A N O I V | N Ú M E R O 4 1 | novem b ro 2 0 0 7 ® BRASIL Jornal da Contag Confe deração N acional do s T rab al had ores na Agric u lt u ra ( Contag ) A intervenção política do movimento sindical dos trabalhadores e trabalhadoras rurais (MSTTR) no Fórum da Previdência Social mantém conquistas dos segurados especiais do campo. Pág. 5 Financiamento Crise do leite Entrevista Pág. 4 Pág. 6 Pág. 8 Senado aprova projeto que reconhece centrais sindicais e mantém contribuição sindical. MSTTR denuncia fraudes e apresenta propostas para valorizar a agricultura familiar Gerardo Iglesias, presidente da Uita, faz balanço da campanha de combate à violência no campo Ubirajara Machado luta do MSTTR garante direitos previdenciários E d i to r i a l Golpe contra os trabalhadores A emenda do deputado Augusto Carvalho (PPS/DF) que condiciona o recolhimento da contribuição sindical à prévia autorização dos empregados representa um golpe inadmissível contra o movimento sindical de trabalhadores rurais e urbanos. A proposta foi incluída no projeto de lei do governo federal que trata do reconhecimento das centrais sindicais pelo Estado. O projeto foi aprovado na Câmara dos Deputados, mas graças à pronta reação do conjunto do movimento sindical a emenda que, na prática acabava com a contribuição sindical somente para as entidades sindicais dos trabalhadores, foi rejeitada pelos senadores. A matéria voltará, agora, a ser analisada pelos deputados. Isso significa que precisamos ficar vigilantes para não permitir que esse projeto seja aprovado. A Contag defende que o financiamento das entidades sindicais seja discutido de forma democrática pela sociedade. Contudo, não podemos aceitar a trama golpista de parlamentares que compõem a base de representação dos patrões, pois o objetivo deles é enfraquecer e desestabilizar as organizações sindicais que representam a classe trabalhadora. O Fórum Nacional do Trabalho construiu uma proposta de consenso entre trabalhadores, patrões e governo para mudar a fórmula de financiamento das entidades sindicais. A Contag participou ativamente destas negociações e considera que a alternativa da contribuição negocial é democrática e legítima, pois, caso ela venha a substituir a contribuição sindical, deverá ser discutida e referendada pelas assembléias de cada sindicato. Neste sentido, temos de cerrar fileiras para derrotar na Câmara dos Deputados a emenda apoiada pelos partidos de oposição, que elimina uma das principais fontes de arrecadação dos sindicatos de trabalhadores. A Contag está participando de todas as mobilizações promovidas pelas centrais sindicais para barrar definitivamente a proposta golpista patrocinada pelo PSDB, DEM e PPS. A direção da Contag também está acompanhando de perto as discussões do grupo de trabalho, criado pelo governo federal, que está estudando a regulamentação da contribuição negocial. Essa forma de financiamento das entidades sindicais poderá substituir a atual contribuição sindical.,, caso seja aprovada pelo Congresso Nacional. Estamos empenhados, ainda, na aprovação do projeto do deputado federal Assis Miguel do Couto (PT-PR), que estabelece o limite de quatro módulos fiscais para o enquadramento sindical dos agricultores familiares. O MSTTR não pode se omitir diante das ações judiciais da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) que pretende, a qualquer custo, cobrar a contribuição sindical dos agricultores familiares. A mudança desta a legislação é fundamental para preservar a identidade da agricultura familiar e resguardar os interesses do MSTTR. A Lei da Agricultura Familiar e as regras do Pronaf reconhecem que o agricultor familiar é aquele que possui uma propriedade de até quatro módulos fiscais. Portanto, não podemos mais tolerar que os agricultores familiares continuem financiando entidades sindicais patronais comprometidas com o agronegócio e a concentração de terras e riquezas no País. e aposentadoria por invalidez. A discussão contou com representantes da Contag, da Fetag/RS e do INSS. em Presidente Médice (RO). Os dirigentes sindicais avaliaram o cumprimento da legislação trabalhista e previdenciária e traçaram um plano de trabalho para organizar a categoria em Rondônia. O diretor Antônio Lucas, da Secretaria de Assalariados e Assalariadas, representou a Contag no evento. Manoel dos Santos Presidente da Contag pelo brasil afora Violência no campo A Fetagri/PA e várias outras organizações sociais denunciaram a chamada Operação Paz no Campo no Pará. A nota repudia as torturas cometidas contra lavradores, a criminalização da luta dos em favor dos direitos humanos e a tentativa de igualar movimentos sociais às ações patrocinadas por fazendeiros e grileiros, que promovem a violência no estado. Reforma agrária A Fetaeg e várias outras organizações sócias que defendem a reforma agrária organizaram um ato público em Goiânia, no dia 21 de novembro, para defender a permanência de Ailtamar Carlos da Silva à frente da Superintendência do Incra. Mais de 800 trabalhadores e trabalhadoras rurais também exigiram uma solução imediata para o problema das terras devolutas no estado. A Contag e parlamentares do Partido dos Trabalhadores estiveram presentes na manifestação para apoiar a permanência do superintendente no cargo. Jornal da Contag Usina Salgado O processo de desapropriação da primeira usina em funcionamento começou a ser discutido em Pernambuco. A Fetape, os representantes do Fórum de Organizações do Campo e o Incra se reuniram no dia 27 de novembro para criar uma comissão de vistoria na Usina Salgado. A propriedade não cumpre sua função social, possui uma imensa dívida trabalhista com o Poder Público e desrespeita as leis ambientais. Previdência Social A Fetaep, em parceria com o Senar, promoveu um seminário nos dias 19 e 20 de novembro, em Curitiba, para discutir o acesso dos trabalhadores e trabalhadoras rurais aos direitos previdenciários. A precariedade das relações trabalhistas no meio rural foi apontada como um dos principais obstáculos para os assalariados terem direito a benefícios como saláriomaternidade, seguro desemprego, auxílio doença, pensão por morte Ocupação do Incra A Fetaemg promoveu a ocupação o prédio do Incra em Brasília, no dia 26 de novembro, para reivindicar agilidade no atendimento aos decretos de desapropriações de terras, a melhoria na infra-estrutura nos assentamentos e a liberação de linhas de créditos para a assistência técnica. A ação contou com a participação de 300 trabalhadores e trabalhadoras rurais de Minas Gerais, que também ocuparam a sede estadual do órgão, em Belo Horizonte, na terceira semana de novembro. Capacitação Os 30 Sindicatos de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTRs) filiados à Fetagro participaram, na terceira semana de novembro, do Seminário Estadual de Capacitação e Discussões de Ações para os Assalariados e Assalariadas Rurais, Atingidos por tempestades O presidente da Fetag/RS, Elton Weber, entregou ao ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, as reivindicações dos atingidos pelos temporais no Rio Grande do Sul. Os agricultores e agricultoras familiares querem a prorrogação dos financiamentos do Pronaf, que vencerão em dezembro, e a manutenção do bônus de 18%. O pleito será analisado pelo Conselho Monetário Nacional. O MDA ficou de analisar a possibilidade da criação de uma linha específica de financiamento com prazos maiores para os produtores que necessitam de recursos para a recuperação de benfeitorias. pelo brasil afora Fetag promove feira de agroecologia no Piauí O Cleiton Fialho Coelho s trabalhadores e trabalhadoras dos assentamentos e comunidades rurais de Simplício Mendes, no Piauí, apresentaram e comercializaram produtos livres de agrotóxico durante 1a Feira de Agroecologia. O evento foi organizado no dia 3 de novembro pela Fetag/PI, com o apoio da Contag, Fundação Lyndolpho Silva e o STTR do município. O presidente da Fetag/PI, Evandro Luz, considera que a feira incentivou a discussão sobre os alimentos saudáveis e o acesso de agricultores e agricultoras familiares às novas tecnologias. “O evento foi importante porque nesta região temos a presença de cadeias produtivas como a do mel, caprino e frutos nativos”, comemorou. doras rurais, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Sebrae e a Embrapa. A proposta do Proaf é melhorar a vantagem competitiva e de produção das unidades familiares. O seu foco é o desenvolvimento territorial sustentável e a sua ênfase principal é a agroecologia. A sede do Proaf no Piauí é no município de Simplício Mendes, mas ele também está presente nas cidades de Bela Vista do Piauí, São Francisco de Assis, Campinas, Isaias Coelho, Floresta do Piauí, Nova Santa Rita, Santo Inácio, Pedro Laurentino e Conceição do Canindé. O programa também está A feira recebeu o apoio da Contag e da Fundação Lyndolpho Silva sendo implementado nos territórios Os agricultores familiares de Sim- liar (Proaf). O programa é resultado rurais do Rio Grande do Sul, Santa plício Mendes contam com o apoio de uma parceria entre o movimento Catarina, Paraná, Mato Grosso do do Programa da Agroecologia Fami- sindical dos trabalhadores e trabalha- Sul, Piauí e Pernambuco. MSTTR participa do Fórum Social da Juventude do Mercosul L iderannças jovens de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul participaram do Fórum Social da Juventude do Mercosul, na primeira semana de novembro na praia de Canasvieras, em Florianópolis. O encontro foi promovido por quem? para debater políticas públicas de inclusão social e econômica para a juventude. O A Contag foi convidada para apresentar sua experiência de organização da juventude rural no painel Os desafios da Juventude no Meio Rural, mas cancelou sua presença porque o tema foi retirado da programação do encontro. “O mais grave é que manifestamos nossa presença e, mesmo assim, fomos ignorados”, lamentou Conceição Richartz, coordenadora estadual de Jovens da Fetaesc. Além desse problema de organização, o evento não conseguiu reunir um grande número de participantes. Contudo, a dirigente da Fetaesc considerou que a participação do movimento sindical dos trabalhadores e trabalhadoras rurais (MSTTR) foi importante. “Nossa participação valeu pela integração com os companheiros e companheiras que esti- veram juntos durante os três dias”, resumiu Conceição. A coordenadora estadual de Jovens da Fetag/RS, Josiane Cristina Einloft, também avalia que foi importante participar do Fórum Social do Mercosul. “Tivemos a oportunidade de dialogar com jovens de outros setores e apresentar o trabalho que a Contag desenvolve para a juventude rural”, destacou. Fetaes inaugura sede no Espírito Santo s trabalhadores e as trabalhadoras rurais capixabas estão de casa nova. A Fetaes inaugurou, no dia 7 de novembro, uma estrutura mais espaçosa e confortável e provida de equipamentos modernos. “Agora podemos oferecer uma estrutura bem melhor e aperfeiçoar nosso trabalho com os sindicatos e a base”, comemora Natalino Cassaro, presidente da Fetaes. A nova sede conta com três andares, sendo um auditório com capacidade para 150 pessoas, 12 salas, seis banheiros, recepção e uma área para ampliação. A intenção é construir no futuro um refeitório, um auditório maior, dormitórios e garagem neste espaço. A conclusão da obra é resultado do empenho da atual diretoria para oferecer melhores condições de trabalho, atendimento e execução das ações e atividades para os mais de 400 mil trabalhadores e trabalhadoras rurais no Espírito Santo. O secretário de Política Agrária da Contag, Paulo Caralo, o secretário de Reordenamento Agrário do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Ademar Almeida, o prefeito de Vitória, João Coser (PT), e o deputado estadual Givaldo Vieira (PT) participaram da solenidade de inauguração. O evento também reuniu centenas de dirigentes dos STTR’s filiados à Fetaes. Durante a cerimônia, a atual direção aproveitou para homenagear os ex-presidentes da Fetaes com comendas que ressaltam a trajetória de luta em defesa dos interesses da categoria. Veronica Tozzi O novo endereço da Fetaes é Rua General Guaraná, no 190 Bairro Jucutuqua – Vitória (ES) - CEP. 29.040-870. O telefone continua o mesmo: (27) 3223 3677. Jornal da Contag centrais sindicais Jornal da Contag Senado rejeita emenda que acabava com a contribuição sindical Douglas Mansur Denise Mota, secretária de Organização Sindical da CUT O projeto de lei, do Poder Executivo, que reconhece formalmente as centrais sindicais para representarem os trabalhadores e participarem de negociações em fóruns, colegiados de órgãos públicos e demais espaços de composição tripartite foi aprovado pelo Senado na última semana de novembro. A emenda de autoria do deputado Augusto Carvalho (PPS/DF) aprovada na Câmara dos Deputados, que condicionava o desconto obrigatório da contribuição sindical dos trabalhadores à autorização prévia do empregado foi rejeitada pelos senadores. Esta mudança na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) valeria somente para as entidades sindicais dos trabalhadores, já que a forma de financiamento das organizações patronais não sofreria qualquer tipo de alteração. A proposta de submeter o uso desses recursos à fiscalização do Tribunal de Contas da União (TCU) também não foi mantida no texto aprovado pelo Senado. A manutenção do projeto original do governo federal foi resultado da pressão das centrais sindicais, que não aceitaram as emendas aprovadas na Câmara. “O texto dos deputados visava enfraquecer a atuação de sindicatos, confederações e centrais de trabalhadores”, critica o presidente da Contag, Manoel dos Santos. O dirigente também denunciou a inconstitucionalidade da emenda, uma vez que esta feria o princípio da isonomia na medida em que desobrigava o pagamento da contribuição sindical apenas para trabalhadores. “A proposta dava um tratamento discriminatório e caracterizava perseguição à organização sindical dos trabalhadores.” Proposta alternativa – As centrais sindicais e o governo fecharam um acordo que prevê a criação de um grupo de trabalho para apresentar uma nova proposta de financiamento das entidades sindicais. A idéia é regulamentar a contribuição negocial, que substituiria a forma atual de financiamento do custeio dos sindicatos. Esta fonte de financiamento foi discutida e aprovada por unanimidade no Fórum Nacional do Trabalho, criado em 2003 pelo governo federal para discutir as reformas sindical e trabalhista. A contribuição negocial seria decidida em assembléia e seu valor seria de, no máximo, 1% da remuneração mensal do trabalhador. “Com uma contribuição aprovada pela categoria, os sindicatos teriam mais respaldo político e não apenas econômico da base”, explica Denise Motta, secretária de Organização Sindical da CUT. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) é a favor de mudanças na forma de sustentação das entidades sindicais. A CUT também critica o caráter compulsório da contribuição sindical, mas defende que qualquer modificação deve ser discutida pelo movimento sindical antes de virar lei. “A emenda aprovada na Câmara dos Deputados não colocava nenhuma proposta alternativa no lugar. Nós derrubamos essa proposta porque defendemos uma forma democrática de financiamento”, pondera a dirigente da CUT. O projeto que reconhece as centrais sindicais retorna, agora, à Câmara dos Deputados, que deve apreciar as modificações feitas pelos senadores. Já a proposta de substituição da contribuição sindical pela contribuição negocial que será discutida no grupo de trabalho será encaminhada, pelo governo federal, ao Congresso Nacional no prazo de 90 dias. e n q u a d r a m e n to s i n d i c a l Contag defende mudança na lei de enquadramento I gualar os parâmetros de liberação de crédito e de enquadramento sindical. Essa foi a tese defendida pelo presidente da Contag, Manoel dos Santos, na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados, que promoveu, na terceira semana de novembro, uma audiência pública para debater o projeto do deputado Assis Couto (PT/PR). A proposta do petista é mudar as regras de enquadramento sindical dos trabalhadores e empregadores rurais. Manoel dos Santos sustentou que a legislação que define o enquadramento sindical no meio rural está desatualizada – foi aprovada em 1971 – e choca com a Lei da Agricultura Familiar, sancionada em 2006. A primeira considera como empregador o produtor rural que possui uma propriedade acima de dois módulos fiscais, que fica, automaticamente, obrigado a recolher a contribuição sindical para entidades patronais, como a Confederação Nacional da Agricultu- Jornal da Contag Tim Alves Deputado Assis Couto: não aceitamos que agricultores familiares contribuam para financiar a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) ra (CNA). Já a lei que regulamenta a agricultura familiar e as regras para a concessão de crédito do Pronaf estabelece que agricultor familiar é aquele que possui uma propriedade de até quatro módulos fiscais. Diante dessa contradição, o deputado Assis Couto apresentou um projeto que aumenta para quatro módulos fiscais o tamanho da propriedade para o agricultor familiar ser enquadrado como contribuinte da Contag. “Esta proposta tem respaldo legal, social e jurídico para ser aprovado”, afirmou Manoel dos Santos. Cobrança judicial – O Conselho Deliberativo da Contag reiterou, em abril deste ano, a decisão histórica do MSTTR contra a via judicial para cobrar o pagamento das contribuições sindicais. “Quando uma organização dos trabalhadores passa a fazer uma cobrança judicial, ela perde a identi- dade e a relação com o associado ou o trabalhador da categoria”, explica Manoel dos Santos. O projeto do deputado petista também prevê o fim das cobranças judiciais para a contribuição sindical. Assis do Couto conta que recentemente presenciou, em Chopinzinho (PR), um leilão de três propriedades rurais de agricultores familiares que não pagaram a contribuição sindical patronal. “O projeto quer corrigir essas injustiças”, sustenta o parlamentar. Hoje, a cobrança judicial tem aparo legal, por isso as sentenças são favoráveis à CNA. A concepção sindical defendida pela Contag pressupõe a adoção de critérios políticos para encaminhar a questão do financiamento das entidades sindicais. “Queremos que o trabalhador venha ao sindicato por livre e espontânea vontade. Acreditamos que o trabalho desempenhado por nossas federações e sindicatos é digno e justo”, reforça Juraci Moreira, secretário de Finanças e Administração da Contag. Especial Jornal da Contag Fórum da Previdência assegura direitos previdenciários para rurais O clima de insegurança que cercava a Previdência Rural foi superado no encerramento das atividades do Fórum Nacional da Previdência Social. O movimento sindical dos trabalhadores e trabalhadoras rurais (MSTTR) conseguiu construir grandes consensos com a bancada dos trabalhadores e com as representações de empregadores e governo. Após oito meses de discussões, o fórum apontou que o sistema previdenciário para segurados especiais não deve sofrer mudanças. A idade mínima para requerer a aposentadoria também continua a mesma: 55 anos para mulheres e 60 para homens. No entanto, o fórum recomendou que se faça estudos sobre as condições de trabalho e a realidade demográfica no campo para averiguar a necessidade de uma convergência a longo prazo das idades de aposentadoria entre trabalhadores urbanos e rurais. “O fórum foi um momento fundamental de aprofundamento da situação da previdência no campo. Essa era uma das pautas que vinha, desde o início, sofrendo críticas. Alguns pesquisadores até propunham o fim da Previdência Rural. A nossa conclusão é de que tivemos um avanço interessante”, avaliou Alessandra Lunas, secretária de Políticas Sociais da Contag. O documento final do fórum reconheceu a importância estratégica da Previdência Social no meio rural e garantiu a manutenção de critérios diferenciados de contribuição e acesso aos benefícios previdenciários. Antonio Cruz/ABr O presidente da Contag (foto) e a secretária de Políticas Sociais, Alessandra Lunas, participaram ativamente das discussões do Fórum da Previdência Transparência - Uma das medidas que contribuiu para mudar a compreensão dos participantes do fórum foi a alteração na forma do processamento da contabilidade previdenciária. A partir de agora, deverá dar mais transparência para suas fontes financeiras (contribuições de empregados e empregadores, repasse de outras contribuições sociais destinadas à seguridade social como a Cofins e Contribuição sobre o Lucro Líquido). O resultado da mudança da metodologia de cálculo reduziu o déficit previdenciário de R$ 42 milhões para R$ 3 bilhões em 2006. O Ministério da Previdência Social estima que o déficit neste ano não ultrapasse R$ 1,7 bilhão. O documento final do fórum também apontou a necessidade de desonerar a folha de pagamento das empresas. Com o alívio nos impostos, espera-se gerar mais empregos formais e, assim, aumentar a arrecadação previdenciária. Outra medida apontada foi o fortalecimento das ações de fiscalização do trabalho e a criação de incentivos para aumentar o grau de formalização do emprego. Segundo os especialistas, essa fórmula pode garantir a sustentabilidade da Previdência Social nos próximos 30 anos. Diante das perspectivas de sustentabilidade, o fórum não sugeriu mudanças nas regras de aposentadoria para as futuras gerações de trabalhadores. “Não vimos necessidade de fazer mudanças por agora, já que a Seguridade Social se sustenta nos próximos anos”, esclareceu Artur Henrique, presidente da CUT Nacional. Decisão do governo – O governo federal agora vai decidir se encaminha um projeto de lei ao Congresso Nacional apenas com os pontos consensuais ou se envia uma proposta mais ampla que inclua, inclusive, questões polêmicas. A decisão sobre o conteúdo da mensagem ao Poder Legislativo caberá ao presidente Lula. O ministro da Previdência Social, Luiz Marinho, defende que o envio seja imediato e que a discussão continue no Congresso Nacional. “Vamos discutir se enviamos agora ou não. Na minha avaliação, é melhor que pudéssemos fazer já, na medida em que você teria condições de fazer uma reforma que venha a mudar somente as regras dos futuros trabalhadores e não as dos que já estão no mercado de trabalho”, afirma. Principais pontos de consenso do Fórum • Criação do Conselho Nacional de Seguridade Social. • Revisão da legislação para acelerar mecanismos de cobranças de dívidas. • Alterações na lei do seguro-desemprego para viabilizar formas de contribuição previdenciária no período que o trabalhador estiver sem emprego. • Criação de mecanismos de incentivo monetário ao adiamento voluntário da aposentadoria. • Reconhecimento do direito à pensão por morte dos companheiros, sejam eles do mesmo sexo ou de sexos diferentes. Veja como fica a situação dos assalariados (as) O Fórum Nacional da Previdência levou em consideração a sazonalidade do trabalho no meio rural e recomendou a criação de mecanismos específicos para permitir que assalariados e assalariadas rurais possam acessar os benefícios previdenciários. Esse dispositivo ainda não foi definido, mas já está sendo estudada uma proposta para ser apresentada como emenda ao PL 6852/2006, que trata da Previdência Rural. A proposta em discussão com o governo visa resolver a situação dos assalariados e assalariadas rurais, que vem enfrentando dificuldades para se aposentar desde julho de 2006. Portanto, está se negociando o direito desses requerem a aposentadoria mediante a comprovação da atividade rural até dezembro de 2009. A partir dessa data, pretende-se criar regras especiais para a contagem do tempo de carência. O assalariado/a rural terá descontado 8% do seu salário para o INSS durante o período que estiver formalmente empregado. Até 2015, os meses recolhidos serão multiplicados por três para efeito de contagem de tempo de serviço para a aposentadoria. A partir de 2016 o tempo de contribuição para o INSS seria contado apenas em dobro. A Contag e as Fetags começaram a analisar essa fórmula, mas não existe ainda uma posição definitiva sobre o assunto. Com a retirada da Medida Provisória 385 da pauta da Câmara dos Deputados, o governo assumiu o compromisso de acelerar a votação do PL 6.852. A MP já adiava, até 2009, o acesso de assalariados rurais aos benefícios previdenciários por meio da comprovação da atividade rural. Jornal da Contag Crise do leite Leite adulterado compromete produção da agricultura familiar M ilhares de brasileiros foram surpreendidos, em outubro, com a denúncia de irregularidades em duas cooperativas de Minas Gerais, que adicionavam soda cáustica e água oxigenada ao leite. O produto adulterado era fornecido para empresas de grande porte como Parmalat. Além do temor em relação à saúde, a fraude descoberta pela Polícia Federal produziu um efeito cascata que pode gerar prejuízos econômicos para diversos segmentos da cadeia produtiva do leite. A agricultura familiar será um deles, já que os empreendimentos familiares são responsáveis pela metade da produção no País. “A solução para impedir a fraude é a fiscalização rígida e a aplicação de penalidades”, afirma Antoninho Rovaris, secretário de Política Agrícola da Contag. Além disso, Rovaris considera que é preciso ações imediatas de qualificação, aparelhamento e ampliação do quadro de fiscais do Ministério da Agricultura. “Parte desta ação pode ser absorvida por meio de parcerias e de cooperação técnica entre governos e universidades”, sugere. Marcelo Casal Jr/ABr O MSTTR defende parcerias para melhorar a fiscalização da produção de leite O dirigente propõe também que os governos adotem medidas urgentes para implantar o Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária (Suasa), que integrará os serviços municipais, estaduais e federais. O secretário da Contag pondera, ainda, que não é justo que o trabalho com as lideranças das Fetags, STTR’s e outras organizações produtivas, por meio do Sistema Contag de Organização da Produção (Siscop), seja prejudicado por falta de ética de algumas empresas. O sistema prevê a adaptação dos lo- cais de produção de acordo com a Instrução Normativa 51/2002, que estabelece procedimentos para a produção, identidade e qualidade dos diferentes tipos de leite. Efeito cascata – Elton Weber, presidente da Fetag/RS e representante da Contag na Câmara Setorial do Leite, reforça a preocupação de Rovaris com a falta de fiscalização e impunidade no setor. “Os agricultores familiares se esmeram na produção e sofrem com a falta de cuidados na manipulação”, reclama. Weber estima que a fraude ainda não afetou a produção e o preço do leite no Rio Grande do Sul, mas ele acredita que o consumo deve sofrer uma baixa nos próximos meses. O presidente da Fetaemg/MG, Vilson Luís da Silva, e o secretário de Política Agrícola da Fetaeg/GO, Domingos Goulart, temem a mesma conseqüência em seus estados. Segundo eles, a diminuição da demanda vai começar a refletir no preço. Mercado O Brasil produz cerca de 25 milhões de litros/ano e ocupa a sexta posição no ranking mundial de produtores de leite. Segundo a Associação Nacional dos Produtores do Leite, as perspectivas de expansão dos mercados interno e externo do produto são boas e indicam possibilidades efetivas de aumento de renda de todos os segmentos da cadeia, com destaque para os agricultores familiares, que são responsáveis por mais de 54% do leite do país. territórios rurais A Contag discute territorialidade e desenvolvimento agenda da I Conferência Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário começou a ser discutida pelo movimento sindical dos trabalhadores e trabalhadoras rurais (MSTTR). A importância do projeto de fomento e organização dos territórios rurais levou a Contag a promover um seminário nacional nos dias 12 a 14 de novembro, em Brasília, para aprofundar a discussão da relação entre desenvolvimento e territorialidade. O evento contou com a presença de diretores e assessores da Contag, de dirigentes das Fetags de todo o País, de representantes do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável (Condraf) e de especialistas do meio acadêmico. O objetivo do Seminário Nacional de Aprofundamento Temático sobre Desenvolvimento e Territorialidade foi preparar o MSTTR para intervir nas Jornal da Contag César Ramos políticas de desenvolvimento territorial e no programa Territórios da Cidadania, assim como participar das etapas territoriais e estaduais da conferência nacional. prioridade – “A mobilização e participação da base nas conferências territoriais, estaduais e nacional é de extrema importância para o MSTTR”, explica Manoel dos Santos, presidente da Contag. O dirigente defende a participação dos trabalhadores e trabalhadoras rurais nesse processo para propor e discutir a criação de mecanismos para melhorar o planejamento e comercialização da produção da agricultura familiar. “O objetivo é trabalhar coletivamente, visando o desenvolvimento sustentável e solidário dos territórios rurais para dar visibilidade às necessidades de cada região”, acrescenta Manoel dos Santos. O tema central da Conferência Nacional, que deve acontecer em A intervenção no Programa Territórios da Cidadania é prioridade para a Contag junho de 2008, em Olinda (PE), será “Por um Brasil Rural com Gente: Sustentabilidade, Inclusão, Diversidade, Igualdade e Solidariedade”. O evento promovido pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) deve reunir representantes de 1,1 mil territórios rurais e as atividades preparatórias já começaram nos estados. As conferências territoriais nas Regiões Centro-Oeste e Nordeste e no Rio Grande do Norte tiveram início em novembro e só devem acabar no dia 12 de dezembro. Os encontros na Região Sul começaram em Santa Catarina no dia 21 de novembro e se estendem até 6 de dezembro. Além das reuniões nos territórios rurais, estão previstos encontros municipais, intermunicipais, e eventos temáticos e setoriais. As conferências estaduais estão programadas para o período de 15 de março a 30 de abril de 2008. Os delegados para a Conferência Nacional serão eleitos nas várias etapas preparatórias. Conferência Nacional da Saúde Conferência Nacional define rumos para a saúde pública César Ramos Contag defende política diferenciada para o campo O presidente da Contag, Manoel dos Santos (e), representa os movimentos sociais na Conferência da Saúde M ais de 3,5 mil delegados de todo o País estiveram presentes na 13ª Conferência Nacional de Saúde, que ocorreu entre os dias 14 e 18 de novembro, em Brasília. O documento final aprovado exige a imediata aprovação do projeto que regulamenta a Emenda Constitucional 29 (financiamento da saúde no País); reivindica aumento dos recursos para o Sistema Único de Saúde (SUS) e rejeita o projeto do governo que cria as fundações públicas de direito privado para administrar hospitais públicos. A proposta de descriminalização do aborto dividiu o plenário e não obteve maioria entre os delegados. No entanto, a conferência reafirmou que o SUS deve atender às mulheres em situação de abortamento nos casos previstos em lei. Os delegados também aprovaram as propostas de contratação de mais médicos, dentistas e enfermeiros para municípios do interior, fortalecimento do Programa Saúde da Família e reajuste do valor per capita para financiamento da atenção básica de saúde. O documento final da Conferência da Saúde reivindica, ainda, que o PAC da Saúde, a ser lançado pelo governo federal ainda este ano, mude os critérios para a repartição dos recursos orçamentários que penalizam as populações das regiões Norte e Nordeste. A 13ª Conferência Nacional da Saúde mobilizou usuários, profissionais de saúde, gestores públicos e prestadores de serviços de 4.430 municípios. O documento aprovado pelos delegados será enviado para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, e os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado. A Contag foi escolhida para representar os movimentos sociais na discussão sobre “A participação da sociedade na efetivação do direito humano à saúde”. O presidente Manoel dos Santos esteve presente na Conferência e dividiu a mesa com representantes do Ministério Público Federal, do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems) e do Conselho Nacional da Saúde. Manoel de Serra falou em nome da CUT e reivindicou uma política de saúde diferenciada para o meio rural. O dirigente também defendeu a aplicação integral dos recursos da CPMF na saúde e protestou contra o desvio de recursos do SUS. “Os furtos na saúde pública são o maior golpe contra o povo brasileiro.” O presidente da Contag convocou o movimento sindical para atuar ativamente na fiscalização da aplicação dos recursos orçamentários no setor. “Temos que qualificar nossa participação nos conselhos de Saúde para não permitir que esses espaços sejam manipulados por políticos que não defendem nossos interesses”, afirmou. Apenas 60 trabalhadores e trabalhadoras rurais participaram da 13ª Conferência Nacional da Saúde. A pequena intervenção do movimento sindical dos trabalhadores e trabalhadoras rurais (MSTTR) nas questões relacionadas à saúde foi criticada pelos delegados. O secretário de Políticas Sociais do STTR de Arame e único delegado rural do estado do Maranhão, Antônio Luiz Alves de Souza, propôs uma nova postura para o MSTTR: “Quem mais sofre com os descasos somos nós. Não temos postos de atendimento e não dispomos de transporte para chegar aos hospitais. A Contag tem que der mais atenção para esse assunto”, cobrou o sindicalista. O vice-presidente do STTR de Nova Trento (SC), Valmir Coelho, também considera que o MSTTR não tem uma política adequada para intervir na discussão de saúde. “Precisamos investir na formação política de nossas lideranças para ocuparmos espaço nos conselhos de Saúde e exigirmos um atendimento alternativo para a população do campo.” O presidente da Contag concorda que o MSTTR tem de priorizar a discussão sobre saúde e convoca os dirigentes para intervir neste tema. “O nosso desafio agora é transformar as propostas da conferência em políticas públicas com adequação e impacto para as populações do campo e da floresta”, afirma Manoel dos Santos. enfoc A Enfoc avança e conclui mais uma etapa Escola Nacional de Formação da Contag (Enfoc) encerrou, em novembro, a segunda etapa dos cursos regionais. História, concepção e prática sindical foram os temas tratados neste módulo. A secretária de Organização e Formação Sindical da Contag, Raimunda de Mascena, avalia a experiência como exitosa. “A maioria dos participantes dos cursos é composta por quem ingressou no movimento sindical a partir da década de 90 e a Enfoc fornece muitas informações a respeito do que aconteceu antes desse período.” Segundo Raimundinha, a escola também se propõe a aprofundar a formação política e aprimorar a capacidade dos dirigentes se tornarem educadores populares. Dez dirigentes e assessores de cada estado participam do curso re- Arquivo Enfoc Terceiro módulo O terceiro módulo vai trabalhar com o tema “Desenvolvimento rural sustentável solidário” e será a última etapa dos cursos regionais. As aulas estão, em princípio, programadas para Raimunda de Mascena (d): o MSTTR precisa aprofundar o período de fevereiro a política de formação de seus dirigentes a abril de 2008. “Vamos gional da Enfoc. Os que concluíram fazer um fechamento dos três cursos, a etapa nacional, que aconteceu desse itinerário de 21 dias. Tem sido entre agosto e outubro de 2006, uma ação muito interessante para que, são co-responsáveis na realização cada vez mais, as pessoas se apropriem do curso e na elaboração das ati- e melhorem suas intervenções e prátividades intermodulares desenvolvi- cas sindicais” aposta Raimundinha. Um outro aspecto da estratégia das durante o chamado tempo-comunidade. A partir de dezembro, as formativa é a instalação e o funciopróximas atividades serão as ofici- namento dos Grupos de Estudos Sinnas preparatórias para o terceiro dicais. Cada participante tem se responsabilizado por formar e coordenar módulo regional. os grupos nos estados, pólos ou municípios para estudar, discutir e refletir os temas da formação com outras pessoas na base do MSTTR. A política de formação da Contag passará por vários desafios em 2008. Segundo Raimundinha, as primeiras turmas devem avaliar os cursos e apontar temas que ainda precisam ser mais aprofundados. Além disso, serão agendados cursos estaduais, coordenados conjuntamente por quem passou pelos cursos nacional e regionais e pela coordenação política e pedagógica da Enfoc. Em outubro, será realizado o II Encontro Nacional de Formação para refletir, avaliar e sistematizar os processos formativo. O evento deve promover o intercâmbio de experiências entre lideranças sindicais formadas pela Enfoc, convidados, parceiros e educadores. Jornal da Contag conversa de pé de ouvido Jornal da Contag Só a reforma agrária pode colocar um fim na violência Arquivo UITA O secretário-geral da União Internacional de Trabalhadores e Trabalhadoras da Alimentação, Agrícolas, Hotéis, Restaurantes, Tabaco e Afins (Uita), Gerardo Iglesias, acredita que a luta contra a violência no campo brasileiro deve ser permanente e precisa estar articulada com a pressão internacional. O dirigente da Uita faz um balanço da Campanha Internacional de Combate à Violência no Campo no Brasil e no mundo e prescreve um remédio para resolver o problema: a reforma agrária, com base nos princípios da agricultura familiar. A Campanha Internacional de A campanha foi lançada em ou- com 373 organizações filiadas em O que é necessário fazer para di- Combate à Violência no Campo tros países? 122 países. Esta é uma grande cai- minuir a violência no campo? está ajudando a mudar o cenário A campanha foi apresentada na xa de ressonância capaz de ampli- A primeira medida a ser tomada é a Colômbia, Guatemala e durante a XIII ficar as denuncias e reivindicações implementação de uma reforma agrária O cenário de violência no cam- Conferência Regional Latino-ameri- em nível internacional. com base nos princípios da agricultura po brasileiro mudou notoriamente e cana da Uita, em outubro de 2006. O a campanha foi um dos fatores que vídeo filmado no Pará com depoimen- Como as autoridades internacio- indígenas e quilombolas, o meio am- contribuiu para essa transformação. tos de pessoas ligadas às vítimas da nais avaliam a violência no cam- biente e a saúde dos trabalhadores. A O trabalho que estamos realizando violência no campo também foi apre- po brasileiro? sua sustentabilidade depende de polí- com a Contag expõe internacional- sentado em várias reuniões dos orga- mente o problema e se torna um nismos mundiais da Uita e da OIT. de violência no Brasil? A violência no campo brasileiro ticas de assistência técnica e infra-es- tem múltiplas razões e constitui um trutura para consolidar a soberania ali- verdadeiro anacronismo, algo fora do mentar do povo. A prioridade deve ser Como a parceria entre a Uita e tempo atual. Trata-se da conseqüên- o abastecimento do mercado interno e, Contag está contribuindo para cia mais grave e trágica do eterno em seguida, a exportação. melhorar a vida dos trabalhado- problema da posse da terra que não É necessário também projetar um res rurais? foi resolvido. A falta de controle so- plano de ordenamento territorial das elemento de pressão importante para acontecer mudanças. Qual é o balanço da campanha? A campanha já foi lançada em mui- familiar e que respeite as comunidades tos estados e a adesão das bases ao Uma das contribuições mais im- bre os grandes proprietários e empre- diversas regiões do País. O fim da vio- slogan Chega de Violência no Campo portantes da relação entre a Uita e sas que pressionam a chamada frontei- lência no campo poderá ser alcançado tem sido muito grande. Porém, ain- a Contag é a fusão de todos os tra- ra agrícola sem respeitar a legalidade quando a legalidade coletiva acordada da nos resta muita coisa para fazer. balhadores e trabalhadoras do setor nem a legitimidade das comunidades nas normas e leis regule a vida de to- Acredito que a violência não será alimentício em uma só organização que vivem no campo também contri- dos, sem privilégio e tampouco distor- erradicada sem uma campanha per- de nível mundial. As lutas e con- bui para a violência. Nos últimos anos, ções de classe, raça ou credo religioso. manente que se estenda à sociedade quistas das famílias na agricultura percebemos um esforço governamen- A ampliação da participação das orga- urbana. Trata-se de uma batalha pela do Brasil são apoiadas, difundidas tal para reduzir esse problema, assim nizações sociais no âmbito da geração consciência pública para pressionar e e defendidas pela Uita em todo o como o trabalho escravo. Entretanto, das políticas públicas vinculadas à agri- acelerar as mudanças. mundo, pois a nossa entidade conta ainda há muita coisa para se fazer. cultura também é fundamental. expediente Jornal da Contag - Veículo informativo da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) | Diretoria Executiva - Presidente Manoel dos Santos 1º Vice Presidente/ Secretário de Relações Internacionais Alberto Ercílio Broch | Secretário Geral David Wilkerson R. de Souza | Secretários: Finanças e Administração Juraci Moreira Souto | Assalariados e Assalariadas Rurais Antônio Lucas Filho | Política Agrária e Meio Ambiente Paulo de Tarso Caralo | Política Agrícola Antoninho Rovaris | Organização e Formação Sindical Raimunda Celestina de Mascena | Políticas Sociais Alessandra da Costa Lunas | Coordenação da Comissão Nacional de Mulheres Trabalhadoras Rurais Carmen Helena Ferreira Foro | Coordenação da Comissão Nacional de Jovens Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Maria Elenice Anastácio | Endereço SMPW Quadra 1 Conjunto 2 Lote 2 Núcleo Bandeirante CEP: 71.735-010, Brasília/DF | Telefone (61) 2102 2288 | Fax (61) 2102 2299 | E-mail agenciacontag@ Diretor Responsável: contag.org.br | Internet www.contag.org.br | Assessoria de Comunicação Liberdade de Expressão - Agência e Assessoria de Comunicação | Ronaldo de Moura Editor Pedro Henrique Barreto | Reportagem Emmanuelle Girard, Pedro Barreto, Ronaldo de Moura e Vanessa Montenegro | Revisão Daniele (61) 33349 2561 Costa | Projeto Gráfico Wagner Ulisses | Diagramação Erika Yoda e Irene Sesana | Impressão Dupligráfica Jornal da Contag