Método Comparativo Prof Rangel Fonte: CARDOSO, Ciro F. ; BRIGNOLI, Héctor P. Os métodos da História, 6 ed. Rio De janeiro: Graal, 1992, p. 409-420. CRÍTICOS DIZEM QUE NÃO É MUITO PRECISA, FAZ MUITAS GENERALIZAÇÕES DEFENSORES CONTRAARGUMENTAM QUE TODA A CIÊNCIA FAZ USO DO MÉTODO COMPARATIVO. Henri Pirenne afirma que o método comparativo torna a descrever para explicar (comparação implícita) História em ciência, porque deixa de apenas BADIE, Bertrand; HERMET, Guy. Política comparada, México: Fundo de Cultura Econômica, 1993. ENTROU EM CRISE NA DÉCADA DE 1960 Não tanto pelas fragilidades metodológicas, mas pelas alterações dos objetos de pesquisa. ENTRETANTO... Perdurou a crítica de que muitos conhecimentos justapostos e desarticulados dificultavam o conhecimento do político O PARADIGMA DESENVOLVIMENTISTA Robert Dahl, defendendo o conceito de POLIARQUIA, compara sociedades e formas de participação política com o PNB dos países. Cada sociedade subdesenvolvida estaria propensa a alcançar estágios políticos mais avançados, seguindo etapas de desenvolvimento sócioeconômico EXISTIRIA UM FATOR DETERMINANTE E FUNDAMENTAL? Stein Rokkan e Perry Anderson Análise comparada por contraste das diferenças, procuram verificar porque na Europa alguns países seguiram o regime democrático e outros o ditatorial. Aristocracia X burguesia, Propriedades rurais X Estatismo econômico, etc. nenhuma variável foi causa definitiva, mas a combinação delas deu característica própria a cada caso. Leonardo Morlino, Problema e opções na comparação, Madri: Aliança Editorial, 1994. POR QUE COMPARAR ? O QUÊ DESEJAMOS SABER? O método comparativo é utilizado com proveito com dados estatísticos e avaliações históricas. As perguntas mais gerais (instituições, grupos sociais, normas) são mais oportunas macropolítica! COMO CLASSIFICAR ? 1) Individualizar os casos passíveis de comparação; 2) Definir os parâmetros para realizar a comparação; 3) Definir a quantidade de casos a analisar. Quanto maior o número de casos, maior a probabilidade de testar as hipóteses, mas aumenta o número de parâmetros. 4) Avaliar a distância temporal entre os casos avaliados. SUGESTÕES ÚTEIS 1) Reduzir o número de variáveis a analisar; 2) Reduzir os atributos de cada caso SUGESTÕES ÚTEIS continuação 3) Orientar a análise comparada tendo em conta as variáveis essenciais; 4) Não se afastar do referencial teórico escolhido; 5) Ter um foco muito bem definido; 6) Buscar apoiar a análise em estudos já existentes; 7) As variáveis (poucas ou muitas) são medidas por dados estatísticos se são variáveis em sentido próprio; se forem qualitativas a variação é medida em função da classificação realizada no referencial teórico. O CONTROLE DAS HIPÓTESES Controla-se as hipóteses pesquisando-se com disciplina, tendo em conta: quais conceitos ou classes de objetos estão sendo utilizados; qual foi o propósito da classificação; quais os parâmetros utilizados para comparar; até que limite se permite a abstração das explicações. MULTIDÕES EM CENA de Maria Helena R. Capelato O problema: “Como ocorreu o caráter autoritário da propaganda veiculada através dos meios de comunicação, educação e produção cultural com o objetivo de conquistar corações e mentes” no Estado Novo e na Argentina Peronista?(p. 19); Conceito central: imaginário social (Raoul Girardet, Bronislaw Bazcko e Pierre Ansart), populismo autoritarismo? Parâmetro Antiliberalismo e nacionalismo Brasil Argentina O Estado Nacional autoritário desqualificava o passado liberal e regional O Estado liberal acomodava-se às iniciativas antiliberais autoritárias de Perón A imagem da sociedade Não havia necessidade de apoio unida expressivo das massas e acomodou interesses hegemônicos Havia necessidade de grande apoio de massa e os interesses chocaram-se violentamente Desenvolvimento econômico acelerado Controle dos movimento sociais e da oposição, busca da racionalização do trabalho apelo à industrialização Justiça social antes da necessidade econômica, O Estado Interventor. Mais eficaz, organizado e racional, para uma sociedade mais justa no futuro, “revolução política” Interventor. Argentina mais justa e livre da dependência externa, “revolução social” Parâmetro Brasil Argentina O programa cultural Intelectuais cooptados, adeptos do estatismo, a elite intelectual responsável pela construção da nacionalidade Intelectuais resistentes, adeptos da liberdade individual. A “reargentinização” cabia às classes populares Identidade nacional Substituição do individualismo pelo coletivismo pelo viés autoritário, o bandeirantismo, o caboclo, o sertão. Substituição do individualismo pelo coletivismo pelo viés autoritário. A mãe Espanha, o gaúcho a massa urbana como família. PARÂMETRO VARIÁVEIS ESTADO-NAÇÃO FAMÍLIA RELAÇÃO LÍDER X MASSAS A IDT NACIONAL E A PRODUÇÃO DE SENTIMENTOS MITO DA SALVAÇÃO E DA REDENÇÃO REDENÇÃO PELO PODER FEMININO SALVAÇÃO PELO PODER MASCULINO SARTORI, Giovanni. Comparação e o método comparativo. In A comparação nas ciências sociais, Madri: Alianza, 1991. POR QUE COMPARAR ? É UM MÉTODO DE CONTROLE DE NOSSAS GENERALIZAÇÕES Como testaríamos com relativa segurança as seguintes afirmações (hipóteses): 1)As revoluções são causadas por privações coletivas! 2) Os sistemas presidencialistas são sistemas de governo fortes! 3) Diferentes modelos de mercado acarretam diferentes modelos de democracia! TODO O TEXTO HISTORIOGRÁFICO É, AO MENOS, IMPLICITAMENTE COMPARATIVO Quando alguém estuda a história de uma região ou país, sua bibliografia específica é àquela especializada nesse âmbito, mas as obras de apoio teórico e temático fornecem os parâmetros e as variáveis com os quais os elementos factuais são “comparados” constantemente! Ex: pesquisa sobre a cooperativa dos ferroviários de Santa Maria. Fontes específicas: documentos contábeis e administrativos da cooperativa, obras historiográficas sobre o município e sobre a ferrovia no RS; Fontes fornecedoras de parâmetros e variáveis: teorias clássicas do cooperativismo, obras sobre modernização econômica ou organização operária, tipos de cooperativas, etc. O QUE É COMPARÁVEL ? “As ciências humanas têm quatro técnicas de verificação preferenciais, sendo em ordem decrescente de controle: 1) método experimental; 2) método estatístico; 3) método comparado; 4) método histórico. Se tenho muitas variáveis e poucos elementos empíricos, devo abandonar a estatística e adotar o método comparado ou o histórico. Abordagens culturalistas (qualitativas) história cultural, da cultura, micro-história, estudo de caso com descrição densa, fornecem resultados que não são passíveis de comparação com outras situações ou casos similares! Peras e maçãs são comparáveis ? E pedra com avestruz? Mas para dizer que pedras e avestruzes não são comparáveis teríamos de ter feito uma comparação prévia! Entidades completamente distintas ou idênticas não interessam! Importantes são as entidades que tem atributos semelhantes e atributos distintos. Mas quando é que a semelhança é mesmo semelhante? Quando é que a diferença é realmente diferente? Será que todas as diferenças são apenas de grau? Quando classificamos criamos classes que, por serem classes, excluem-se mutuamente!!!! Dois objetos que pertençam à mesma classe são mais similares. Quando de classes diferentes têm maiores diferenças! QUANTO < O Nº DE CLASSES > O Nº DE DIFERENÇAS QUANTO > O Nº DE CLASSES < O Nº DE DIFERENÇAS Ex. comparar dois partidos, um MARXISTA e outro LIBERAL trará grande dissimilitude; mas se comparar partidos MARXISTAS de tendência LENINISTA, TROTSKISTAS E MAOISTAS obterá menor contraste. COMO NASCEM AS COMPARAÇÕES ABSURDAS ? 1) Paroquialismo: Estudos de um caso local ou bem limitado que cria seus próprios conceitos, conceitos estes que só servem para aquele caso e para nenhum outro! 2) Classificar incorretamente: dar uma definição para um conceito como se fosse algo lógico e verdadeiro, como algo conhecido a priori, mas sem que haja, verdadeiramente, lógica na definição. 3) O gradualismo: Partir da afirmação que toda a diferença é apenas de grau, dentro de um continuum de mais ou menos, definindo arbitrariamente os pontos de divisão. 4) O alargamento dos conceitos: Ampliar tanto um conceito de tal maneira que quase tudo lhe seja pertinente e as exceções sirvam apenas para confirmar a regra. COMO COMPARAR? Escolher sistemas semelhantes mas que se distinguem em algum aspecto (justamente àquele que desejamos comparar) ou Escolher sistemas bem distintos, mas que se assemelhem a uma certa característica (justamente àquela que desejamos comparar) Lembrar que as conclusões em ciências sociais são “probabilísticas” e não “determinísticas”. Assim, para uma dada causa não corresponde, necessariamente, um dado efeito. Portanto, as regularidades são apenas relativas e as exceções às regras são parte dos resultados. As exceções debilitam as explicações, mas não as refutam completamente! Para fugir do relativismo, devemos aumentar o nº das condições necessárias para que ocorra o fenômeno conceituado ou explicado! IDIOGRÁFICO OU NOMOTÉTICO ? O pesquisador tem de escolher entre fazer um estudo configurativo ou generalizante. Uma opção que implica em perdas e benefícios. Mas que também possibilita benefícios recíprocos. A visão monográfica ou o estudo de caso proporcionam a compreensão individualizante; o estudo comparativo procura compreender holisticamente os fenômenos. O comparatista deve recorrer aos estudos monográficos para enriquecer seu trabalho, assim como os especialistas de um dado fenômeno devem relacioná-lo com um contexto maior. ESCALAS DE ABSTRAÇÃO Para um conceito mais geral devemos diminuir as características ou propriedades; Para um conceito mais específico, devemos aumentar as propriedades e características. A pesquisa em História comparada será mais brilhante se as hipóteses forem mais provocativas e se for possível o controle comparativo delas. A PARTICIPAÇÃO POLÍTICA ENTRE OS OPOSICIONISTAS AOS REGIMES DE VARGAS E TERRA Problema: Quais foram os discursos oposicionistas sobre participação política, diante da fragilização das instituições liberais no Uruguai e no Brasil, ao longo da década de 1930? Conceitos centrais: Discursos, participação política HIPÓTESES: a. Os discursos sobre participação política foram protagonizados por grupos políticos filiados a duas correntes ideológicas predominantes: a.1. O liberalismo a.2. O marxismo b. Os discursos estiveram inclusos, predominantemente, em duas formações discursivas: b.1 Partidário-eleitoral b.2. Revolucionária c. Tanto os grupos liberais quanto os marxistas difundiram discursos partidário-eleitorais e revolucionários. oposição revolucionária marxista BRASIL Opção pela violência Defesa da luta armada; as propostas táticas política URUGUAI Ações de inspiração anarquista; apoio indireto e revolucionárias variaram sigiloso às atividades muito: guerrilha rural, revolucionárias da América sabotagens, sublevação de Latina (BSA da IC); forte quartéis ou putsch sobre o divisão interna do PCU centro do poder; a ação quanto à pertinência da violenta era associada à ação revolucionária no mobilização sindical e de Uruguai. Grupos de organizações populares; os esquerda entre nacionais e socialistas não defendiam a colorados eram agressivos luta armada; os adeptos da no discurso, mas não IV Internacional igualmente protagonizaram lutas defendiam a luta armada. armadas, preferindo ação parlamentar e pressão popular (opinião pública). c. Posicionamento em relação à participação política partidárioeleitoral. BRASIL URUGUAI Defendiam a extinção completa das instituições democráticas liberais, ao fim do processo revolucionário; não adotaram estratégia etapísta com a previsão da plena vigência dos partidos e das eleições antes do Estado Socialista. Defendiam o voto e a participação política partidária- eleitoral como veículo de mobilização popular; não propuseram a total extinção dos partidos liberais ou das regras partidárias e eleitorais liberais; os socialistas e o grupo Avanzar praticaram o abstencionismo; oposições liberais do Brasil e Uruguai b. Posicionamento diante da participação política partidário-eleitoral. BRASIL URUGUAI Defesa do voto secreto, universal, com justiça eleitoral autônoma; defesa do pluripartidarismo; propunham a participação política indireta e formal restrita às eleições; filiação de militantes na base de interesses e valores regionais. Defesa do voto secreto, universal, com justiça eleitoral autônoma; lutas em torno das definições da Lei eleitoral; reserva de eleitores relativamente estável; incentivavam a participação política dos militantes para além das eleições. COLLIER, David. O método comparativo: duas décadas de mudança. In A comparação nas ciências sociais, Madri: Alianza, 1991. ANÁLISE HISTÓRICA-COMPARATIVA: Um estudo de poucos casos comparáveis, em um intervalo de tempo maior. Quais as outras alternativas ao estudo comparado ? Experimental Alto controle, pouco exequível em ciências humanas ; Estatístico Confronta explicações rivais, mas os dados são relativos; Estudo de caso Exige menor tempo e recursos, mas é limitado na formulação de hipóteses e no seu teste. Método comparativo: Permite análises mais sistemáticas que podem dar contribuições quando se tem explicações alternativas. Não exigem grandes recursos e podem ser o primeiro passo para estudos estatísticos mais severos; Distinguir variáveis principais e secundárias. Diminuir o referencial teórico. Aumentar o número de casos. Concentrar-se em casos mais facilmente comparáveis. Testar hipóteses ou ter uma avaliação mais interpretativa (contraste de contextos) pode ser adequado quando se quer ver como em cada contexto ocorreram mudanças diferentes em função de uma mesma situação-problema. Os conceitos mais generalizantes também são os mais atraentes, mas impõe a redução do número de casos. INTERPRETAÇÕES CUIDADOSAMENTE CONTEXTUALIZADAS DENTRO DE UM MARCO CONCEITUAL COMPARATIVO COMPARAÇÃO QUALITATIVA SISTEMÁTICA ou UMA ANALOGIA PROFUNDA Uma meditada comparação de poucos casos com uma consideração do contexto histórico Contextualizar historicamente CONCEITOS POLÍTICOS AO USAR O MÉTODO COMPARATIVO O HISTORIADOR AFASTA-SE DA INFLUÊNCIA ÚNICA DA SUA SOCIEDADE E PASSA A TER UMA VISÃO MAIS IMPARCIAL ENCONTRA UMA FORMA DE APLICAR O MÉTODO EXPERIMENTAL EM HISTÓRIA FATORES QUE FAVORECERAM A EXPANSÃO DESSE MÉTODO: Proliferação de muitas histórias étnicas, continentais, nacionais. A tendência da micro-história FATORES QUE DESPERTARAM CRÍTICAS: Uso inadequado por historiadores como Arnold Toynbee que fez uma comparação de vinte civilizações para identificar as causas de seu crescimento e colapso. A crescente ênfase na relatividade da narrativa história e da especificidade única de cada objeto analisado ESTABELECER APROXIMAÇÕES E AFASTAMENTOS ENTRE DOIS CONTEXTOS ESPECÍFICOS MÉTODO QUE PERMITE ISOLAR HIPÓTESES TESTAR HIPÓTESES