Dependência Química entre Médicos: A experiência de um serviço pioneiro no Brasil Rede de Apoio a Médicos Características Sócio-Demográficas, Padrões de Consumo, Comorbidades e Repercussões do Uso de Álcool e Outras Drogas Entre Médicos. Hamer Nastasy Palhares Alves Orientador: Prof. Dr. Luiz Antônio Nogueira-Martins Co-orientador: Prof. Dr. Ronaldo Ramos Laranjeira Dependência Química entre Médicos: A experiência de um serviço pioneiro no Brasil Rede de Apoio a Médicos Características Sócio-Demográficas, Padrões de Consumo, Comorbidades e Repercussões do Uso de Álcool e Outras Drogas Entre Médicos. Apoio: CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico Processo n° 141366/2003-6. CREMESP Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo Dependência Química entre Médicos: A experiência de um serviço pioneiro no Brasil Rede de Apoio a Médicos Características Sócio-Demográficas, Padrões de Consumo, Comorbidades e Repercussões do Uso de Álcool e Outras Drogas Entre Médicos. Banca Examinadora: Profª. Drª. Ana Regina Noto Profª. Drª. Lilian Ratto Profª. Drª. Vanessa Cítero de Albuquerque Prof. Dr. Guilherme Peres Messas Introdução Epidemiologia Mesmos índices da população geral1 Razões de uso diferem entre os grupos: Estudantes: mesmas drogas, início começa antes da faculdade. Residentes: BZD e opióides, auto-medicação, autoprescrição. Médicos: BZD e opióides mais freqüentes2. 1Brewster et al, 1986 ²Hughes et al., 1992 Fatores de Risco 1,2,3 Especialidade e acesso a drogas4 Aqueles com padrão de “over-prescription” Estresse e estratégias de habilidades sociais pobres5 Educação sobre dependência deficiente. ¹Talbott, 1987 ²Wright, 1990 3Alcohol medical scholars. 4Gallegos, 1988 5Jex, 1992 Demora na Detecção Independência “Conhecimento é protetor” Medo das conseqüências Senso comum de intratabilidade “Conspiração do Silêncio” ¹Welsh, 2002 ²Baldisseri, 2007 1,2 Tratamento Maioria dos estudos mostra melhores resultados que a população geral1,2,3 70-80% “sucesso” pouca correlação com a substância pouca correlação com a especialidade ¹CSAM Addiction Medicine 2BMA,1988 3Alcohol Medical Scholars, 2001. Por que serviços específicos para a saúde mental dos médicos? Médicos apresentam alta prevalência transtornos mentais e dependências1,2,3. de Médicos atendem pessoas. Médicos não aderem bem aos serviços tradicionais e são mal atendidos4. 1 BMA, 1998 3 2 Pattani et al., 2001 4 Welsh, Newbury-Birch et al., 2002 2002 Premissas destes serviços (Manifesto de Barcelona, 2001): Garantir acesso ao tratamento. Preservar a confidencialidade e sigilo. Criar programas de tratamento suficientes. Manter contato com órgãos reguladores. Preservar a qualidade do atendimento. Ter um objetivo preventivo. Promover a pesquisa. Promover a saúde individual e organizacional. Rede de Apoio a Médicos Convênio entre o Conselho Regional de Medicina e a Escola Paulista de Medicina. Formação de uma Rede de Profissionais no Estado de São Paulo. Triagem, Orientação, Avaliação, Discussão Clínica, Encaminhamento e Tratamento. Rede de Apoio a Médicos Contato inicial por telefone fixo, celular ou e-mail 25 médicos psiquiatras no Estado. Tratamento visa a reintegração do médico. Proteção do médico e do público. Consultoria Jurídica e Assistência Social. O que não é? Instância pericial, administrativa, punitiva ou disciplinar. Não é disque-denúncia. A B R A N G Ê N C I A Rede de Apoio a Médicos SÃO JOSÉ DOS CAMPOS SANTOS Especialista em Dependências Psiquiatra Geral Objetivos Objetivos Descrever o perfil sócio-demográfico e ocupacional Descrever padrão de consumo e diagnóstico do uso de substâncias, observando diferenças entre as especialidades médicas Avaliar a prevalência comorbidades psiquiátricas Observar a freqüência de repercussões sócio-ocupacionais Relatar e divulgar a experiência da Rede de Apoio a Médicos Propor intervenções baseadas em nossos resultados. Material e Métodos Aspecto Temporal da Coleta dos Dados Material e Métodos Desenho: Estudo Transversal e Descritivo. Setting: UNIAD Entrevistadores: 2 Critérios de Inclusão: Médicos Dependência química, Transtorno Mental, Burnout Capacidade de fornecer consentimento informado Participação na entrevista presencial. Critérios de Exclusão: Estudantes. Tabagismo exclusivamente. Instrumentos Termo de consentimento livre e esclarecido Checklist de Sintomas (CID-10) Inventário para Burnout (MBI) Inventário sócio-demográfico e ocupacional Resultados Estudo Piloto Enviamos questionários para psiquiatras especialistas em dependências pessoalmente, via correios ou via internet. O padrão para preenchimento do questionário foi a entrevista clínica psiquiátrica. Foram consideradas as respostas obtidas durante um período de três meses. Total de 206 questionários de 18 profissionais, dos quais consideramos 8 inadequados. 1º Artigo 1º Artigo Razão para busca de tratamento 1 18 Própria 22 Familiares Colegas 53 Outros 1º Artigo 1º Artigo 70 No Casamento 60 No Exercício 50 Internado 40 Acidente Auto 30 Perda de Emprego 20 Problemas c/ Justiça C/ o Conselho Regional 10 0 1º Artigo 1º Artigo A pioneering experience in Brazil: the creation of a support network for alcohol and drug dependent physicians. A preliminary report. Resultados: 247 contatos (192 compareceram ao primeiro atendimento), 158 homens (82,3%); a maioria casados (55%), Idade média de 42,4 ± 11,1 anos. O intervalo identificação do problema - busca de tratamento: 7,5 anos. As causas de procura por atendimento foram: Duplo diagnóstico (67,7%), Dependência química (20,8%), Transtornos mentais (7,8%), Burnout (4,2%). 2º Artigo Aceito pela RBP em 11/2006 A pioneering experience in Brazil: the creation of a support network for alcohol and drug dependent physicians. A preliminary report. Repercussões: Problemas no exercício profissional (63,5%), Problemas no Conselho Regional de Medicina (13%), Desemprego (21,6%), Mudança de especialidade (9,3%). Internação psiquiátrica (31,2%) Auto-medicação (71,8%) 2º Artigo Aceito pela RBP em 11/2006 Quem decidiu pelo tratamento? 1 0 16 18 Própria 22 Familiares Colegas 32 53 Outros Até 2002 Após 2002 52 Is there a specific typology for the drug dependent anaesthesiologist? 57 anestesistas: Homens (77,2%); Casados (42,1%) Idade média 36,1 (DP= 8,5) Uso de opióides (59,6%), benzodiazepínicos (35,1%) e álcool (35,1%) Auto-medicação foi maior entre usuários de opióides (p=0,001) Tempo para busca de ajuda foi menor para usuários de opióides (p=0,048) Forma de busca foi diferente (p=0,013) Tipo de início de uso de drogas diferenciado em 29 casos (50,8%) 3º Artigo Submetido ao Addiction em 03/2007 Is there a specific typology for the drug dependent anaesthesiologist? Tempo decorrido até a busca de tratamento 60 50 50 40 43,5 39,1 35,3 30 20 13,4 11,6 10 0 2,9 Menos de 1 Ano Entre 1 e 5 anos Usuários de Opióides 3º Artigo Entre 6 e 15 anos 4,4 Mais de 15 anos Não Usuários Submetido ao Addiction em 03/2007 Padrões de uso de substâncias entre médicos dependentes de álcool e drogas, segundo especialidades 4º Artigo Será submetido em jul/2007 Padrões de uso de substâncias entre médicos dependentes de álcool e drogas, segundo especialidades 365 médicos, sendo a maioria homens (319 ou 87,4%) Mulheres buscaram o tratamento mais precocemente; maior consumo de BZD (p<0,001) e anfetaminas (p=0,002) Auto-medicação: 71,2% Comorbidades: 51,5% Outros Estados: 10,7% Comorbidades e número de drogas consumidas (p<0,001) 4º Artigo Será submetido em jul/2007 Padrões de uso de substâncias entre médicos dependentes de álcool e drogas, segundo especialidades Forma de Busca de Tratamento por Especialidades 49,1 50 40 30 44,4 38,6 36,8 37,6 37,8 24,6 17,8 20 13,3 10 0 Anestesia Cirúrgicas Voluntária Familiares 4º Artigo Clínicas CRM/Colegas Será submetido em jul/2007 p<0,001 Padrões de uso de substâncias entre médicos dependentes de álcool e drogas, segundo especialidades p<0,001 4º Artigo Será submetido em jul/2007 Padrões de uso de substâncias entre médicos dependentes de álcool e drogas, segundo especialidades P=0,021 4º Artigo Será submetido em jul/2007 Limitações Limitações Estudo Transversal Foco na dependência química Validade do diagnóstico de comorbidades Pequeno número de variáveis/ Instrumentos diagnósticos Classificação em especialidades. Amostra de conveniência. Conclusões Conclusões Tempo para busca de tratamento é semelhante ao levantado na literatura internacional1. Alta prevalência de comorbidades (51,5% ou 188 casos no 4º artigo). As repercussões familiares foram importantes (problemas conjugais e pressão de familiares na busca de auxílio). Baixo índice de repercussões ético-legais comparadas às repercussões no desempenho profissional. Auto-medicação (71,2% no 4º artigo). A idade média de início de problemas foi de 32,86 (DP=10,05). 1Brooke et al., 1991 Conclusões Baixo índice de procura por médicos com transtornos mentais ou burnout, exclusivamente. Anestesiologistas: hiper-representados; Ginecologistas e Pediatras: hipo-representados. O índice de mudança de especialidades é baixo. O álcool foi a droga mais consumida; detecção mais tardia. BZD e os opióides foram, respectivamente, a segunda e a terceira classe de drogas mais consumidas. Mulheres consumiram mais BZD e anfetaminas, e procuraram auxílio mais precocemente. Número considerável de médicos de outros Estados: 10,7%. Considerações Finais Boa recepção do CRM. Aceitação do tema por parte da comunidade científica. O número de atendimentos é pequeno tendo em vista a população médica do Estado. É necessária uma profunda mudança cultural.