INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
FUNORTE/SOEBRÁS
AGENTES CIMENTANTES EM
PRÓTESE FIXA
DJÚLIE FIGUEREDO MÜLLER
Monografia
apresentada
ao
programa
de
Especialização em Prótese Dentária do ICS –
FUNORTE/SOEBRAS NÚCLEO FLORIANÓPOLIS,
como parte dos requisitos para obtenção do título de
Especialista.
Florianópolis, 2009
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
FUNORTE/SOEBRÁS
AGENTES CIMENTANTES EM
PRÓTESE FIXA
DJÚLIE FIGUEREDO MÜLLER
Monografia
apresentada
ao
programa
de
Especialização em Prótese Dentária do ICS –
FUNORTE/SOEBRAS NÚCLEO FLORIANÓPOLIS,
como parte dos requisitos para obtenção do título de
Especialista.
ORIENTADOR: Prof. Sílvio Teodoro de Carvalho
Florianópolis, 2009
UM PENSAMENTO
Nossos maiores esforços sempre serão transformados em
nossas maiores conquistas.
DEDICATÓRIA
À minha querida madrinha Neide de Figueredo, minha segunda
mãe, que me acolhe em todos os momentos.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pelo dom da vida e por tantos privilégios...
Agradeço aos meus pais por serem meus e por fazerem tanto por
mim...
Agradeço ao meu marido pelo amor, amizade e compreensão que
tornam nossa vida tão maravilhosa...
Agradeço ao meu irmão pelo companheirismo...
Agradeço aos meus parentes e amigos por existirem e fazerem parte
de minha vida...
Agradeço aos professores por terem sido, além de mestres, amigos...
Agradeço aos funcionários pela colaboração...
Agradeço aos pacientes pela confiança...
Agradeço aos colegas por terem feito de nós uma turma de
profissionais que se tornaram grandes amigos, daqueles que
“guardaremos do lado esquerdo do peito, debaixo de sete chaves”...
SUMÁRIO
RESUMO
ABSTRACT
1
INTRODUÇÃO
01
2
PROPOSIÇÃO
03
3
RETROSPECTIVA DA LITERATURA
04
3.1. Cimento de Fosfato de Zinco
08
3.2. Cimento de Policarboxilato de Zinco
10
3.3. Cimento de Ionômero de Vidro
12
3.4. Cimento de Ionômero de Vidro modificado por Resina
17
3.5. Cimentos Resinosos
19
3.6. Resina modificada por poliácidos (Compômeros)
36
4
DISCUSSÃO
50
5
CONCLUSÃO
65
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
66
RESUMO
A autora realizou uma revisão de literatura na qual descreveu
que os agentes cimentantes ou cimentos odontológicos são os
materiais responsáveis pela união do material restaurador indireto e a
estrutura dental devidamente preparada para recebê-lo. A escolha
adequada desses agentes é fundamental para a longevidade das
próteses, pois os diversos materiais apresentam características
próprias e comportamentos clínicos distintos. O agente cimentante
ideal deve apresentar alta resistência à compressão, tração e
cisalhamento,
adesividade,
tanto
à
estrutura
dental
quanto
à
restauração, resistência à microinfiltração, apresentando selamento
marginal
adequado,
biocompatibilidade,
ação
cariostática,
ser
bactericida, apresentar baixa solubilidade ou insolubilidade aos fluidos
bucais, resistência a fraturas, radiopacidade, variedade e estabilidade
de cor, facilidade de manipulação, técnica simples, tempo de trabalho
prolongado e presa rápida na boca, não interferir na estética, baixa
viscosidade e espessura mínima de película (SIQUEIRA et al., 2005).
De acordo com Bottino et al., em 2002, encontramos atualmente seis
tipos de agentes cimentantes para cimentação final comercialmente
disponíveis: cimento de fosfato de zinco, cimento de carboxilato de
zinco, cimento de ionômero de vidro, cimento de ionômero de vidro
modificado por resina (híbrido), cimento resinoso e cimento de resina
modificado por poliácido (compômero). Os cimentos odontológicos,
quando utilizados de maneira correta, conforme suas indicações
potencializam a qualidade de todo o trabalho protético, visto que
haverá uma estabilidade e maior durabilidade do referido trabalho.
ABSTRACT
The author conducted a literature revision in which described
that the odontological cements are the responsible materials for the
union of the indirect filling material and the dental properly prepared
structure to receives him. The adequate choice of these agents is
fundamental for the prosthesises longevity, because the several
materials present own characteristics and distinct clinical behaviors.
The ideal odontological cements should present high resistance to the
compression, traction and cisalhamento, adhesiveness, so much to
the dental structure regarding the restoration, resistance to the
microleakage,
presenting
selamento
adequate
marginal,
biocompatibility, action cariostática, be bactericide, present low
solubility or insolubility to the buccal fluid, resistance the fractures,
radiopacidade, variety and stability by heart, manipulation easiness,
simple technique, time of prolonged working and fast capture in the
mouth, do not interfere in the aesthetics, low viscosity and minimum
thickness of pellicle (Siqueira et Al., 2005). According to Bottino et
Al., In 2002, find nowadays six kinds of agents cimentantes for final
commercially available cementation: Zinc phosphate cement, zinc
carboxilato cement, glass ionômero cement, glass ionômero cement
modified by resin (hybrid), resinous cement and resin cement
modified by poliácido (compômero). The odontological cements, when
used of correct way, as her indications make potent the quality of the
whole prosthetic work, since there will be a referred work stability
and larger durability.
1. INTRODUÇÃO
Geralmente
particularmente
negligenciada
pelos
protesistas,
pelos
a
cirurgiões-dentistas,
cimentação
tem
sido
considerada, o verdadeiro “calcanhar de Aquiles” da prótese fixa. De
nada adianta uma prótese ter sido adequadamente planejada com
relação ao número e tipo de retentores, ter recebido coroas
provisórias corretamente adaptadas, ter sido submetida a moldagens
com materiais altamente precisos e reproduzida com gesso da melhor
qualidade, ter sido fundida com metal precioso ou liga não nobre de
excelente reprodução marginal e ser submetida à aplicação de
porcelana altamente estética se, ao final do ato de cimentação, o
paciente relatar que a prótese anteriormente ajustada e mantida
cimentada provisoriamente por algum tempo, agora se encontra
“alta” e impedindo a correta oclusão dos dentes (PEGORARO, et al.,
1998).
Talvez seja esta uma das constatações mais desconcertantes a
que um cirurgião-dentista pode ser submetido na rotina da clínica
odontológica. Não fica difícil para o paciente aceitar o ajuste oclusal
como forma de remediar o problema. Fica difícil para o profissional
propor a repetição da peça sem ônus para o paciente, já que esta,
com freqüência torna-se “irremovível” com qualquer saca-prótese ou
quantidade de pancadas. Além disso, é preciso se levar em
consideração o custo para a repetição do trabalho, o tempo gasto
para isso, o incômodo gerado para o paciente, o material de consumo
(PEGORARO, et al., 1998).
Por este motivo muitos profissionais contentam-se em ajustar a
oclusão esquecendo-se que as próteses fixas apresentam duas áreas
extremamente críticas para alcançar o objetivo principal de qualquer
prótese que é o de ser capaz de manter saudáveis os dentes
remanescentes e a saúde do tecido periodontal. A primeira dela, a
oclusão,
às
vezes
criteriosamente
planejada
e
executada,
é
prejudicada pelo ajuste pós-cimentação, podendo comprometer os
próprios dentes suportes e seus antagonistas; a segunda, o término
cervical ou junção dente/cimento/material restaurador, tem seu
desajuste
aumentado
pela
espessura
da
película
de
cimento,
propiciando a degradação marginal e solubilização deste material,
inflamação gengival, retenção de placa bacteriana e recidiva de cárie,
razão principal dos fracassos em prótese parcial fixa (PEGORARO et
al., 1998).
A longevidade é um dos aspectos mais importantes na seleção
de materiais e de técnicas em prótese, podendo afetar diretamente a
relação
custo/beneficio
do
tratamento.
O
desenvolvimento
tecnológico tem possibilitado a introdução de materiais dentários
numa escala crescente. Frente a múltiplas opções de materiais e de
procedimentos técnicos para restaurar um dente, o cirurgião-dentista
freqüentemente
se
depara
com
um
dilema:
utilizar
materiais
tradicionais ou novos? Pesam aí, certamente, os requisitos biológicos,
mecânicos e estéticos de cada caso, o conhecimento e a experiência
do profissional, além de bom senso clínico (SHINKKAI et al., 2000).
Através de uma revisão de literatura, este trabalho tem como
objetivo analisar os diversos cimentos odontológicos utilizados em
próteses dentárias, conhecer as diferentes indicações de cada um e
saber
empregá-los
individuais.
de
forma
a
potencializar
suas
qualidades
2. PROPOSIÇÃO
Este trabalho propõe-se ampliar conhecimento a respeito dos
agentes cimentantes utilizados em próteses dentárias, das indicações
de cada cimento odontológico e do uso correto dos cimentos
odontológicos de forma a potencializar suas qualidades individuais,
apoiado em uma revisão da literatura.
3. RETROSPECTIVA DA LITERATURA
A cimentação de uma restauração protética é o último passo
após uma série de procedimentos como o preparo dental, a
moldagem, a obtenção dos modelos e as etapas laboratoriais de
confecção da restauração. O sucesso final dependerá da seleção e
manipulação adequada do agente cimentante (MAIA et al., 2003).
Os agentes cimentantes ou cimentos odontológicos são os
materiais responsáveis pela união do material restaurador indireto e a
estrutura dental devidamente preparada para recebê-lo.
Há vários tipos de cimentos odontológicos sendo os mesmos
temporários ou definitivos.
A cimentação definitiva recebe esta denominação devido às
características do agente cimentante utilizado. Freqüentemente, essa
característica é repassada à prótese parcial fixa e o paciente guarda
consigo a falsa imagem de que também a prótese é definitiva, até
porque ele já usou uma provisória antes. Se os dentes estão
totalmente cobertos como é que pode haver novas cáries? Nessa
lógica singular, freqüentemente devido à omissão do profissional, o
paciente surpreende-se quando, alguns anos depois, é informado, por
exame clínico ou radiográfico, que precisa trocar sua prótese
definitiva (PEGORARO et al., 1998).
Os materiais restauradores necessitam de agentes cimentantes
específicos, que podem ser os cimentos tradicionais (fosfato de zinco,
ionômero de vidro) ou cimentos resinosos associados a sistemas
adesivos. A escolha adequada desses agentes é fundamental para a
longevidade das próteses, pois os diversos materiais apresentam
comportamentos clínicos distintos. A associação errada entre material
restaurador e agente cimentante resulta, muitas vezes, em fracasso
clínico (BOTTINO et al., 2002).
A escolha do agente cimentante adequado para o material
restaurador a ser utilizado para uma determinada situação clínica
deve
basear-se
cimentante.
O
nas
características
agente
cimentante
própria
ideal
de
deve
cada
agente
apresentar
alta
resistência à compressão, tração e cisalhamento, adesividade, tanto à
estrutura dental quanto à restauração, biocompatibilidade, ação
cariostática, baixa solubilidade aos fluidos bucais, tempo de trabalho
prolongado e presa rápida na boca, não interferência na estética,
baixa viscosidade e espessura mínima de película (SIQUEIRA et al.,
2005).
Na área dos agentes cimentantes existem necessidades reais
ainda não preenchidas. Os cirurgiões-dentistas têm feito esforços
exaustivos para reconstruir os elementos dentais com restaurações
que apresentem uma linha de cimentação mínima ou nula, para que
não ocorra exposição desta aos fluidos orais, o que limitaria a
longevidade da restauração (BOTTINO et al., 2002).
Os agentes cimentantes devem preencher a interface entre o
dente preparado (suporte) e a restauração (retentor), evitando que
esta seja preenchida por bactérias a conseqüentemente levando à
degradação do suporte. Portanto, um agente cimentante ideal deveria
ter características de resistência e ser insolúvel aos fluídos orais
(BOTTINO et al., 2002).
A
integridade
marginal
da
restauração
cerâmica
é
consideravelmente influenciada pela espessura do cimento interposto
entre esta e a estrutura dental e a resistência do agente de união
(SIQUEIRA et al., 2005).
As principais funções dos agentes cimentantes consistem em
preencher as discrepâncias de adaptação e favorecer a retenção
friccional (TAPETY et al., 2004).
O conhecimento das propriedades físico-mecânicas do material
de cimentação com que estamos trabalhando é de fundamental
importância, uma vez que manipulações e aplicações incorretas
podem resultar em grandes alterações das mesmas, comprometendo
assim o desempenho clinico dos cimentos e, conseqüentemente, o
desempenho clínico da restauração em longo prazo (MAIA et al.,
2003).
Os mecanismos de retenção de uma restauração sobre um
dente
preparado
podem
ser
divididos
em
união
mecânica,
micromecânica e aderência molecular (BOTTINO et al., 2002).
Podemos citar como união mecânica o cimento de fosfato de
zinco que não apresenta aderência molecular, fixando a restauração
por se introduzir em pequenas irregularidades da superfície do dente
e da restauração. O preparo dental correto com paredes opostas
aproximadamente
paralelas,
restauração
o
sem
que
cisalhamento
impossibilitam
das
a
projeções
retirada
de
da
cimento
introduzidas na superfície preparada, torna-se um grande aliado
quando da utilização de cimentos que atuam somente com retenção
mecânica. Esta situação representa uma retenção mecânica típica. A
força de retenção depende da resistência do cimento e resiste às
forças aplicadas sobre uma prótese, que podem deslocá-la. Para
algumas situações a retenção mecânica, apenas, é insuficiente; o
incompleto umedecimento pode levar à formação de poros na
superfície, que permitem a penetração de fluidos orais. Devido a tais
deficiências, a união química como meio de retenção é o objetivo
final. Teoricamente, a adesão química pode resistir à separação
interfacial, melhorando, assim, a retenção (BOTTINO et al., 2002).
Na união micromecânica podemos citar os cimentos resinosos
que apresentam resistência à tensão variando entre 30 a 40 MPa
(cinco vezes maior que a do cimento de fosfato de zinco) e que
quando usados sobre uma superfície irregular (com depressões)
podem criar uma ligação micromecânica eficaz. Esta superfície
irregular necessária à ligação micromecânica pode ser produzida
através do condicionamento ácido: sobre a superfície de esmalte com
ácido fosfórico 37%, sobre a superfície cerâmica através de ácido
fluorídrico e sobre metais através de tratamento eletrolítico ou
jateamento com óxido de alumínio (BOTTINO et al., 2002).
Na união por aderência molecular participam forças físicas
(bipolares, Van der Waals) e químicas (iônicas covalentes) entre as
moléculas
de
duas
substâncias
diferentes.
Os
cimentos
de
policarboxilato e ionoméricos possuem algumas qualidades adesivas.
Neste caso a existência de paredes quase paralelas para que a
restauração possa ser retida é fundamental. A aderência molecular
não deve ser considerada um mecanismo de união independente,
mas tão somente uma maneira de melhorar as retenções mecânicas
e micromecânicas, bem como reduzir a infiltração (BOTTINO et al.,
2002).
Os cimentos odontológicos, quando utilizados de maneira
correta, conforme suas indicações potencializam a qualidade de todo
o trabalho protético, visto que haverá uma estabilidade e maior
durabilidade do referido trabalho.
A preocupação com o ato da cimentação e com os agentes
cimentantes tem sido uma constante entre pesquisadores e clínicos
ao longo dos anos, principalmente depois do aperfeiçoamento das
técnicas de fundição por cera perdida no início do século e utilizada,
predominantemente, até os nossos dias. Pertence a essa época a
afirmação de que, se uma incrustação fosse adaptada precisamente à
cavidade, não haveria espaço para o cimento (PEGORARO et al.,
1998).
A
observação
clínica
de
que
coroas
totais
precisamente
ajustadas apresentavam-se “altas” após a cimentação, chamou a
atenção para o procedimento de cimentação, pois seria este o
causador desta situação inconveniente, por não se conseguir eliminar
totalmente o excesso de cimento, que fica em parte retido entre as
paredes do preparo e a superfície interna da restauração (PEGORARO
et al., 1998).
A durabilidade clínica de uma restauração indireta não depende
apenas da resistência intrínseca do material em questão, mas
também da resistência da adesão entre o complexo envolvido:
restauração, sistema de cimentação e substrato dentário. A qualidade
do substrato e as propriedades mecânicas do material cimentante são
também fatores importantes a serem considerados para o sucesso
clínico das restaurações indiretas (TAPETY et al., 2004).
Tapety et al., no ano de 2004, em um trabalho cujo objetivo
foi,
através
de
uma
revisão
de
literatura,
analisar
quais
procedimentos de fixação (tratamento de superfície, tipo de agente
cimentante, associação adesivo/agente cimentante, etc.) são mais
adequados para cada tipo de material restaurador (cerâmica ou
resina indireta), concluíram que o efeito de fendas na superfície
interna e vazios na cimentação provocam estresse interno, o que leva
ao insucesso da restauração.
Variações
químicas
do
substrato
dentário,
alterações
dimensionais de agentes cimentantes pela contração de polimerização
e
diferenças
de
expansão
térmica
entre
materiais
(cimento,
restauração) e dente afetam o selamento e a durabilidade clínica.
Pesquisas científicas revelam que a maioria das falhas clínicas em
restaurações de cerâmica pura tem origem no cimento ou na
superfície interna da restauração indireta.
Nenhum
funções
do
procedimento
substrato
restaurador
dentário
e,
pode
se
equiparar
inevitavelmente,
às
apresenta
limitações. Porém, é possível minimizá-las com o conhecimento e a
correta aplicação dos materiais, para que a associação agente
cimentante/restauração seja feita de maneira adequada e segura
(TAPETY et al., 2004).
De
acordo
com
Bottino
et
al.,
em
2002,
encontramos
atualmente seis tipos de agentes cimentantes para cimentação final
comercialmente disponíveis: cimento de fosfato de zinco, cimento de
carboxilato de zinco, cimento de ionômero de vidro, cimento de
ionômero de vidro modificado por resina (híbrido), cimento resinoso e
cimento de resina modificado por poliácido (compômero).
3.1.
O
Cimento de Fosfato de Zinco
Cimento
de
Fosfato
de
Zinco
tem
sido
utilizado
na
Odontologia por mais de 90 anos. É obtido através de uma reação
ácido-base iniciada através da mistura do pó, composto por 90% de
óxido de zinco e 10% de óxido de magnésio, com o líquido, que
consiste, aproximadamente, de 67% de ácido fosfórico tamponado
com alumínio e zinco. Os componentes do pó são sinterizados em
temperaturas que variam entre 1000 e 1400ºC, de maneira a formar
um bloco que posteriormente é desgastado até formar um pó fino. O
tamanho das partículas do pó influencia a velocidade da presa.
Geralmente, quanto menor for a partícula, mais rápida será a presa
do cimento. O conteúdo da água do líquido (33%) é significante, pois
controla a ionização do ácido e influi na velocidade da reação (ácidobase) do líquido-pó. Diante da importância da água para a reação, a
composição do líquido deve ser preservada para assegurar uma
reação consistente. Alterações na composição e na velocidade da
reação podem ocorrer devido à autodegradação ou à evaporação da
água do líquido. Isto significa que alterações na composição podem
afetar a reação. Portanto, não é aconselhável fazer trocas entre
marcas diferentes de pó e líquido, uma vez que podem existir
diferenças
significativas
que
prejudicarão
a
manipulação
e
as
propriedades físicas do cimento resultante (BOTTINO, et al, 2002).
Seu pH é de 3,5 no momento da cimentação e seu uso foi
muito censurado por contribuir para a irritação pulpar. Alguns
autores, porém, não encontraram esse efeito irritante (BOTTINO, et
al, 2002).
Sua técnica de manipulação é crítica e deve ser realizada em
ambiente resfriado, sobre placa de vidro, utilizando-se uma área
ampla da mesma. Deve-se incorporar pequenos incrementos de pó ao
líquido
por,
aproximadamente,
imediatamente
em
posição,
um
pois
minuto
sua
e
meio
viscosidade
e
levado
aumenta
rapidamente com o tempo. O resfriamento da placa retarda a reação
química entre o pó e o líquido. Desta maneira, a formação da matriz
será retardada. Este procedimento permite a incorporação de uma
quantidade ótima de pó ao líquido, sem que haja um aumento
indevidamente alto da viscosidade. A cimentação da restauração deve
ser realizada sob pressão constante por possuir um módulo de
elasticidade acima de 13 GPa, permitindo seu uso em áreas de
grande esforço mastigatório e em próteses parciais fixas extensas.
(BOTTINO et al, 2002)
O cimento de fosfato de zinco não apresenta adesão química a
nenhum substrato, promovendo apenas retenção mecânica. Portanto
a altura, forma e área do dente são fatores críticos para o seu
sucesso. Uma vantagem deste cimento é a sua estabilidade estrutural
em longo prazo (BOTTINO et al, 2002).
Devido à alta solubilidade dos cimentos de fosfato de zinco em
meio
ácido,
pacientes
com
problemas
digestivos
como
azia,
regurgitamento ou gastrite, com sinais clínicos de perimólise ou até
paciente com hábitos de ingestão de bebidas ácidas (sucos de frutas
cítricas, vinhos, etc.), deveriam receber cimentação das próteses
fixas com cimentos ionoméricos (PEGORARO et al., 1998).
Sua indicação é para cimentação de coroas e próteses parciais
fixas metálicas, metalocerâmicas ou totalmente cerâmicas de alumina
(In-Ceram Alumina, In-Ceram Zircônia, Procera All-Ceram e Empress
2) (BOTTINO et al, 2002).
Bottino et al., em 2002, nos sugere algumas marcas comerciais
de cimento de fosfato de zinco e as compara quanto à composição,
resistência à compressão
espessura de película: Lee Smith Zinc
(Teledyne), composto por óxidos de zinco + magnésio (pó) e ácido
ortofosfórico (líquido), apresentando uma resistência à compressão
de 96,55 a 110,3 MPa e espessura de película de 25 um; Modem
Tenacin (Caulk), composto por óxido de zinco + fosfato de alumínio
(pó) e ácido ortofosfórico (líquido) , apresentando uma resistência à
compressão de 77,5 a 89,0; De Trey Zinc Cement (DeTrey) ,
composto por óxido de zinco (pó) e ácido ortofosfórico (líquido);
Shofu Zinc Phosphate (Shofu) , composto por óxido de zinco (pó) e
ácido ortofosfórico + Fluoreto de Tanino (líquido) , apresentando uma
resistência à compressão menor que 25 MPa.
3.2.
Cimento de Policarboxilato de Zinco
Este cimento, utilizado desde a década de 60 é proveniente de
uma reação ácido-base, que ocorre quando o pó do óxido de zinco e
do óxido de magnésio são rapidamente incorporados em solução
viscosa de ácido poliacrílico. O líquido é uma solução aquosa de ácido
poliacrílico ou de um copolímero do ácido acrílico com outros ácidos
carboxílicos insaturados, como o ácido itacônico. O peso molecular
dos poliácidos varia entre 30.000 e 50.000. A concentração do ácido
pode variar de alguma forma entre os cimentos, mas ela se situa em
torno de 40%. O pó contém principalmente óxido de zinco com algum
óxido de magnésio. O pó pode conter também uma pequena
quantidade de fluoreto estanhoso, que modifica o tempo de presa,
melhorando as propriedades de manipulação. Ele é um componente
importante, pois modifica a resistência (BOTTINO et al, 2002).
O cimento de policarboxilato de zinco é um cimento adesivo às
estruturas dentais através da reação de quelação entre os grupos
carboxílicos livres do ácido ao cálcio das superfícies do esmalte e da
dentina. Possuiu baixa resistência à compressão em relação ao
fosfato de zinco, não estando indicado para cimentação de próteses
parciais
fixas
em
região
com
grandes
esforços
mastigatórios.
Apresenta, entretanto, adequada biocompatibilidade com a polpa
dental devido à sua rápida estabilização de pH e/ou por falta de
penetração intratubular das grandes e pouco dissociadas moléculas
do ácido poliacrílico (BOTTINO et al, 2002).
Quando os cimentos de policarboxilato são manipulados com a
relação pó/líquido recomendada, eles aparentam ser muito mais
viçosos do que se verifica comparativamente com uma mistura de
cimento de fosfato de zinco. Entretanto, a mistura de policarboxilato
é classificada como pseudoplástica e vai ficando mais fluída com o
aumento da velocidade de cisalhamento. Clinicamente, isso significa
que a espatulação e o assentamento com uma ação vibratória
reduzem a viscosidade do cimento e produzem uma espessura de
25um ou menos (BOTTINO et al, 2002).
Está indicado para cimentação de coroas unitárias em dentes
anteriores com perda de retenção e sensibilidade dental. São pouco
utilizados para cimentações finais por apresentarem baixa resistência
à compressão, discreto selamento marginal e baixa rigidez após a
presa (BOTTINO et al, 2002).
Bottino et al., em 2002, nos sugere algumas marcas comerciais
de cimento de policarboxilato e as compara quanto à composição,
resistência à compressão e espessura de película: Carboxylon (3M),
composto por óxido de zinco (pó) e ácido poliacrílico (líquido),
apresentando uma resistência à compressão de 56 MPa; Durelon
(ESPE – Premier), composto por óxidos de zinco + estanho + fluoreto
estanhoso (pó) e ácido poliacrílico a 40% (líquido) , apresentando
uma resistência à compressão de 50,7 a 70,0 MPa, apresentando
uma espessura de película de 13 a 21 um; Shofu Polycarboxilate
(Shofu) , composto por óxido de zinco (pó) e ácido poliacrílico +
Fluoreto de Tanino (líquido) , apresentando uma resistência à
compressão de 55 a 69,4 MPa.
3.3.
Cimento de Ionômero de Vidro
É descendente do cimento de silicato e do cimento de
policarboxilato de zinco, sendo introduzido como agente cimentante
no
início
dos
anos
70.
É
também
conhecido
como
cimento
polialcenoato de vidro, pois o líquido é uma solução aquosa do ácido
polialcenóico. Provém de uma reação ácido-base entre partículas
vítreas de fluorosilicato de alumínio e um líquido composto por
copolímeros do ácido polialcenóico, incluindo os ácidos itacônico,
maleico e tricarboxílico. Possui adesão às estruturas dentais pela
formação de ligações iônicas na interface dente-cimento, como
resultado da quelação dos grupos carboxila do ácido com os íons
cálcio e/ou fosfato na apatita de esmalte e dentina. Apresenta
resistência à compressão (90 a 230 MPa) superior ao cimento de
fosfato de zinco (BOTTINO et al, 2002).
Os cimentos ionoméricos possuem coeficiente de expansão e
contração térmicas, próximos ao da estrutura dental, o que tende a
reduzir a percolação marginal no término cervical, quando ocorrem
alterações
(sorvete),
térmicas
bucais,
60-65ºC
(café,
geralmente
chá)
e
variáveis
80-90ºC
entre
4 ºC
(chimarrão)
(PEGORARO et al., 1998).
Pode-se destacar, dentre as excelentes propriedades dos
cimentos de ionômero de vidro: a liberação de flúor, qualidade esta
responsável pela atividade anticariogênica e cariostática, influindo
não só nas paredes do dente que recebe a restauração como também
nos adjacentes, colaborando assim para controlar a recidiva de cárie
e podendo ser utilizado em situações de alta atividade cariogênica; a
capacidade adesiva; o coeficiente de expansão térmica linear mais
próximo aos das estruturas dentárias; a biocompatibilidade com a
polpa (COELHO et al., 2003).
Os cimentos de ionômero de vidro ocupam um importante lugar
junto aos cimentos odontológicos por duas vantagens que são a
capacidade de liberação de fluoretos e de adesão à estrutura dental,
apesar
de
apresentar
limitações
referentes
às
propriedades
mecânicas. Uma vez que as lesões cariosas secundárias são uma das
causas de falhas das restaurações é muito interessante que um
cimento odontológico seja capaz de inibir essas lesões (ROBSON et
al., 2003).
O flúor é um componente importante do pó dos cimentos
ionoméricos, melhora as características de trabalho e aumenta a
resistência do cimento, bem como sua liberação para o meio bucal
confere propriedade anticariogênica ao material (BOTTINO et al,
2002).
Os cimentos de ionômero de vidro e derivados são materiais
capazes de absorver e liberar quantidades significativas de flúor,
atuando na microbiota, inibindo a formação de cáries, interferindo no
processo de des/remineralização do esmalte, mesmo em situações de
alto risco de cárie. Os cimentos de ionômero de vidro e derivados,
além de liberarem flúor para o esmalte e dentina, ao redor das
restaurações, também o fazem para a placa dentária adjacente ao
material, previnem a desmineralização em dentes adjacentes e
promovem
remineralização
de
cáries
incipientes,
inibindo
a
desmineralização do dente. A liberação de flúor decresce nas
primeiras 24 horas, diminuindo gradativamente, até chegar a um
nível quase constante (COELHO et al., 2003).
Em função da importância do flúor no controle da cárie,
pacientes que não têm acesso a esse benefício deveriam ter suas
próteses fixadas com cimentos ionoméricos, que suprem a ausência
de flúor da água (PEGORARO et al., 1998).
Os cimentos ionoméricos desenvolvem atividade cariostática
pela troca de flúor com o meio oral, aspecto importante quando se
tratar de pacientes com alto risco à cárie ou cujas próteses tenham
sido substituídas exatamente por este motivo. Cimentos de fosfato de
zinco com flúor talvez sejam capazes de exercer a mesma função,
sem prejuízo das demais (PEGORARO et al., 1998).
Os cimentos ionoméricos atuais possuem a menor solubilidade
entre os cimentos, com exceção dos cimentos resinosos, podendo ser
considerados praticamente insolúveis no meio oral. (PEGORARO et
al., 1998).
Entretanto, um dos pontos críticos deste cimento é a sua
elevada solubilidade e degradação marginal, se exposto à umidade e
saliva durante o período de sua presa inicial. Assim sendo, durante
esta fase, todos os esforços devem ser despendidos para manter o
campo de trabalho seco.
Essa solubilidade, todavia, permite a
liberação do flúor, possibilitando uma ação cariostática do material.
Seu sucesso clínico depende da rápida proteção oferecida contra a
hidratação e desidratação. É enfraquecido pela exposição imediata à
umidade, enquanto o ressecamento, por outro lado, produz gretas
por contração no cimento recém polimerizado. Por isso, o cimento
que fica junto às margens da coroa deve ser protegido por uma
camada de vaselina ou verniz (BOTTINO et al, 2002).
Estes materiais podem ser apresentados em forma de pólíquido ou acondicionados em cápsulas. O proporcionamento correto
quando da apresentação pó-líquido é essencial para que a mistura
final apresente propriedades ótimas. A pouca incorporação de pó
resulta em uma mistura fluida, aumento da solubilidade e menor
resistência à abrasão. Por outro lado, uma proporção exagerada de
pó diminui o tempo de presa e de trabalho e ainda diminui a
adesividade. Portanto o encapsulamento dos ionômeros é vantajoso
oferecendo uma perfeita proporção pó-líquido. São comercializados
em cápsulas, que após o rompimento da membrana separa o pó do
líquido e ocorre manipulação mecânica, sendo que a própria cápsula
se transforma em ponta para inserção na cavidade (BOTTINO et al,
2002).
Tanto os cimentos ionoméricos quanto os de fosfato de zinco
podem apresentar um resultado desagradável posterior à sua
aplicação, que é a sensibilidade pós-cimentação. Isso ocorre, muito
provavelmente, devido à ação irritante do ácido fosfórico, presente
em ambos e pode ser agravada pela desidratação da dentina ou
proteção inadequada com verniz, no caso do fosfato de zinco
(PEGORARO et al., 1998).
Devem-se tomar certas precauções para proteger a polpa
quando da cimentação com os cimentos de ionômero de vidro. As
preocupações biológicas são prioritárias em relação a outros aspectos
como, por exemplo, o potencial de adesão para propiciar uma união
mais forte com a estrutura dentária. A smear layer na superfície da
cavidade preparada não deve ser removida, mas sim deixada intacta
para agir como uma barreira à penetração dos componentes ácidos
do cimento através dos túbulos dentinários. Todas as áreas profundas
do preparo devem ser protegidas por uma fina camada de um
cimento de hidróxido de cálcio (BOTTINO et al, 2002).
Os cimentos ionoméricos são indicados para a cimentação de
coroas e próteses parciais fixas como o In-Ceram Alumina, Spinell e
Zircônio, Empress 2 e Procera (BOTTINO et al, 2002).
Tapety et al., no ano de 2004, relataram as contra-indicações
do cimento de ionômero de vidro para cimentação de restaurações
em porcelana pura. Elas baseiam na expansão que estes cimentos
sofrem e que podem levar à fratura da porcelana. Inlays cerâmicos
cimentados
com
caracteriza-se
cimento
por pobre
de
fosfato
qualidade
de
zinco
ou
ionomérico
marginal, fraturas e
baixa
retenção. No entanto, encontraram uma resistência à fraturas
semelhante em restaurações cerâmicas cimentadas com cimento de
fosfato de zinco e resinoso, enquanto que o cimento de ionômero de
vidro apresentou resultados inferiores.
O cimento de ionômero de vidro é um material que vem
ganhando cada vez mais espaço na Odontologia (COELHO et al.,
2003).
Quanto à composição, os cimentos de ionômero de vidro podem
ser convencionais – de presa química, compostos por uma porção de
pó de partículas vítreas e outra de líquido de ácidos polialcenóicos e
de dupla presa. Nestes, parte do líquido do ácido polialcenóico é
substituído por hidroxietil-metacrilato, atingindo uma proporção de
20%, minimizando a sensibilidade à ação da água durante a reação
de presa e melhorando as propriedades mecânicas (COELHO et al.,
2003).
Bottino et al., em 2002, nos sugere algumas marcas comerciais
de cimento de ionômero de vidro e as compara quanto à composição,
resistência à compressão
espessura de película e solubilidade em
água: Fuji I (GC America), composto por fluoraluminossilicato vítreo
(pó) e ácidos poliacrílico + tartárico +cítrico (líquido) , apresentando
uma resistência à compressão de 175 a 225 MPa, apresentando uma
espessura de película de 16um e uma solubilidade em água de
0,06%;
Glassionomer
fluoraluminossilicato
vítreo
TypeI
(pó)
(Shofu),
e
ácido
composto
poliacrílico
por
(líquido),
apresentando uma resistência à compressão de 122 a 196 MPa,
apresentando uma espessura de película menor que 25um e uma
solubilidade em água de 0,30%; Ketac Cem (ESPE – Premier),
composto por vidro como excipiente, sódio, cálcio, alumínio, lantano,
fluorssilicato, copolímero de ácido acrílico + àcido maleico (pó) e
ácido tartárico + água (líquido) , apresentando uma resistência à
compressão de 162,1 MPa, apresentando uma espessura de película
de 9,5 um; Ketac Cem Capsule (ESPE – Premier), composto por vidro
como excipiente, sódio, cálcio, alumínio, lantano, fluorssilicato,
copolímero de ácido acrílico + àcido maleico (pó) e ácido tartárico +
água (líquido) , apresentando uma resistência à compressão de 96,8
a 124 MPa, apresentando uma espessura de película de 20 um; e
uma solubilidade em água de 0,1%.
3.4.
Cimento de Ionômero de Vidro modificado por Resina
Na tentativa de melhorar ainda mais a resistência e estética dos
cimentos de ionômero de vidro, foram desenvolvidas as resinas
modificadas por poliácidos, que apresentam maior porcentagem de
resina e, durante o processo de endurecimento, acredita-se que a
fotopolimerização seja seguida de absorção de água, formando
uniões com o material via reação ácido/base e liberação de fluoretos,
chegando à proporção de 50%, entre partículas de resina e cimento
de ionômero de vidro (COELHO et al., 2003).
A reação ácido-base do cimento de ionômero de vidro é
modificada
com
a
presença
de
grupos
metacrilato
e
por
fotoiniciadores ou por radicais livres iniciadores de polimerização
química de unidades de metacrilato, sendo denominados ionômeros
de vidro híbridos ou modificados por resina (BOTTINO et al, 2002).
Segundo Coelho et al., em 2003, os verdadeiros cimentos de
ionômero de vidro resinosos são aqueles que apresentam alta
liberação de fluoreto e reação ácido/base para a sua polimerização.
São mais resistentes à ação da água durante a presa do
material, apresentando menor solubilidade. Deste modo mantém a
adesividade às estruturas dentais, aderindo se também às resinas
compostas. A liberação do flúor é semelhante aos ionômeros
convencionais, possuindo potencial cariostático (BOTTINO et al,
2002).
Entretanto, Coelho et al., no ano de 2003, em um estudo que
teve como objetivo avaliar o efeito dos cimentos de ionômero de
vidro e materiais derivados, que possuem flúor na composição,
quanto à resistência à desmineralização do esmalte bovino, em
presença do S. mutans, constataram que a evolução dos cimentos de
ionômero de vidro e a introdução de produtos com alto conteúdo de
monômeros adesivos, muitas vezes ultrapassando os 50%, deixa
dúvidas quanto à liberação de flúor, que é uma das principais
vantagens destes materiais e responsável pela resistência frente aos
S. mutans.
Pesquisas realizadas com cimento de ionômero de vidro
comprovam o efeito antibacteriano destes materiais, porém, a ação
antimicrobiana dos cimentos de ionômero de vidro convencionais e
modificados por resina não é limitada aos microorganismos do
esmalte,
como
o
microorganismos
Actynomices
S.
mutans,
envolvidos
sp.,
e
em
mas
em
cáries
também
cárie
de
se
verifica
cemento,
radiculares,
onde
como
em
o
bactérias
odontopatogênicas como Porphyromonas sp. podem estar presentes.
Esses cimentos puderam provar benefícios para pacientes com
doença periodontal. Os cimentos de ionômero de vidro reduzem a
formação da placa bacteriana e liberam flúor durante a reação de
presa por diminuição de pH. Da mesma forma os cimentos de
ionômero de vidro modificados por resina também apresentam
semelhança aos cimentos de ionômero de vidro convencionais,
entretanto a literatura nos mostra que, quanto à liberação de flúor,
estes materiais podem liberá-lo em maior quantidade que os
convencionais
e
compômeros,
apesar
de
alguns
estudos
considerarem que o flúor liberado não é totalmente absorvido pelo
esmalte devido à interposição da camada de primer (COELHO et al.,
2003).
A
maior
vantagem
destes
cimentos
é
a
facilidade
de
manipulação e uso, além da sua adequada espessura de cimentação,
possuindo resistência tensional diametral e compressiva superiores
aos cimentos de fosfato de zinco, policarboxilato e alguns ionômeros
convencionais, mas menor do que as resinas compostas (BOTTINO et
al, 2002).
O seu uso está indicado para coroas e próteses parciais fixas
em cerômeros Targis/Vectris ou cerâmicas Empress 2, In-Ceram em
geral e Procera. Entretanto o Dental Advisor não recomenda sua
utilização para cimentação de restaurações totalmente cerâmicas
(tipo feldspática), pois sua expansão tardia poderia causar fraturas
nas restaurações (BOTTINO et al, 2002).
Bottino et al., em 2002, nos sugere algumas marcas comerciais
de cimentos de ionômero de vidro modificados por resina e as
compara quanto à composição, resistência à compressão, espessura
de película e solubilidade em água: Advance (Dentsply/Caulk),
composto por vidro como excipiente (pó) e OEMA + água (líquido) ,
apresentando
uma
resistência
à
compressão
de
151,7
MPa,
apresentando uma espessura de película de 20um e uma solubilidade
em água de 0 a 0,07%; Fuji Duet (CG America), composto por vidro
de aluminossilicato tratado com silano (pó) e HEMA, ácido poliacrílico,
ácido tartárico, água, resinas patenteadas (líquido) , apresentando
uma resistência à compressão de 155 MPa, apresentando uma
espessura de película de 10um e uma solubilidade em água de
0,07%; RelyX Vitremer Luting Cement (3M), composto por vidro de
fluoraminossilicato com estrôncio (pó) e água + copolímero de ácido
policarboxílico + 2-HEMA (líquido) , apresentando uma resistência à
compressão de 132,6 MPa, apresentando uma espessura de película
de 19um e uma solubilidade em água de 0 %.
3.5.
Cimentos Resinosos
Inicialmente, quando do surgimento das restaurações adesivas,
os dentes preparados recebiam condicionamento ácido e tratamento
com resina líquida, que apresentava fluidez inadequada para a
cimentação. Com o objetivo de melhorar tal propriedade, foi
desenvolvido
o
primeiro
cimento
resinoso
específico
para
a
cimentação de restaurações adesivas. Esse material, de ativação
exclusivamente
química,
ficou
conhecido
comercialmente
como
Comspan (NEPPELENBROEK et al., 2004).
Os cimentos resinosos são materiais compostos, constituídos de
uma matriz de resina com cargas inorgânicas tratada com silano (BisGMA ou o metacrilato de uretano) e por um excipiente constituído por
partículas inorgânicas pequenas. Diferem dos materiais restauradores
compostos, sobretudo pelo menor conteúdo de excipiente e pela
menor viscosidade (BOTTINO et al, 2002).
São compostos por uma matriz de Bis-GMA (bisfenol Ametacrilato de glicidila) ou UEDMA (uretano dimetacrilato) em
combinação com outros monômeros de menor peso molecular como o
TEGDMA (trietilenoglicol dimetacrilato). A adoção de grupamentos
funcionais hidrifílicos, HEMA (hidroxietil metacrilato) e 4-META (4metacriloxietil trimelitano anidro), modificou a composição orgânica
do cimento resinoso em relação às resinas compostas e ainda
propiciou a possibilidade de união com a superfície da dentina, que
freqüentemente fica exposta, na maioria dos dentes preparados
(GÓES, 1998).
Os cimentos resinosos são igualmente compostos por fase
orgânica à base de monômeros, como BIS-GMA, UEDMA e TEGDMA,
fase inorgânica composta por partículas unidas à matriz resinosa por
grupos silanos acrescidos de substâncias fotossensíveis iniciadoras de
polimerização. Na composição dos cimentos resinosos duais está
presente
também
o
sistema
peróxido-amina,
responsável
pela
ativação química da reação de polimerização (NEPPELENBROEK et al.,
2004).
São praticamente insolúveis e muito mais potentes que os
agentes convencionais. É sua grande resistência a tensões que os
torna úteis quando se deseja a união micromecânica de coroas
cerâmicas condicionadas por ácido (BOTTINO et al, 2002).
Com
a
introdução
e
desenvolvimento
das
técnicas
de
tratamento de superfícies metálicas como o ataque eletrolítico e
químico, foi possível a obtenção de microrretenções na superfície
metálica das restaurações, permitindo o embricamento do cimento
resinoso ao metal. Além disso, com o objetivo de se obter cimentos
resinosos que, além da imbricação mecânica, promovessem adesão
às superfícies metálicas, surgiram no mercado alguns cimentos
adesivos como o C&B Metabond, Superbond, Panavia Ex e Panavia
21. Esses cimentos são capazes de estabelecer união química com as
superfícies metálicas, promovendo adesão significativamente maior
em relação aos demais cimentos, o que possibilitou uma indicação
mais segura das restaurações adesivas (NEPPELENBROEK et al.,
2004).
As
primeiras
marcas
comerciais
de
cimentos
resinosos
formavam uma linha de cimentação muito espessa. Visando a
redução desta linha de cimentação houve uma modificação na
composição destes materiais a partir da redução do tamanho das
partículas de carga e da maior quantidade de monômeros diluentes.
Dessa forma foi possível obter cimentos resinosos com elevado
conteúdo de carga e, ao mesmo tempo, com consistência adequada à
cimentação (NEPPELENBROEK et al., 2004).
Os
cimentos
resinosos
são
materiais
que
apresentam
resistência à compressão entre 100 e 200MPa e tração diametral ente
20 e 50MPa. São propriedades consideradas superiores em relação
aos cimentos tradicionais. (GÓES, 1998)
De acordo com a reação de polimerização os cimentos resinosos
podem ser classificados em fotopolimerizáveis (polimerização pela
ação de luz visível), autopolimerizáveis (polimerização por reação
química) ou duais (polimerização por reação química e pela ação de
luz visível). A seleção de qual formulação aplicar é baseada na
finalidade do seu uso. Os cimentos resinosos fotopolimerizáveis
apresentam a vantagem clínica de prolongar o tempo de trabalho e o
processo de assentamento da restauração indireta, porém o seu uso
é limitado a situações em que a espessura e a cor da restauração não
afetem a capacidade da luz polimerizar o cimento, como, por
exemplo, na cimentação de facetas. Os cimentos resinosos de dupla
polimerização
são
indicados
quando
as
restaurações
indiretas
apresentam uma opacidade e espessura que podem vir a interferir na
quantidade de energia luminosa que deve ser transmitida ao cimento.
Nestas situações a intensidade da luz que alcança o cimento deve ser
suficiente para iniciar o processo de polimerização, sendo então
necessária
a
presença
de
um
catalisador
que
assegure
a
polimerização máxima. Os cimentos resinosos também podem ser
usados na cimentação de coroas metálicas ou pinos intra-radiculares.
Nestes casos a transmissão da luz não é efetiva, requerendo então o
uso de cimentos autopolimerizáveis. No entanto, alguns cimentos de
dupla polimerização também são indicados para esta finalidade (MAIA
et al., 2003).
A composição dos cimentos resinosos de dupla ativação, que
associa fotoativação e ativação química, proporciona propriedades
físicas e mecânicas superiores às dos demais materiais para
cimentação (PRAKKI et al., 2001).
Para alguns autores, a dureza garantida pelo componente
químico na ausência de fotoativação é questionável. Eles avaliaram a
dureza Knoop de cimentos resinosos de polimerização dupla (Dual
cement/Vivadent e Duo cement/Coltène) 30 minutos e 24 horas após
sua manipulação com e sem fotoativação. Os autores concluíram que
a dureza dos cimentos não foi completamente alcançada após 24
horas, quando o tempo de fotoativação foi igual ou maior ao
recomendado pelo fabricante. Concluíram também que o componente
químico não foi capaz de polimerizar o cimento quando a luz foi
atenuada pela estrutura dentária e restauração, também sendo
encontrada resistência flexural inferior para os cimentos de dupla
polimerização que não foram submetidos à fotoativação (TAPETY et
al., 2004).
Neppelenbroek et al., no ano de 2004, em um estudo cujo
objetivo foi avaliar, por meio de ensaios de dureza, a influência da
interposição dos materiais Artglass e Solidex sobre o grau de
polimerização do cimento resinosos Variolink, imediatamente e 24
horas após 40 segundos de fotoativação, concluíram que o aumento
da interposição de cerâmica em espessuras superiores a 1mm
reduziu significativa e progressivamente a dureza do cimento
avaliado. Observaram que, quando a espessura de 4 mm foi utilizada,
o tempo de exposição à luz recomendado pelo fabricante (40
segundos) não foi suficiente para conduzir primariamente a reação de
polimerização, como ocorreu para as menores espessuras. Os autores
ainda relataram que após a fotoativação, a reação adicional de
polimerização pela ativação química ocorreu apenas em pequena
extensão. Concluíram que, com a interposição, independentemente
do material empregado e do momento da leitura, houve redução
estatisticamente significante (45%) na dureza do cimento Variolink;
que, independentemente das interposições, os valores após 24 horas
foram
estatisticamente
superiores
(60%)
aos
observados
imediatamente após a fotoativação; que a ação do ativador químico
de polimerização dos cimentos duais é limitada e sugere, para as
cimentações, criteriosa fotoativação.
No estudo em que a influência dos diferentes tipos de
polimerização de dois cimentos resinosos quimicamente ativados
(Panavia 21/Kuraray e Superbon C&B Sun-Medical) e três de dupla
polimerização (Panavia Fluoro cement/Kuraray; Clapearl Dc/Kuraray
e Vita Cerec Duo Cement/Vita) na resistência adesiva e durabilidade
de adesão à cerâmica foi avaliada, os cimentos quimicamente
ativados apresentam resistência adesiva inferior, quando comparados
aos cimentos duais, após 10 e 20 minutos de armazenagem. No
entanto, quando o tempo de armazenagem foi elevado para 24 horas,
com
posterior
termociclagem,
os
dois
tipos
de
cimento
não
apresentaram diferenças estatisticamente significantes (TAPETY et
al., 2004).
Alguns fabricantes apresentaram a possibilidade de aplicação de
seus materiais cimentantes tanto na forma apenas fotoativada quanto
dual. As propriedades mecânicas (resistência flexural, módulo de
elasticidade
polimerização
e
dureza
dupla
superficial)
(Variolink
de
cimentos
II/Vivadent;
resinosos
Sono
de
Cem/ESPE;
Nexus/Kerr; Cerec Vita DuoCement/Coltène) e química (Panavia
21/Kuraray) foram avaliadas. Os testes foram realizados com as
seguintes variáveis: utilizando-se apenas a pasta base somente
fotoativada diretamente e através de cerâmica reforçada com leucita,
misturando-se
as
pastas base
e
catalisadora
na ausência de
fotoativação, com fotoativação direta e através da cerâmica. Para
todos os materiais e parâmetros a polimerização dupla foi superior à
fotoativada (pasta base), principalmente quando a barreira cerâmica
foi
utilizada.
A
fotoativação
foi
imprescindível
para
garantir
propriedades superiores. Conclui-se que o uso da forma dual permite
que propriedades mecânicas superiores sejam alcançadas (TAPETY et
al., 2004).
As propriedades físicas dos cimentos resinosos também sofrem
influências do grau de conversão dos monômeros em polímeros. Em
regiões mais profundas dos preparos cavitários ou onde a opacidade
e a espessura do material restaurador impedem a transmissão da luz,
a polimerização realizada apenas pela ativação da luz visível não é
suficiente, sendo então necessária a associação de um sistema de
autopolimerização. Porém, alguns trabalhos têm demonstrado que
quando
estes
cimentos
duais
não
são
submetidos
à
fotopolimerização, a reação química, por si só, não é capaz de
promover a conversão máxima dos monômeros em polímeros. O
significado clínico disso é que cuidados adicionais devem ser
realizados quanto à espessura das restaurações protéticas, ou seja,
restaurações
com
fotopolimerização
componentes
até
2mm
efetiva
do
químicos,
irão
de
espessura
cimento
então
e,
em
promover
permitem
associação
maior
grau
uma
aos
de
conversão. A ação dos dois sistemas de ativação aumenta o grau de
conversão dos monômeros em polímeros e melhora as propriedades
físicas dos cimentos. (MAIA et al., 2003)
Alguns estudos avaliaram in vitro o endurecimento de cimentos
resinosos duais sobre inlays de resina composta ou porcelana e
concluíram que o componente químico de presa não polimerizava
totalmente os cimentos testados quando a luz polimerizadora era
atenuada pelo aumento da espessura da restauração (MAIA et al.,
2003).
Na seleção do material de cimentação deve-se optar pelo uso
de um cimento de boa procedência, preferencialmente testado e
aprovado em estudos bem conduzidos, associado a uma unidade
fotopolimerizadora eficiente. Em restaurações opacas e espessas, a
preferência recai sobre um sistema em que a ativação química seja o
componente primário de cura. (BARATIERI, 2001)
Os cimentos resinosos estão disponíveis em várias cores e
opacidades e sua formulação química permite aderi-los a vários
substratos dentais. A adesão ao esmalte dental ocorre através de
retenções micromecânicas da resina aos cristais de hidroxiapatita do
esmalte condicionado. A adesão à dentina é mais complexa,
envolvendo a penetração de monômeros hidrofílicos através da
camada de dentina condicionada e parcialmente desmineralizada
(BOTTINO et al, 2002).
A adesão à superfície da dentina é obtida pela infiltração da
resina
através
engrenamento
da
dentina
micromecânico
condicionada,
com
a
produzindo
dentina
um
parcialmente
desmineralizada, com a formação de uma zona de interdifusão da
resina ou camada híbrida (BOTTINO et al, 2002).
Esta complexidade da adesão à dentina é devida ao fato de a
dentina ser mais heterogênea do que o esmalte, com um menor nível
de calcificação das estruturas e com muito maior conteúdo de água.
A adesão da dentina com resinas requer alguns cuidados, iniciando-se
com aplicação de um ácido para o condicionamento da superfície da
dentina para remover o smear layer ou lama dentinária, os smear
plugs,
tampões
de
lama
dentinária
e
ampliar
os
túbulos,
desmineralizando, assim, de 2 a 5um o topo da dentina. O ácido
dissolve e remove a fase mineral da apatita que normalmente recobre
as fibras colágenas da matriz dentinária e abre canais de 20 a 30um
ao redor destas fibras. Uma zona de desmineralização adequada, de
2 a 5um, é obtida aplicando-se o ácido por um período de 15
segundos. Um tempo de condicionamento prolongado resulta em uma
zona de desmineralização mais profunda que resiste à infiltração do
adesivo, desprotegendo a região desmineralizada, sujeitando-a a uma
futura hidrólise e falhas de união. Após a desmineralização um
primer, agente de superfície, é aplicado. Este é bifuncional: de um
lado é hidrofílico, permitindo a união à dentina e do outro é
hidrofóbico, permitindo a união do adesivo. Uma resina adesiva é
então aplicada à superfície tratada com o primer, estabilizando a
dentina desmineralizada e infiltrada com o primer para penetrar nos
túbulos dentinários. Diferenças podem ocorrer no grau de penetração
e ligações cruzadas entre as diferentes marcas comerciais existentes
(BOTTINO et al, 2002).
Outro fator a ser considerado é a compatibilidade entre o
cimento resinoso e o agente adesivo. As técnicas restauradoras que
envolvem materiais com polimerização dupla não reportam a possível
compatibilidade entre o tipo de polimerização do cimento e do
adesivo. Estudos a cerca da resistência adesiva de uma resina
composta fotoativada (Z100, 3M) e outra quimicamente ativada
(Bisfil 2B, Bisco) à dentina foram realizados. Os agentes adesivos
monocomponentes intermediários (fotoativados) utilizados foram o
Prime & Bond NT/Dentsply, Optibond Solo/Kerr, Single Bond/3M e
One Step/Bisco. Os resultados revelaram uma baixa significativa na
adesão quando a resina química foi associada aos respectivos
adesivos. As resistências foram mais baixas quanto mais ácido era o
adesivo (Prime & Bond NT/pH=2,68, Optibond Solo/pH=2,81, Single
Bond/pH=3,60 e One Step/pH=4,60) (TAPETY et al., 2004).
Foi
verificado,
através
de
microscopia
eletrônica
de
transmissão, que as falhas ocorriam na união entre o adesivo e a
resina composta química. Esses resultados, provavelmente, devemse a uma interação entre monômeros ácidos residuais encontrados na
camada superficial não polimerizada (inibida pelo oxigênio) dos
adesivos e o catalisador, peróxido de benzoíla, presente na resina
química. É importante salientar que esta incompatibilidade de
polimerização entre o adesivo e a reação química de polimerização de
resinas e/ou cimentos somente ocorre quando o adesivo contém
monômeros ácidos. Normalmente estes monômeros estão presentes
em adesivos monocomponentes ou nos primers. Os adesivos de três
passos não oferecem risco de incompatibilidade, pois o primer, que
contem os monômeros ácidos, é recoberto pelo adesivo, que impede
o contato dos mesmos com o cimento (TAPETY et al., 2004).
Trabalhos recentes têm procurado avaliar a compatibilidade
entre cimentos de polimerização dupla e adesivos fotoativados
monocomponentes. Estudos, através de testes de tração, avaliaram a
resistência
adesiva
de
um
cimento
de
polimerização
dupla
(Enforce/Dentsply), após ausência e presença de fotoativação em
associação
com
adesivos
monocomponentes
(Prime
&
Bond
NT/Dentsply e Scotchbond Multi Purpose/3M). Os resultados não
demonstraram incompatibilidade entre os diferentes adesivos e o
cimento dual. Baixos valores de resistência foram encontrados nos
grupos em que não houve fotoativação, entretanto, em outros
estudos foram encontradas diferenças na resistência adesiva entre os
modos
de
ativação,
monocomponentes
variando
de
provavelmente
33%
a
interagem
76%.
com
Os
adesivos
cimentos
de
polimerização dupla, na ausência de fotoativação (PRAKKI et al.,
2001).
Os cimentos de resina composta unem-se quimicamente aos
materiais restauradores de compósito e à porcelana silanizada
(BOTTINO et al, 2002). A silanização é passo essencial para a
obtenção de uma forte adesão entre cimentos resinosos e o material
cerâmico. O agente silano aumenta a força de aderência e minimiza
microinfiltrações na interface dente/cerâmica (GONÇALVES et al.,
2005). As resinas adesivas aumentam resistência à fratura dos
materiais cerâmicos que podem ser condicionados e silanizados
(BOTTINO et al, 2002).
A superfície da cerâmica é rica em óxidos de silício, além de
apresentar outros óxidos alcalinos. Para que ocorra uma adesão
adequada são necessárias interações químicas entre os componentes
da porcelana. A superfície da porcelana, embora seja extremamente
rica em materiais vítreos parcialmente expostos, não possibilita que o
silano englobe partículas, mas sim que reaja com suas porções mais
expostas. Essa superfície, uma vez condicionada com ácido, leva à
formação
de
grupos
hidroxílicos,
através
dos
quais
algumas
moléculas de hidrogênio da água se unem após o pré-tratamento
com silano, formando na superfície a porcelana radicais (O) que irão
se unir ao radical (Si) do silano. A elevação da proporção de sílica da
porcelana permite que os agentes de ligação do silano unam-se
quimicamente à cerâmica e à resina composta (SANTOS et al., 2000).
A superfície interna da restauração em cerâmica deve ser
susceptível a um tratamento de superfície que tem como objetivo
promover retenções micromecânicas. O uso de substâncias químicas,
como o silano, monômero composto de radicais orgânicos reativos e
grupos monovalentes hidrolisáveis, propicia união química entre a
fase inorgânica da cerâmica e a fase orgânica do material resinoso
aplicado sobre a superfície cerâmica condicionada (GONÇALVES et
al., 2005).
A matriz orgânica dos cimentos resinosos é reforçada por uma
quantidade variável de partículas inorgânicas que se apresentam nas
formas angulares, esféricas ou arredondadas. De acordo com o tipo
de
partículas,
microparticulados
esses
ou
cimentos
híbridos.
podem
Os
ser
cimentos
classificados
de
em
micropartículas
apresentam partículas com tamanho médio de 0,04um e seu
conteúdo varia de 46% a 48% de volume. Os cimentos resinosos
híbridos possuem partículas com tamanho médio de 0,6 a 2,4um e
seu conteúdo em volume varia de 52% a 60%. Os cimentos resinosos
híbridos constituem a maioria das marcas comerciais disponíveis.
(GÓES, 1998)
Os
cimentos
resinosos
possuem
vantagens
como
alta
resistência, dureza, baixa solubilidade em fluido oral e união
micromecânica ao esmalte e à dentina. Entre as desvantagens estão
a sensibilidade técnica, a possibilidade de infiltração marginal e
sensibilidade pulpar, o curto tempo de trabalho e a dificuldade na
remoção dos excessos da margem da restauração (MAIA et al.,
2003).
Os cimentos resinosos apresentam outras limitações, como a
sensibilidade à umidade. Assim, não devem ser indicados nas
situações
clínicas
onde
esse
fator
não
puder
ser
controlado
(NEPPELENBROEK et al., 2004).
A sua habilidade de adesão a múltiplos substratos, alta
resistência, insolubilidade em meio oral e seu potencial para
mimetizar as cores faz dos cimentos de resina composta o adesivo de
eleição para restaurações estéticas livres de metal. São úteis em
situações onde as formas de retenção e resistência adequadas dos
preparos dentais foram perdidas. No entanto, sua técnica de trabalho
é bastante sensível requerendo especial cuidado por parte do
profissional devido aos múltiplos passos para sua utilização (BOTTINO
et al, 2002).
O desenvolvimento dos sistemas adesivos e dos cimentos
resinosos específicos para a cimentação das restaurações estéticas
indiretas, bem como o surgimento de novos métodos mais acessíveis
de confecção, permitiu maior utilização destes materiais na região
posterior, constituindo uma alternativa às restaurações de amálgama
e
às metálicas
tratamentos
fundidas.
superficiais
Além
das
disso, o
superfícies
desenvolvimento
metálicas
permitiu
dos
a
utilização dos cimentos resinosos em substituição aos cimentos de
fosfato de zinco e de ionômero de vidro (NEPPELENBROEK et al.,
2004).
A
odontologia
adesiva
tem
sido
aprimorada
pelo
desenvolvimento de várias técnicas e sistemas de cimentação adesiva
para restaurações estéticas indiretas. A seleção do material para
cimentação de uma restauração indireta estética é um passo decisivo
no sucesso do procedimento restaurador. Os materiais “metal free”
necessitam de agentes de cimentação específicos, sendo que os
cimentos resinosos, associados a sistemas adesivos são os mais
indicados. (VARJÃO et al., 2004).
Miranda et al., no ano de 2005, em um estudo cujo propósito
foi avaliar a resistência mecânica de quatro cimentos resinosos de
dupla ativação (Rely X ARC – 3M; Enforce – Desntsply; Fill Magic Dual
Cement – Vigodent; Variolink II – Ivoclar Vivadent), com ensaios de
resistência à compressão e resistência flexural, constataram que
existem poucas dúvidas relacionadas ao bom desempenho, no que se
refere à resistência retentiva de peças protéticas, dos materiais
resinosos em relação aos cimentos tradicionais. As incertezas atuais
estão mais relacionadas às variáveis de manipulação e às diferentes
formulações
de
cimentos
resinosos,
já
que
diversas
marcas
comerciais estão disponíveis.
Neste estudo, com relação à resistência à compressão, não
foram observadas diferenças estatisticamente significantes entre os
quatro cimentos avaliados. No ensaio de resistência flexural, os
cimentos Variolink II e Dual Cement foram estatisticamente similares
entre si e superiores em relação ao Rely X ARC, enquanto o cimento
Enforce apresentou resultado intermediário, sem diferença estatística
em relação aos demais cimentos avaliados (MIRANDA et al., 2005).
Gonçalves et al., no ano de 2005, em um estudo cujo objetivo
foi avaliar a resistência de união, por ensaio de microtração, entre um
sistema cerâmico (IPS Empress, Ivoclar-Vivadent) e dois cimentos
resinosos (Panavia F, Kuraray e Rely X, 3M), concluiram que a
resistência adesiva dos grupos diferiu estatisticamente (p=0,004),
sendo que Rely X, 3M apresentou resultados superiores a Panavia F,
Kuraray. Os cimentos resinosos utilizados neste estudo são bem
semelhantes com relação à sua composição, baseada em BIS-GMA,
TEGMA, fotoiniciadores, iniciadores químicos e partículas inorgânicas,
sendo diferentes em um único aspecto: a presença de MDP no
cimento Panavia F. O estudo sugere que o menor desempenho do
Panavia F em relação ao Rely X, pode ter ocorrido devido a uma
interação desse componente com um dos componentes da cerâmica,
sendo necessários mais estudos para comprovação. Apesar de as
resistências adesivas terem sido estatisticamente diferentes, pôde-se
notar que ambas foram elevadas.
Silva et al., em 2005, em um estudo que comparou, in vitro, a
força de adesão das porcelanas In-Ceram e Vitadur Alpha ao esmalte
bovino com o cimento resinoso Panavia F, demonstraram que os
melhores valores adesivos, testados entre vários cimentos resinosos
e vários métodos de tratamento da superfície para o In-Ceram (Vita),
foram encontrados com a utilização do cimento Panavia Ex (Kuraray)
sobre a superfície jateada com partículas de óxido de alumínio de
250um.
Varjão et al., no ano de 2004, em um estudo cujo objetivo foi
realizar uma revisão de literatura, buscando informações sobre os
tratamentos de superfície existentes para a cimentação adesiva de
peças protéticas confeccionadas em cerâmica ou resina composta, no
que diz respeito à resistência de união, concluíram que, em relação
aos cimentos resinosos, os que contém MDP, como o Panavia, seriam
os mais indicados, independentemente da cerâmica e do tipo de
tratamento empregados.
Os cimentos resinosos, a princípio, devem ser utilizados
associados a sistemas adesivos. Sobre a superfície da dentina já foi
demonstrada a eficiência da aplicação de um adesivo, após o
condicionamento ácido e previamente à inserção do cimento resinoso.
Quanto à porção interna de coroas com infra-estrutura metálica, não
há uniformidade de informação em relação à exigência da presença
de algum sistema adesivo previamente à aplicação de um cimento
resinoso. Pelo menos um fabricante menciona benefício e recomenda
a aplicação do “primer” silano, originariamente destinado a peças
cerâmicas, também sobre estruturas metálicas a serem fixadas com
cimento resinoso. Todavia, boa parte dos fabricantes não menciona a
necessidade da aplicação dos adesivos na porção interna das coroas
com
infra-estrutura
metálica
a
serem
fixadas
com
cimentos
resinosos. Portanto, a dúvida refere-se à influência dessas variáveis
sobre a resistência da união dos cimentos resinosos às ligas metálicas
(FERREIRA et al., 2006).
As superfícies dos dentes e das peças protéticas requerem
tratamentos prévios que promovam a união entre o tecido dentário e
o cimento resinoso e entre o cimento resinoso e o material
restaurador. A união do cimento resinoso ao dente se dá por meio
dos
sistemas
adesivos,
seguindo
os
mesmos
princípios
das
restaurações diretas de resina composta, uma vez que o cimento
resinoso nada mais é do que uma resina composta com maior fluidez,
necessária à cimentação. Já a união do cimento resinoso com a
restauração dependerá do tipo de tratamento realizado na superfície
interna da restauração. A literatura específica apresenta diferentes
técnicas de tratamento de superfície, as quais incluem a asperização
com pontas diamantadas, jateamento com óxido de alumínio,
condicionamento com ácido fluorídrico, bifluoreto de amônia ou flúor
fosfato acidulado e a silanização. As cinco primeiras visam à criação
de microrretenções na superfície interna da peça protética, as quais
promovem uma união micromecânica com o agente de cimentação.
Já a silanização, além de provavelmente melhorar o molhamento da
superfície pelo agente de união, promove uma união química com o
cimento resinoso e com a superfície das restaurações cerâmicas por
meio da sílica presente nas mesmas. Métodos alternativos de
tratamento também têm sido sugeridos e pesquisados, como é o caso
dos sistemas Silicoater e Rocatec, originalmente desenvolvidos para
utilização em restaurações metálicas. Esses sistemas empregam a
deposição de sílica na superfície interna da cerâmica para aumentar a
resistência da cimentação adesiva, principalmente nos sistemas
cerâmicos In-Ceram e Procera All-Ceram, nos quais o conteúdo
daquele elemento é bem reduzido (VARJÃO et al., 2004).
Ferreira et al., em um estudo que avaliou a resistência da união
de fundições de níquel-cromo fixadas com dois cimentos resinosos
(Enforce-Dentsply e Rely X ARC-3M ESPE), com e sem a aplicação
dos “primers” silanos e adesivos, no ano de 2006, concluíram que
houve similaridade estatística entre a resistência de união dos dois
cimentos resinosos à liga de níquel-cromo na variável sem “primer” e
sem adesivo, ocorrendo superioridade estatística para a resistência
de união do cimento Rely X ARC (3M ESPE) nas demais variáveis
avaliadas.
Os cimentos resinosos disponíveis atualmente no mercado
apresentam melhora das propriedades físico-mecânicas em relação
aos cimentos tradicionais, como alta resistência à compressão e à
tração, menor solubilidade aos fluidos orais, dureza, adesão à
estrutura
dental
e
potencial
de
reforçar
a
estrutura
dental
remanescente (MAIA et al., 2003).
O uso dos cimentos resinosos para cimentação de pinos de fibra
de vidro também deve ser considerado. Conceição et al., no ano
2000, em um estudo cujo objetivo foi avaliar, in vitro, a força de
remoção por tração dos pinos de fibra de vidro (FibreKor Post –
Jeneric/Pentron), constataram que a indicação de uma técnica de
cimentação adesiva tem possibilitado um aumento significativo na
capacidade de retenção dos pinos intra-radiculares não metálicos,
além de propiciar um reforço da estrutura dentária remanescente,
pois o uso da técnica do condicionamento ácido dentinário propicia a
remoção da smear layer e, conseqüentemente, melhores condições
para penetração do sistema adesivo formação da camada híbrida,
presença de “tags”, e assim, maior união dos cimentos resinosos à
dentina radicular, fato este que não ocorre quando um cimento não
adesivo é utilizado para a cimentação de pinos intra-radiculares.
Diversos tipos de cimentos resinosos, que foram originalmente
desenvolvidos para serem utilizados em dentes naturais, também
têm sido empregados em prótese sobre implantes, provisória ou
definitivas, em metal ou cerâmica, devido ao sucesso das mesmas,
substituindo, muitas vezes, a técnica original preconizada (BORGES
et al., 2008).
A técnica da cimentação de cilindros pré-fabricados, dentre as
técnicas conhecidas para obtenção de passividade nas estruturas
metálicas em próteses múltiplas implanto-suportadas, é tida como a
melhor dentre todas as técnicas. Esta preconiza a fundição de uma
estrutura em monobloco e posterior cimentação de cilindros de ouro
no interior desta estrutura com cimento resinoso (Panavia –F).
Dentre as vantagens podemos citar passividade entre as partes e
agilidade dos procedimentos (BORGES et al., 2008).
No estudo de Borges et al, no ano de 2008, cujo objetivo foi
avaliar
o
comportamento
das
próteses
implanto-suportadas
confeccionadas pela técnica do cilindro cimentado utilizando três
marcas comerciais de cimentos resinosos (Panavia®, Enforce® e
Rely X®) foi observado que dos 237 implantes avaliados (100%), 5
apresentaram soltura dos cilindros (2,1%), sendo todos do cimento
Rely X®. Quanto aos demais cimentos (Panavia® e EnForce®) estes
não apresentaram qualquer tipo de falha, havendo o índice de 100%
de sucesso. O cimento Rely X® apresentou índice de falha de
10,63%, devido a uma única falha em arco total. No grupo das
próteses parciais não foram observadas falhas na cimentação.
Desde o surgimento, a utilização dos cimentos resinosos vem
aumentando significativamente. Vários estudos já demonstraram a
superioridade desses materiais em relação aos cimentos tradicionais,
como o de fosfato de zinco (MOREIRA et al., 2002).
Bottino et al., em 2002, nos sugere algumas marcas comerciais
de cimentos resinosos e as compara quanto ao tipo de resina,
conteúdo de carga, tamanho de partícula, polimerização, sistema
adesivo e quantidade de cores disponíveis: Choise (Bisco), composto
por resina Bis-GMA UDMA/HDDMA, apresentando conteúdo de carga
de 80%, tamanho de partícula de 6um, polimerização foto/dual,
sistema adesivo One Step e 10 cores disponíveis; Dual Cement
(Ivoclar/Vivadent),
conteúdo
de
composto
carga
de
por
61%,
resina
UDMA,
tamanho
de
apresentando
partícula
microfill,
polimerização dual, não possui sistema adesivo e tem 1 cor
disponível;
Enforce
(Dentsply),
composto
por
resina
Bis-GMA
TEGDMA, apresentando conteúdo de carga de 66%, tamanho de
partícula de 1um, polimerização foto/dual, sistema adesivo Prime
Bond 2.1 e 6 cores disponíveis; Fill Magic Dual Cement (Vigodent),
composto por resina Bis-GMA , não constando o conteúdo de carga e
nem o tamanho de partícula, polimerização dual, não possui sistema
adesivo e 1 cor disponível; Lute-it (Jeneric Pentron), composto por
resina Bis-GMA UDMA/HDDMA, apresentando conteúdo de carga de
65%, tamanho de partícula de 0,8um, polimerização foto/dual,
sistema adesivo Bond-I e 8 cores disponíveis; Nexus (Kerr),
composto por resina Bis-GMA, apresentando conteúdo de carga de
68%, tamanho de partícula de 0,6um, polimerização foto/dual,
sistema adesivo Nexus e 3 cores disponíveis; Opal Luting Composite
(3M), composto por resina Bis-GMA UDMA/HDDMA, apresentando
conteúdo de carga de 82%, tamanho de partícula de 1,4um,
polimerização dual, sistema adesivo Scotchbond Multiuso Plus/Single
Bond e 7 cores disponíveis; Panavia F (J. Morita/Kuraray), composto
por resina Bis-GMA, apresentando conteúdo de carga de 77%, não
constando o tamanho de partícula, polimerização foto/auto, sistema
adesivo
ED
Primer
Morita/Kuraray),
e
3
composto
cores
por
disponíveis;
resina
Panavia
Bis-GMA,
21
(J.
apresentando
conteúdo de carga de 77%, não constando o tamanho de partícula,
polimerização auto, sistema adesivo ED Primer e 3 cores disponíveis;
Permalute (Ultradent Products), composto por resina Bis-GMA,
apresentando conteúdo de carga de 70%, tamanho de partícula de
1,5um, polimerização dual, sistema adesivo PermaQuick e 6 cores
disponíveis; RelyX ARC (3M), composto por resina Bis-GMA/TEGDMA,
apresentando conteúdo de carga de 67,5%, tamanho de partícula de
1,5um, polimerização dual, sistema adesivo Single Bond e 1 cor
disponível;
Scothbond
(3M),
composto
por
resina
Bis-GMA,
apresentando conteúdo de carga de 78%, tamanho de partícula de
1,4um, polimerização dual, sistema adesivo Scotchbond-I e 1 cor
disponível; Resin Cement 2-Bond-2 (Heraeus/Kulzer), composto por
resina Bis-GMA, não apresentando conteúdo de carga nem tamanho
de partícula, polimerização /dual, sistema adesivo Multiuso Plus Solid
Bond e 4 cores disponíveis; Variolink II (Vivadent), composto por
resina Bis-GMA, apresentando conteúdo de carga de 73%, tamanho
de partícula de 1um, polimerização foto/dual, sistema adesivo
Syntac/Heliobond-I e 5 cores disponíveis.
3.6.
Os
Resina Modificada por Poliácido (Compômeros)
compômeros apresentam maior
quantidade
de
resina
composta e bem menor de ionômero de vidro. São também
denominados de resinas compostas ionômero-modificadas. A única
marca comercial disponível no mercado é o Dyract-Cem, originado do
Dyract (Dentsply). Por ser um lançamento recente necessita mais
pesquisas para avaliação de seu desempenho clínico (BOTTINO et al,
2002).
Partindo do conceito de que a ancoragem intra-radicular é
empregada para obtermos retenção e resistência na restauração
coronária, qualquer fracasso na retenção intra-radicular representa o
fracasso da restauração como um todo. Os núcleos metálicos
fundidos devem seguir seus princípios de preparo, mas o agente
cimentante utilizado na porção intra-radicular deve ter os seguintes
pré-requisitos: ser adesivo, ser de dupla cura ou autopolimerização,
ter baixa viscosidade, boas propriedades mecânicas, deve liberar
flúor e ser radiopaco (BOTTINO et al, 2002).
Para a completa polimerização intracanal, o sistema deve ser,
no
mínimo,
de
dupla
fotopolimerização
na
Preferencialmente
cura,
pois
não
profundidade
devemos
utilizar
podemos
total
sistemas
considerar
do
a
conduto.
autopolimerizáveis
(BOTTINO et al, 2002).
A baixa viscosidade permite melhor assentamento do pino, com
menor espessura de película de cimento, uma vez que muitos
sistemas de pinos não possuem sistema de escape para diminuir a
tensão durante a inserção do pino, o que poderia resultar, inclusive,
em fratura radicular durante a cimentação (BOTTINO et al, 2002).
Quanto às propriedades mecânicas, o módulo de elasticidade do
cimento deveria estar próximo ao da dentina (em torno de 18 GPa).
O cimento, além de atuar como selamento, deve absorver cargas
geradas na superfície oclusal. A resistência à compressão deveria ser
alta; no caso do cimento de ionômero de vidro, essa propriedade
aumenta com o
decorrer do tempo. As demais propriedades
mecânicas, como resistência flexural, resistência à tração, módulo de
elasticidade
e
dureza
têm
melhores
resultados
nos
cimentos
resinosos com carga (BOTTINO et al, 2002).
A liberação de flúor ocorre principalmente nos cimentos
ionoméricos. Considerando que estes dentes são desvitalizados, essa
propriedade assume maior importância porque não há a percepção
clínica da microinfiltração pelo paciente, resultando em cárie e até na
perda total da restauração (BOTTINO et al, 2002).
Os núcleos metálicos fundidos eram, até pouco tempo, a opção
de escolha na maioria dos casos clínicos. Porém, atualmente, podem
ser utilizados pinos pré-fabricados em aço inox, titânio, resina, fibra
de
carbono, fibra
de
vidro,
cerâmicos
(pinos
intra-radiculares
estéticos), podendo ser utilizados, com boa previsibilidade de
sucesso. No entanto, qualquer que seja o pino utilizado, a fixação
deste requer a utilização de agentes cimentantes, os quais não
devem ser os únicos responsáveis pela retenção dos mesmos
(VADENAL et al., 2005).
Em caso da utilização de pinos não radiopacos, como os de fibra
de carbono e de vidro, o aspecto radiopaco do cimento é mais
importante, pois eles se tornam os responsáveis pela radiopacidade
desses pinos, indicando que houve a colocação de um sistema de
retenção intra-radicular (BOTTINO et al, 2002).
Os pinos pré-fabricados ativos podem ser empregados para
obter retenção, mas isso implica em esforços transmitidos à raiz.
Esses pinos podem ser cimentados com uma maior variedade de tipos
de cimento, pois o embricamento mecânico não requer cimentação
adesiva obrigatoriamente (BOTTINO et al, 2002).
Os cimentos de ionômero de vidro convencionais que podem
ser utilizados são: Fuji I (GC America) e Ketac-Cem (ESPE). Os
ionômeros de vidro híbridos estão representados pelo Protec-Cem
(Ivoclar). Os cimentos adesivos podem ter carga ou não; os cimentos
sem carga estão mais suscetíveis à expansão higroscópica que os
com carga. Podem ter polimerização ativada por luz, dupla cura ou
serem autopolimerizáveis (BOTTINO et al, 2002).
Segundo Bottino et al., no ano de 2002, os cimentos adesivos
sugeridos
Composite
para
cimentação
(Bisco),
intra-radicular
Cement-It
seriam:
C&B
(Jeneric/Pentron),
Lutin
Lute-It
(Jeneric/Pentron), Dual Cement (Ivoclar Vivadent), Duo Cement
(Coltene),
Flexi-Flow
(EDS),
Panavia
(J.Morita),
Panavia
21
(J.Morita), Panavia F (J.Morita), Permalute (Ultradent), Rely-X (3M),
Scotchbond Resin Cement (3M) e Twinllok (Heraeus Kulzer).
Os sistemas passivos, metálicos ou estéticos, são preferidos
devido à menor indução de tensão na colocação e em função. O ideal
para esses sistemas passivos seria uma boa adaptação do pino às
paredes do canal radicular e é necessária a utilização de sistemas de
cimentação adesivos. Isso é obtido indicando-se o sistema de pinos
com a forma e o diâmetro mais semelhantes à dos canais radiculares,
obtendo-se a menor espessura de película de cimento possível.
Assim, a participação biomecânica do cimento no conjunto não é
eliminada, porém é reduzida. Portanto, canais muito expulsivos têm
como indicação principal núcleos fundidos, pois o emprego de
sistemas pré fabricados resultaria em espessura muito grande de
cimento na região cervical do dente (BOTTINO et al, 2002).
Um agente cimentante final deveria apresentar um conjunto de
características para que pudesse ser considerado um agente ideal.
Podemos citar: ser biocompatível, ter boa adesão entre diferentes
estruturas, ter adequada espessura de película e viscosidade, ser
insolúvel frente aos fluidos orais, possuir propriedades bactericidas,
apresentar resistência a fraturas para prevenir o deslocamento como
resultado de falhas adesivas ou coesivas, apresentar selamento
marginal adequado, possuir alta resistência à tração e compressão,
tempos adequados de trabalho e de presa, ser radiopaco e com boas
propriedades ópticas (BOTTINO et al, 2002).
Os
materiais
disponíveis
atualmente
demonstram
bom
comportamento biológico, embora alguns efeitos adversos possam
ser detectados. Ocasionalmente alguns pacientes podem exibir
alergia, porém essa incidência é bem baixa. Histologicamente, os
agentes cimentantes parecem causar pequena resposta pulpar,
particularmente se a dentina remanescente exceder a espessura de
1mm. O papel dos cimentos na injúria pulpar tem sido amplamente
pesquisado nos últimos anos e a contaminação bacteriana parece ser
a maior causa resultante da inserção dos cimentos. Alguns estudos
que indicam o cimento de ionômero de vidro como causador de
sensibilidade pós-operatória não foram comprovados clinicamente; as
causas
mais
prováveis
dessa
solubilidade
talvez
sejam
a
contaminação bacteriana ou a dessecação da dentina, ao invés de
irritação pelo cimento. Uma secagem indevida da dentina abre os
túbulos dentinários, causando penetração mais fácil do ácido. Quanto
aos cimentos resinosos, a biocompatibilidade está na dependência do
grau de conversão dos monômeros durante a polimerização e as
queixas de sensibilidade pós-operatórias podem ocorrer devido à
incompleta polimerização dos mesmos (BOTTINO et al, 2002).
Alguns autores consideram que o fenômeno da adesão é o
principal fator para a redução das microinfiltrações. Como citado
anteriormente, a retenção de um cimento tradicional, como o fosfato
de zinco, depende da biomecânica do preparo. Os cimentos resinosos
adesivos têm demonstrado aumento de retenção quando comparados
aos cimentos de fosfato de zinco, ionômero de vidro e resinosos
convencionais. Os cimentos resinosos apresentam valores maiores de
resistência de adesão e, portanto, maior resistência à fratura quando
comparados
aos
cimentos
tradicionais.
Tanto
os
cimentos
de
ionômero de vidro modificado por resina quanto os resinosos sofrem
contração podendo ocorrer estresse durante o assentamento do
material ou o rompimento da união entre as superfícies cimentadas,
ocasionando infiltração de fluidos orais, bactérias, bem como a
sensibilidade pós-operatória. Agentes de proteção pulpar como o
hidróxido de cálcio ou o oxalato de potássio, podem reduzir a tensão
de coroas cimentadas com fosfato de zinco, ionômero de vidro e
cimento resinoso (BOTTINO et al, 2002).
Os cimentos ionoméricos apresentam algum grau de adesão
química ao esmalte e à dentina, enquanto o fosfato de zinco depende
primordialmente da retenção mecânica e do embricamento resultante
das rugosidades superficiais do dente preparado e da superfície
interna da coroa (PEGORARO et al., 1998).
Os valores de resistência adesiva de alguns cimentos resinosos
duais foram determinados in vitro: Twinlook (15,2MPa), Clearfill CR
Inlay (18,4MPa), Optec (14,9MPa), Dual Cement (18,3 MPa). De
acordo com os resultados encontrados, todos os cimentos estudados
formaram forte união entre o esmalte-cimento-cerâmica, sendo
assim, indicados para a cimentação de restaurações cerâmicas.
Comparando-se in vitro e em preparos sem forma de retenção, a
força do cimento resinoso (9,4MPa), cimento de ionômero de vidro
(5,0MPa) e cimento de fosfato de zinco (3,1MPa) observou-se que o
grupo do cimento resinoso foi significativamente mais resistente do
que o cimento de ionômero de vidro e o cimento de fosfato de zinco.
Portanto, quando a altura axial da parede do preparo ou o ângulo de
convergência do preparo forem desfavoráveis é provável que as
restaurações
protéticas
cimentadas
com
um
cimento
resinoso
resistam melhor ao deslocamento do que aquelas cimentadas com
um cimento tradicional (MAIA et al., 2003).
A adesão resinosa parece fornecer uma retenção muito melhor
que os cimentos convencionais e também há evidências de que o uso
de adesão resinosa em coroas de cerâmica pura tem melhorado estas
restaurações por aumentar sua resistência à fratura. Porém, deve-se
enfatizar que o tratamento superficial da porcelana é um fator
importante para que se alcance alta força de adesão (SILVA et al.,
2005).
Um cimento adesivo resinoso pode ser considerado satisfatório
se a força de adesão à cerâmica exceder 20 MPa (SILVA et al., 2005).
Os cimentos tipo dual alcançam grande resistência adesiva e,
geralmente, esses valores são ainda maiores após 7 dias (BRAGA,
1999).
O procedimento de união e retenção das restaurações indiretas
tem usado a tecnologia dos sistemas adesivos em combinação com
os cimentos resinosos. Essa combinação no uso de materiais fluidos e
técnica para criação de rugosidade microscópica propiciou uma
interação íntima entre as superfícies dos substratos e contribuiu para
o crescimento no uso do cimento resinoso, apesar de ter aumentado
também a complexidade de uso clínico destes sistemas. Qualquer
contaminação da superfície dental ou manipulação e aplicação
incorretas dos componentes do sistema adesivo resultará em mau
prognóstico para a força de adesão (GÓES, 1998).
Falhas na adesão podem resultar em microinfiltração entre o
cimento e a estrutura dental. Estudos indicam que os cimentos
resinosos, ionômero de vidro e ionômero de vidro modificado por
resina previnem mais a microinfiltração do que os cimentos fosfato de
zinco e policarboxilato. Estudos indicam que a polimerização do
sistema adesivo previamente à cimentação de inlays aumenta a força
de união entre a estrutura dental e o cimento resinoso e também
melhora o selamento marginal (MAIA et al., 2003).
No caso dos cimentos resinosos, uma vez que a efetividade da
adesão pode influenciar o prognóstico de uma restauração protética é
importante identificar-se o método mais confiável e eficaz na união
entre o material restaurador e o cimento. Variáveis como composição
da peça protética, tipo de tratamento mecânico da superfície e
aplicação ou não de silano podem exercer efeitos significativos na
resistência adesiva com os cimentos resinosos (VARJÃO et al., 2004).
Uma restauração protética deve apresentar, além da estética,
função e retenção satisfatórias, uma perfeita adaptação ao dente
preparado
promovendo,
assim,
um
adequado
selamento
das
margens. O assentamento incompleto de coroas protéticas pode ser
causado pela espessura de película de cimento que se acumula na
superfície do preparo dental. Portanto, para minimizar os gaps
marginais e discrepâncias oclusais, os agentes cimentantes deveriam
ser capazes de alcançar uma espessura de película ideal durante a
cimentação (MAIA et al., 2003).
Dentre os fatores que influenciam a espessura de película fina
de um cimento pode-se citar a angulação das paredes axiais dos
preparos, o espaçamento para o cimento, a força aplicada durante a
cimentação, o tipo de cimento utilizado, a facilidade de manipulação,
o tipo de reação de presa, o tempo de trabalho, a viscosidade e a
quantidade de partículas presentes (AGOSTINHO et al.,2000).
A espessura de película do agente cimentante pode interferir
diretamente no sucesso clínico da restauração, pois a quantidade de
cimento retida na interface oclusal é uma determinante direta da
adaptação cervical da coroa. Os diversos tipos de cimento requerem
diferentes espessuras para assegurar um ótimo assentamento. A
espessura de película é influenciada por variáveis de manipulação,
como a temperatura e a proporção pó/líquido. O cimento resinoso
dual,
por
exemplo,
apresenta
uma
maior
espessura
quando
manipulado em uma temperatura mais baixa, o que não ocorre com o
cimento de ionômero de vidro, que demonstra redução na espessura
de película. O cimento resinoso tem apresentado uma grande
incidência de coroas desadaptadas, provavelmente devido à alta
viscosidade das resinas. O significado clínico é que, embora ele possa
ser selecionado por suas vantagens mecânicas e adesivas, a sua
manipulação pode envolver um risco de desadaptação da restauração
(BOTTINO et al, 2002).
Tem sido demonstrado que os cimentos resinosos apresentam
uma
espessura
de
película
maior
em
relação
aos
cimentos
convencionais. Isto se deve, em parte, à rápida polimerização destes
materiais quando se inicia a mistura dos componentes, resultando em
pouco tempo de trabalho para manipulação, aplicação do cimento e
assentamento da peça ao preparo (BARATIERI, 2001).
A maioria das resinas adesivas possui carga de vidro ou sílica,
entre 50% a 70% em peso, exibindo alta resistência à compressão e
à fadiga tensional, sendo virtualmente insolúveis no meio oral. A
carga
também
contribui
no
aumento
da
resistência
marginal
comparativamente aos cimentos de ionômero de vidro convencional e
híbrido, entretanto este aumento do conteúdo de carga aumenta a
viscosidade do cimento, reduzindo seu escoamento e elevando a
espessura do mesmo (BOTTINO et al, 2002).
Quanto maior o conteúdo de partículas de carga presentes na
composição dos cimentos resinosos, maior a viscosidade, maior a
dificuldade de assentamento, maior espessura de película (BELOTI et
al.,2000).
A espessura da película dos cimentos resinosos, de acordo com
Maia et al., em 2003, é um fator preocupante, pois pode resultar em
um incompleto assentamento da restauração protética ao dente.
Através do planejamento e execução criteriosos dos preparos dentais,
de fase laboratorial tecnicamente bem executada, da seleção do
cimento adequado, manipulação do cimento de acordo com as
recomendações dos fabricantes e da aplicação de força de cimentação
adequada,
a
espessura
de
película
dos
cimentos
resinosos
permanecerá dentro dos limites aceitáveis.
Alguns procedimentos podem ser executados para compensar a
espessura de película apresentada pelos cimentos resinosos, como a
utilização de espaçadores nos troqueis, colocação de pequena
quantidade de material na coroa, por exemplo, pincelando-se o
cimento nas paredes internas da peça, trabalho ágil do profissional e
aplicação de forte pressão de cimentação (AGOSTINHO et al.,2000).
Os valores médios de espessura de película de alguns cimentos
resinosos foram determinados, in vitro: All Bond 2=58,8um; C&B
Metabond=35,8um; Imperva Dual=25,5um; Panavia EX=44,3um;
Enforce=27,7um;
Rely
X=25,5um;
Nexus=34,9um;
Panavia
21=21,9um. De acordo com os resultados a espessura de película da
maioria dos materiais testados encontra-se dentro dos limites
estabelecidos
película=44um)
e
aceitáveis
estando
estes
pela
ADA
aptos
a
(valor
serem
máximo
de
utilizados
nos
procedimentos restauradores protéticos (BELOTI et al.,2000).
Uma importante propriedade relacionada ao desempenho clínico
dos agentes cimentantes é a sua resistência à dissolução e à
degradação aos fluidos orais. A solubilidade e a degradação de um
cimento podem resultar em um espaço entre a restauração e o dente,
aumentando assim o risco da cárie secundária e do comprometimento
pulpar. A grande maioria das peças protéticas falha no assentamento
completo sobre o preparo dental. O resultado deste incompleto
assentamento é a formação de um gap entre a restauração e o dente.
Estes gaps expõem o cimento dental aos fluidos orais. Quanto maior
a área de superfície exposta do cimento, maior será a degradação
esperada. Isto leva a crer que, limitando-se a superfície de exposição
do cimento através de uma pequena espessura de película do
cimento e da perfeita adaptação da peça ao dente, os efeitos de
solubilidade e degradação reduzir-se-iam (MAIA et al., 2003).
A solubilidade frente aos fluidos deveria ser baixa ou nula já
que os cimentos estão continuamente expostos a uma variedade de
ácidos, como os produzidos por microorganismos, pela degradação de
alimentos e as contínuas flutuações do pH e da temperatura. A
solubilidade dos cimentos na água parece não refletir a solubilidade
na cavidade oral, com exceção dos cimentos resinosos, considerados
virtualmente insolúveis nos fluidos orais. O cimento de fosfato de
zinco apresenta uma solubilidade relativamente baixa na água e
apreciavelmente maior em ácidos orgânicos como o lático, acético e
cítrico. Como os cimentos de ionômero de vidro têm demonstrado
suscetibilidade à umidade durante a sua presa, os mesmos devem ser
protegidos para evitar a contaminação prematura e a alta solubilidade
inicial, uma variável importante
para
o
sucesso
clínico. Uma
vantagem dos cimentos de ionômero de vidro modificados por resina
é que são menos suscetíveis a essa umidade inicial (BOTTINO et al,
2002).
A baixa solubilidade aos fluidos orais e a resistência ao
desgaste são duas das vantagens dos cimentos resinosos. Tanto a
solubilidade quanto o desgaste destes cimentos apresentam uma
correlação linear com o tamanho do gap marginal formado entre
preparo dental e a restauração. Portanto, quanto melhor a adaptação
marginal da restauração, menor preocupação teremos em relação à
solubilidade e ao desgaste destes cimentos (MAIA et al., 2003).
Os
cimentos
resinosos
apresentam
solubilidade
significativamente menor, in vitro, quando comparados aos cimentos
de fosfato de zinco, policarboxilato, ionômero de vidro e ionômero de
vidro reforçado por resina (MAIA et al., 2003).
Um agente ideal de cimentação final deveria ser resistente à
microinfiltração, uma vez que a penetração de microorganismos ao
redor das restaurações está diretamente relacionada com diversas
respostas pulpares e, conseqüentemente, com a redução da sua
longevidade. Os cimentos de fosfato de zinco e de ionômero de vidro
parecem ser mais capazes de limitar o metabolismo de bactérias
cariogênicas nas fendas marginais do que os cimentos resinosos
(BOTTINO et al, 2002).
Todavia, segundo Maia et al., em 2003, a associação do uso dos
cimentos resinosos aos sistemas adesivos, além de aumentar a força
de união entre a estrutura dental-cimento-restauração melhorou o
seu desempenho quanto ao selamento marginal, prevenindo assim a
microinfiltração. Porém, a sensibilidade à técnica aumentou e
cuidados adicionais devem ser realizados durante o procedimento de
cimentação.
Os cimentos que contém flúor na sua composição apresentam
efeito anticariogênico, aspecto importante na cimentação de próteses
em pacientes com alto risco de cárie (BOTTINO et al, 2002).
O flúor incorporado aos dentes durante sua formação não
confere resistência à cárie, mas concentrações baixas e constantes na
cavidade
bucal
são
desenvolvimento
da
eficientes
para
manter
cárie,
devido
aos
o
controle
fenômenos
do
de
desmineralização-remineralização (COELHO et al., 2003).
Frente
aos
benefícios
oferecidos
pelo
flúor,
materiais
odontológicos que liberam certa quantidade de flúor foram e
continuam sendo desenvolvidos e aprimorados para que funcionem
de maneira efetiva nos mecanismos de prevenção da cárie. A
exemplo
disso,
os
cimentos
de
ionômero
de
vidro
foram
desenvolvidos em 1971, por Wilsin & Kent (COELHO et al., 2003).
A capacidade de destruir microorganismos patogênicos ou inibir
seu crescimento assume valor fundamental na função dos cimentos.
O crescimento bacteriano sob próteses ou restaurações pode ou não
causar injúria pulpar. Isso também depende da capacidade da polpa
responder à irritação com dentina reparadora, da permeabilidade da
dentina subjacente (se é esclerótica ou não, do número e tamanho
dos túbulos dentinários) e da espessura da dentina remanescente
(BOTTINO et al, 2002).
Um
cimento
ideal
deveria
ter
propriedades
mecânicas
suficientes para resistir às forças funcionais, fraturas e fadiga por
estresse.
Algumas
propriedades
mecânicas
apresentadas
pelos
cimentos para cimentação final, como módulo de elasticidade, o
cisalhamento e a resistência de união sob forças de tração e
compressão, têm sido tema para muitos estudos que apresentaram
resultados de comportamento diversos. Entretanto, esses resultados
exibem geralmente os maiores valores para os cimentos resinosos
com adição de cargas quando comparados aos agentes tradicionais e
aos cimentos resinosos sem carga (BOTTINO et al, 2002).
Estudos
que
avaliaram a influência
de
diversos
agentes
cimentantes na resistência à fratura de coroas de cerâmica pura
obtiveram os maiores valores com os agentes resinosos, seguidos
pelos cimentos de fosfato de zinco e ionômero de vidro (BOTTINO et
al, 2002).
Algumas pesquisas têm sido realizadas a fim de aumentar os
valores das propriedades mecânicas modificando-se, por exemplo, a
composição dos agentes cimentantes com a adição de ácido fítico ao
cimento de fosfato de zinco ou com fibras resinosas aos cimentos
resinosos (BOTTINO et al, 2002).
As
variações
na
relação
pó/líquido
podem
afetar
as
propriedades mecânicas, o tempo de trabalho e o tempo de presa de
alguns cimentos. Esses últimos também são afetados por fatores
como a temperatura da placa de vidro, método de espatulação e
alteração
da
relação
água/ácido
no
líquido
do
cimento.
As
modificações nas relações pó/líquido de alguns materiais podem levar
a efeitos drásticos na solubilidade. Segundo pesquisas, a redução de
30% na relação pó/líquido do fosfato de zinco resultou em perda de
26% na resistência à compressão, enquanto para o cimento de
ionômero de vidro o aumento dessa relação tanto dificulta a remoção
dos excessos, como provoca um aumento da temperatura intrapulpar
(BOTTINO et al, 2002).
O cimento ideal deveria apresentar fácil espatulação e tempo de
trabalho adequado, uma vez que o desempenho clínico depende
consideravelmente do método de manipulação. Se esta for realizada
de forma imprópria, afetará a longevidade clínica do trabalho. Com o
desenvolvimento dos cimentos de ionômero de vidro e resinosos, o
tradicional fosfato de zinco tem apresentado uma diminuição do uso,
embora os novos materiais exibam uma técnica mais sensível e
também um maior número de passos para assegurar o bom
comportamento na prática clínica (BOTTINO et al, 2002).
A radiopacidade é uma propriedade que deve ser procurada nos
agentes cimentantes, permitindo assim ao clínico observar através do
exame radiográfico a linha de cimentação e a presença de cáries
recorrentes ou excessos marginais do cimento. É desejável que os
cimentos resinosos tenham valores de radiopacidade maiores em
relação à dentina e similares ou maiores que o esmalte (BOTTINO et
al, 2002).
A radiopacidade de um material dentário é propriedade de
relevância, pois regula o grau de reflexão do material, permitindo um
contraste adequado entre dentina, esmalte e tecidos vizinhos,
facilitando a identificação da imagem. (GONÇALVES et al., 1970)
Estudos mostram que os cimentos de ionômero de vidro
convencionais são mais radiopacos do que os cimentos de ionômero
de vidro modificados por resina.
Zytkievitz et al., no ano de 2005, em um estudo cujo objetivo
foi avaliar, através da densidade pixel, a radiopacidade de cinco
cimentos de ionômero de vidro atuais: Vitremer, Vitrebonb, Fuji II
LC, Vidrion F e Vidrion R, mostraram que Vitremer e Vitrebond foram
os
materiais
que
apresentaram
maior
intensidade
pixel,
com
resultados muito próximos entre si, em todas as espessuras, seguidos
por
Fuji
II
LC.
Já
Vidrion
F
e
Vidrion
R,
exibiram
menor
radiopacidade.
Com o passar dos anos, a sociedade passou a dar grande
importância à estética, não mais desejando restaurações metálicas
consagradas, como o ouro ou o amálgama de prata, dando
preferência a materiais estéticos, como porcelana e polímeros, além
da influência da mídia e da indústria, que têm estimulado clientes a
solicitar materiais estéticos. Desta forma, a busca por materiais que
atendam a essa exigência tem sido contínua (SIQUEIRA et al., 2005).
As propriedades estéticas dos agentes de cimentação possuem
uma considerável importância com o aumento de translucidez
demonstrado pelos materiais restauradores cerâmicos e de polímeros
de vidro. Desta forma, os conjuntos para cimentação que apresentam
pastas hidrossolúveis para o teste da cor do agente cimentante
facilitam a escolha da cor do cimento, assim como permitem
modificações através do uso de corantes, tintas e opacificadores
(BOTTINO et al, 2002).
A estabilidade da cor dos cimentos é um fator que deve ser
considerado; o acelerador amina, presente nos cimentos resinosos de
dupla polimerização, pode levar a uma modificação cromática ao
longo do tempo. Por esta razão, muitos profissionais preferem o uso
de sistemas de cimentação fotopolimerizáveis para facetas laminadas
e coroas puras em dentes anteriores, pois estes apresentam maior
estabilidade de cor, apesar de estas alterações cromáticas não serem
sempre perceptíveis clinicamente (BOTTINO et al, 2002).
A resistência ao desgaste dos cimentos resinosos é influenciada
pelo tipo, tamanho e conteúdo de partículas presentes. A conversão
dos monômeros em polímeros também determina o grau de desgaste
destes cimentos. O desgaste dos cimentos resinosos diminui com o
aumento do grau de conversão e com o aumento do conteúdo de
partículas por volume. Quanto ao tamanho da partícula inorgânica, os
cimentos
resinosos
híbridos
apresentam
menor
resistência
ao
desgaste do que os cimentos resinosos microparticulados. Portanto, o
uso
de
cimentos
resinosos
microparticulados
reduz
de
forma
significativa o seu desgaste. A preocupação quanto ao desgaste dos
cimentos resinosos utilizados para cimentação de inlays de cerâmica
e de resina existe quando há um aumento do gap entre as margens
da restauração e a estrutura dental. A largura do gap marginal e a
resistência ao desgaste dos cimentos resinosos apresentam uma
correlação linear, ou seja, quanto maior o gap marginal, maior o
desgaste do cimento. (MAIA et al., 2003)
4. DISCUSSÃO
Na área de Prótese Dentária, a expectativa de sobrevida das
restaurações fixas é mais longa em comparação com os trabalhos
restauradores
diretos.
Em
um
levantamento
realizado
na
Escandinávia, a idade mediana das restaurações indiretas em ouro foi
de 20 anos, ao passo que as restaurações em amálgama e em resina
composta apresentaram, respectivamente, 12-14 anos e 7-8 anos de
idade mediana (SHINKKAI et al., 2000).
A técnica de cimentação com o cimento de fosfato de zinco, na
clínica odontológica, é amplamente conhecida e utilizada pelo
profissional.
Shinkkai et al., no ano de 2000, em um trabalho cujo objetivo
foi
avaliar
a
preferência
dos
participantes
de
um
congresso
direcionado à área de prótese dentária em relação à aplicação clínica
de alguns materiais dentários, constataram que para prótese parcial
fixa convencional, o cimento de fosfato de zinco foi o preferido de
mais
de
três
quartos
dos
respondentes
(n=60,
79%).
Esta
preferência não se alterou mesmo quando houve distribuição dos
resultados por tempo de graduação ou por tipo de atividade. Tal fato
reflete a confiabilidade do cimento de fosfato de zinco ao longo de
décadas de uso clínico bem sucedido. Além disso, seu custo financeiro
é bem inferior ao dos cimentos resinosos e de ionômero de vidro.
Nesta pesquisa, o cimento resinoso e o cimento de ionômero de vidro
foram bem menos citados que o cimento de fosfato de zinco (25% e
20%, respectivamente). No subgrupo "31 anos em diante", houve
empate entre o cimento de fosfato de zinco e o cimento de ionômero
de vidro. Para o metal, o cimento de fosfato de zinco continuou sendo
o cimento de escolha para a maioria dos participantes (77%). O
cimento resinoso (23%) e o cimento de ionômero de vidro/ionômero
de vidro modificado por resina (13%) apresentaram índices de
citação bem mais baixos que o cimento de fosfato de zinco. Para a
utilização em sua própria boca, o cimento de fosfato de zinco
continuou sendo o preferido para a cimentação de prótese parcial fixa
convencional (72%).
O cimento de fosfato de zinco foi, no princípio, o agente
cimentante mais disponível e largamente utilizado. Com o surgimento
dos cimentos resinosos, aliados às suas maiores vantagens como
adesão ao substrato dental e pino, menor infiltração, diminuição da
solubilidade, entre outras, o cimento de fosfato de zinco foi perdendo
terreno de aplicação. (VADENAL et al., 2005)
Vadenal et al., no ano de 2005, em um trabalho que
apresentou o desenvolvimento da técnica de cimentação do CICIMPLAC
(Conector
previamente
por
Implac
testes
de
Cimentado),
resistência
constatou,
à
tração,
avaliando
diferenças
estatisticamente significantes favoráveis ao cimento de fosfato de
zinco em relação aos outros cimentos testados.
Maia et al., em 2003, em um artigo cujo objetivo foi apresentar
algumas das propriedades físico-mecânicas dos cimentos resinosos
disponíveis atualmente descreveu, através de uma revisão de
literatura, que tradicionalmente o cimento de fosfato de zinco tem
sido usado como agente cimentante de escolha para a cimentação de
coroas protéticas. Porém, os cimentos resinosos, cujas propriedades
físico-mecânicas apresentaram melhoras quando comparadas aos
cimentos
tradicionais,
têm
o
seu
uso
clínico
aumentado
consideravelmente.
Shinkkai et al., em 2000, afirmaram que o cimento de fosfato
de zinco proporciona uma confiabilidade de décadas de uso clínico
bem sucedido. Além disso, seu custo financeiro é bem inferior ao dos
cimentos resinosos e de ionômero de vidro, embora estes tenham
apresentado, in vitro, algumas propriedades biomecânicas mais
vantajosas em relação ao cimento de fosfato de zinco.
Por muito tempo a cimentação definitiva restringia-se ao uso do
cimento de fosfato de zinco. Com o decorrer dos anos outros
materiais foram sendo desenvolvidos e, hoje, podem ser encontrados
no mercado cimentos de fosfato de zinco, policarboxilato, ionômero
de vidro convencional e reforçado por resina, compômeros e os
cimentos resinosos (TAPETY et al., 2004).
Tanto os cimentos de fosfato de zinco quanto os ionoméricos
apresentam características semelhantes, entre as quais se destacam
espessura de película, capacidade retentiva, infiltração marginal e
escoamento (PEGORARO et al., 1998).
Em uma pesquisa da reunião anual da AMERICAN ACADEMY OF
ESTHETIC DENTISTRY , em 1995, a ordem de preferência para a
cimentação de coroas totais metálicas, coroas metalocerâmicas ou
coroas
metaloplásticas
foi:
cimento
de
ionômero
de
vidro
convencional (25%), cimento de fosfato de zinco (24%), cimento de
ionômero
de
vidro
modificado
por
resina (15%), cimento
de
policarboxilato (9%) e cimento resinoso (5%). O principal argumento
para a maior utilização dos cimentos de ionômero de vidro foi a sua
atividade anticariogênica devido à liberação de flúor. Entretanto, não
há evidências experimentais e clínicas que comprovem a ação
anticariogênica dos cimentos de ionômero de vidro para cimentação
de restaurações indiretas (SHINKKAI et al., 2000).
Apesar
da
maioria
dos
trabalhos
sugerir
a
capacidade
remineralizadora do cimento de ionômero de vidro, não foram
encontradas fortes evidências, dentro da proposta da Odontologia
Baseada em Evidências, de que o flúor liberado pelo cimento de
ionômero de vidro é capaz de remineralizar a estrutura dentária.
(ROBSON et al., 2003).
Em função da liberação de flúor o grau de proteção dos
cimentos ionoméricos quanto à recidiva de cárie parece ser maior do
que o do cimento de fosfato de zinco. Embora os cuidados quanto ao
controle
da
umidade
sejam
extremamente
importantes
e
indispensáveis para ambos, parece ser mais crítico para o cimento
ionomérico tanto no ato da cimentação quanto na pós-cimentação,
exigindo maior controle do transudato sulcular e maior tempo do
campo isolado e sem contato com saliva (PEGORARO et al., 1998).
Relatos sobre o nível de liberação de flúor de diferentes
materiais odontológicos são baseados em medidas feitas em água
deionizada,
saliva
artificial
e
solução
para
pH
de
ciclo
desmineralizante (pH 4,3) e remineralizante (pH 7), obtendo, porém,
uma liberação de flúor mais alta no sistema de ciclo de pH. A
comparação de liberação de flúor dos materiais odontológicos
depende do meio usado na avaliação. Em saliva artificial e pH ciclo,
os cimentos de ionômero de vidro modificados por resina liberam
mais flúor que os compômeros e na água deionizada o cimento de
ionômero de vidro convencional libera mais flúor do que os cimentos
de ionômero de vidro modificados por resina e estes, mais que os
compômeros. Atualmente, há no mercado odontológico cimentos de
ionômero de vidro e derivados, entre eles os materiais que contém
diferentes proporções de reações do tipo ácido-base e de radicais
livres de metacrilato em sua reação de presa, liberando quantidades
diferentes de flúor. Nos cimentos de ionômero de vidro convencionais
e nos modificados por resina, essa liberação se dá por dissolução do
material nos primeiros dias e por trocas iônicas. Nos cimentos
resinosos essa liberação se dá somente por trocas iônicas, pois o grau
de solubilidade desse material é muito baixo. Assim sendo, a
liberação de flúor pelos diferentes materiais depende de sua
composição, com liberação maior para os cimentos de ionômero de
vidro convencionais que contêm NaF, que é mais solúvel, seguido
pelo cimento de ionômero de vidro modificado por resina e pelos
modificados
por
poliácidos,
como
demonstram
experimentos
laboratoriais. Em teste de difusão em placa de Agar, o cimento de
ionômero de vidro no estado fresco e após presa libera altas
concentrações de flúor (COELHO et al., 2003).
Contudo, para a escolha de um material, todas as suas
propriedades devem ser analisadas em conjunto com as necessidades
clínicas. A liberação de flúor não é o único fator que dita à escolha de
um agente cimentante. As dúvidas despertam imensa curiosidade em
saber se, independentemente do conteúdo de monômeros resinosos
presentes no cimento de ionômero de vidro, a liberação de flúor e
inibição dos S. mutans ocorre efetivamente.
Segundo Coelho et al., em 2003, considerando-se as condições
em que seu estudo foi conduzido, simulando um meio de alto desafio
cariogênico, parece válido concluir que no que diz respeito às marcas
comerciais dos cimentos de ionômero de vidro, o Vidrion apresentou
comportamento semelhante ao do grupo controle e, portanto, não
evitou as alterações do esmalte em presença do S. mutans; o Dyract
e o Vitremer apresentaram comportamentos semelhantes entre si e
menos alterações do esmalte em presença do S. mutans; o
comportamento
do
Dyract
e
do
Vitremer
foi
estatisticamente
diferente do Vidrion e Controle; nenhum dos materiais estudados foi
capaz de evitar completamente alterações do esmalte em presença
de S. mutans.
Dentes pilares de próteses cujas margens estejam colocadas
em cemento, como nos casos de recessão gengival, teriam indicação
mais precisa para aplicação dos cimentos ionoméricos do que os de
fosfato de zinco (PEGORARO et al., 1998).
A translucidez dos cimentos ionoméricos, também encontrada
em alguns cimentos resinosos, pode ser fator de importância estética
suficiente para indicá-los na cimentação das restaurações que
permitem a passagem da luz, como as coroas de porcelana pura, em
detrimento do fosfato de zinco (PEGORARO et al., 1998).
As qualidades de resistência à compressão e tração dos
cimentos ionoméricos são melhores do que as dos cimentos de
fosfato de zinco (PEGORARO et al., 1998).
O grau de solubilidade do cimento de fosfato de zinco parece
ser maior do que o do cimento ionomérico, principalmente em meio
ácido. A troca de flúor com o meio oral que os cimentos de ionômero
de vidro conseguem estabelecer parece não ter similar nos cimentos
de fosfato de zinco, mesmo contendo flúor. O grau de irritação pulpar
promovido pelo ácido fosfórico do cimento de fosfato de zinco é muito
mais acentuado do que o que ocorre com os ionoméricos, daí a
preocupação com o vedamento/proteção dos túbulos dentinários com
vernizes cavitários quando de usa o cimento de fosfato de zinco
(PEGORARO et al., 1998).
A fluidez dos cimentos ionoméricos é similar à dos fosfatos de
zinco,
o
que
lhes
permite
espessura
de
película
semelhante
(PEGORARO et al., 1998).
Alguns
cimentos
ionoméricos
reforçados
por
resina
e
compômeros são indicados por seus respectivos fabricantes para
cimentação de restaurações indiretas em resina e porcelana. No
entanto, existe uma concordância entre os autores no que diz
respeito à preferência pelos cimentos resinosos para fixação de
restaurações em resina composta e cerâmica pura. Tal preferência é
justificada não só pela melhor estética obtida, mas também pela
melhor adesão entre os materiais. Numa avaliação clínica em que as
porcelanas feldspáticas foram cimentadas com cimento de ionômero
de vidro e cimento resinoso, após seis anos, as falhas foram
estatisticamente maiores nas restaurações nas quais o cimento de
ionômero de vidro foi empregado (TAPETY et al., 2004).
Face aos diversos tratamentos superficiais, materiais e técnicas
existentes, muitas são as dúvidas sobre qual o melhor procedimento
a ser
adotado
durante
a cimentação
definitiva dos
materiais
cerâmicos aluminizados. Segundo o fabricante, o In-Ceram (Vita)
deve ser cimentado com cimento de fosfato de zinco ou ionômero de
vidro, podendo-se também usar cimentos resinosos acompanhados
por tratamentos específicos (BOTTINO et al., 2002).
Deve-se ressaltar que existem duas interfaces que envolvem os
agentes cimentantes, uma voltada para o dente preparado (suporte)
e outra voltada para a coroa (retentor). Esta camada de cimento visa
não só a retenção da coroa ao dente, mas também uma união
cimento porcelana (SILVA et al., 2005).
Os
cimentos
resinosos,
inicialmente
indicados
para
a
cimentação de inlays e onlays estéticas, estão sendo amplamente
utilizados para a cimentação de restaurações complexas, como
próteses em cerâmica pura, próteses metalocerâmicas e restaurações
indiretas de resina composta. Para a cimentação de peças metálicas,
os cimentos resinosos de dupla ativação estão sendo cada vez mais
utilizados como alternativa aos cimentos de fosfato de zinco e
cimentos de ionômero de vidro. Em relação aos cimentos de fosfato
de zinco, os cimentos resinosos duais apresentam maior união às
estruturas dentais e às ligas metálicas, menor infiltração marginal e
solubilidade aos fluídos bucais praticamente nula (NEPPELENBROEK
et al., 2004).
Segundo Maia et al., em 2003, os cimentos resinosos possuem
vantagens como alta resistência, dureza, baixa solubilidade em fluído
oral e união micromecânica ao esmalte e à dentina. Aliada
a
essas
vantagens, vários estudos que avaliaram a retentividade de peças
protéticas demonstraram a superioridade dos cimentos resinosos em
relação a outros materiais destinados à cimentação (MOREIRA et al.,
2002; PRATES et.al., 2000).
Entre
as
desvantagens
estão
a
sensibilidade
técnica,
a
possibilidade de infiltração marginal e sensibilidade pulpar, espessura
da película, o curto tempo de trabalho e a dificuldade na remoção dos
excessos da margem da restauração (MAIA et al., 2003).
Apesar das possíveis desvantagens enumeradas, como visto,
vários
trabalhos
resinosos
em
interessante
relataram
relação
avaliar
as
a
o
bom
outros
desempenho
cimentos.
propriedades
dos
Assim
mecânicas
cimentos
sendo,
das
seria
diferentes
formulações de cimentos resinosos, estabelecendo-se um indicativo
do desempenho dos mesmos com relação à resistência retentiva de
peças protéticas (MIRANDA et al., 2005).
Vadenal et al., em 2005 também apresentaram como principal
desvantagem
dos
cimentos
resinosos
a
técnica
de
aplicação
complexa, demorada e onerosa.
As dúvidas relacionadas às variáveis de manipulação desses
materiais
permanecem.
Dentre
essas
variáveis,
destaca-se
a
necessidade de aplicação de “primers” e adesivos previamente à
aplicação dos cimentos resinosos. Sobre a superfície dentinária foi
demonstrado que a aplicação prévia de um sistema adesivo após o
condicionamento ácido desempenha importante papel, melhorando
significativamente a resistência retentiva de coroas metálicas fixadas
com cimento resinoso (FERREIRA et al., 2006).
Os cimentos resinosos têm sido o material de escolha para
cimentação de cerâmicas, pois o cimento de fosfato de zinco e o
cimento de ionômero de vidro mostram pobre qualidade marginal,
baixa resistência à fratura e baixa retenção. Entre os cimentos
resinosos o fotoativado tem como principais vantagens fácil utilização
e controle do tempo de trabalho pelo profissional; enquanto o
cimento
quimicamente
ativado
sofre
uma
polimerização
mais
homogênea, que ocorre também em áreas de pobre acesso à luz para
a fotopolimerização. No entanto, muitos trabalhos têm mostrado que
os cimentos do tipo dual são mais eficientes que os quimicamente
ativados (GONÇALVES et al., 2005).
Além do tratamento superficial correto, as restaurações de
cerâmica pura devem receber um agente cimentante específico, para
que sua longevidade seja melhorada (SILVA et al., 2005).
O silano é aplicado após o condicionamento ácido e tem como
princípio o molhamento e consequente contribuição para a união
covalente entre o agente silanizador e o grupo OH da superfície
cerâmica.
Os
silanos
são
considerados
agentes
de
ligações
bifuncionais, ou seja, cada extremidade da sua molécula reage com
diferentes superfícies, uma inorgânica, da porcelana, e outra da
matriz orgânica da resina (SIQUEIRA et al., 2005).
Os silanos podem aumentar a resistência da união de cimentos
resinosos quando os mesmos são utilizados sobre estruturas de
porcelana. Também foi demonstrada sua influência, embora com
menor eficiência, sobre estruturas de cobalto-cromo (FERREIRA et
al., 2006).
Em casos de superfícies metálicas, os fabricantes geralmente
não mencionam exigência quanto à necessidade de aplicação dos
adesivos na superfície interna de coroas. Em superfícies cerâmicas,
por outro lado, tem sido recomendada a aplicação dos agentes
silanos, com o intuito de melhorar a resistência da união do cimento
resinoso à porcelana. Todavia, pelo menos um fabricante menciona
benefício e recomenda a aplicação de um agente silano também
sobre superfícies metálicas (FERREIRA et al., 2002).
Os cimentos resinosos são muito utilizados em restaurações
estéticas e, cada vez mais, estão evoluindo, devido ao avanço nas
descobertas sobre adesivos dentinários. Por serem de presa dual,
possuem melhor desempenho em longo prazo, em relação aos
cimentos de fosfato de zinco, mesmo quando não fotoativados
(SANTOS et al., 2000).
Devido a sua capacidade de aderir-se a múltiplos substratos,
sua alta resistência, insolubilidade em meio oral e potencial para
adaptarem-se às diferentes cores do substrato dentário, os cimentos
resinosos são os materiais preferidos para restaurações estéticas
livres
de
metal
(BOTTINO,
et
al.;
2002).
Levantamentos
da
“American Academy of Esthetic Dentistry” revelam que os cimentos
resinosos são os mais usados para tal fim, sendo utilizados em cerca
de 64% dos casos (SILVA et al., 2005).
Pesquisas
encontraram
muitas
evidências
clínicas
e
laboratoriais de que o uso de adesão resinosa em coroas de cerâmica
pura tem melhorado estas restaurações por aumentar sua resistência
à fratura. Outros dados indicavam que se os cimentos resinosos são
usados sem adesão às cerâmicas, parece não haver fortalecimento da
restauração, assim como ocorre quando do uso dos cimentos de
fosfato de zinco e ionômero de vidro. Sendo assim, para os sistemas
cerâmicos com infra-estruturas de alta resistência, como o In-Ceram
(Vita),
não
encontraram
dados
que
deixassem
claro
o
seu
fortalecimento pelo uso de sistemas resinosos adesivos (SILVA et al.,
2005).
Silva et al., no ano de 2005, no seu trabalho de pesquisa que
teve por objetivo avaliar, quantificar e comparar in vitro os níveis de
resistência à força de adesão alcançados pela porcelana infiltrada Inceram (Vita) e pela porcelana feldspática Vitadur Alpha (Vita) quando
cimentadas ao esmalte bovino com o cimento resinoso Panavia F
(Kuraray), demonstraram que cimentos resinosos como o Panavia 21
(Kuraray),
que
apresenta
um
monômero
éster
fosfórico,
têm
demonstrado melhor retenção quando comparados aos cimentos
resinosos à base de BIS-GMA. Deve-se enfatizar, no entanto, que o
adequado tratamento da superfície da cerâmica é de fundamental
importância para se alcançar uma alta força de adesão. Embora o
condicionamento
com
ácido
fluorídrico
seja
eficiente
em
criar
microrretenções na porcelana feldspática, sabe-se que o mesmo
procedimento não é válido para o tratamento superficial do In-Ceram,
mas sim o jateamento com partículas de óxido de alumínio 50um.
O cimento Panavia F, além de ser de fácil manipulação,
apresenta o melhor desempenho em relação aos demais, em casos
de cimentação de coroas totais metálicas, apresentando menores
índices de desajustes que os demais (SANTOS et al., 2000) na
cimentação de cerâmicas feldpáticas (SILVA et al., 2005).
Ferreira et al., em 2006, em um estudo que objetivou avaliar a
resistência da união, com ensaios de tração, de fundições cilíndricas
de liga de níquel-cromo (Kromalit-Knebel) fixadas com dois cimentos
resinosos (Enforce – Dentsply e Rely X ARC – 3M ESPE) com e sem a
aplicação dos “primers” silanos e adesivos, comparando-se os dois
cimentos resinosos avaliados, verificaram a superioridade estatística
na resistência da união do cimento Rely X ARC em relação ao cimento
Enforce, quando os mesmos foram aplicados com os respectivos
“primers” silanos e/ou adesivos, ocorrendo semelhança estatística
quando os dois cimentos foram aplicados sem os respectivos
“primers” silanos e adesivos.
Os
resultados
encontrados
neste
estudo,
ou
seja,
a
superioridade da resistência da união do agente cimentante resinoso
utilizado em conjunto com o sistema adesivo, independentemente da
associação
aos
“primers”
silanos,
em
comparação
ao
agente
cimentante resinoso utilizado sem o sistema adesivo, indica que os
procedimentos de fixação de peças protéticas com cimentos resinosos
poderiam ser reavaliados. Todavia, ressalta-se que antes da técnica
de aplicação prévia de adesivos à parte interna de coroas com infraestrutura metálica ser rotineiramente recomendada, são necessários
estudos com o objetivo de verificar o impacto que tal procedimento
poderá provocar na espessura de película e no assentamento das
coroas totais fixadas com cimentos resinosos, ou seja, impedindo ou
não a adaptação completa das mesmas (FERREIRA et al., 2006).
Corroborando essa possibilidade, Prates et al. verificaram que a
utilização de um “primer” silano não aumentou a resistência retentiva
de coroas de paládio-prata fixadas com adesivo e cimento resinoso a
núcleos de liga de prata.
No caso de cimentação de próteses implanto-suportadas,
Borges et al., no ano de 2008, descreveram que um critério
importante nos estudos que incorporaram cilindros de ouro às
estruturas metálicas por meio de cimento resinoso é o espaço criado
para este. Estes limites visam promover uma espessura uniforme e
resistente da camada de cimento sem que haja desunião do cilindro.
Pegoraro et al, em 1998, sugeria que a cimentação de núcleos
intra-radiculares deveria ser realizada com cimentos de fosfato de
zinco ou de ionômero de vidro.
O cimento de fosfato de zinco, apesar de consagrado pelo maior
tempo
de
uso,
não
é
adesivo,
nem
tem
propriedades
anticariogênicas. Em ensaios de fadiga, os cimentos resinosos
resistiram a um maior número de ciclos quando comparados aos
cimentos de fosfato de zinco e ionômero de vidro híbrido, porém sem
diferença entre estes dois últimos. Os cimentos resinosos não
apresentaram fratura, enquanto que o cimento de fosfato de zinco
teve fraturas em diversos locais, como nas interfaces dente-cimento,
coroa-cimento ou ambas. O cimento de ionômero de vidro híbrido
apresentou fraturas apenas entre o dente e o cimento (BOTTINO et
al, 2002).
Conceição et al., no ano de 2006, sugerem que a cimentação de
pinos
intra-radiculares
reforçados
por
fibras
e
que
tenham
propriedades adesivas, seja realizada com materiais adesivos de
polimerização dupla, para que se possa garantir uma adequada
polimerização tanto do sistema adesivo como do cimento resinoso em
todas as regiões do canal, não prejudicando assim a retenção do
pino, e comprometimento da futura restauração.
A
utilização
do
sistema
adesivo
de
dupla
polimerização
associado ao cimento resinoso dual promove maior retenção dos
pinos de fibra de vidro no canal radicular. Os valores de força de
remoção para os pinos de fibra de vidro cimentados com sistema
adesivo de dupla polimerização associado ao cimento resinoso dual
são estatisticamente superiores ao sistema adesivo fotopolimerizável
(CONCEIÇÃO et al., 2006).
Os cimentos resinosos duais, que possuem dupla ativação de
presa, devem ser capazes de atingir adequada resistência mecânica
mesmo onde a luz não consegue penetrar. Todavia, Neppelenbroek et
al., no ano de 2004, observaram, em seu estudo que avaliou o grau
de polimerização de um cimento resinoso dual após a interposição de
duas diferentes resinas compostas indiretas, que não há significativa
polimerização induzida por ativação química após a fotoativação de
cimentos resinosos duais. Esses autores demonstraram que os
resultados obtidos sugerem pouca efetividade do mecanismo de
presa química e grande dependência da fotoativação. Foi sugerido
que nem mesmo com o gatilho químico ou com o decorrer do tempo
a redução na porcentagem de polimerização foi compensada.
Apesar de possíveis melhorias em todas as variáveis envolvidas
nas cimentações, cuidados adicionais no emprego dos agentes duais
de fixação devem ser tomados, uma vez que o ativador químico
apresentou ação limitada no decorrer do tempo. Dessa forma, a
fotoativação desses materiais, durante a cimentação de restaurações
estéticas de resinas compostas indiretas, deverá ser bastante
criteriosa (NEPPELENBROEK et al., 2004).
Miranda et al., em 2005, afirmam, através de um estudo cujo
propósito foi avaliar a resistência mecânica de quatro cimentos
resinosos de dupla ativação (Rely X ARC – 3M; Enforce – Dentsply;
Fill Magic Dual Cement – Vigodent; Variolink II – Ivoclar Vivadent),
que
a composição
dos cimentos resinosos
de
dupla ativação
proporciona propriedades físicas e mecânicas superiores às dos
demais materiais para cimentação. Assim sendo, há poucas dúvidas
relacionadas ao bom desempenho dos cimentos resinosos em relação
aos cimentos tradicionais. As incertezas estão mais relacionadas às
variáveis de manipulação e às diferentes formulações dos cimentos
resinosos. No ensaio de resistência à compressão, não foram
observadas diferenças estatisticamente significativas entre os quatro
cimentos. Com relação à resistência flexural, os cimentos Variolink II
e Dual Cement foram estatisticamente superiores em relação ao Rely
X ARC, ocorrendo similaridade nos demais casos.
Os resultados deste estudo demonstraram que os quatro
cimentos resinosos avaliados , quando manipulados de acordo com as
recomendações dos fabricantes, podem, dependendo do tipo de
ensaio,
proporcionar
valores
de
resistência
estatisticamente
diferentes. Todavia, a partir dos resultados obtidos, presume-se que
os quatro
materiais também podem proporcionar
desempenho
adequado em relação à resistência mecânica e, possivelmente, em
relação à resistência retentiva de peças protéticas, pois proporcionam
valores estatisticamente similares de resistência à compressão e, em
se tratando de resistência flexural, superiores ao mínimo estabelecido
na especificação ISSO 4049, ou seja, 50MPa . Destaca-se, porém,
que o comportamento dos quatro cimentos na clínica ou em estudos
de laboratório poderá sofrer influência de outras variáveis não
avaliadas neste estudo, relacionadas, por exemplo, à associação aos
sistemas
adesivos,
aos
diferentes
substratos,
períodos
de
armazenagem, entre outras, que poderão ou não confirmar os
resultados aqui encontrados (MIRANDA et al., 2005).
No trabalho de Shinkkai et al, no ano de 2000, o cimento de
escolha quanto à prótese parcial fixa adesiva foi o cimento resinoso
(96%), sendo apontados principalmente os cimentos resinosos
adesivos que apresentam adesão com metal. "Inlay/onlay" em
porcelana cimentado com cimento resinoso foi o trabalho estético
preferido.
Maia et al., em 2003, concluíram que o conhecimento das
propriedades físico-mecânicas do material de cimentação com que
estamos trabalhando é de fundamental importância, uma vez que
manipulações e aplicações incorretas podem resultar em grandes
alterações das mesmas, comprometendo assim o desempenho clínico
dos cimentos e, conseqüentemente, o desempenho
clínico da
restauração a longo prazo.
Um agente cimentante ideal deveria apresentar as seguintes
características: adesão à estrutura dental e restauração, permitir o
controle do tempo de trabalho e presa, pequena espessura de
película, ser pouco solúvel no meio bucal, resistência à compressão,
módulo de elasticidade semelhante ao da estrutura dental, baixa
deformação plástica, estabilidade dimensional durante a presa e a
função,
ser
biocompatível,
ser
radiopaco,
apresentar
estética
adequada e ter propriedades anticariogênicas. Infelizmente não
existe um material que satisfaça todos os requisitos de um agente
cimentante ideal (MAIA et al., 2003).
Todos
os
cimentos
disponíveis
atualmente
apresentam
limitações e estas devem ser levadas em consideração no momento
de sua seleção (MAIA et al., 2003).
Quanto
aos
agentes
cimentantes
para
cimentação
final
relacionados neste trabalho, exceto os cimentos de fosfato de zinco,
ionoméricos e resinosos, os demais não foram tão citados na
literatura, o que indica que os mesmos não devem ser tão utilizados
pelos profissionais.
Os cirurgiões-dentistas tendem a ser conservadores na seleção
de materiais dentários, independentemente do tempo de graduação e
tipo de atividade (clínica, docência ou pesquisa).
A seleção entre os agentes cimentantes entre os cirurgiões
dentistas parece ser muito mais um exercício de gosto, vontade e
experiência própria do que de fundamentação científica ou baseada
em pesquisas.
Entretanto, com toda essa variabilidade de opiniões pessoais,
de técnicas diversas e diferentes dispositivos, dificilmente chega-se a
um consenso partindo-se do princípio de que os autores que
publicaram seus métodos têm obtido resultados satisfatórios.
Um agente cimentante, como citado anteriormente, deveria
apresentar várias propriedades específicas para ser considerado ideal,
todavia, ainda não existe um material que satisfaça todos os
requisitos.
Todos
os
agentes
cimentantes
atuais
apresentam
vantagens e limitações que devem ser levadas em consideração no
momento de sua escolha. Cada agente cimentante tem suas
indicações em situações específicas. Desta forma seria ideal que o
profissional conhecesse essas vantagens e limitações de cada
material para que pudesse fazer uma escolha consciente e eficiente
de sua utilização.
5. CONCLUSÃO
Através deste trabalho conclui-se que tradicionalmente o
cimento de fosfato de zinco tem sido usado como agente cimentante
de escolha para a cimentação de coroas protéticas. Porém, os
cimentos
resinosos,
apresentaram
melhoras
cujas
quando
propriedades
comparadas
físico-mecânicas
aos
cimentos
tradicionais, têm o seu uso clínico aumentado consideravelmente. Os
cimentos de ionômero de vidro também ocupam, ainda, um lugar de
destaque na odontologia.
Para os cimentos resinosos, a forma de polimerização dupla
parece ser a mais recomendada, garantindo melhores propriedades
mecânicas. No entanto, a fotoativação é imprescindível, pois a fase
química não garante polimerização completa e dureza satisfatória.
Pode-se depreender que a cimentação, do ponto de vista
clínico, pode ser executada de maneira eficiente e com cuidados
rotineiros; em outras palavras, a grande variabilidade não vai afetar
o resultado final, exceto se for acompanhada de erros grosseiros
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