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CORREIO POPULAR
CIDADES
Campinas, sábado, 30 de junho de 2012
SAÚDE ||| RECONHECIMENTO
Qualidade dá certificado para hospital
Hospital Estadual de Sumaré recebeu ontem o título de acreditação internacional canadense
André Montejano/Especial paraAAN
Inaê Miranda
DA AGÊNCIA ANHNAGUERA
Hemocentro lança campanha
para evitar a falta de sangue
[email protected]
O Hospital Estadual de Sumaré (HES-Unicamp) é o primeiro do Interior do País a conquistar o certificado de acreditação internacional canadense. O título, concedido pelo Canadian Council for Health Services Accreditation (CCHSA),
equipara a sua qualidade de
atendimento à das melhores
instituições de saúde do mundo. O certificado foi entregue
ontem ao reitor da Universidade Estadual de Campinas, Fernando Costa, pelo representante do governo do Canadá
Marcio Francesquine.
Todos os setores
foram rigorosamente
vistoriados
Cerimônia de entrega da certificação canadense realizada ontem no Hospital Estadual de Sumaré
O sistema canadense de
acreditação, que está em mais
de 50 países tem o foco principal na segurança do paciente.
“O Hospital de Sumaré recebeu essa acreditação porque
ele atendeu aos pré-requisitos
internacionais de segurança
do paciente. É um hospital
que tem todos os seus procedimentos voltados para o melhor atendimento da população e da comunidade do entorno. Por isso ele foi certificado”, afirmou Rubens Covello,
diretor do Instituto Qualisa de
Gestão (IQG), instituição brasileira que concede a certificação internacional.
Para receber o certificado,
o hospital foi submetido a
uma série de avaliações de especialistas do Brasil e do Exterior. “Foi visto tudo. Vistoriamos o hospital como um todo, da higiene até a Unidade
de Terapia Intensiva (UTI). A
gente passa pelo hospital inteirinho e avalia se todos os procedimentos de cada setor garantem segurança ou gerencia
SAIBA MAIS
● O orçamento deste ano do
HES é de R$ 85 milhões. Ele
tem cerca de 270 leitos, 1.250
funcionários e realiza uma
média de 1,2 mil internações
por mês, 200 partos de médio
e alto risco e faz cerca de 800
cirurgias mensais.
hemocentro de
Campinas apresenta
na próxima
segunda-feira a campanha
de Inverno para a coleta de
sangue, que tem o objetivo
de evitar a queda no
estoque de bolsas, o que
pode prejudicar a
realização de
procedimentos médicos se
a quantidade atingir o nível
crítico. No Inverno, a queda
no número de doações
chega a 8%. A redução é
atribuída à diminuição do
deslocamento das pessoas
na estação e às limitações
causadas pela chuva, que
impossibilitam o trabalho
de coleta através dos
ônibus do Hemocentro.
Caso o estoque total fique
abaixo de 50%, é grande o
risco de cancelamento de
cirurgias em diversos
hospitais atendidos pelo
Hemocentro ou mesmo
falta de sangue e
hemoderivados para
atendimentos de urgência e
emergência. Uma
preocupação maior fica por
conta dos sangues do tipo
RH negativo (A, B, AB e O),
que representam, no Brasil
e em todo mundo, menos
de 12% da população.
Podem doar pessoas entre
16 e 67 anos. Os menores
de 18 devem vir
acompanhados dos
responsáveis. Doador
submetido a procedimento
endoscópico, que era
impedido de doar por um
ano, agora pode doar em
seis meses.
Para ser um doador de
sangue também é preciso
pesar no mínimo 50 kg; não
estar em jejum, apenas
evitar alimentos
gordurosos e, após o
almoço, aguardar 4 horas;
estar descansado; e não
fumar até 2 horas antes e 2
horas depois da doação. O
Hemocentro assegura que a
doação, respeitando os
critérios técnicos, não
acarreta qualquer risco
para o doador, que antes
passa por uma triagem
clínica e, observada
qualquer irregularidade, é
notificado e encaminhado
para acompanhamento
médico. Não devem doar os
homens que tenham feito o
procedimento há menos de
60 dias, mulheres há menos
de 90 dias e pessoas entre
60 e 65 anos há menos de
180 dias; pessoas que
estiverem com gripe, febre
ou infecção; portador de
sífilis (cancro), malária ou
doença de Chagas;
alcoolista crônico ou que
tenha ingerido bebida
alcoólica nas últimas 24
horas; possua
comportamento de risco
para doenças sexualmente
transmissíveis; for ou tenha
sido usuário de drogas
injetáveis; tenha contraído
hepatite após os 10 anos de
idade. (IM/AAN)
Para o reitor Fernando Costa, a certificação não aconteceu por acaso. “É fruto de um
investimento grande e da dedicação dos profissionais. E a
Unicamp se orgulha de além
de formar bons profissionais,
oferecer assistência de qualidade igual a dos melhores hospitais do mundo. Essa certificação é um exemplo disso”, disse.
Zambom destacou a sua preocupação em manter os resultados. “Estamos numa situação
em que a área de saúde na Região Metropolitana de Campinas está caótica. Ter um lugar
que funciona bem numa região que está caótica é difícil.
Fico um pouco preocupado.
Fora que nos últimos dois
anos o orçamento do HES ficou muito abaixo do necessário. É importante que no próximo ano tenhamos um orçamento compatível com a nossa necessidade”, disse.
O
André Montejano/Especial paraAAN
Fachada do hospital, que atende aos pré-requisitos internacionais de segurança do paciente
o risco do paciente”, explicou.
De acordo com Covello, trata-se de um programa de melhoria contínua. “Durante a
avaliação foram feitas algumas indicações de pequenos
fatores que poderiam ser melhorados, como a comunicação e a informação, mas ele
foi extremamente elogiado pelo avaliador canadense que esteve aqui. Ele disse que o hospital facilmente poderia ser colocado no Canadá e ia trabalhar da mesma maneira e com
a mesma qualidade”, afirmou.
No Brasil, entre as 22 instituições de saúde que possuem o certificado de acreditação canadense, quatro são
hospitais públicos e o HES é o
único do Interior do Brasil a receber o título. “Saímos de
uma época, em 1997, da intervenção de Sumaré quando encontramos um grande problema do ponto de vista hospitalar e chegamos em 2012 com
um hospital que pode estar
funcionando no Canadá, Estados Unidos e Europa”, afirmou o professor Lair Zam-
bon, superintendente do HESUnicamp.
Segundo ele, as principais
adaptações foram feitas nas
áreas de gestão e de recursos
humanos. “O principal investimento desde que buscamos
essa certificação internacional
foi na qualificação dos funcionários. Investir em recursos
humanos é um processo demorado. Não é uma coisa tão
simples. Mas só conseguimos
esse resultado hoje graças ao
empenho de toda a equipe”,
reforçou Zambom.
LABORATÓRIO ||| MUNICIPAL
Orçamento
O selo da IQG-CCHSA, do Canadá, é válido por três anos, e
TECNOLOGIA ||| INFORMAÇÃO
Pedidos para exames caem 30% Mário Gatti investe
Secretário nega que possa ocorrer falta de insumo para realizar análises
André Montejano/Especial paraAAN
Inaê Miranda
DA AGÊNCIA ANHANGUERA
[email protected]
O Laboratório Municipal de
Campinas teve uma redução
de aproximadamente 30% na
coleta de exames depois de
ter anunciado na quinta-feira
a suspensão dos procedimentos que não são considerados
urgentes. A medida segue
por tempo indeterminado.
Além do acúmulo de material e da escassez de funcionários, o laboratório trabalha
no limite de alguns insumos
para o processamento dos
exames.
O anúncio feito anteontem também gerou uma corrida de pacientes que tinham exames agendados
aos centros de saúde. A empresária Maria Inácia Leme
foi ontem a uma unidade de
saúde pegar sua guia para
um exame e verificar quando
conseguirá fazer os outros
agendados. “Há dois meses
eu tenho que fazer um exame de sangue, mas, primeiro, não consegui por causa
da greve, agora vou ter que
remarcar por causa da suspensão dos exames que não
são urgentes”, disse.
O subsíndico Alberti de
Oliveira foi a uma unidade de
saúde no Centro de Campinas com a mulher, Neide Alberti de Oliveira, verificar a
pressão e aproveitou para saber se ia conseguir fazer os
exames de sangue, fezes e uri-
na criação de Núcleo
de Telemedicina
Videoconferência permitirá acesso a
procedimentos em outras unidades
Felipe Tonon
DA AGÊNCIA ANHANGUERA
[email protected]
O subsíndico Geraldo e sua mulher Neide Alberti de Oliveira em unidade de saúde: exame adiado
na, agendados para quartafeira próxima e ficou decepcionado. “A saúde de Campinas está um horror, acho que
até melhorar vai levar um
tempo”, afirmou.
De acordo com o diretor
de saúde da Secretaria Municipal de Saúde, Edison Martins da Silveira, depois que a
secretaria encaminhou o comunicado aos cerca de 80
pontos de coleta de exames
da cidade, houve uma redução de aproximadamente
30% na realização de exames.
Os centros de saúde aplicaram o critério de avaliação de
risco atendendo ao nosso co-
municado e estamos conseguindo manter a essencialidade dos exames e ninguém vai
ficar desassistido. O laboratório está trabalhando em sistema de mutirão e se continuar
nesse ritmo a gente vai conseguir voltar mais rápido à normalidade”, afirmou Silveira.
De acordo com os funcionários, além da suspensão de
exames de rotina o laboratório enfrenta a falta de insumos. “Está faltando reagente.
Se não tiver reposição do material, em poucos dias a hematologia vai parar. Mas a situação que é mais grave é a
falta de pessoal. Com a saída
de trabalhadores do Cândido Ferreira, muitos setores
vão ficar sem ninguém”,
afirmou um funcionário,
que não se identificou.
O secretário de Saúde
de Campinas, Fernando
Brandão, negou a falta de
insumos. “Saímos de uma
greve de 21 dias, em que
praticamente só se colheu
exame de urgência e de
gestante. Depois disso,
houve o acúmulo da demanda de exames e estamos trabalhando para
equilibrar os insumos. Mas
não está faltando”, afirmou.
O Hospital Municipal Dr. Mário Gatti, em Campinas, irá ganhar, até o final do ano, um
Núcleo de Telemedicina Hospitalar. O novo serviço irá permitir que os profissionais do
hospital tenham acesso a procedimentos médicos que
acontecem em centros hospitalares de todo o mundo através de videoconferência. O investimento de R$ 120 mil foi
uma parceria entre a Financiadora de Estudos e Projetos
(Finep), Ministério da Ciência
e Tecnologia, Rede Nacional
de Ensino e Pesquisa (RNP),
Ministério da Saúde e Ministério da Educação.
De acordo com a médica
Silvana Simão, que é coordenadora da implementação da
Rede Universitária de Telemedicina (Rute) no hospital, o
projeto, em sua fase inicial,
era possível apenas para os
hospitais universitários. Agora, os hospitais de ensino, fora das universidades, também receberão os equipamentos. Em Campinas, apenas o Hospital da Unicamp
possui a ferramenta e o Mário Gatti é o primeiro hospital
totalmente público a receber
o Núcleo.
“Agora vamos poder acompanhar cirurgias, palestras,
aulas de faculdades do mundo inteiro por meio de videoconferência”, disse a coordenadora do projeto. Além de
poder estar em hospitais de
todo o mundo, o sistema permite troca de material de pesquisa com especialistas de
universidades conceituadas,
como Harvard, por exemplo,
nos Estados Unidos, que também possui um Núcleo de Telemedicina.
“Vai ser um grande ganho
para o ensino. Hoje, o hospital conta com uma grande
equipe de residência médica
e vai ser muito bom, ampliando a capacidade e a qualidade da formação desses profissionais além dos que trabalham no hospital”, afirmou
Silvana. Atualmente, o Mário
Gatti possui 50 médicos residentes.
Uma ala do hospital será
reformada para a instalação
dos equipamentos, que inclui
câmeras fixas e móvel, quatro
televisores de 50 polegadas
de LCD, scanner de raio X, entre outros. A estimativa é que
a inauguração do Núcleo
aconteça até o final do ano.
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