A Crise Mundial: uma
Perspectiva Europeia
Vitor Gaspar, Director Geral do BEPA (Bureau of European
Policy Advisers)
Universidade Europa, Curia 20 de Março
20 Março 2009
O conteúdo desta apresentação é da inteira responsabilidade do autor e não reflecte necessariamente a
opinião da Comissão Europeia.
BOTTOM LINE
1.
A crise expandiu-se globalmente através de fortes
ligações económicas e financeiras. A crise tem um
carácter mundial
2.
A experiência da Grande Depressão mostra que
abordagens nacionais unilaterais levam a repercussões
negativas e a retaliações que aprofundaram e
prolongaram
a
crise.
É
necessário
actuar
multilateralmente para preservar o comércio livre.
3. A Europa é a maior e mais integrada entidade
económica no mundo. Em nenhum outro lugar se
justifica tanto este tipo de acção coordenada para
explorar sinergias e evitar repercussões negativas
Conteúdo
1.
2.
3.
4.
5.
Factores que contribuem para a actual crise
mundial.
Acontecimentos na economia e nos mercados
financeiros depois de Outubro de 2008.
Respostas políticas à crise mundial.
O Plano Europeu de Recuperação Económica.
Conclusão
1. Factores que contribuem para a
actual crise mundial

Vários elementos deram origem à crise financeira que
começou em Agosto de 2007:

Factores macroeconómicos - A grande moderação:
baixa volatilidade dos agregados macroeconómicos,
baixa inflação, bolhas no mercado imobiliário,
desequilíbrios internacionais crescentes e insustentáveis

Factores microeconómicos – Inovação financeira: novos
instrumentos financeiros de complexidade sem
precedentes, desenvolvimento do modelo das
operações bancárias “originate and distribute” como
complemento ao “originate and hold”, excesso de risco
assumido por aqueles que não têm condições de o
suportar, má gestão de riscos, regulamentação e
supervisão desadequadas.
2. Acontecimentos na economia e
nos mercados financeiros depois
de Outubro de 2008

O panorama económico deteriorou-se à medida que a crise
mundial se intensificou no Outono passado:

As previsões intercalares da Comissão para 2009-2010, publicadas
em 19 Janeiro, estimam que o crescimento do PIB mundial abrande
para 0,5% em 2009 relativamente a 3,3% em 2008.

Para a UE, prevê-se uma quebra do PIB até 1,8% em 2009 antes de
recuperar para 0,5% em 2010.

Na zona euro, a previsão é de -1.9% e 0.4%, respectivamente.

As previsões da Comissão estão de acordo com actualizacão adhoc, feita em Janeiro 2009, do World Economic Outlook, do FMI,
publicado em Novembro 2008.
2. Acontecimentos na economia e
nos mercados financeiros depois
de Outubro de 2008

As pressões de risco financeiro sistémico
baixaram desde Setembro-Outubro de 2008
como
resultado
do
apoio
financeiro
governamental contínuo e sem precedentes.

No entanto, os mercados ainda não
regressaram à normalidade e percepções de
risco - tal como reflectidas nos spreads das taxa
de juro - estão ainda muito acima dos níveis no
início da crise e, especialmente, dos níveis précrise.
2. Acontecimentos na economia e
nos mercados financeiros depois
de Outubro de 2008
Figure 2. 3-month Libor spreads to Overnight Index Swaps – as of Mar 4, 2009
2. Acontecimentos na economia e
nos mercados financeiros depois
de Outubro de 2008
Figure 3. 3-mo US TED Spread: T-bill vs. Libor - as of Mar 3, 2009
2. Acontecimentos na economia e
nos mercados financeiros depois
de Outubro de 2008

No entanto as pressões continuam presentes nos mercados de
credito que financiam directamente a economia real.
Figure 4. Commercial MBS spreads as of Mar 3, 2009
2. Acontecimentos na economia e
nos mercados financeiros depois
de Outubro de 2008
Figure 5. Spreads in consumer finance sectors as of Jan 12, 2009
3. Respostas políticas à crise
mundial



No actual estado da crise financeira, não se pode esperar
que o mecanismo de transmissão opere como em
circunstâncias
normais;
a
responsabilidade
da
estabilização recai sobre a política orçamental. As
iniciativas de política orcamental são necessárias para
complementar a acção política monetária.
As repercussões em toda os paises podem ser
significativas nas actuais circunstâncias – dai a
importância das medidas para reforçar a coordenação
política internacional.
Inter-relações e interdependência são particularmente
fortes na União Europeia e, nomeadamente, na área do
euro.
3. Respostas políticas à crise
mundial
Os Estados-Membros estão perante uma
desordem comum, experimentam fortes
repercussões mutuas nas suas acções
políticas e partilham interesses comuns:
•
•
•
•
O Mercado Único e a Moeda Única
Ajustamento Estrutural e Crescimento Sustentável.
Estabilidade
financeira
e
estabilidade
macroeconómica.
Governanção multilateral para a economia mundial.
3. Respostas políticas à crise
mundial
•Provisão de liquidez pelo Banco Central e forte
redução das taxas de juro;
•Extensão de garantias sobre os passivos dos
bancos.
•Injecções de capital e (em alguns casos)
controle estatal
•Tratamento de activos tóxicos.
•Estímulo orcamental discricionário.
•Revisão do quadro regulamentar e de
supervisão.
4. O Plano Europeu de
Recuperação Económica
O “PERE” assenta em dois pilares:
I.
II.
Estímulos orçamentais discricionários
Áreas prioritárias para a estratégia de Lisboa
Os Estímulos orçamentais devem estar em conformidade
com critérios:
de coordenação;
de oportunidade;
centrados em objectivos específicos;
e de carácter temporário.
4. O Plano Europeu de
Recuperação Económica
Actuacão política que respeite as regras do Mercado Único
e do Pacto de Estabilidade e Crescimento.
Actuacão política deverá respeitar as prioridades da
Agenda de Lisboa e a urgência de reformas
estruturais.
As crises são tambem momentos de oportunidade.
Colocam-se questões difíceis e põe-se em causa
formas tradicionais de funcionamento.
O “PERE” leva-nos não só a recuperar da crise, mas
também a uma prosperidade sustentável a longo
prazo.
5. Conclusão

As regras dos auxílios estatais existentes na UE e as
orientações ex-ante da CE têm desempenhado um papel
importante no sentido de assegurar um grau mínimo de
coerência entre as medidas tomadas pelos Estados-Membros,
contribuindo para a melhor obtenção de resultados coordenados
(Mercado Único).

Característica-chave de intervenção: a reconciliação das
perspectivas de intervenção pública a curto e longo prazo é
fundamental para se alcançar um sector bancário sustentável e
competitivo e, portanto, uma base financeira para a economia
real.

A reconcialiação entre as perspectivas a curto e longo prazo
também está presente na política orcamental. A expansão
discricionária deve ser (co-ordenada) oportuna, orientada, e
temporária (PEC).
5. Conclusão

A construção das bases para a recuperação
sustentável requer (como uma condição necessária,
embora não suficiente) a restauração da estabilidade
financeira.

Mas, para prevenir e gerir crises futuras, são
fundamentais novos progressos na área da
regulamentação,
supervisão
coordenada
e
procedimentos de gestão de crise (tal como
apresentados nas recomendações do ESRC &
ESFS).

O mesmo se aplica no contexto mundial (G20). O
Relatório de Larosière é também uma contribuição da
UE para o G-20.
A Crise Mundial: uma
Perspectiva Europeia
Vitor Gaspar, Director Geral do BEPA (Bureau of European
Policy Advisers)
20 Março 2009
O conteúdo desta apresentação é da inteira responsabilidade do autor e não reflecte necessariamente a
opinião da Comissão Europeia.
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