseguir eliminar totalmente o excesso de cimento, que fica em parte retido entre as paredes do preparo e a superfície interna da restauração (PEGORARO et al., 1998). A durabilidade clínica de uma restauração indireta não depende apenas da resistência intrínseca do material em questão, mas também da resistência da adesão entre o complexo envolvido: restauração, sistema de cimentação e substrato dentário. A qualidade do substrato e as propriedades mecânicas do material cimentante são também fatores importantes a serem considerados para o sucesso clínico das restaurações indiretas (TAPETY et al., 2004). Tapety et al., no ano de 2004, em um trabalho cujo objetivo foi, através de uma revisão de literatura, analisar quais procedimentos de fixação (tratamento de superfície, tipo de agente cimentante, associação adesivo/agente cimentante, etc.) são mais adequados para cada tipo de material restaurador (cerâmica ou resina indireta), concluíram que o efeito de fendas na superfície interna e vazios na cimentação provocam estresse interno, o que leva ao insucesso da restauração. Variações químicas do substrato dentário, alterações dimensionais de agentes cimentantes pela contração de polimerização e diferenças de expansão térmica entre materiais (cimento, restauração) e dente afetam o selamento e a durabilidade clínica. Pesquisas científicas revelam que a maioria das falhas clínicas em restaurações de cerâmica pura tem origem no cimento ou na superfície interna da restauração indireta. Nenhum funções do procedimento substrato restaurador dentário e, pode se equiparar inevitavelmente, às apresenta limitações. Porém, é possível minimizá-las com o conhecimento e a correta aplicação dos materiais, para que a associação agente cimentante/restauração seja feita de maneira adequada e segura (TAPETY et al., 2004). De acordo com Bottino et al., em 2002, encontramos atualmente seis tipos de agentes cimentantes para cimentação final comercialmente disponíveis: cimento de fosfato de zinco, cimento de carboxilato de zinco, cimento de ionômero de vidro, cimento de ionômero de vidro modificado por resina (híbrido), cimento resinoso e cimento de resina modificado por poliácido (compômero). 3.1. O Cimento de Fosfato de Zinco Cimento de Fosfato de Zinco tem sido utilizado na Odontologia por mais de 90 anos. É obtido através de uma reação ácido-base iniciada através da mistura do pó, composto por 90% de óxido de zinco e 10% de óxido de magnésio, com o líquido, que consiste, aproximadamente, de 67% de ácido fosfórico tamponado com alumínio e zinco. Os componentes do pó são sinterizados em temperaturas que variam entre 1000 e 1400ºC, de maneira a formar um bloco que posteriormente é desgastado até formar um pó fino. O tamanho das partículas do pó influencia a velocidade da presa. Geralmente, quanto menor for a partícula, mais rápida será a presa do cimento. O conteúdo da água do líquido (33%) é significante, pois controla a ionização do ácido e influi na velocidade da reação (ácidobase) do líquido-pó. Diante da importância da água para a reação, a composição do líquido deve ser preservada para assegurar uma reação consistente. Alterações na composição e na velocidade da reação podem ocorrer devido à autodegradação ou à evaporação da água do líquido. Isto significa que alterações na composição podem afetar a reação. Portanto, não é aconselhável fazer trocas entre marcas diferentes de pó e líquido, uma vez que podem existir diferenças significativas que prejudicarão a manipulação e as propriedades físicas do cimento resultante (BOTTINO, et al, 2002). Seu pH é de 3,5 no momento da cimentação e seu uso foi muito censurado por contribuir para a irritação pulpar. Alguns autores, porém, não encontraram esse efeito irritante (BOTTINO, et al, 2002). Sua técnica de manipulação é crítica e deve ser realizada em ambiente resfriado, sobre placa de vidro, utilizando-se uma área ampla da mesma. Deve-se incorporar pequenos incrementos de pó ao líquido por, aproximadamente, imediatamente em posição, um pois minuto sua e meio viscosidade e levado aumenta rapidamente com o tempo. O resfriamento da placa retarda a reação química entre o pó e o líquido. Desta maneira, a formação da matriz será retardada. Este procedimento permite a incorporação de uma quantidade ótima de pó ao líquido, sem que haja um aumento indevidamente alto da viscosidade. A cimentação da restauração deve ser realizada sob pressão constante por possuir um módulo de elasticidade acima de 13 GPa, permitindo seu uso em áreas de grande esforço mastigatório e em próteses parciais fixas extensas. (BOTTINO et al, 2002) O cimento de fosfato de zinco não apresenta adesão química a nenhum substrato, promovendo apenas retenção mecânica. Portanto a altura, forma e área do dente são fatores críticos para o seu sucesso. Uma vantagem deste cimento é a sua estabilidade estrutural em longo prazo (BOTTINO et al, 2002). Devido à alta solubilidade dos cimentos de fosfato de zinco em meio ácido, pacientes com problemas digestivos como azia, regurgitamento ou gastrite, com sinais clínicos de perimólise ou até paciente com hábitos de ingestão de bebidas ácidas (sucos de frutas cítricas, vinhos, etc.), deveriam receber cimentação das próteses fixas com cimentos ionoméricos (PEGORARO et al., 1998). Sua indicação é para cimentação de coroas e próteses parciais fixas metálicas, metalocerâmicas ou totalmente cerâmicas de alumina (In-Ceram Alumina, In-Ceram Zircônia, Procera All-Ceram e Empress 2) (BOTTINO et al, 2002). Bottino et al., em 2002, nos sugere algumas marcas comerciais de cimento de fosfato de zinco e as compara quanto à composição, resistência à compressão espessura de película: Lee Smith Zinc (Teledyne), composto por óxidos de zinco + magnésio (pó) e ácido ortofosfórico (líquido), apresentando uma resistência à compressão de 96,55 a 110,3 MPa e espessura de película de 25 um; Modem Tenacin (Caulk), composto por óxido de zinco + fosfato de alumínio (pó) e ácido ortofosfórico (líquido) , apresentando uma resistência à compressão de 77,5 a 89,0; De Trey Zinc Cement (DeTrey) , composto por óxido de zinco (pó) e ácido ortofosfórico (líquido); Shofu Zinc Phosphate (Shofu) , composto por óxido de zinco (pó) e ácido ortofosfórico + Fluoreto de Tanino (líquido) , apresentando uma resistência à compressão menor que 25 MPa. 3.2. Cimento de Policarboxilato de Zinco Este cimento, utilizado desde a década de 60 é proveniente de uma reação ácido-base, que ocorre quando o pó do óxido de zinco e do óxido de magnésio são rapidamente incorporados em solução viscosa de ácido poliacrílico. O líquido é uma solução aquosa de ácido poliacrílico ou de um copolímero do ácido acrílico com outros ácidos carboxílicos insaturados, como o ácido itacônico. O peso molecular dos poliácidos varia entre 30.000 e 50.000. A concentração do ácido pode variar de alguma forma entre os cimentos, mas ela se situa em torno de 40%. O pó contém principalmente óxido de zinco com algum óxido de magnésio. O pó pode conter também uma pequena quantidade de fluoreto estanhoso, que modifica o tempo de presa, melhorando as propriedades de manipulação. Ele é um componente importante, pois modifica a resistência (BOTTINO et al, 2002). O cimento de policarboxilato de zinco é um cimento adesivo às estruturas dentais através da reação de quelação entre os grupos carboxílicos livres do ácido ao cálcio das superfícies do esmalte e da dentina. Possuiu baixa resistência à compressão em relação ao fosfato de zinco, não estando indicado para cimentação de próteses parciais fixas em região com grandes esforços mastigatórios. Apresenta, entretanto, adequada biocompatibilidade com a polpa dental devido à sua rápida estabilização de pH e/ou por falta de penetração intratubular das grandes e pouco dissociadas moléculas do ácido poliacrílico (BOTTINO et al, 2002). Quando os cimentos de policarboxilato são manipulados com a relação pó/líquido recomendada, eles aparentam ser muito mais viçosos do que se verifica comparativamente com uma mistura de cimento de fosfato de zinco. Entretanto, a mistura de policarboxilato é classificada como pseudoplástica e vai ficando mais fluída com o aumento da velocidade de cisalhamento. Clinicamente, isso significa que a espatulação e o assentamento com uma ação vibratória reduzem a viscosidade do cimento e produzem uma espessura de 25um ou menos (BOTTINO et al, 2002). Está indicado para cimentação de coroas unitárias em dentes anteriores com perda de retenção e sensibilidade dental. São pouco utilizados para cimentações finais por apresentarem baixa resistência à compressão, discreto selamento marginal e baixa rigidez após a presa (BOTTINO et al, 2002). Bottino et al., em 2002, nos sugere algumas marcas comerciais de cimento de policarboxilato e as compara quanto à composição, resistência à compressão e espessura de película: Carboxylon (3M), composto por óxido de zinco (pó) e ácido poliacrílico (líquido), apresentando uma resistência à compressão de 56 MPa; Durelon (ESPE – Premier), composto por óxidos de zinco + estanho + fluoreto estanhoso (pó) e ácido poliacrílico a 40% (líquido) , apresentando uma resistência à compressão de 50,7 a 70,0 MPa, apresentando uma espessura de película de 13 a 21 um; Shofu Polycarboxilate (Shofu) , composto por óxido de zinco (pó) e ácido poliacrílico + Fluoreto de Tanino (líquido) , apresentando uma resistência à compressão de 55 a 69,4 MPa. 3.3. Cimento de Ionômero de Vidro É descendente do cimento de silicato e do cimento de policarboxilato de zinco, sendo introduzido como agente cimentante no início dos anos 70. É também conhecido como cimento polialcenoato de vidro, pois o líquido é uma solução aquosa do ácido polialcenóico. Provém de uma reação ácido-base entre partículas vítreas de fluorosilicato de alumínio e um líquido composto por copolímeros do ácido polialcenóico, incluindo os ácidos itacônico, maleico e tricarboxílico. Possui adesão às estruturas dentais pela formação de ligações iônicas na interface dente-cimento, como resultado da quelação dos grupos carboxila do ácido com os íons cálcio e/ou fosfato na apatita de esmalte e dentina. Apresenta resistência à compressão (90 a 230 MPa) superior ao cimento de fosfato de zinco (BOTTINO et al, 2002). Os cimentos ionoméricos possuem coeficiente de expansão e contração térmicas, próximos ao da estrutura dental, o que tende a reduzir a percolação marginal no término cervical, quando ocorrem alterações (sorvete), térmicas bucais, 60-65ºC (café, geralmente chá) e variáveis 80-90ºC entre 4 ºC (chimarrão) (PEGORARO et al., 1998). Pode-se destacar, dentre as excelentes propriedades dos cimentos de ionômero de vidro: a liberação de flúor, qualidade esta responsável pela atividade anticariogênica e cariostática, influindo não só nas paredes do dente que recebe a restauração como também nos adjacentes, colaborando assim para controlar a recidiva de cárie e podendo ser utilizado em situações de alta atividade cariogênica; a capacidade adesiva; o coeficiente de expansão térmica linear mais próximo aos das estruturas dentárias; a biocompatibilidade com a polpa (COELHO et al., 2003). Os cimentos de ionômero de vidro ocupam um importante lugar junto aos cimentos odontológicos por duas vantagens que são a capacidade de liberação de fluoretos e de adesão à estrutura dental, apesar de apresentar limitações referentes às propriedades mecânicas. Uma vez que as lesões cariosas secundárias são uma das causas de falhas das restaurações é muito interessante que um cimento odontológico seja capaz de inibir essas lesões (ROBSON et al., 2003). O flúor é um componente importante do pó dos cimentos ionoméricos, melhora as características de trabalho e aumenta a resistência do cimento, bem como sua liberação para o meio bucal confere propriedade anticariogênica ao material (BOTTINO et al, 2002). Os cimentos de ionômero de vidro e derivados são materiais capazes de absorver e liberar quantidades significativas de flúor, atuando na microbiota, inibindo a formação de cáries, interferindo no processo de des/remineralização do esmalte, mesmo em situações de alto risco de cárie. Os cimentos de ionômero de vidro e derivados, além de liberarem flúor para o esmalte e dentina, ao redor das restaurações, também o fazem para a placa dentária adjacente ao material, previnem a desmineralização em dentes adjacentes e promovem remineralização de cáries incipientes, inibindo a desmineralização do dente. A liberação de flúor decresce nas primeiras 24 horas, diminuindo gradativamente, até chegar a um nível quase constante (COELHO et al., 2003). Em função da importância do flúor no controle da cárie, pacientes que não têm acesso a esse benefício deveriam ter suas próteses fixadas com cimentos ionoméricos, que suprem a ausência de flúor da água (PEGORARO et al., 1998). Os cimentos ionoméricos desenvolvem atividade cariostática pela troca de flúor com o meio oral, aspecto importante quando se tratar de pacientes com alto risco à cárie ou cujas próteses tenham sido substituídas exatamente por este motivo. Cimentos de fosfato de zinco com flúor talvez sejam capazes de exercer a mesma função, sem prejuízo das demais (PEGORARO et al., 1998). Os cimentos ionoméricos atuais possuem a menor solubilidade entre os cimentos, com exceção dos cimentos resinosos, podendo ser considerados praticamente insolúveis no meio oral. (PEGORARO et al., 1998). Entretanto, um dos pontos críticos deste cimento é a sua elevada solubilidade e degradação marginal, se exposto à umidade e saliva durante o período de sua presa inicial. Assim sendo, durante esta fase, todos os esforços devem ser despendidos para manter o campo de trabalho seco. Essa solubilidade, todavia, permite a liberação do flúor, possibilitando uma ação cariostática do material. Seu sucesso clínico depende da rápida proteção oferecida contra a hidratação e desidratação. É enfraquecido pela exposição imediata à umidade, enquanto o ressecamento, por outro lado, produz gretas por contração no cimento recém polimerizado. Por isso, o cimento que fica junto às margens da coroa deve ser protegido por uma camada de vaselina ou verniz (BOTTINO et al, 2002). Estes materiais podem ser apresentados em forma de pólíquido ou acondicionados em cápsulas. O proporcionamento correto quando da apresentação pó-líquido é essencial para que a mistura final apresente propriedades ótimas. A pouca incorporação de pó resulta em uma mistura fluida, aumento da solubilidade e menor resistência à abrasão. Por outro lado, uma proporção exagerada de pó diminui o tempo de presa e de trabalho e ainda diminui a adesividade. Portanto o encapsulamento dos ionômeros é vantajoso oferecendo uma perfeita proporção pó-líquido. São comercializados em cápsulas, que após o rompimento da membrana separa o pó do líquido e ocorre manipulação mecânica, sendo que a própria cápsula se transforma em ponta para inserção na cavidade (BOTTINO et al, 2002). Tanto os cimentos ionoméricos quanto os de fosfato de zinco podem apresentar um resultado desagradável posterior à sua aplicação, que é a sensibilidade pós-cimentação. Isso ocorre, muito provavelmente, devido à ação irritante do ácido fosfórico, presente em ambos e pode ser agravada pela desidratação da dentina ou proteção inadequada com verniz, no caso do fosfato de zinco (PEGORARO et al., 1998). Devem-se tomar certas precauções para proteger a polpa quando da cimentação com os cimentos de ionômero de vidro. As preocupações biológicas são prioritárias em relação a outros aspectos como, por exemplo, o potencial de adesão para propiciar uma união mais forte com a estrutura dentária. A smear layer na superfície da cavidade preparada não deve ser removida, mas sim deixada intacta para agir como uma barreira à penetração dos componentes ácidos do cimento através dos túbulos dentinários. Todas as áreas profundas do preparo devem ser protegidas por uma fina camada de um cimento de hidróxido de cálcio (BOTTINO et al, 2002). Os cimentos ionoméricos são indicados para a cimentação de coroas e próteses parciais fixas como o In-Ceram Alumina, Spinell e Zircônio, Empress 2 e Procera (BOTTINO et al, 2002). Tapety et al., no ano de 2004, relataram as contra-indicações do cimento de ionômero de vidro para cimentação de restaurações em porcelana pura. Elas baseiam na expansão que estes cimentos sofrem e que podem levar à fratura da porcelana. Inlays cerâmicos cimentados com caracteriza-se cimento por pobre de fosfato qualidade de zinco ou ionomérico marginal, fraturas e baixa retenção. No entanto, encontraram uma resistência à fraturas semelhante em restaurações cerâmicas cimentadas com cimento de fosfato de zinco e resinoso, enquanto que o cimento de ionômero de vidro apresentou resultados inferiores. O cimento de ionômero de vidro é um material que vem ganhando cada vez mais espaço na Odontologia (COELHO et al., 2003). Quanto à composição, os cimentos de ionômero de vidro podem ser convencionais – de presa química, compostos por uma porção de pó de partículas vítreas e outra de líquido de ácidos polialcenóicos e de dupla presa. Nestes, parte do líquido do ácido polialcenóico é substituído por hidroxietil-metacrilato, atingindo uma proporção de 20%, minimizando a sensibilidade à ação da água durante a reação de presa e melhorando as propriedades mecânicas (COELHO et al., 2003). Bottino et al., em 2002, nos sugere algumas marcas comerciais de cimento de ionômero de vidro e as compara quanto à composição, resistência à compressão espessura de película e solubilidade em água: Fuji I (GC America), composto por fluoraluminossilicato vítreo (pó) e ácidos poliacrílico + tartárico +cítrico (líquido) , apresentando uma resistência à compressão de 175 a 225 MPa, apresentando uma espessura de película de 16um e uma solubilidade em água de 0,06%; Glassionomer fluoraluminossilicato vítreo TypeI (pó) (Shofu), e ácido composto poliacrílico por (líquido), apresentando uma resistência à compressão de 122 a 196 MPa, apresentando uma espessura de película menor que 25um e uma solubilidade em água de 0,30%; Ketac Cem (ESPE – Premier), composto por vidro como excipiente, sódio, cálcio, alumínio, lantano, fluorssilicato, copolímero de ácido acrílico + àcido maleico (pó) e ácido tartárico + água (líquido) , apresentando uma resistência à compressão de 162,1 MPa, apresentando uma espessura de película de 9,5 um; Ketac Cem Capsule (ESPE – Premier), composto por vidro como excipiente, sódio, cálcio, alumínio, lantano, fluorssilicato, copolímero de ácido acrílico + àcido maleico (pó) e ácido tartárico + água (líquido) , apresentando uma resistência à compressão de 96,8 a 124 MPa, apresentando uma espessura de película de 20 um; e uma solubilidade em água de 0,1%. 3.4. Cimento de Ionômero de Vidro modificado por Resina Na tentativa de melhorar ainda mais a resistência e estética dos cimentos de ionômero de vidro, foram desenvolvidas as resinas modificadas por poliácidos, que apresentam maior porcentagem de resina e, durante o processo de endurecimento, acredita-se que a fotopolimerização seja seguida de absorção de água, formando uniões com o material via reação ácido/base e liberação de fluoretos, chegando à proporção de 50%, entre partículas de resina e cimento de ionômero de vidro (COELHO et al., 2003). A reação ácido-base do cimento de ionômero de vidro é modificada com a presença de grupos metacrilato e por fotoiniciadores ou por radicais livres iniciadores de polimerização química de unidades de metacrilato, sendo denominados ionômeros de vidro híbridos ou modificados por resina (BOTTINO et al, 2002). Segundo Coelho et al., em 2003, os verdadeiros cimentos de ionômero de vidro resinosos são aqueles que apresentam alta liberação de fluoreto e reação ácido/base para a sua polimerização. São mais resistentes à ação da água durante a presa do material, apresentando menor solubilidade. Deste modo mantém a adesividade às estruturas dentais, aderindo se também às resinas compostas. A liberação do flúor é semelhante aos ionômeros convencionais, possuindo potencial cariostático (BOTTINO et al, 2002). Entretanto, Coelho et al., no ano de 2003, em um estudo que teve como objetivo avaliar o efeito dos cimentos de ionômero de vidro e materiais derivados, que possuem flúor na composição, quanto à resistência à desmineralização do esmalte bovino, em presença do S. mutans, constataram que a evolução dos cimentos de ionômero de vidro e a introdução de produtos com alto conteúdo de monômeros adesivos, muitas vezes ultrapassando os 50%, deixa dúvidas quanto à liberação de flúor, que é uma das principais vantagens destes materiais e responsável pela resistência frente aos S. mutans. Pesquisas realizadas com cimento de ionômero de vidro comprovam o efeito antibacteriano destes materiais, porém, a ação antimicrobiana dos cimentos de ionômero de vidro convencionais e modificados por resina não é limitada aos microorganismos do esmalte, como o microorganismos Actynomices S. mutans, envolvidos sp., e em mas em cáries também cárie de se verifica cemento, radiculares, onde como em o bactérias odontopatogênicas como Porphyromonas sp. podem estar presentes. Esses cimentos puderam provar benefícios para pacientes com doença periodontal. Os cimentos de ionômero de vidro reduzem a formação da placa bacteriana e liberam flúor durante a reação de presa por diminuição de pH. Da mesma forma os cimentos de ionômero de vidro modificados por resina também apresentam semelhança aos cimentos de ionômero de vidro convencionais, entretanto a literatura nos mostra que, quanto à liberação de flúor, estes materiais podem liberá-lo em maior quantidade que os convencionais e compômeros, apesar de alguns estudos considerarem que o flúor liberado não é totalmente absorvido pelo esmalte devido à interposição da camada de primer (COELHO et al., 2003). A maior vantagem destes cimentos é a facilidade de manipulação e uso, além da sua adequada espessura de cimentação, possuindo resistência tensional diametral e compressiva superiores aos cimentos de fosfato de zinco, policarboxilato e alguns ionômeros convencionais, mas menor do que as resinas compostas (BOTTINO et al, 2002). O seu uso está indicado para coroas e próteses parciais fixas em cerômeros Targis/Vectris ou cerâmicas Empress 2, In-Ceram em geral e Procera. Entretanto o Dental Advisor não recomenda sua utilização para cimentação de restaurações totalmente cerâmicas (tipo feldspática), pois sua expansão tardia poderia causar fraturas nas restaurações (BOTTINO et al, 2002). Bottino et al., em 2002, nos sugere algumas marcas comerciais de cimentos de ionômero de vidro modificados por resina e as compara quanto à composição, resistência à compressão, espessura de película e solubilidade em água: Advance (Dentsply/Caulk), composto por vidro como excipiente (pó) e OEMA + água (líquido) , apresentando uma resistência à compressão de 151,7 MPa, apresentando uma espessura de película de 20um e uma solubilidade em água de 0 a 0,07%; Fuji Duet (CG America), composto por vidro de aluminossilicato tratado com silano (pó) e HEMA, ácido poliacrílico, ácido tartárico, água, resinas patenteadas (líquido) , apresentando uma resistência à compressão de 155 MPa, apresentando uma espessura de película de 10um e uma solubilidade em água de 0,07%; RelyX Vitremer Luting Cement (3M), composto por vidro de fluoraminossilicato com estrôncio (pó) e água + copolímero de ácido policarboxílico + 2-HEMA (líquido) , apresentando uma resistência à compressão de 132,6 MPa, apresentando uma espessura de película de 19um e uma solubilidade em água de 0 %. 3.5. Cimentos Resinosos Inicialmente, quando do surgimento das restaurações adesivas, os dentes preparados recebiam condicionamento ácido e tratamento com resina líquida, que apresentava fluidez inadequada para a cimentação. Com o objetivo de melhorar tal propriedade, foi desenvolvido o primeiro cimento resinoso específico para a cimentação de restaurações adesivas. Esse material, de ativação exclusivamente química, ficou conhecido comercialmente como Comspan (NEPPELENBROEK et al., 2004). Os cimentos resinosos são materiais compostos, constituídos de uma matriz de resina com cargas inorgânicas tratada com silano (BisGMA ou o metacrilato de uretano) e por um excipiente constituído por partículas inorgânicas pequenas. Diferem dos materiais restauradores compostos, sobretudo pelo menor conteúdo de excipiente e pela menor viscosidade (BOTTINO et al, 2002). São compostos por uma matriz de Bis-GMA (bisfenol Ametacrilato de glicidila) ou UEDMA (uretano dimetacrilato) em combinação com outros monômeros de menor peso molecular como o TEGDMA (trietilenoglicol dimetacrilato). A adoção de grupamentos funcionais hidrifílicos, HEMA (hidroxietil metacrilato) e 4-META (4metacriloxietil trimelitano anidro), modificou a composição orgânica do cimento resinoso em relação às resinas compostas e ainda propiciou a possibilidade de união com a superfície da dentina, que freqüentemente fica exposta, na maioria dos dentes preparados (GÓES, 1998). Os cimentos resinosos são igualmente compostos por fase orgânica à base de monômeros, como BIS-GMA, UEDMA e TEGDMA, fase inorgânica composta por partículas unidas à matriz resinosa por grupos silanos acrescidos de substâncias fotossensíveis iniciadoras de polimerização. Na composição dos cimentos resinosos duais está presente também o sistema peróxido-amina, responsável pela ativação química da reação de polimerização (NEPPELENBROEK et al., 2004). São praticamente insolúveis e muito mais potentes que os agentes convencionais. É sua grande resistência a tensões que os torna úteis quando se deseja a união micromecânica de coroas cerâmicas condicionadas por ácido (BOTTINO et al, 2002). Com a introdução e desenvolvimento das técnicas de tratamento de superfícies metálicas como o ataque eletrolítico e químico, foi possível a obtenção de microrretenções na superfície metálica das restaurações, permitindo o embricamento do cimento resinoso ao metal. Além disso, com o objetivo de se obter cimentos resinosos que, além da imbricação mecânica, promovessem adesão às superfícies metálicas, surgiram no mercado alguns cimentos adesivos como o C&B Metabond, Superbond, Panavia Ex e Panavia 21. Esses cimentos são capazes de estabelecer união química com as superfícies metálicas, promovendo adesão significativamente maior em relação aos demais cimentos, o que possibilitou uma indicação mais segura das restaurações adesivas (NEPPELENBROEK et al., 2004). As primeiras marcas comerciais de cimentos resinosos formavam uma linha de cimentação muito espessa. Visando a redução desta linha de cimentação houve uma modificação na composição destes materiais a partir da redução do tamanho das partículas de carga e da maior quantidade de monômeros diluentes. Dessa forma foi possível obter cimentos resinosos com elevado conteúdo de carga e, ao mesmo tempo, com consistência adequada à cimentação (NEPPELENBROEK et al., 2004). Os cimentos resinosos são materiais que apresentam resistência à compressão entre 100 e 200MPa e tração diametral ente 20 e 50MPa. São propriedades consideradas superiores em relação aos cimentos tradicionais. (GÓES, 1998) De acordo com a reação de polimerização os cimentos resinosos podem ser classificados em fotopolimerizáveis (polimerização pela ação de luz visível), autopolimerizáveis (polimerização por reação química) ou duais (polimerização por reação química e pela ação de luz visível). A seleção de qual formulação aplicar é baseada na finalidade do seu uso. Os cimentos resinosos fotopolimerizáveis apresentam a vantagem clínica de prolongar o tempo de trabalho e o processo de assentamento da restauração indireta, porém o seu uso é limitado a situações em que a espessura e a cor da restauração não afetem a capacidade da luz polimerizar o cimento, como, por exemplo, na cimentação de facetas. Os cimentos resinosos de dupla polimerização são indicados quando as restaurações indiretas apresentam uma opacidade e espessura que podem vir a interferir na quantidade de energia luminosa que deve ser transmitida ao cimento. Nestas situações a intensidade da luz que alcança o cimento deve ser suficiente para iniciar o processo de polimerização, sendo então necessária a presença de um catalisador que assegure a polimerização máxima. Os cimentos resinosos também podem ser usados na cimentação de coroas metálicas ou pinos intra-radiculares. Nestes casos a transmissão da luz não é efetiva, requerendo então o uso de cimentos autopolimerizáveis. No entanto, alguns cimentos de dupla polimerização também são indicados para esta finalidade (MAIA et al., 2003). A composição dos cimentos resinosos de dupla ativação, que associa fotoativação e ativação química, proporciona propriedades físicas e mecânicas superiores às dos demais materiais para cimentação (PRAKKI et al., 2001). Para alguns autores, a dureza garantida pelo componente químico na ausência de fotoativação é questionável. Eles avaliaram a dureza Knoop de cimentos resinosos de polimerização dupla (Dual cement/Vivadent e Duo cement/Coltène) 30 minutos e 24 horas após sua manipulação com e sem fotoativação. Os autores concluíram que a dureza dos cimentos não foi completamente alcançada após 24 horas, quando o tempo de fotoativação foi igual ou maior ao recomendado pelo fabricante. Concluíram também que o componente químico não foi capaz de polimerizar o cimento quando a luz foi atenuada pela estrutura dentária e restauração, também sendo encontrada resistência flexural inferior para os cimentos de dupla polimerização que não foram submetidos à fotoativação (TAPETY et al., 2004). Neppelenbroek et al., no ano de 2004, em um estudo cujo objetivo foi avaliar, por meio de ensaios de dureza, a influência da interposição dos materiais Artglass e Solidex sobre o grau de polimerização do cimento resinosos Variolink, imediatamente e 24 horas após 40 segundos de fotoativação, concluíram que o aumento da interposição de cerâmica em espessuras superiores a 1mm reduziu significativa e progressivamente a dureza do cimento avaliado. Observaram que, quando a espessura de 4 mm foi utilizada, o tempo de exposição à luz recomendado pelo fabricante (40 segundos) não foi suficiente para conduzir primariamente a reação de polimerização, como ocorreu para as menores espessuras. Os autores ainda relataram que após a fotoativação, a reação adicional de polimerização pela ativação química ocorreu apenas em pequena extensão. Concluíram que, com a interposição, independentemente do material empregado e do momento da leitura, houve redução estatisticamente significante (45%) na dureza do cimento Variolink; que, independentemente das interposições, os valores após 24 horas foram estatisticamente superiores (60%) aos observados imediatamente após a fotoativação; que a ação do ativador químico de polimerização dos cimentos duais é limitada e sugere, para as cimentações, criteriosa fotoativação. No estudo em que a influência dos diferentes tipos de polimerização de dois cimentos resinosos quimicamente ativados (Panavia 21/Kuraray e Superbon C&B Sun-Medical) e três de dupla polimerização (Panavia Fluoro cement/Kuraray; Clapearl Dc/Kuraray e Vita Cerec Duo Cement/Vita) na resistência adesiva e durabilidade de adesão à cerâmica foi avaliada, os cimentos quimicamente ativados apresentam resistência adesiva inferior, quando comparados aos cimentos duais, após 10 e 20 minutos de armazenagem. No entanto, quando o tempo de armazenagem foi elevado para 24 horas, com posterior termociclagem, os dois tipos de cimento não apresentaram diferenças estatisticamente significantes (TAPETY et al., 2004). Alguns fabricantes apresentaram a possibilidade de aplicação de seus materiais cimentantes tanto na forma apenas fotoativada quanto dual. As propriedades mecânicas (resistência flexural, módulo de elasticidade polimerização e dureza dupla superficial) (Variolink de cimentos II/Vivadent; resinosos Sono de Cem/ESPE; Nexus/Kerr; Cerec Vita DuoCement/Coltène) e química (Panavia 21/Kuraray) foram avaliadas. Os testes foram realizados com as seguintes variáveis: utilizando-se apenas a pasta base somente fotoativada diretamente e através de cerâmica reforçada com leucita, misturando-se as pastas base e catalisadora na ausência de fotoativação, com fotoativação direta e através da cerâmica. Para todos os materiais e parâmetros a polimerização dupla foi superior à fotoativada (pasta base), principalmente quando a barreira cerâmica foi utilizada. A fotoativação foi imprescindível para garantir propriedades superiores. Conclui-se que o uso da forma dual permite que propriedades mecânicas superiores sejam alcançadas (TAPETY et al., 2004). As propriedades físicas dos cimentos resinosos também sofrem influências do grau de conversão dos monômeros em polímeros. Em regiões mais profundas dos preparos cavitários ou onde a opacidade e a espessura do material restaurador impedem a transmissão da luz, a polimerização realizada apenas pela ativação da luz visível não é suficiente, sendo então necessária a associação de um sistema de autopolimerização. Porém, alguns trabalhos têm demonstrado que quando estes cimentos duais não são submetidos à fotopolimerização, a reação química, por si só, não é capaz de promover a conversão máxima dos monômeros em polímeros. O significado clínico disso é que cuidados adicionais devem ser realizados quanto à espessura das restaurações protéticas, ou seja, restaurações com fotopolimerização componentes até 2mm efetiva do químicos, irão de espessura cimento então e, em promover permitem associação maior grau uma aos de conversão. A ação dos dois sistemas de ativação aumenta o grau de conversão dos monômeros em polímeros e melhora as propriedades físicas dos cimentos. (MAIA et al., 2003) Alguns estudos avaliaram in vitro o endurecimento de cimentos resinosos duais sobre inlays de resina composta ou porcelana e concluíram que o componente químico de presa não polimerizava totalmente os cimentos testados quando a luz polimerizadora era atenuada pelo aumento da espessura da restauração (MAIA et al., 2003). Na seleção do material de cimentação deve-se optar pelo uso de um cimento de boa procedência, preferencialmente testado e aprovado em estudos bem conduzidos, associado a uma unidade fotopolimerizadora eficiente. Em restaurações opacas e espessas, a preferência recai sobre um sistema em que a ativação química seja o componente primário de cura. (BARATIERI, 2001) Os cimentos resinosos estão disponíveis em várias cores e opacidades e sua formulação química permite aderi-los a vários substratos dentais. A adesão ao esmalte dental ocorre através de retenções micromecânicas da resina aos cristais de hidroxiapatita do esmalte condicionado. A adesão à dentina é mais complexa, envolvendo a penetração de monômeros hidrofílicos através da camada de dentina condicionada e parcialmente desmineralizada (BOTTINO et al, 2002). A adesão à superfície da dentina é obtida pela infiltração da resina através engrenamento da dentina micromecânico condicionada, com a produzindo dentina um parcialmente desmineralizada, com a formação de uma zona de interdifusão da resina ou camada híbrida (BOTTINO et al, 2002). Esta complexidade da adesão à dentina é devida ao fato de a dentina ser mais heterogênea do que o esmalte, com um menor nível de calcificação das estruturas e com muito maior conteúdo de água. A adesão da dentina com resinas requer alguns cuidados, iniciando-se com aplicação de um ácido para o condicionamento da superfície da dentina para remover o smear layer ou lama dentinária, os smear plugs, tampões de lama dentinária e ampliar os túbulos, desmineralizando, assim, de 2 a 5um o topo da dentina. O ácido dissolve e remove a fase mineral da apatita que normalmente recobre as fibras colágenas da matriz dentinária e abre canais de 20 a 30um ao redor destas fibras. Uma zona de desmineralização adequada, de 2 a 5um, é obtida aplicando-se o ácido por um período de 15 segundos. Um tempo de condicionamento prolongado resulta em uma zona de desmineralização mais profunda que resiste à infiltração do adesivo, desprotegendo a região desmineralizada, sujeitando-a a uma futura hidrólise e falhas de união. Após a desmineralização um primer, agente de superfície, é aplicado. Este é bifuncional: de um lado é hidrofílico, permitindo a união à dentina e do outro é hidrofóbico, permitindo a união do adesivo. Uma resina adesiva é então aplicada à superfície tratada com o primer, estabilizando a dentina desmineralizada e infiltrada com o primer para penetrar nos túbulos dentinários. Diferenças podem ocorrer no grau de penetração e ligações cruzadas entre as diferentes marcas comerciais existentes (BOTTINO et al, 2002). Outro fator a ser considerado é a compatibilidade entre o cimento resinoso e o agente adesivo. As técnicas restauradoras que envolvem materiais com polimerização dupla não reportam a possível compatibilidade entre o tipo de polimerização do cimento e do adesivo. Estudos a cerca da resistência adesiva de uma resina composta fotoativada (Z100, 3M) e outra quimicamente ativada (Bisfil 2B, Bisco) à dentina foram realizados. Os agentes adesivos monocomponentes intermediários (fotoativados) utilizados foram o Prime & Bond NT/Dentsply, Optibond Solo/Kerr, Single Bond/3M e One Step/Bisco. Os resultados revelaram uma baixa significativa na adesão quando a resina química foi associada aos respectivos adesivos. As resistências foram mais baixas quanto mais ácido era o adesivo (Prime & Bond NT/pH=2,68, Optibond Solo/pH=2,81, Single Bond/pH=3,60 e One Step/pH=4,60) (TAPETY et al., 2004). Foi verificado, através de microscopia eletrônica de transmissão, que as falhas ocorriam na união entre o adesivo e a resina composta química. Esses resultados, provavelmente, devemse a uma interação entre monômeros ácidos residuais encontrados na camada superficial não polimerizada (inibida pelo oxigênio) dos adesivos e o catalisador, peróxido de benzoíla, presente na resina química. É importante salientar que esta incompatibilidade de polimerização entre o adesivo e a reação química de polimerização de resinas e/ou cimentos somente ocorre quando o adesivo contém monômeros ácidos. Normalmente estes monômeros estão presentes em adesivos monocomponentes ou nos primers. Os adesivos de três passos não oferecem risco de incompatibilidade, pois o primer, que contem os monômeros ácidos, é recoberto pelo adesivo, que impede o contato dos mesmos com o cimento (TAPETY et al., 2004). Trabalhos recentes têm procurado avaliar a compatibilidade entre cimentos de polimerização dupla e adesivos fotoativados monocomponentes. Estudos, através de testes de tração, avaliaram a resistência adesiva de um cimento de polimerização dupla (Enforce/Dentsply), após ausência e presença de fotoativação em associação com adesivos monocomponentes (Prime & Bond NT/Dentsply e Scotchbond Multi Purpose/3M). Os resultados não demonstraram incompatibilidade entre os diferentes adesivos e o cimento dual. Baixos valores de resistência foram encontrados nos grupos em que não houve fotoativação, entretanto, em outros estudos foram encontradas diferenças na resistência adesiva entre os modos de ativação, monocomponentes variando de provavelmente 33% a interagem 76%. com Os adesivos cimentos de polimerização dupla, na ausência de fotoativação (PRAKKI et al., 2001). Os cimentos de resina composta unem-se quimicamente aos materiais restauradores de compósito e à porcelana silanizada (BOTTINO et al, 2002). A silanização é passo essencial para a obtenção de uma forte adesão entre cimentos resinosos e o material cerâmico. O agente silano aumenta a força de aderência e minimiza microinfiltrações na interface dente/cerâmica (GONÇALVES et al., 2005). As resinas adesivas aumentam resistência à fratura dos materiais cerâmicos que podem ser condicionados e silanizados (BOTTINO et al, 2002). A superfície da cerâmica é rica em óxidos de silício, além de apresentar outros óxidos alcalinos. Para que ocorra uma adesão adequada são necessárias interações químicas entre os componentes da porcelana. A superfície da porcelana, embora seja extremamente rica em materiais vítreos parcialmente expostos, não possibilita que o silano englobe partículas, mas sim que reaja com suas porções mais expostas. Essa superfície, uma vez condicionada com ácido, leva à formação de grupos hidroxílicos, através dos quais algumas moléculas de hidrogênio da água se unem após o pré-tratamento com silano, formando na superfície a porcelana radicais (O) que irão se unir ao radical (Si) do silano. A elevação da proporção de sílica da porcelana permite que os agentes de ligação do silano unam-se quimicamente à cerâmica e à resina composta (SANTOS et al., 2000). A superfície interna da restauração em cerâmica deve ser susceptível a um tratamento de superfície que tem como objetivo promover retenções micromecânicas. O uso de substâncias químicas, como o silano, monômero composto de radicais orgânicos reativos e grupos monovalentes hidrolisáveis, propicia união química entre a fase inorgânica da cerâmica e a fase orgânica do material resinoso aplicado sobre a superfície cerâmica condicionada (GONÇALVES et al., 2005). A matriz orgânica dos cimentos resinosos é reforçada por uma quantidade variável de partículas inorgânicas que se apresentam nas formas angulares, esféricas ou arredondadas. De acordo com o tipo de partículas, microparticulados esses ou cimentos híbridos. podem Os ser cimentos classificados de em micropartículas apresentam partículas com tamanho médio de 0,04um e seu conteúdo varia de 46% a 48% de volume. Os cimentos resinosos híbridos possuem partículas com tamanho médio de 0,6 a 2,4um e seu conteúdo em volume varia de 52% a 60%. Os cimentos resinosos híbridos constituem a maioria das marcas comerciais disponíveis. (GÓES, 1998) Os cimentos resinosos possuem vantagens como alta resistência, dureza, baixa solubilidade em fluido oral e união micromecânica ao esmalte e à dentina. Entre as desvantagens estão a sensibilidade técnica, a possibilidade de infiltração marginal e sensibilidade pulpar, o curto tempo de trabalho e a dificuldade na remoção dos excessos da margem da restauração (MAIA et al., 2003). Os cimentos resinosos apresentam outras limitações, como a sensibilidade à umidade. Assim, não devem ser indicados nas situações clínicas onde esse fator não puder ser controlado (NEPPELENBROEK et al., 2004). A sua habilidade de adesão a múltiplos substratos, alta resistência, insolubilidade em meio oral e seu potencial para mimetizar as cores faz dos cimentos de resina composta o adesivo de eleição para restaurações estéticas livres de metal. São úteis em situações onde as formas de retenção e resistência adequadas dos preparos dentais foram perdidas. No entanto, sua técnica de trabalho é bastante sensível requerendo especial cuidado por parte do profissional devido aos múltiplos passos para sua utilização (BOTTINO et al, 2002). O desenvolvimento dos sistemas adesivos e dos cimentos resinosos específicos para a cimentação das restaurações estéticas indiretas, bem como o surgimento de novos métodos mais acessíveis de confecção, permitiu maior utilização destes materiais na região posterior, constituindo uma alternativa às restaurações de amálgama e às metálicas tratamentos fundidas. superficiais Além das disso, o superfícies desenvolvimento metálicas permitiu dos a utilização dos cimentos resinosos em substituição aos cimentos de fosfato de zinco e de ionômero de vidro (NEPPELENBROEK et al., 2004). A odontologia adesiva tem sido aprimorada pelo desenvolvimento de várias técnicas e sistemas de cimentação adesiva para restaurações estéticas indiretas. A seleção do material para cimentação de uma restauração indireta estética é um passo decisivo no sucesso do procedimento restaurador. Os materiais “metal free” necessitam de agentes de cimentação específicos, sendo que os cimentos resinosos, associados a sistemas adesivos são os mais indicados. (VARJÃO et al., 2004). Miranda et al., no ano de 2005, em um estudo cujo propósito foi avaliar a resistência mecânica de quatro cimentos resinosos de dupla ativação (Rely X ARC – 3M; Enforce – Desntsply; Fill Magic Dual Cement – Vigodent; Variolink II – Ivoclar Vivadent), com ensaios de resistência à compressão e resistência flexural, constataram que existem poucas dúvidas relacionadas ao bom desempenho, no que se refere à resistência retentiva de peças protéticas, dos materiais resinosos em relação aos cimentos tradicionais. As incertezas atuais estão mais relacionadas às variáveis de manipulação e às diferentes formulações de cimentos resinosos, já que diversas marcas comerciais estão disponíveis. Neste estudo, com relação à resistência à compressão, não foram observadas diferenças estatisticamente significantes entre os quatro cimentos avaliados. No ensaio de resistência flexural, os cimentos Variolink II e Dual Cement foram estatisticamente similares entre si e superiores em relação ao Rely X ARC, enquanto o cimento Enforce apresentou resultado intermediário, sem diferença estatística em relação aos demais cimentos avaliados (MIRANDA et al., 2005). Gonçalves et al., no ano de 2005, em um estudo cujo objetivo foi avaliar a resistência de união, por ensaio de microtração, entre um sistema cerâmico (IPS Empress, Ivoclar-Vivadent) e dois cimentos resinosos (Panavia F, Kuraray e Rely X, 3M), concluiram que a resistência adesiva dos grupos diferiu estatisticamente (p=0,004), sendo que Rely X, 3M apresentou resultados superiores a Panavia F, Kuraray. Os cimentos resinosos utilizados neste estudo são bem semelhantes com relação à sua composição, baseada em BIS-GMA, TEGMA, fotoiniciadores, iniciadores químicos e partículas inorgânicas, sendo diferentes em um único aspecto: a presença de MDP no cimento Panavia F. O estudo sugere que o menor desempenho do Panavia F em relação ao Rely X, pode ter ocorrido devido a uma interação desse componente com um dos componentes da cerâmica, sendo necessários mais estudos para comprovação. Apesar de as resistências adesivas terem sido estatisticamente diferentes, pôde-se notar que ambas foram elevadas. Silva et al., em 2005, em um estudo que comparou, in vitro, a força de adesão das porcelanas In-Ceram e Vitadur Alpha ao esmalte bovino com o cimento resinoso Panavia F, demonstraram que os melhores valores adesivos, testados entre vários cimentos resinosos e vários métodos de tratamento da superfície para o In-Ceram (Vita), foram encontrados com a utilização do cimento Panavia Ex (Kuraray) sobre a superfície jateada com partículas de óxido de alumínio de 250um. Varjão et al., no ano de 2004, em um estudo cujo objetivo foi realizar uma revisão de literatura, buscando informações sobre os tratamentos de superfície existentes para a cimentação adesiva de peças protéticas confeccionadas em cerâmica ou resina composta, no que diz respeito à resistência de união, concluíram que, em relação aos cimentos resinosos, os que contém MDP, como o Panavia, seriam os mais indicados, independentemente da cerâmica e do tipo de tratamento empregados. Os cimentos resinosos, a princípio, devem ser utilizados associados a sistemas adesivos. Sobre a superfície da dentina já foi demonstrada a eficiência da aplicação de um adesivo, após o condicionamento ácido e previamente à inserção do cimento resinoso. Quanto à porção interna de coroas com infra-estrutura metálica, não há uniformidade de informação em relação à exigência da presença de algum sistema adesivo previamente à aplicação de um cimento resinoso. Pelo menos um fabricante menciona benefício e recomenda a aplicação do “primer” silano, originariamente destinado a peças cerâmicas, também sobre estruturas metálicas a serem fixadas com cimento resinoso. Todavia, boa parte dos fabricantes não menciona a necessidade da aplicação dos adesivos na porção interna das coroas com infra-estrutura metálica a serem fixadas com cimentos resinosos. Portanto, a dúvida refere-se à influência dessas variáveis sobre a resistência da união dos cimentos resinosos às ligas metálicas (FERREIRA et al., 2006). As superfícies dos dentes e das peças protéticas requerem tratamentos prévios que promovam a união entre o tecido dentário e o cimento resinoso e entre o cimento resinoso e o material restaurador. A união do cimento resinoso ao dente se dá por meio dos sistemas adesivos, seguindo os mesmos princípios das restaurações diretas de resina composta, uma vez que o cimento resinoso nada mais é do que uma resina composta com maior fluidez, necessária à cimentação. Já a união do cimento resinoso com a restauração dependerá do tipo de tratamento realizado na superfície interna da restauração. A literatura específica apresenta diferentes técnicas de tratamento de superfície, as quais incluem a asperização com pontas diamantadas, jateamento com óxido de alumínio, condicionamento com ácido fluorídrico, bifluoreto de amônia ou flúor fosfato acidulado e a silanização. As cinco primeiras visam à criação de microrretenções na superfície interna da peça protética, as quais promovem uma união micromecânica com o agente de cimentação. Já a silanização, além de provavelmente melhorar o molhamento da superfície pelo agente de união, promove uma união química com o cimento resinoso e com a superfície das restaurações cerâmicas por meio da sílica presente nas mesmas. Métodos alternativos de tratamento também têm sido sugeridos e pesquisados, como é o caso dos sistemas Silicoater e Rocatec, originalmente desenvolvidos para utilização em restaurações metálicas. Esses sistemas empregam a deposição de sílica na superfície interna da cerâmica para aumentar a resistência da cimentação adesiva, principalmente nos sistemas cerâmicos In-Ceram e Procera All-Ceram, nos quais o conteúdo daquele elemento é bem reduzido (VARJÃO et al., 2004). Ferreira et al., em um estudo que avaliou a resistência da união de fundições de níquel-cromo fixadas com dois cimentos resinosos (Enforce-Dentsply e Rely X ARC-3M ESPE), com e sem a aplicação dos “primers” silanos e adesivos, no ano de 2006, concluíram que houve similaridade estatística entre a resistência de união dos dois cimentos resinosos à liga de níquel-cromo na variável sem “primer” e sem adesivo, ocorrendo superioridade estatística para a resistência de união do cimento Rely X ARC (3M ESPE) nas demais variáveis avaliadas. Os cimentos resinosos disponíveis atualmente no mercado apresentam melhora das propriedades físico-mecânicas em relação aos cimentos tradicionais, como alta resistência à compressão e à tração, menor solubilidade aos fluidos orais, dureza, adesão à estrutura dental e potencial de reforçar a estrutura dental remanescente (MAIA et al., 2003). O uso dos cimentos resinosos para cimentação de pinos de fibra de vidro também deve ser considerado. Conceição et al., no ano 2000, em um estudo cujo objetivo foi avaliar, in vitro, a força de remoção por tração dos pinos de fibra de vidro (FibreKor Post – Jeneric/Pentron), constataram que a indicação de uma técnica de cimentação adesiva tem possibilitado um aumento significativo na capacidade de retenção dos pinos intra-radiculares não metálicos, além de propiciar um reforço da estrutura dentária remanescente, pois o uso da técnica do condicionamento ácido dentinário propicia a remoção da smear layer e, conseqüentemente, melhores condições para penetração do sistema adesivo formação da camada híbrida, presença de “tags”, e assim, maior união dos cimentos resinosos à dentina radicular, fato este que não ocorre quando um cimento não adesivo é utilizado para a cimentação de pinos intra-radiculares. Diversos tipos de cimentos resinosos, que foram originalmente desenvolvidos para serem utilizados em dentes naturais, também têm sido empregados em prótese sobre implantes, provisória ou definitivas, em metal ou cerâmica, devido ao sucesso das mesmas, substituindo, muitas vezes, a técnica original preconizada (BORGES et al., 2008). A técnica da cimentação de cilindros pré-fabricados, dentre as técnicas conhecidas para obtenção de passividade nas estruturas metálicas em próteses múltiplas implanto-suportadas, é tida como a melhor dentre todas as técnicas. Esta preconiza a fundição de uma estrutura em monobloco e posterior cimentação de cilindros de ouro no interior desta estrutura com cimento resinoso (Panavia –F). Dentre as vantagens podemos citar passividade entre as partes e agilidade dos procedimentos (BORGES et al., 2008). No estudo de Borges et al, no ano de 2008, cujo objetivo foi avaliar o comportamento das próteses implanto-suportadas confeccionadas pela técnica do cilindro cimentado utilizando três marcas comerciais de cimentos resinosos (Panavia®, Enforce® e Rely X®) foi observado que dos 237 implantes avaliados (100%), 5 apresentaram soltura dos cilindros (2,1%), sendo todos do cimento Rely X®. Quanto aos demais cimentos (Panavia® e EnForce®) estes não apresentaram qualquer tipo de falha, havendo o índice de 100% de sucesso. O cimento Rely X® apresentou índice de falha de 10,63%, devido a uma única falha em arco total. No grupo das próteses parciais não foram observadas falhas na cimentação. Desde o surgimento, a utilização dos cimentos resinosos vem aumentando significativamente. Vários estudos já demonstraram a superioridade desses materiais em relação aos cimentos tradicionais, como o de fosfato de zinco (MOREIRA et al., 2002). Bottino et al., em 2002, nos sugere algumas marcas comerciais de cimentos resinosos e as compara quanto ao tipo de resina, conteúdo de carga, tamanho de partícula, polimerização, sistema adesivo e quantidade de cores disponíveis: Choise (Bisco), composto por resina Bis-GMA UDMA/HDDMA, apresentando conteúdo de carga de 80%, tamanho de partícula de 6um, polimerização foto/dual, sistema adesivo One Step e 10 cores disponíveis; Dual Cement (Ivoclar/Vivadent), conteúdo de composto carga de por 61%, resina UDMA, tamanho de apresentando partícula microfill, polimerização dual, não possui sistema adesivo e tem 1 cor disponível; Enforce (Dentsply), composto por resina Bis-GMA TEGDMA, apresentando conteúdo de carga de 66%, tamanho de partícula de 1um, polimerização foto/dual, sistema adesivo Prime Bond 2.1 e 6 cores disponíveis; Fill Magic Dual Cement (Vigodent), composto por resina Bis-GMA , não constando o conteúdo de carga e nem o tamanho de partícula, polimerização dual, não possui sistema adesivo e 1 cor disponível; Lute-it (Jeneric Pentron), composto por resina Bis-GMA UDMA/HDDMA, apresentando conteúdo de carga de 65%, tamanho de partícula de 0,8um, polimerização foto/dual, sistema adesivo Bond-I e 8 cores disponíveis; Nexus (Kerr), composto por resina Bis-GMA, apresentando conteúdo de carga de 68%, tamanho de partícula de 0,6um, polimerização foto/dual, sistema adesivo Nexus e 3 cores disponíveis; Opal Luting Composite (3M), composto por resina Bis-GMA UDMA/HDDMA, apresentando conteúdo de carga de 82%, tamanho de partícula de 1,4um, polimerização dual, sistema adesivo Scotchbond Multiuso Plus/Single Bond e 7 cores disponíveis; Panavia F (J. Morita/Kuraray), composto por resina Bis-GMA, apresentando conteúdo de carga de 77%, não constando o tamanho de partícula, polimerização foto/auto, sistema adesivo ED Primer Morita/Kuraray), e 3 composto cores por disponíveis; resina Panavia Bis-GMA, 21 (J. apresentando conteúdo de carga de 77%, não constando o tamanho de partícula, polimerização auto, sistema adesivo ED Primer e 3 cores disponíveis; Permalute (Ultradent Products), composto por resina Bis-GMA, apresentando conteúdo de carga de 70%, tamanho de partícula de 1,5um, polimerização dual, sistema adesivo PermaQuick e 6 cores disponíveis; RelyX ARC (3M), composto por resina Bis-GMA/TEGDMA, apresentando conteúdo de carga de 67,5%, tamanho de partícula de 1,5um, polimerização dual, sistema adesivo Single Bond e 1 cor disponível; Scothbond (3M), composto por resina Bis-GMA, apresentando conteúdo de carga de 78%, tamanho de partícula de 1,4um, polimerização dual, sistema adesivo Scotchbond-I e 1 cor disponível; Resin Cement 2-Bond-2 (Heraeus/Kulzer), composto por resina Bis-GMA, não apresentando conteúdo de carga nem tamanho de partícula, polimerização /dual, sistema adesivo Multiuso Plus Solid Bond e 4 cores disponíveis; Variolink II (Vivadent), composto por resina Bis-GMA, apresentando conteúdo de carga de 73%, tamanho de partícula de 1um, polimerização foto/dual, sistema adesivo Syntac/Heliobond-I e 5 cores disponíveis. 3.6. Os Resina Modificada por Poliácido (Compômeros) compômeros apresentam maior quantidade de resina composta e bem menor de ionômero de vidro. São também denominados de resinas compostas ionômero-modificadas. A única marca comercial disponível no mercado é o Dyract-Cem, originado do Dyract (Dentsply). Por ser um lançamento recente necessita mais pesquisas para avaliação de seu desempenho clínico (BOTTINO et al, 2002). Partindo do conceito de que a ancoragem intra-radicular é empregada para obtermos retenção e resistência na restauração coronária, qualquer fracasso na retenção intra-radicular representa o fracasso da restauração como um todo. Os núcleos metálicos fundidos devem seguir seus princípios de preparo, mas o agente cimentante utilizado na porção intra-radicular deve ter os seguintes pré-requisitos: ser adesivo, ser de dupla cura ou autopolimerização, ter baixa viscosidade, boas propriedades mecânicas, deve liberar flúor e ser radiopaco (BOTTINO et al, 2002). Para a completa polimerização intracanal, o sistema deve ser, no mínimo, de dupla fotopolimerização na Preferencialmente cura, pois não profundidade devemos utilizar podemos total sistemas considerar do a conduto. autopolimerizáveis (BOTTINO et al, 2002). A baixa viscosidade permite melhor assentamento do pino, com menor espessura de película de cimento, uma vez que muitos sistemas de pinos não possuem sistema de escape para diminuir a tensão durante a inserção do pino, o que poderia resultar, inclusive, em fratura radicular durante a cimentação (BOTTINO et al, 2002). Quanto às propriedades mecânicas, o módulo de elasticidade do cimento deveria estar próximo ao da dentina (em torno de 18 GPa). O cimento, além de atuar como selamento, deve absorver cargas geradas na superfície oclusal. A resistência à compressão deveria ser alta; no caso do cimento de ionômero de vidro, essa propriedade aumenta com o decorrer do tempo. As demais propriedades mecânicas, como resistência flexural, resistência à tração, módulo de elasticidade e dureza têm melhores resultados nos cimentos resinosos com carga (BOTTINO et al, 2002). A liberação de flúor ocorre principalmente nos cimentos ionoméricos. Considerando que estes dentes são desvitalizados, essa propriedade assume maior importância porque não há a percepção clínica da microinfiltração pelo paciente, resultando em cárie e até na perda total da restauração (BOTTINO et al, 2002). Os núcleos metálicos fundidos eram, até pouco tempo, a opção de escolha na maioria dos casos clínicos. Porém, atualmente, podem ser utilizados pinos pré-fabricados em aço inox, titânio, resina, fibra de carbono, fibra de vidro, cerâmicos (pinos intra-radiculares estéticos), podendo ser utilizados, com boa previsibilidade de sucesso. No entanto, qualquer que seja o pino utilizado, a fixação deste requer a utilização de agentes cimentantes, os quais não devem ser os únicos responsáveis pela retenção dos mesmos (VADENAL et al., 2005). Em caso da utilização de pinos não radiopacos, como os de fibra de carbono e de vidro, o aspecto radiopaco do cimento é mais importante, pois eles se tornam os responsáveis pela radiopacidade desses pinos, indicando que houve a colocação de um sistema de retenção intra-radicular (BOTTINO et al, 2002). Os pinos pré-fabricados ativos podem ser empregados para obter retenção, mas isso implica em esforços transmitidos à raiz. Esses pinos podem ser cimentados com uma maior variedade de tipos de cimento, pois o embricamento mecânico não requer cimentação adesiva obrigatoriamente (BOTTINO et al, 2002). Os cimentos de ionômero de vidro convencionais que podem ser utilizados são: Fuji I (GC America) e Ketac-Cem (ESPE). Os ionômeros de vidro híbridos estão representados pelo Protec-Cem (Ivoclar). Os cimentos adesivos podem ter carga ou não; os cimentos sem carga estão mais suscetíveis à expansão higroscópica que os com carga. Podem ter polimerização ativada por luz, dupla cura ou serem autopolimerizáveis (BOTTINO et al, 2002). Segundo Bottino et al., no ano de 2002, os cimentos adesivos sugeridos Composite para cimentação (Bisco), intra-radicular Cement-It seriam: C&B (Jeneric/Pentron), Lutin Lute-It (Jeneric/Pentron), Dual Cement (Ivoclar Vivadent), Duo Cement (Coltene), Flexi-Flow (EDS), Panavia (J.Morita), Panavia 21 (J.Morita), Panavia F (J.Morita), Permalute (Ultradent), Rely-X (3M), Scotchbond Resin Cement (3M) e Twinllok (Heraeus Kulzer). Os sistemas passivos, metálicos ou estéticos, são preferidos devido à menor indução de tensão na colocação e em função. O ideal para esses sistemas passivos seria uma boa adaptação do pino às paredes do canal radicular e é necessária a utilização de sistemas de cimentação adesivos. Isso é obtido indicando-se o sistema de pinos com a forma e o diâmetro mais semelhantes à dos canais radiculares, obtendo-se a menor espessura de película de cimento possível. Assim, a participação biomecânica do cimento no conjunto não é eliminada, porém é reduzida. Portanto, canais muito expulsivos têm como indicação principal núcleos fundidos, pois o emprego de sistemas pré fabricados resultaria em espessura muito grande de cimento na região cervical do dente (BOTTINO et al, 2002). Um agente cimentante final deveria apresentar um conjunto de características para que pudesse ser considerado um agente ideal. Podemos citar: ser biocompatível, ter boa adesão entre diferentes estruturas, ter adequada espessura de película e viscosidade, ser insolúvel frente aos fluidos orais, possuir propriedades bactericidas, apresentar resistência a fraturas para prevenir o deslocamento como resultado de falhas adesivas ou coesivas, apresentar selamento marginal adequado, possuir alta resistência à tração e compressão, tempos adequados de trabalho e de presa, ser radiopaco e com boas propriedades ópticas (BOTTINO et al, 2002). Os materiais disponíveis atualmente demonstram bom comportamento biológico, embora alguns efeitos adversos possam ser detectados. Ocasionalmente alguns pacientes podem exibir alergia, porém essa incidência é bem baixa. Histologicamente, os agentes cimentantes parecem causar pequena resposta pulpar, particularmente se a dentina remanescente exceder a espessura de 1mm. O papel dos cimentos na injúria pulpar tem sido amplamente pesquisado nos últimos anos e a contaminação bacteriana parece ser a maior causa resultante da inserção dos cimentos. Alguns estudos que indicam o cimento de ionômero de vidro como causador de sensibilidade pós-operatória não foram comprovados clinicamente; as causas mais prováveis dessa solubilidade talvez sejam a contaminação bacteriana ou a dessecação da dentina, ao invés de irritação pelo cimento. Uma secagem indevida da dentina abre os túbulos dentinários, causando penetração mais fácil do ácido. Quanto aos cimentos resinosos, a biocompatibilidade está na dependência do grau de conversão dos monômeros durante a polimerização e as queixas de sensibilidade pós-operatórias podem ocorrer devido à incompleta polimerização dos mesmos (BOTTINO et al, 2002). Alguns autores consideram que o fenômeno da adesão é o principal fator para a redução das microinfiltrações. Como citado anteriormente, a retenção de um cimento tradicional, como o fosfato de zinco, depende da biomecânica do preparo. Os cimentos resinosos adesivos têm demonstrado aumento de retenção quando comparados aos cimentos de fosfato de zinco, ionômero de vidro e resinosos convencionais. Os cimentos resinosos apresentam valores maiores de resistência de adesão e, portanto, maior resistência à fratura quando comparados aos cimentos tradicionais. Tanto os cimentos de ionômero de vidro modificado por resina quanto os resinosos sofrem contração podendo ocorrer estresse durante o assentamento do material ou o rompimento da união entre as superfícies cimentadas, ocasionando infiltração de fluidos orais, bactérias, bem como a sensibilidade pós-operatória. Agentes de proteção pulpar como o hidróxido de cálcio ou o oxalato de potássio, podem reduzir a tensão de coroas cimentadas com fosfato de zinco, ionômero de vidro e cimento resinoso (BOTTINO et al, 2002). Os cimentos ionoméricos apresentam algum grau de adesão química ao esmalte e à dentina, enquanto o fosfato de zinco depende primordialmente da retenção mecânica e do embricamento resultante das rugosidades superficiais do dente preparado e da superfície interna da coroa (PEGORARO et al., 1998). Os valores de resistência adesiva de alguns cimentos resinosos duais foram determinados in vitro: Twinlook (15,2MPa), Clearfill CR Inlay (18,4MPa), Optec (14,9MPa), Dual Cement (18,3 MPa). De acordo com os resultados encontrados, todos os cimentos estudados formaram forte união entre o esmalte-cimento-cerâmica, sendo assim, indicados para a cimentação de restaurações cerâmicas. Comparando-se in vitro e em preparos sem forma de retenção, a força do cimento resinoso (9,4MPa), cimento de ionômero de vidro (5,0MPa) e cimento de fosfato de zinco (3,1MPa) observou-se que o grupo do cimento resinoso foi significativamente mais resistente do que o cimento de ionômero de vidro e o cimento de fosfato de zinco. Portanto, quando a altura axial da parede do preparo ou o ângulo de convergência do preparo forem desfavoráveis é provável que as restaurações protéticas cimentadas com um cimento resinoso resistam melhor ao deslocamento do que aquelas cimentadas com um cimento tradicional (MAIA et al., 2003). A adesão resinosa parece fornecer uma retenção muito melhor que os cimentos convencionais e também há evidências de que o uso de adesão resinosa em coroas de cerâmica pura tem melhorado estas restaurações por aumentar sua resistência à fratura. Porém, deve-se enfatizar que o tratamento superficial da porcelana é um fator importante para que se alcance alta força de adesão (SILVA et al., 2005). Um cimento adesivo resinoso pode ser considerado satisfatório se a força de adesão à cerâmica exceder 20 MPa (SILVA et al., 2005). Os cimentos tipo dual alcançam grande resistência adesiva e, geralmente, esses valores são ainda maiores após 7 dias (BRAGA, 1999). O procedimento de união e retenção das restaurações indiretas tem usado a tecnologia dos sistemas adesivos em combinação com os cimentos resinosos. Essa combinação no uso de materiais fluidos e técnica para criação de rugosidade microscópica propiciou uma interação íntima entre as superfícies dos substratos e contribuiu para o crescimento no uso do cimento resinoso, apesar de ter aumentado também a complexidade de uso clínico destes sistemas. Qualquer contaminação da superfície dental ou manipulação e aplicação incorretas dos componentes do sistema adesivo resultará em mau prognóstico para a força de adesão (GÓES, 1998). Falhas na adesão podem resultar em microinfiltração entre o cimento e a estrutura dental. Estudos indicam que os cimentos resinosos, ionômero de vidro e ionômero de vidro modificado por resina previnem mais a microinfiltração do que os cimentos fosfato de zinco e policarboxilato. Estudos indicam que a polimerização do sistema adesivo previamente à cimentação de inlays aumenta a força de união entre a estrutura dental e o cimento resinoso e também melhora o selamento marginal (MAIA et al., 2003). No caso dos cimentos resinosos, uma vez que a efetividade da adesão pode influenciar o prognóstico de uma restauração protética é importante identificar-se o método mais confiável e eficaz na união entre o material restaurador e o cimento. Variáveis como composição da peça protética, tipo de tratamento mecânico da superfície e aplicação ou não de silano podem exercer efeitos significativos na resistência adesiva com os cimentos resinosos (VARJÃO et al., 2004). Uma restauração protética deve apresentar, além da estética, função e retenção satisfatórias, uma perfeita adaptação ao dente preparado promovendo, assim, um adequado selamento das margens. O assentamento incompleto de coroas protéticas pode ser causado pela espessura de película de cimento que se acumula na superfície do preparo dental. Portanto, para minimizar os gaps marginais e discrepâncias oclusais, os agentes cimentantes deveriam ser capazes de alcançar uma espessura de película ideal durante a cimentação (MAIA et al., 2003). Dentre os fatores que influenciam a espessura de película fina de um cimento pode-se citar a angulação das paredes axiais dos preparos, o espaçamento para o cimento, a força aplicada durante a cimentação, o tipo de cimento utilizado, a facilidade de manipulação, o tipo de reação de presa, o tempo de trabalho, a viscosidade e a quantidade de partículas presentes (AGOSTINHO et al.,2000). A espessura de película do agente cimentante pode interferir diretamente no sucesso clínico da restauração, pois a quantidade de cimento retida na interface oclusal é uma determinante direta da adaptação cervical da coroa. Os diversos tipos de cimento requerem diferentes espessuras para assegurar um ótimo assentamento. A espessura de película é influenciada por variáveis de manipulação, como a temperatura e a proporção pó/líquido. O cimento resinoso dual, por exemplo, apresenta uma maior espessura quando manipulado em uma temperatura mais baixa, o que não ocorre com o cimento de ionômero de vidro, que demonstra redução na espessura de película. O cimento resinoso tem apresentado uma grande incidência de coroas desadaptadas, provavelmente devido à alta viscosidade das resinas. O significado clínico é que, embora ele possa ser selecionado por suas vantagens mecânicas e adesivas, a sua manipulação pode envolver um risco de desadaptação da restauração (BOTTINO et al, 2002). Tem sido demonstrado que os cimentos resinosos apresentam uma espessura de película maior em relação aos cimentos convencionais. Isto se deve, em parte, à rápida polimerização destes materiais quando se inicia a mistura dos componentes, resultando em pouco tempo de trabalho para manipulação, aplicação do cimento e assentamento da peça ao preparo (BARATIERI, 2001). A maioria das resinas adesivas possui carga de vidro ou sílica, entre 50% a 70% em peso, exibindo alta resistência à compressão e à fadiga tensional, sendo virtualmente insolúveis no meio oral. A carga também contribui no aumento da resistência marginal comparativamente aos cimentos de ionômero de vidro convencional e híbrido, entretanto este aumento do conteúdo de carga aumenta a viscosidade do cimento, reduzindo seu escoamento e elevando a espessura do mesmo (BOTTINO et al, 2002). Quanto maior o conteúdo de partículas de carga presentes na composição dos cimentos resinosos, maior a viscosidade, maior a dificuldade de assentamento, maior espessura de película (BELOTI et al.,2000). A espessura da película dos cimentos resinosos, de acordo com Maia et al., em 2003, é um fator preocupante, pois pode resultar em um incompleto assentamento da restauração protética ao dente. Através do planejamento e execução criteriosos dos preparos dentais, de fase laboratorial tecnicamente bem executada, da seleção do cimento adequado, manipulação do cimento de acordo com as recomendações dos fabricantes e da aplicação de força de cimentação adequada, a espessura de película dos cimentos resinosos permanecerá dentro dos limites aceitáveis. Alguns procedimentos podem ser executados para compensar a espessura de película apresentada pelos cimentos resinosos, como a utilização de espaçadores nos troqueis, colocação de pequena quantidade de material na coroa, por exemplo, pincelando-se o cimento nas paredes internas da peça, trabalho ágil do profissional e aplicação de forte pressão de cimentação (AGOSTINHO et al.,2000). Os valores médios de espessura de película de alguns cimentos resinosos foram determinados, in vitro: All Bond 2=58,8um; C&B Metabond=35,8um; Imperva Dual=25,5um; Panavia EX=44,3um; Enforce=27,7um; Rely X=25,5um; Nexus=34,9um; Panavia 21=21,9um. De acordo com os resultados a espessura de película da maioria dos materiais testados encontra-se dentro dos limites estabelecidos película=44um) e aceitáveis estando estes pela ADA aptos a (valor serem máximo de utilizados nos procedimentos restauradores protéticos (BELOTI et al.,2000). Uma importante propriedade relacionada ao desempenho clínico dos agentes cimentantes é a sua resistência à dissolução e à degradação aos fluidos orais. A solubilidade e a degradação de um cimento podem resultar em um espaço entre a restauração e o dente, aumentando assim o risco da cárie secundária e do comprometimento pulpar. A grande maioria das peças protéticas falha no assentamento completo sobre o preparo dental. O resultado deste incompleto assentamento é a formação de um gap entre a restauração e o dente. Estes gaps expõem o cimento dental aos fluidos orais. Quanto maior a área de superfície exposta do cimento, maior será a degradação esperada. Isto leva a crer que, limitando-se a superfície de exposição do cimento através de uma pequena espessura de película do cimento e da perfeita adaptação da peça ao dente, os efeitos de solubilidade e degradação reduzir-se-iam (MAIA et al., 2003). A solubilidade frente aos fluidos deveria ser baixa ou nula já que os cimentos estão continuamente expostos a uma variedade de ácidos, como os produzidos por microorganismos, pela degradação de alimentos e as contínuas flutuações do pH e da temperatura. A solubilidade dos cimentos na água parece não refletir a solubilidade na cavidade oral, com exceção dos cimentos resinosos, considerados virtualmente insolúveis nos fluidos orais. O cimento de fosfato de zinco apresenta uma solubilidade relativamente baixa na água e apreciavelmente maior em ácidos orgânicos como o lático, acético e cítrico. Como os cimentos de ionômero de vidro têm demonstrado suscetibilidade à umidade durante a sua presa, os mesmos devem ser protegidos para evitar a contaminação prematura e a alta solubilidade inicial, uma variável importante para o sucesso clínico. Uma vantagem dos cimentos de ionômero de vidro modificados por resina é que são menos suscetíveis a essa umidade inicial (BOTTINO et al, 2002). A baixa solubilidade aos fluidos orais e a resistência ao desgaste são duas das vantagens dos cimentos resinosos. Tanto a solubilidade quanto o desgaste destes cimentos apresentam uma correlação linear com o tamanho do gap marginal formado entre preparo dental e a restauração. Portanto, quanto melhor a adaptação marginal da restauração, menor preocupação teremos em relação à solubilidade e ao desgaste destes cimentos (MAIA et al., 2003). Os cimentos resinosos apresentam solubilidade significativamente menor, in vitro, quando comparados aos cimentos de fosfato de zinco, policarboxilato, ionômero de vidro e ionômero de vidro reforçado por resina (MAIA et al., 2003). Um agente ideal de cimentação final deveria ser resistente à microinfiltração, uma vez que a penetração de microorganismos ao redor das restaurações está diretamente relacionada com diversas respostas pulpares e, conseqüentemente, com a redução da sua longevidade. Os cimentos de fosfato de zinco e de ionômero de vidro parecem ser mais capazes de limitar o metabolismo de bactérias cariogênicas nas fendas marginais do que os cimentos resinosos (BOTTINO et al, 2002). Todavia, segundo Maia et al., em 2003, a associação do uso dos cimentos resinosos aos sistemas adesivos, além de aumentar a força de união entre a estrutura dental-cimento-restauração melhorou o seu desempenho quanto ao selamento marginal, prevenindo assim a microinfiltração. Porém, a sensibilidade à técnica aumentou e cuidados adicionais devem ser realizados durante o procedimento de cimentação. Os cimentos que contém flúor na sua composição apresentam efeito anticariogênico, aspecto importante na cimentação de próteses em pacientes com alto risco de cárie (BOTTINO et al, 2002). O flúor incorporado aos dentes durante sua formação não confere resistência à cárie, mas concentrações baixas e constantes na cavidade bucal são desenvolvimento da eficientes para manter cárie, devido aos o controle fenômenos do de desmineralização-remineralização (COELHO et al., 2003). Frente aos benefícios oferecidos pelo flúor, materiais odontológicos que liberam certa quantidade de flúor foram e continuam sendo desenvolvidos e aprimorados para que funcionem de maneira efetiva nos mecanismos de prevenção da cárie. A exemplo disso, os cimentos de ionômero de vidro foram desenvolvidos em 1971, por Wilsin & Kent (COELHO et al., 2003). A capacidade de destruir microorganismos patogênicos ou inibir seu crescimento assume valor fundamental na função dos cimentos. O crescimento bacteriano sob próteses ou restaurações pode ou não causar injúria pulpar. Isso também depende da capacidade da polpa responder à irritação com dentina reparadora, da permeabilidade da dentina subjacente (se é esclerótica ou não, do número e tamanho dos túbulos dentinários) e da espessura da dentina remanescente (BOTTINO et al, 2002). Um cimento ideal deveria ter propriedades mecânicas suficientes para resistir às forças funcionais, fraturas e fadiga por estresse. Algumas propriedades mecânicas apresentadas pelos cimentos para cimentação final, como módulo de elasticidade, o cisalhamento e a resistência de união sob forças de tração e compressão, têm sido tema para muitos estudos que apresentaram resultados de comportamento diversos. Entretanto, esses resultados exibem geralmente os maiores valores para os cimentos resinosos com adição de cargas quando comparados aos agentes tradicionais e aos cimentos resinosos sem carga (BOTTINO et al, 2002). Estudos que avaliaram a influência de diversos agentes cimentantes na resistência à fratura de coroas de cerâmica pura obtiveram os maiores valores com os agentes resinosos, seguidos pelos cimentos de fosfato de zinco e ionômero de vidro (BOTTINO et al, 2002). Algumas pesquisas têm sido realizadas a fim de aumentar os valores das propriedades mecânicas modificando-se, por exemplo, a composição dos agentes cimentantes com a adição de ácido fítico ao cimento de fosfato de zinco ou com fibras resinosas aos cimentos resinosos (BOTTINO et al, 2002). As variações na relação pó/líquido podem afetar as propriedades mecânicas, o tempo de trabalho e o tempo de presa de alguns cimentos. Esses últimos também são afetados por fatores como a temperatura da placa de vidro, método de espatulação e alteração da relação água/ácido no líquido do cimento. As modificações nas relações pó/líquido de alguns materiais podem levar a efeitos drásticos na solubilidade. Segundo pesquisas, a redução de 30% na relação pó/líquido do fosfato de zinco resultou em perda de 26% na resistência à compressão, enquanto para o cimento de ionômero de vidro o aumento dessa relação tanto dificulta a remoção dos excessos, como provoca um aumento da temperatura intrapulpar (BOTTINO et al, 2002). O cimento ideal deveria apresentar fácil espatulação e tempo de trabalho adequado, uma vez que o desempenho clínico depende consideravelmente do método de manipulação. Se esta for realizada de forma imprópria, afetará a longevidade clínica do trabalho. Com o desenvolvimento dos cimentos de ionômero de vidro e resinosos, o tradicional fosfato de zinco tem apresentado uma diminuição do uso, embora os novos materiais exibam uma técnica mais sensível e também um maior número de passos para assegurar o bom comportamento na prática clínica (BOTTINO et al, 2002). A radiopacidade é uma propriedade que deve ser procurada nos agentes cimentantes, permitindo assim ao clínico observar através do exame radiográfico a linha de cimentação e a presença de cáries recorrentes ou excessos marginais do cimento. É desejável que os cimentos resinosos tenham valores de radiopacidade maiores em relação à dentina e similares ou maiores que o esmalte (BOTTINO et al, 2002). A radiopacidade de um material dentário é propriedade de relevância, pois regula o grau de reflexão do material, permitindo um contraste adequado entre dentina, esmalte e tecidos vizinhos, facilitando a identificação da imagem. (GONÇALVES et al., 1970) Estudos mostram que os cimentos de ionômero de vidro convencionais são mais radiopacos do que os cimentos de ionômero de vidro modificados por resina. Zytkievitz et al., no ano de 2005, em um estudo cujo objetivo foi avaliar, através da densidade pixel, a radiopacidade de cinco cimentos de ionômero de vidro atuais: Vitremer, Vitrebonb, Fuji II LC, Vidrion F e Vidrion R, mostraram que Vitremer e Vitrebond foram os materiais que apresentaram maior intensidade pixel, com resultados muito próximos entre si, em todas as espessuras, seguidos por Fuji II LC. Já Vidrion F e Vidrion R, exibiram menor radiopacidade. Com o passar dos anos, a sociedade passou a dar grande importância à estética, não mais desejando restaurações metálicas consagradas, como o ouro ou o amálgama de prata, dando preferência a materiais estéticos, como porcelana e polímeros, além da influência da mídia e da indústria, que têm estimulado clientes a solicitar materiais estéticos. Desta forma, a busca por materiais que atendam a essa exigência tem sido contínua (SIQUEIRA et al., 2005). As propriedades estéticas dos agentes de cimentação possuem uma considerável importância com o aumento de translucidez demonstrado pelos materiais restauradores cerâmicos e de polímeros de vidro. Desta forma, os conjuntos para cimentação que apresentam pastas hidrossolúveis para o teste da cor do agente cimentante facilitam a escolha da cor do cimento, assim como permitem modificações através do uso de corantes, tintas e opacificadores (BOTTINO et al, 2002). A estabilidade da cor dos cimentos é um fator que deve ser considerado; o acelerador amina, presente nos cimentos resinosos de dupla polimerização, pode levar a uma modificação cromática ao longo do tempo. Por esta razão, muitos profissionais preferem o uso de sistemas de cimentação fotopolimerizáveis para facetas laminadas e coroas puras em dentes anteriores, pois estes apresentam maior estabilidade de cor, apesar de estas alterações cromáticas não serem sempre perceptíveis clinicamente (BOTTINO et al, 2002). A resistência ao desgaste dos cimentos resinosos é influenciada pelo tipo, tamanho e conteúdo de partículas presentes. A conversão dos monômeros em polímeros também determina o grau de desgaste destes cimentos. O desgaste dos cimentos resinosos diminui com o aumento do grau de conversão e com o aumento do conteúdo de partículas por volume. Quanto ao tamanho da partícula inorgânica, os cimentos resinosos híbridos apresentam menor resistência ao desgaste do que os cimentos resinosos microparticulados. Portanto, o uso de cimentos resinosos microparticulados reduz de forma significativa o seu desgaste. A preocupação quanto ao desgaste dos cimentos resinosos utilizados para cimentação de inlays de cerâmica e de resina existe quando há um aumento do gap entre as margens da restauração e a estrutura dental. A largura do gap marginal e a resistência ao desgaste dos cimentos resinosos apresentam uma correlação linear, ou seja, quanto maior o gap marginal, maior o desgaste do cimento. (MAIA et al., 2003) 4. DISCUSSÃO Na área de Prótese Dentária, a expectativa de sobrevida das restaurações fixas é mais longa em comparação com os trabalhos restauradores diretos. Em um levantamento realizado na Escandinávia, a idade mediana das restaurações indiretas em ouro foi de 20 anos, ao passo que as restaurações em amálgama e em resina composta apresentaram, respectivamente, 12-14 anos e 7-8 anos de idade mediana (SHINKKAI et al., 2000). A técnica de cimentação com o cimento de fosfato de zinco, na clínica odontológica, é amplamente conhecida e utilizada pelo profissional. Shinkkai et al., no ano de 2000, em um trabalho cujo objetivo foi avaliar a preferência dos participantes de um congresso direcionado à área de prótese dentária em relação à aplicação clínica de alguns materiais dentários, constataram que para prótese parcial fixa convencional, o cimento de fosfato de zinco foi o preferido de mais de três quartos dos respondentes (n=60, 79%). Esta preferência não se alterou mesmo quando houve distribuição dos resultados por tempo de graduação ou por tipo de atividade. Tal fato reflete a confiabilidade do cimento de fosfato de zinco ao longo de décadas de uso clínico bem sucedido. Além disso, seu custo financeiro é bem inferior ao dos cimentos resinosos e de ionômero de vidro. Nesta pesquisa, o cimento resinoso e o cimento de ionômero de vidro foram bem menos citados que o cimento de fosfato de zinco (25% e 20%, respectivamente). No subgrupo "31 anos em diante", houve empate entre o cimento de fosfato de zinco e o cimento de ionômero de vidro. Para o metal, o cimento de fosfato de zinco continuou sendo o cimento de escolha para a maioria dos participantes (77%). O cimento resinoso (23%) e o cimento de ionômero de vidro/ionômero de vidro modificado por resina (13%) apresentaram índices de citação bem mais baixos que o cimento de fosfato de zinco. Para a utilização em sua própria boca, o cimento de fosfato de zinco continuou sendo o preferido para a cimentação de prótese parcial fixa convencional (72%). O cimento de fosfato de zinco foi, no princípio, o agente cimentante mais disponível e largamente utilizado. Com o surgimento dos cimentos resinosos, aliados às suas maiores vantagens como adesão ao substrato dental e pino, menor infiltração, diminuição da solubilidade, entre outras, o cimento de fosfato de zinco foi perdendo terreno de aplicação. (VADENAL et al., 2005) Vadenal et al., no ano de 2005, em um trabalho que apresentou o desenvolvimento da técnica de cimentação do CICIMPLAC (Conector previamente por Implac testes de Cimentado), resistência constatou, à tração, avaliando diferenças estatisticamente significantes favoráveis ao cimento de fosfato de zinco em relação aos outros cimentos testados. Maia et al., em 2003, em um artigo cujo objetivo foi apresentar algumas das propriedades físico-mecânicas dos cimentos resinosos disponíveis atualmente descreveu, através de uma revisão de literatura, que tradicionalmente o cimento de fosfato de zinco tem sido usado como agente cimentante de escolha para a cimentação de coroas protéticas. Porém, os cimentos resinosos, cujas propriedades físico-mecânicas apresentaram melhoras quando comparadas aos cimentos tradicionais, têm o seu uso clínico aumentado consideravelmente. Shinkkai et al., em 2000, afirmaram que o cimento de fosfato de zinco proporciona uma confiabilidade de décadas de uso clínico bem sucedido. Além disso, seu custo financeiro é bem inferior ao dos cimentos resinosos e de ionômero de vidro, embora estes tenham apresentado, in vitro, algumas propriedades biomecânicas mais vantajosas em relação ao cimento de fosfato de zinco. Por muito tempo a cimentação definitiva restringia-se ao uso do cimento de fosfato de zinco. Com o decorrer dos anos outros materiais foram sendo desenvolvidos e, hoje, podem ser encontrados no mercado cimentos de fosfato de zinco, policarboxilato, ionômero de vidro convencional e reforçado por resina, compômeros e os cimentos resinosos (TAPETY et al., 2004). Tanto os cimentos de fosfato de zinco quanto os ionoméricos apresentam características semelhantes, entre as quais se destacam espessura de película, capacidade retentiva, infiltração marginal e escoamento (PEGORARO et al., 1998). Em uma pesquisa da reunião anual da AMERICAN ACADEMY OF ESTHETIC DENTISTRY , em 1995, a ordem de preferência para a cimentação de coroas totais metálicas, coroas metalocerâmicas ou coroas metaloplásticas foi: cimento de ionômero de vidro convencional (25%), cimento de fosfato de zinco (24%), cimento de ionômero de vidro modificado por resina (15%), cimento de policarboxilato (9%) e cimento resinoso (5%). O principal argumento para a maior utilização dos cimentos de ionômero de vidro foi a sua atividade anticariogênica devido à liberação de flúor. Entretanto, não há evidências experimentais e clínicas que comprovem a ação anticariogênica dos cimentos de ionômero de vidro para cimentação de restaurações indiretas (SHINKKAI et al., 2000). Apesar da maioria dos trabalhos sugerir a capacidade remineralizadora do cimento de ionômero de vidro, não foram encontradas fortes evidências, dentro da proposta da Odontologia Baseada em Evidências, de que o flúor liberado pelo cimento de ionômero de vidro é capaz de remineralizar a estrutura dentária. (ROBSON et al., 2003). Em função da liberação de flúor o grau de proteção dos cimentos ionoméricos quanto à recidiva de cárie parece ser maior do que o do cimento de fosfato de zinco. Embora os cuidados quanto ao controle da umidade sejam extremamente importantes e indispensáveis para ambos, parece ser mais crítico para o cimento ionomérico tanto no ato da cimentação quanto na pós-cimentação, exigindo maior controle do transudato sulcular e maior tempo do campo isolado e sem contato com saliva (PEGORARO et al., 1998). Relatos sobre o nível de liberação de flúor de diferentes materiais odontológicos são baseados em medidas feitas em água deionizada, saliva artificial e solução para pH de ciclo desmineralizante (pH 4,3) e remineralizante (pH 7), obtendo, porém, uma liberação de flúor mais alta no sistema de ciclo de pH. A comparação de liberação de flúor dos materiais odontológicos depende do meio usado na avaliação. Em saliva artificial e pH ciclo, os cimentos de ionômero de vidro modificados por resina liberam mais flúor que os compômeros e na água deionizada o cimento de ionômero de vidro convencional libera mais flúor do que os cimentos de ionômero de vidro modificados por resina e estes, mais que os compômeros. Atualmente, há no mercado odontológico cimentos de ionômero de vidro e derivados, entre eles os materiais que contém diferentes proporções de reações do tipo ácido-base e de radicais livres de metacrilato em sua reação de presa, liberando quantidades diferentes de flúor. Nos cimentos de ionômero de vidro convencionais e nos modificados por resina, essa liberação se dá por dissolução do material nos primeiros dias e por trocas iônicas. Nos cimentos resinosos essa liberação se dá somente por trocas iônicas, pois o grau de solubilidade desse material é muito baixo. Assim sendo, a liberação de flúor pelos diferentes materiais depende de sua composição, com liberação maior para os cimentos de ionômero de vidro convencionais que contêm NaF, que é mais solúvel, seguido pelo cimento de ionômero de vidro modificado por resina e pelos modificados por poliácidos, como demonstram experimentos laboratoriais. Em teste de difusão em placa de Agar, o cimento de ionômero de vidro no estado fresco e após presa libera altas concentrações de flúor (COELHO et al., 2003). Contudo, para a escolha de um material, todas as suas propriedades devem ser analisadas em conjunto com as necessidades clínicas. A liberação de flúor não é o único fator que dita à escolha de um agente cimentante. As dúvidas despertam imensa curiosidade em saber se, independentemente do conteúdo de monômeros resinosos presentes no cimento de ionômero de vidro, a liberação de flúor e inibição dos S. mutans ocorre efetivamente. Segundo Coelho et al., em 2003, considerando-se as condições em que seu estudo foi conduzido, simulando um meio de alto desafio cariogênico, parece válido concluir que no que diz respeito às marcas comerciais dos cimentos de ionômero de vidro, o Vidrion apresentou comportamento semelhante ao do grupo controle e, portanto, não evitou as alterações do esmalte em presença do S. mutans; o Dyract e o Vitremer apresentaram comportamentos semelhantes entre si e menos alterações do esmalte em presença do S. mutans; o comportamento do Dyract e do Vitremer foi estatisticamente diferente do Vidrion e Controle; nenhum dos materiais estudados foi capaz de evitar completamente alterações do esmalte em presença de S. mutans. Dentes pilares de próteses cujas margens estejam colocadas em cemento, como nos casos de recessão gengival, teriam indicação mais precisa para aplicação dos cimentos ionoméricos do que os de fosfato de zinco (PEGORARO et al., 1998). A translucidez dos cimentos ionoméricos, também encontrada em alguns cimentos resinosos, pode ser fator de importância estética suficiente para indicá-los na cimentação das restaurações que permitem a passagem da luz, como as coroas de porcelana pura, em detrimento do fosfato de zinco (PEGORARO et al., 1998). As qualidades de resistência à compressão e tração dos cimentos ionoméricos são melhores do que as dos cimentos de fosfato de zinco (PEGORARO et al., 1998). O grau de solubilidade do cimento de fosfato de zinco parece ser maior do que o do cimento ionomérico, principalmente em meio ácido. A troca de flúor com o meio oral que os cimentos de ionômero de vidro conseguem estabelecer parece não ter similar nos cimentos de fosfato de zinco, mesmo contendo flúor. O grau de irritação pulpar promovido pelo ácido fosfórico do cimento de fosfato de zinco é muito mais acentuado do que o que ocorre com os ionoméricos, daí a preocupação com o vedamento/proteção dos túbulos dentinários com vernizes cavitários quando de usa o cimento de fosfato de zinco (PEGORARO et al., 1998). A fluidez dos cimentos ionoméricos é similar à dos fosfatos de zinco, o que lhes permite espessura de película semelhante (PEGORARO et al., 1998). Alguns cimentos ionoméricos reforçados por resina e compômeros são indicados por seus respectivos fabricantes para cimentação de restaurações indiretas em resina e porcelana. No entanto, existe uma concordância entre os autores no que diz respeito à preferência pelos cimentos resinosos para fixação de restaurações em resina composta e cerâmica pura. Tal preferência é justificada não só pela melhor estética obtida, mas também pela melhor adesão entre os materiais. Numa avaliação clínica em que as porcelanas feldspáticas foram cimentadas com cimento de ionômero de vidro e cimento resinoso, após seis anos, as falhas foram estatisticamente maiores nas restaurações nas quais o cimento de ionômero de vidro foi empregado (TAPETY et al., 2004). Face aos diversos tratamentos superficiais, materiais e técnicas existentes, muitas são as dúvidas sobre qual o melhor procedimento a ser adotado durante a cimentação definitiva dos materiais cerâmicos aluminizados. Segundo o fabricante, o In-Ceram (Vita) deve ser cimentado com cimento de fosfato de zinco ou ionômero de vidro, podendo-se também usar cimentos resinosos acompanhados por tratamentos específicos (BOTTINO et al., 2002). Deve-se ressaltar que existem duas interfaces que envolvem os agentes cimentantes, uma voltada para o dente preparado (suporte) e outra voltada para a coroa (retentor). Esta camada de cimento visa não só a retenção da coroa ao dente, mas também uma união cimento porcelana (SILVA et al., 2005). Os cimentos resinosos, inicialmente indicados para a cimentação de inlays e onlays estéticas, estão sendo amplamente utilizados para a cimentação de restaurações complexas, como próteses em cerâmica pura, próteses metalocerâmicas e restaurações indiretas de resina composta. Para a cimentação de peças metálicas, os cimentos resinosos de dupla ativação estão sendo cada vez mais utilizados como alternativa aos cimentos de fosfato de zinco e cimentos de ionômero de vidro. Em relação aos cimentos de fosfato de zinco, os cimentos resinosos duais apresentam maior união às estruturas dentais e às ligas metálicas, menor infiltração marginal e solubilidade aos fluídos bucais praticamente nula (NEPPELENBROEK et al., 2004). Segundo Maia et al., em 2003, os cimentos resinosos possuem vantagens como alta resistência, dureza, baixa solubilidade em fluído oral e união micromecânica ao esmalte e à dentina. Aliada a essas vantagens, vários estudos que avaliaram a retentividade de peças protéticas demonstraram a superioridade dos cimentos resinosos em relação a outros materiais destinados à cimentação (MOREIRA et al., 2002; PRATES et.al., 2000). Entre as desvantagens estão a sensibilidade técnica, a possibilidade de infiltração marginal e sensibilidade pulpar, espessura da película, o curto tempo de trabalho e a dificuldade na remoção dos excessos da margem da restauração (MAIA et al., 2003). Apesar das possíveis desvantagens enumeradas, como visto, vários trabalhos resinosos em interessante relataram relação avaliar as a o bom outros desempenho cimentos. propriedades dos Assim mecânicas cimentos sendo, das seria diferentes formulações de cimentos resinosos, estabelecendo-se um indicativo do desempenho dos mesmos com relação à resistência retentiva de peças protéticas (MIRANDA et al., 2005). Vadenal et al., em 2005 também apresentaram como principal desvantagem dos cimentos resinosos a técnica de aplicação complexa, demorada e onerosa. As dúvidas relacionadas às variáveis de manipulação desses materiais permanecem. Dentre essas variáveis, destaca-se a necessidade de aplicação de “primers” e adesivos previamente à aplicação dos cimentos resinosos. Sobre a superfície dentinária foi demonstrado que a aplicação prévia de um sistema adesivo após o condicionamento ácido desempenha importante papel, melhorando significativamente a resistência retentiva de coroas metálicas fixadas com cimento resinoso (FERREIRA et al., 2006). Os cimentos resinosos têm sido o material de escolha para cimentação de cerâmicas, pois o cimento de fosfato de zinco e o cimento de ionômero de vidro mostram pobre qualidade marginal, baixa resistência à fratura e baixa retenção. Entre os cimentos resinosos o fotoativado tem como principais vantagens fácil utilização e controle do tempo de trabalho pelo profissional; enquanto o cimento quimicamente ativado sofre uma polimerização mais homogênea, que ocorre também em áreas de pobre acesso à luz para a fotopolimerização. No entanto, muitos trabalhos têm mostrado que os cimentos do tipo dual são mais eficientes que os quimicamente ativados (GONÇALVES et al., 2005). Além do tratamento superficial correto, as restaurações de cerâmica pura devem receber um agente cimentante específico, para que sua longevidade seja melhorada (SILVA et al., 2005). O silano é aplicado após o condicionamento ácido e tem como princípio o molhamento e consequente contribuição para a união covalente entre o agente silanizador e o grupo OH da superfície cerâmica. Os silanos são considerados agentes de ligações bifuncionais, ou seja, cada extremidade da sua molécula reage com diferentes superfícies, uma inorgânica, da porcelana, e outra da matriz orgânica da resina (SIQUEIRA et al., 2005). Os silanos podem aumentar a resistência da união de cimentos resinosos quando os mesmos são utilizados sobre estruturas de porcelana. Também foi demonstrada sua influência, embora com menor eficiência, sobre estruturas de cobalto-cromo (FERREIRA et al., 2006). Em casos de superfícies metálicas, os fabricantes geralmente não mencionam exigência quanto à necessidade de aplicação dos adesivos na superfície interna de coroas. Em superfícies cerâmicas, por outro lado, tem sido recomendada a aplicação dos agentes silanos, com o intuito de melhorar a resistência da união do cimento resinoso à porcelana. Todavia, pelo menos um fabricante menciona benefício e recomenda a aplicação de um agente silano também sobre superfícies metálicas (FERREIRA et al., 2002). Os cimentos resinosos são muito utilizados em restaurações estéticas e, cada vez mais, estão evoluindo, devido ao avanço nas descobertas sobre adesivos dentinários. Por serem de presa dual, possuem melhor desempenho em longo prazo, em relação aos cimentos de fosfato de zinco, mesmo quando não fotoativados (SANTOS et al., 2000). Devido a sua capacidade de aderir-se a múltiplos substratos, sua alta resistência, insolubilidade em meio oral e potencial para adaptarem-se às diferentes cores do substrato dentário, os cimentos resinosos são os materiais preferidos para restaurações estéticas livres de metal (BOTTINO, et al.; 2002). Levantamentos da “American Academy of Esthetic Dentistry” revelam que os cimentos resinosos são os mais usados para tal fim, sendo utilizados em cerca de 64% dos casos (SILVA et al., 2005). Pesquisas encontraram muitas evidências clínicas e laboratoriais de que o uso de adesão resinosa em coroas de cerâmica pura tem melhorado estas restaurações por aumentar sua resistência à fratura. Outros dados indicavam que se os cimentos resinosos são usados sem adesão às cerâmicas, parece não haver fortalecimento da restauração, assim como ocorre quando do uso dos cimentos de fosfato de zinco e ionômero de vidro. Sendo assim, para os sistemas cerâmicos com infra-estruturas de alta resistência, como o In-Ceram (Vita), não encontraram dados que deixassem claro o seu fortalecimento pelo uso de sistemas resinosos adesivos (SILVA et al., 2005). Silva et al., no ano de 2005, no seu trabalho de pesquisa que teve por objetivo avaliar, quantificar e comparar in vitro os níveis de resistência à força de adesão alcançados pela porcelana infiltrada Inceram (Vita) e pela porcelana feldspática Vitadur Alpha (Vita) quando cimentadas ao esmalte bovino com o cimento resinoso Panavia F (Kuraray), demonstraram que cimentos resinosos como o Panavia 21 (Kuraray), que apresenta um monômero éster fosfórico, têm demonstrado melhor retenção quando comparados aos cimentos resinosos à base de BIS-GMA. Deve-se enfatizar, no entanto, que o adequado tratamento da superfície da cerâmica é de fundamental importância para se alcançar uma alta força de adesão. Embora o condicionamento com ácido fluorídrico seja eficiente em criar microrretenções na porcelana feldspática, sabe-se que o mesmo procedimento não é válido para o tratamento superficial do In-Ceram, mas sim o jateamento com partículas de óxido de alumínio 50um. O cimento Panavia F, além de ser de fácil manipulação, apresenta o melhor desempenho em relação aos demais, em casos de cimentação de coroas totais metálicas, apresentando menores índices de desajustes que os demais (SANTOS et al., 2000) na cimentação de cerâmicas feldpáticas (SILVA et al., 2005). Ferreira et al., em 2006, em um estudo que objetivou avaliar a resistência da união, com ensaios de tração, de fundições cilíndricas de liga de níquel-cromo (Kromalit-Knebel) fixadas com dois cimentos resinosos (Enforce – Dentsply e Rely X ARC – 3M ESPE) com e sem a aplicação dos “primers” silanos e adesivos, comparando-se os dois cimentos resinosos avaliados, verificaram a superioridade estatística na resistência da união do cimento Rely X ARC em relação ao cimento Enforce, quando os mesmos foram aplicados com os respectivos “primers” silanos e/ou adesivos, ocorrendo semelhança estatística quando os dois cimentos foram aplicados sem os respectivos “primers” silanos e adesivos. Os resultados encontrados neste estudo, ou seja, a superioridade da resistência da união do agente cimentante resinoso utilizado em conjunto com o sistema adesivo, independentemente da associação aos “primers” silanos, em comparação ao agente cimentante resinoso utilizado sem o sistema adesivo, indica que os procedimentos de fixação de peças protéticas com cimentos resinosos poderiam ser reavaliados. Todavia, ressalta-se que antes da técnica de aplicação prévia de adesivos à parte interna de coroas com infraestrutura metálica ser rotineiramente recomendada, são necessários estudos com o objetivo de verificar o impacto que tal procedimento poderá provocar na espessura de película e no assentamento das coroas totais fixadas com cimentos resinosos, ou seja, impedindo ou não a adaptação completa das mesmas (FERREIRA et al., 2006). Corroborando essa possibilidade, Prates et al. verificaram que a utilização de um “primer” silano não aumentou a resistência retentiva de coroas de paládio-prata fixadas com adesivo e cimento resinoso a núcleos de liga de prata. No caso de cimentação de próteses implanto-suportadas, Borges et al., no ano de 2008, descreveram que um critério importante nos estudos que incorporaram cilindros de ouro às estruturas metálicas por meio de cimento resinoso é o espaço criado para este. Estes limites visam promover uma espessura uniforme e resistente da camada de cimento sem que haja desunião do cilindro. Pegoraro et al, em 1998, sugeria que a cimentação de núcleos intra-radiculares deveria ser realizada com cimentos de fosfato de zinco ou de ionômero de vidro. O cimento de fosfato de zinco, apesar de consagrado pelo maior tempo de uso, não é adesivo, nem tem propriedades anticariogênicas. Em ensaios de fadiga, os cimentos resinosos resistiram a um maior número de ciclos quando comparados aos cimentos de fosfato de zinco e ionômero de vidro híbrido, porém sem diferença entre estes dois últimos. Os cimentos resinosos não apresentaram fratura, enquanto que o cimento de fosfato de zinco teve fraturas em diversos locais, como nas interfaces dente-cimento, coroa-cimento ou ambas. O cimento de ionômero de vidro híbrido apresentou fraturas apenas entre o dente e o cimento (BOTTINO et al, 2002). Conceição et al., no ano de 2006, sugerem que a cimentação de pinos intra-radiculares reforçados por fibras e que tenham propriedades adesivas, seja realizada com materiais adesivos de polimerização dupla, para que se possa garantir uma adequada polimerização tanto do sistema adesivo como do cimento resinoso em todas as regiões do canal, não prejudicando assim a retenção do pino, e comprometimento da futura restauração. A utilização do sistema adesivo de dupla polimerização associado ao cimento resinoso dual promove maior retenção dos pinos de fibra de vidro no canal radicular. Os valores de força de remoção para os pinos de fibra de vidro cimentados com sistema adesivo de dupla polimerização associado ao cimento resinoso dual são estatisticamente superiores ao sistema adesivo fotopolimerizável (CONCEIÇÃO et al., 2006). Os cimentos resinosos duais, que possuem dupla ativação de presa, devem ser capazes de atingir adequada resistência mecânica mesmo onde a luz não consegue penetrar. Todavia, Neppelenbroek et al., no ano de 2004, observaram, em seu estudo que avaliou o grau de polimerização de um cimento resinoso dual após a interposição de duas diferentes resinas compostas indiretas, que não há significativa polimerização induzida por ativação química após a fotoativação de cimentos resinosos duais. Esses autores demonstraram que os resultados obtidos sugerem pouca efetividade do mecanismo de presa química e grande dependência da fotoativação. Foi sugerido que nem mesmo com o gatilho químico ou com o decorrer do tempo a redução na porcentagem de polimerização foi compensada. Apesar de possíveis melhorias em todas as variáveis envolvidas nas cimentações, cuidados adicionais no emprego dos agentes duais de fixação devem ser tomados, uma vez que o ativador químico apresentou ação limitada no decorrer do tempo. Dessa forma, a fotoativação desses materiais, durante a cimentação de restaurações estéticas de resinas compostas indiretas, deverá ser bastante criteriosa (NEPPELENBROEK et al., 2004). Miranda et al., em 2005, afirmam, através de um estudo cujo propósito foi avaliar a resistência mecânica de quatro cimentos resinosos de dupla ativação (Rely X ARC – 3M; Enforce – Dentsply; Fill Magic Dual Cement – Vigodent; Variolink II – Ivoclar Vivadent), que a composição dos cimentos resinosos de dupla ativação proporciona propriedades físicas e mecânicas superiores às dos demais materiais para cimentação. Assim sendo, há poucas dúvidas relacionadas ao bom desempenho dos cimentos resinosos em relação aos cimentos tradicionais. As incertezas estão mais relacionadas às variáveis de manipulação e às diferentes formulações dos cimentos resinosos. No ensaio de resistência à compressão, não foram observadas diferenças estatisticamente significativas entre os quatro cimentos. Com relação à resistência flexural, os cimentos Variolink II e Dual Cement foram estatisticamente superiores em relação ao Rely X ARC, ocorrendo similaridade nos demais casos. Os resultados deste estudo demonstraram que os quatro cimentos resinosos avaliados , quando manipulados de acordo com as recomendações dos fabricantes, podem, dependendo do tipo de ensaio, proporcionar valores de resistência estatisticamente diferentes. Todavia, a partir dos resultados obtidos, presume-se que os quatro materiais também podem proporcionar desempenho adequado em relação à resistência mecânica e, possivelmente, em relação à resistência retentiva de peças protéticas, pois proporcionam valores estatisticamente similares de resistência à compressão e, em se tratando de resistência flexural, superiores ao mínimo estabelecido na especificação ISSO 4049, ou seja, 50MPa . Destaca-se, porém, que o comportamento dos quatro cimentos na clínica ou em estudos de laboratório poderá sofrer influência de outras variáveis não avaliadas neste estudo, relacionadas, por exemplo, à associação aos sistemas adesivos, aos diferentes substratos, períodos de armazenagem, entre outras, que poderão ou não confirmar os resultados aqui encontrados (MIRANDA et al., 2005). No trabalho de Shinkkai et al, no ano de 2000, o cimento de escolha quanto à prótese parcial fixa adesiva foi o cimento resinoso (96%), sendo apontados principalmente os cimentos resinosos adesivos que apresentam adesão com metal. "Inlay/onlay" em porcelana cimentado com cimento resinoso foi o trabalho estético preferido. Maia et al., em 2003, concluíram que o conhecimento das propriedades físico-mecânicas do material de cimentação com que estamos trabalhando é de fundamental importância, uma vez que manipulações e aplicações incorretas podem resultar em grandes alterações das mesmas, comprometendo assim o desempenho clínico dos cimentos e, conseqüentemente, o desempenho clínico da restauração a longo prazo. Um agente cimentante ideal deveria apresentar as seguintes características: adesão à estrutura dental e restauração, permitir o controle do tempo de trabalho e presa, pequena espessura de película, ser pouco solúvel no meio bucal, resistência à compressão, módulo de elasticidade semelhante ao da estrutura dental, baixa deformação plástica, estabilidade dimensional durante a presa e a função, ser biocompatível, ser radiopaco, apresentar estética adequada e ter propriedades anticariogênicas. Infelizmente não existe um material que satisfaça todos os requisitos de um agente cimentante ideal (MAIA et al., 2003). Todos os cimentos disponíveis atualmente apresentam limitações e estas devem ser levadas em consideração no momento de sua seleção (MAIA et al., 2003). Quanto aos agentes cimentantes para cimentação final relacionados neste trabalho, exceto os cimentos de fosfato de zinco, ionoméricos e resinosos, os demais não foram tão citados na literatura, o que indica que os mesmos não devem ser tão utilizados pelos profissionais. Os cirurgiões-dentistas tendem a ser conservadores na seleção de materiais dentários, independentemente do tempo de graduação e tipo de atividade (clínica, docência ou pesquisa). A seleção entre os agentes cimentantes entre os cirurgiões dentistas parece ser muito mais um exercício de gosto, vontade e experiência própria do que de fundamentação científica ou baseada em pesquisas. Entretanto, com toda essa variabilidade de opiniões pessoais, de técnicas diversas e diferentes dispositivos, dificilmente chega-se a um consenso partindo-se do princípio de que os autores que publicaram seus métodos têm obtido resultados satisfatórios. Um agente cimentante, como citado anteriormente, deveria apresentar várias propriedades específicas para ser considerado ideal, todavia, ainda não existe um material que satisfaça todos os requisitos. Todos os agentes cimentantes atuais apresentam vantagens e limitações que devem ser levadas em consideração no momento de sua escolha. Cada agente cimentante tem suas indicações em situações específicas. Desta forma seria ideal que o profissional conhecesse essas vantagens e limitações de cada material para que pudesse fazer uma escolha consciente e eficiente de sua utilização. 5. CONCLUSÃO Através deste trabalho conclui-se que tradicionalmente o cimento de fosfato de zinco tem sido usado como agente cimentante de escolha para a cimentação de coroas protéticas. Porém, os cimentos resinosos, apresentaram melhoras cujas quando propriedades comparadas físico-mecânicas aos cimentos tradicionais, têm o seu uso clínico aumentado consideravelmente. Os cimentos de ionômero de vidro também ocupam, ainda, um lugar de destaque na odontologia. Para os cimentos resinosos, a forma de polimerização dupla parece ser a mais recomendada, garantindo melhores propriedades mecânicas. No entanto, a fotoativação é imprescindível, pois a fase química não garante polimerização completa e dureza satisfatória. Pode-se depreender que a cimentação, do ponto de vista clínico, pode ser executada de maneira eficiente e com cuidados rotineiros; em outras palavras, a grande variabilidade não vai afetar o resultado final, exceto se for acompanhada de erros grosseiros REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGOSTINHO, A.M.; MATSUMOTO, W.; ANTUNES, R.P.A. Fatores que influem na espessura de película de cimentação. Revista PósGraduação. São Paulo, v.7, n.1, p.74-77, jan./mar. 2000. BARATIERI, L.N. Restaurações Indiretas com Resina Composta. Quintessence. São Paulo, 2001, p.534-536. BELOTI, A.M. Avaliação da Espessura de Película de Cimentos Resinosos. Jornal Brasileiro de Clínica Odontológica Integrada. Curitiba, v.4, n.23, p.33-36, set./out. 2000. BORGES, C.A.G.; HERMANN, C.; THOMÉ, G.; SARTORI, I.A.M.; BASSI, A.P.F. Análise do Comportamento das Próteses Implantosuportadas e dos Componentes pela Técnica do Cilindro Cimentado com Diferentes Marcas de Cimentos Resinosos. Revista Gaúcha de Odontologia. 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