PREPARAÇÃO DE CRIANÇA PARA COLOCAÇÃO EM FAMÍLIA ADOTIVA Setor 2 – Apoio à Adoção OBJETIVO Criar situações que proporcionem contato com informações, cenas e vivências, a serviço de proporcionar assimilação e elaboração de sentimentos e emoções inerentes à separação da família biológica, à saída do ambiente do Abrigo e à inserção na família adotante JUSTIFICATIVA ♥ Não podemos estimular a adoção e deixar de preparar os adotantes e a criança; ♥ Sem o preparo corre-se o risco de grandes decepções de ambas as partes, promovendo desajustes que poderiam ser evitados; JUSTIFICATIVA ♥ Novas quebras de vínculos afetivos acontecerão, problemas de difíceis soluções poderão se instalar, os quais, além de prejudiciais aos envolvidos, servirão de desestímulo a outros pretendentes à adoção. VARGAS (1998) concluiu que, no trabalho de preparação de crianças se faz necessário abordar inicialmente o rompimento dos laços anteriores e a vivência do luto por estas perdas ■ Isto porque a criança retirada de seus pais sofre uma ruptura que dificulta a reconstrução de laços afetivos com outros pais. ■ Além disso, a criança maior de três anos já possui relações sociais estabelecidas no Abrigo, e sente-se culpada por ir embora e deixar seus colegas que, mais uma vez, foram preteridos. Porém, para que sejam estabelecidos novos vínculos, a criança precisa percorrer um caminho para a construção de um novo eu, com base em um novo modelo parental. ■ Criar laços afetivos com uma outra família implica também aproximar sucessivamente a criança à realidade atual, da família que ela pode ter neste momento, evidenciando as alegrias que terá, bem como as dificuldades que enfrentará. METODOLOGIA DA PREPARAÇÃO Destinada a quem? ►adoções tardias ou crianças com idade acima de dois anos Executada por quem? ►psicóloga voluntária do Adote – Grupo de Apoio à Adoção de Rio Claro Eixos norteadores ■ O que é uma adoção para uma criança maior? ■ Ela precisa ser informada das profundas mudanças que terá que vivenciar? Eixos norteadores ■ O que sabemos sobre as rupturas, dolorosas e desestruturantes, que a criança viveu e ainda viverá numa adoção tardia? ■ Todas as crianças desejam ser adotadas? Sempre? ■ Como a criança experiencia os vínculos com a família de origem, com o ambiente institucional, com a família adotante/adotiva? ■ Qual o grau e a extensão de suas carências afetivas? ■ Como são estimadas suas capacidades de adaptação ao novo meio familiar? Origem da demanda ▲ O trabalho de intermediação de adoções, desenvolvido pelo Setor 2 - Apoio à Adoção; ▲ O Abrigo no qual a criança se encontra; ▲ O pretendente à adoção. Roteiro de Procedimentos Ações do Abrigo • Oferecer oportunidades de encontro entre a criança e a família pretendente à adoção; • Coletar dados de observação das condutas de ambas as partes; • Intermediar a aproximação entre a agente de preparação e a criança. Execução Membro pertencente ao Abrigo, que tenha o melhor canal de comunicação com a criança Formalização “Hoje quem veio aqui para conversar e brincar com você é a X. Você e ela irão ali naquela sala para ficar juntas”. Ações do ADOTE – Grupo de Apoio à Adoção de Rio Claro Plano de seqüência de contatos 1º Passo ESTABELECER VÍNCULO DE CONFIANÇA E COOPERAÇÃO Desenvolver atividades lúdicas de interesse da criança; 1º Passo ESTABELECER VÍNCULO DE CONFIANÇA E COOPERAÇÃO Acompanhar verbalizações espontâneas; Sondar gostos, avaliando se há atitude receptiva para abordar os conteúdos dos passos seguintes. 2º Passo RECONSTITUIR OU RECRIAR A MEMÓRIA DOS VÍNCULOS COM A FAMÍLIA DE ORIGEM Refazer a disposição topográfica da casa onde morava; Identificar os membros da família; Elucidar particularidades da situação familiar vivenciada, relembrar fatos, acontecimentos, fatos da história passada; Explicitar os motivos de sua retirada do ambiente familiar; Provocar conexões entre passagens, atos e desdobramentos de situações vivenciadas. 3º Passo RECONSTITUIR A VINCULAÇÃO DA CRIANÇA COM O ABRIGO – LUGAR ATUAL Construir mapa do abrigo, disposição dos cômodos, lugares, recantos, móveis; Ala de permanência das crianças maiores/ menores; nomear como local provisório, “o lugar onde ficam as crianças que não ficam mais com o pai e a mãe”. 3º Passo RECONSTITUIR A VINCULAÇÃO DA CRIANÇA COM O ABRIGO – LUGAR ATUAL “Para onde imagina que irá quando sair daqui?” “Você imagina você com outro papai e outra mamãe? Como?” 4º Passo MENTALIZAÇÃO DA FAMÍLIA ADOTANTE Criar a família adotante Introduzir os pretendentes “que querem ser seu pai e sua mãe”. 4º Passo MENTALIZAÇÃO DA FAMÍLIA ADOTANTE “Você terá uma família só para você, porque estes que querem ser seu pai e sua mãe podem ficar só com você”. “Seus irmãos também vão ter uma família só para eles, cada um com uma família”. Material necessário 1. Local privativo dentro do próprio Abrigo; 2. Jogos (dominó, bingo de figuras, outros)*; 3. Livros adequados para a idade da criança – leitura e comentário de estórias*; Material necessário 4. Material gráfico; 5. Família de bonecos. *Utilizáveis principalmente durante o 1º Passo dos Procedimentos. AVALIAÇÃO Cruzamento dos dados emergentes • As informações expressas pelo membro do Abrigo e os dados obtidos nos encontros com a agente de preparação são comparados, a fim de elucidar os elementos que compõem o pensamento e estimar a prontidão da criança, para que a agente de preparação possa avançar ao passo seguinte. Critérios de prontidão para inserção na família adotante • A criança somente estará preparada para a saída do abrigo quando: ♥ Puder ♥ expressar seus sentimentos frente a esta situação; Tiver vivenciado sentimentos de luto pela perda da família biológica e do abrigo e ♥ Demonstrar vínculo afetivo com a família adotante. BIBLIOGRAFIA • ANDREI, Decebal Corneliu. Reencontro com a Esperança. Londrina: M & C Gráfica, 1999. • FREIRE Fernando. Abandono e adoção/ contribuições para uma cultura da adoção III. Curitiba: Terra dos Homens, 2001. • VARGAS, Marlizete M. Adoção Tardia: da família sonhada à família possível. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1998. ADOTE – GRUPO DE APOIO À ADOÇÃO DE RIO CLARO SETOR 2 – APOIO À ADOÇÃO Corpo de Voluntários Erika Cristina Magesto – psicóloga Kelly Cristina Paraluppe – psicóloga Maria Teresa Gimenez – psicóloga Clelce da Costa Santilli – tecnóloga ciências contábeis Peterson Santilli – advogado Sérgio Dalaneze – advogado Eliana Martins Pereira Alfaro – geóloga /mãe adotiva Miguel Angel Alfaro Soto – engenheiro/pai adotivo