REALISMO / NATURALISMO CONTEXTO CIENTIFICISMO EUROPEU: > Darwin - Teoria da Evolução das Espécies > Comte - Sociologia / Positivismo > Taine - Teorias Deterministas (social e biológico) II REVOLUÇÃO INDUSTRIAL MARX Sociedade burguesa retratada como hipócrita, sem caráter, ociosa e adúltera Realismo / Naturalismo > Objetividade / Impessoalidade > Verossimilhança - imitação da realidade > Pessimismo - descrença nos valores humanos Descrição - recriação pormenorizada do ambiente / mundo Literatura engajada Realismo Análise Psicológica / Ser Humano Naturalismo Determinismo social (meio) e biológico (raça) Atração pela patologia Animalização (PUC-PR) Identifique as afirmações corretas sobre o “cientificismo” enquanto característica marcante da produção intelectual relacionada ao Realismo e ao Naturalismo: I - Exemplificam o espírito científico do século XIX o darwinismo, o evolucionismo e o determinismo dos positivistas. II - Em literatura, a crença na ciência levou à escrita dos “romances de tese”, vinculando a criação artística à necessidade de comprovar alguma idéia. III - O escritor realista/naturalista preocupa-se principalmente com o passado e a história; são raros os romances que tratam dos problemas de sua própria época. Aluísio de Azevedo (1857-1913) obras: O Mulato, Casa de Pensão, O Cortiço (obra máxima do Naturalismo) > revelação da miséria urbana > enfoque nas classes marginais > tese dominante: determinismo do meio > coletivo sobre o individual > desagregação dos instintos > principais personagens: João Romão, Bertoleza, Miranda, Jerônimo, Rita Baiana, Pombinha Sua obra é dividida em duas fases - romântica e realista não se enquadram nos modelos tradicionais Memórias Póstumas de Brás Cubas - 1881 primeira obra realista Fase realista - Vícios morais - Ironia - Rompimento da estrutura linear -Narrativa em primeira pessoa (D. Casmurro) - Diálogos narrador x leitor (MPBCubas) - Crítica ao cientificismo (O alienista) - Inverossímil (MPBCubas) Machado de Assis (1839-1908) 1ª fase (tendências românticas) Obras: Ressurreição A mão e a luva Helena Iaiá Garcia RESSURREIÇÃO O confronto de personalidade e de amores frustrados, numa crítica mordaz à natureza humana. IAIÁ GARCIA Casamentos arranjados, amores proibidos e jogos de interesse compõem este painel que retrata a sociedade contemporânea ao autor. Características gerais: Crença nos valores da época Estrutura de folhetim Esquematismo psicológico A MÃO E A LUVA O conflito entre o amor e o interesse na realização do casamento é o eixo temático deste romance. HELENA O trágico envolvimento entre Helena e Estácio, supostamente irmãos, é o tema central. Machado de Assis (1839-1908) 2ª fase (tendências realistas) Obras: Memórias Póstumas Brás Cubas Quincas Borba Dom Casmurro Esaú e Jacó Memorial de Aires Características gerais: de Análise psicológica (os seres vistos em sua complexidade psíquica) Análise dos valores sociais (os valores que a sociedade cria para justificar sua própria existência) Pessimismo (descrença nos indivíduos e na organização social) Ironia (o chamado “sense of humor”, inspirado nos ingleses Sterne e Swiff) Refinamento da linguagem narrativa MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS Através do relato cômico-fantástico de um defunto-narrador, uma visão cética e desiludida da vida. QUINCAS BORBA A trajetória do provinciano Rubião e do casal interesseiro Palha e Sofia. Machado narra a perdição e a loucura existente na Corte. DOM CASMURRO O solitário Bentinho relembra sua vida e o seu amor pela bela e “dissimulada” Capitu, em tom amargo, e, ao mesmo tempo, irônico. MEMORIAL DE AIRES A natureza humana é examinada por um narrador-observador atento e complacente neste que é o último Pedro = republicano romance de Machado. Paulo = monarquista Escrito em forma de A inimizade e as posições diário, inspirado na ideológicas representariam esposa Carolina. o momento que o Brasil Personagem principal: vivia - transição Império > D. Carmo. República O ALIENISTA A loucura é o tema deste livro, em que o autor satiriza a crença nos poderes ilimitados da ciência, bem ao gosto do Realismo. ESAÚ E JACÓ Através da história de permanente rivalidade entre os dois irmãos, uma análise profunda da alma humana. Raul Pompéia (1863-1895) O ATENEU Raul Pompéia Personagens: Sérgio, Aristarco, Ema Corrupção do ambiente Crítica ao sistema de ensino Crítica à sociedade que o internato representa Mundo dominado pelo sexo, dinheiro e ânsia de poder Destruição psicológica e moral de Sérgio Presença emotiva do narrador – narrativa em 1ª pessoa – tom caricatural Impressões do passado revividas Inclusão do romance no Realismo (alguns críticos) Inclusão do romance no Impressionismo (outros críticos) Linguagem trabalhada IMPRESSIONISMO: Captação imediata, momentânea e não racionalizada da realidade Interação direta entre os artistas e o mundo Domínio da impressão sobre a análise Sensorialismo (FEEVALE) - Analise as seguintes afirmações sobre a obra Dom Casmurro, atribuindo V aos enunciados que forem verdadeiros e F aos que forem falsos: ( ) A história é narrada em primeira pessoa, mostrando ao leitor uma visão parcial dos fatos, sob a ótica do personagem Bentinho. ( ) No final da narrativa, após a morte de Capitu, o personagem-narrador descobre que suas desconfianças da infidelidade da esposa eram infundadas. Com isso, sente um profundo remorso e passa a viver recluso, calado - daí o apelido Dom Casmurro. ( ) A descrição dos olhos de Capitu como “olhos de cigana oblíqua e dissimulada” sugere que ela é uma mulher esquiva e fingida, que não revela o que pensa e o que sente. ( ) Machado de Assis cria um clima de ambigüidade e incerteza, que marca todo o texto, de tal modo que, no final da história, o leitor ainda não sabe se Capitu cometeu adultério ou não. A propósito do Naturalismo, é correto afirmar que: a) as ações dos homens são consideradas resultantes de um compromisso moral entre o ser humano e as forças espirituais, que transcendem a matéria e tendem ao eterno. b) há preferência por temas sociais e psicológicos, visto que o objetivo maior dessa corrente literária é a análise percuciente das causas e conseqüências dos fatos históricos. c) é um tipo de Realismo que tenta explicar romanticamente a conduta e o modo de ser dos personagens. d) tem como características, entre outras, o determinismo biológico, a tematização do patológico e a aplicação do método experimental. e) no Brasil, o romance naturalista exalta o homem metafísico, em oposição ao homem animal, cujas ações e intenções o escritor condena. Considere as alternativas abaixo sobre a obra de Machado de Assis. Quais estão corretas? I – é permeada pelo pessimismo do autor, aliado a uma fina ironia e a um aguçado senso crítico. II – inclui contos, poemas e romances e supera estilos e modas, sendo uma literatura com características próprias e únicas. III – seus personagens não são seres extraordinários, nem procedem de maneira heróica. O autor não se interessa somente pela descrição do exterior, mas penetra nas consciências dos personagens, revelando a verdade de cada um deles. Identifique com R as afirmações que se referem ao Realismo machadiano e com N as que se referem ao Naturalismo. ( ) concepção pessimista do mundo, filtrada com humor, ironia. ( ) produção de narrativas sugerindo conclusões diversas e possíveis. ( ) descrição minuciosa da vida fisiológica e dos comportamentos desviantes. ( ) cultivo de elipses e saltos temporais por um narrador interveniente e brincalhão. (PUCRS) A subjetividade humana é retratada numa dimensão peculiar no período literário denominado Naturalismo. O amor, por exemplo, a) resulta do anseio de prazer ou da necessidade biológica. b) constitui um sentimento puro. c) está determinado por forças que levam ao sofrimento. d) leva o ser humano à escravidão. e) constitui o verdadeiro espelho da alma. (PUCRS) Todas as afirmativas que seguem podem ser associadas à obra de Machado de Assis, exceto: a) A segunda fase de sua produção apresenta várias reflexões acerca da condição humana. b) O adultério, o interesse, a loucura são algumas das temáticas machadianas. c) A introspecção das personagens inviabiliza a representação social da época. d) Em geral os críticos costumam associar Helena e A mão e a luva à vertente romântica do autor. e) Bentinho, personagem de Dom Casmurro, vive atordoado por questões existenciais. PARNASIANISMO Associado à burguesia européia do final do século XIX Reação à proposta romântica de poesia > Subjetividade Sentimentalismo Alfredo Bosi: “Seus traços de relevo: o gosto da descrição nítida (a mímese pela mímese), concepções tradicionalistas sobre metro, ritmo e rima e, no fundo, o ideal de impessoalidade que partilhavam com os realistas do tempo.” > relação Parnasianismo x Realismo José Guilherme Merquior: “Com sua metrificação marmórea e sua concentração em exterioridades, os parnasianos insistiram no poema oco, brilhante porém gratuito.” Descompromisso para com questões sociais (x Victor Hugo/Castro Alves) Parnasianismo > Monte Parnassus: seria habitado por Apolo e suas musas - daí ser colocado como a morada dos poetas CARACTERÍSTICAS - Objetividade e Impessoalidade - Temática greco-romana - valorização de aspectos, mitos e personalidades do mundo da Grécia e Roma antiga - Descrição - “Arte pela Arte” - a arte vale por si só (deveria buscar a perfeição formal, não se ligando a questões sociais, políticas, econômicas e religiosas) Metapoesia - poesia sobre a construção da própria poesia > A poesia é resultado de esforço / trabalho / dedicação PROFISSÃO DE FÉ (fragmentos) Invejo o ourives quando escrevo: Imito o amor Com que ele, em ouro, o alto-relevo Faz de uma flor. (...) Por isso, corre, por servir-me, Sobre o papel A pena, como em prata firme Corre o cinzel. (...) Torce, aprimora, alteia, lima A frase; e, enfim, No verso de ouro engasta a rima, Como um rubim. Culto à forma Métrica Fixa - Escansão: ato de dividir o verso em sílabas poéticas - segue-se a divisão silábica gramatical, mas quando há o encontro de vogais (mesmo em palavras diferentes) que são pronunciadas juntas, temos somente uma sílaba poética conta-se até a última sílaba tônica Lon/ge/ do es/ té/ ril/ tur/ bi/ lhão/ da/ rua, Be/ ne/ di/ ti/ no, es/ cre/ ve!/ No a/ com/ chego Do/ claus/ tro,/ na/ pa/ ciên/ cia e/ no/ so/ ssego, Tra/ ba/ lha, e/ tei/ ma, e/ li/ ma, e/ so/ fre, e/ sua! VERSO DECASSÍLABO Pri/ ma/ ve/ ra. Um/ so/ rri/ so a/ ber/ to em/ tu/ do. Os/ ramos Nu/ ma/ pal/ pi/ ta/ ção/ de/ flo/ res/ e/ de/ ninhos. VERSO ALEXANDRINO Doi/ ra/ va o/ sol/ de ou/ tu/ bro a a/ rei/ a/ dos/ ca/ minhos (Lem/bras-/te,/ Ro/ sa?) e ao/ sol/ de ou/ tu/ bro/ nos/ a/ mamos. Rimas ricas - rima entre palavras de diferentes classes gramaticais sua (verbo) x rua (substantivo) emprego (substantivo) x grego (adjetivo) Forma soneto - dois quartetos e dois tercetos PARNASIANISMO NO BRASIL Início - 1882 - publicação de Fanfarras, de Teófilo Dias O movimento teve muita força no Brasil - foi uma das causas da Semana de Arte Moderna (1922) > visava o fim da herança parnasiana na poesia/ rompimento com a tradição parnasiana OLAVO BILAC (1865-1918) Carioca Iniciou os cursos de Direito e Medicina (não os concluiu Participou ativamente de campanhas em defesa da Educação, serviço militar obrigatório Autor do ‘Hino da Bandeira’ Foi preso por oposição a Floriano Peixoto Jornalista em diversos jornais do Rio de Janeiro Principais obras - Via-Láctea - Sarças de Fogo - O caçador de Esmeraldas – bandeirante Fernão Dias TEMAS RECORRENTES Traços de tendências românticas - subjetividade/sentimentalismo Temas greco-romanos Metapoesia A UM POETA Longe do estéril turbilhão da rua, Beneditino, escreve! No aconchego Do claustro, na paciência e no sossego, Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua! Amor espiritual/platônico ORA (DIREIS) OUVIR ESTRELAS! “Ora (direis) ouvir estrelas! Certo Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto, Que, para ouvi-las, muita vez desperto E abro as janelas, pálido de espanto… E conversamos toda a noite, enquanto A via-láctea, como um pálio aberto, Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto, Inda as procuro pelo céu deserto. Direis agora: “Tresloucado amigo! Que conversas com elas? Que sentido Tem o que dizem, quando estão contigo?” E eu vos direi: “Amai para entendê-las! Pois só quem ama pode ter ouvido Capaz de ouvir e de entender estrelas.” Amor sensual SATÂNIA Nua, de pé, solto o cabelo às costas, Sorri. Na alcova perfumada e quente, Pela janela, como um rio enorme, Profusamente a luz do meio-dia Entra e se espalha, palpitante e viva(…) Como uma vaga preguiçosa e lenta, Vem lhe beijar a pequenina ponta Do pequenino pé macio e branco. Sobe… cinge-lhe a perna longamente; Sobe… - e que volta sensual descreve Para abranger todo o quadril! – prossegue, Lambe-lhe o ventre, abraça-lhe a cintura, Morde-lhe os bicos túmidos dos seios, Corre-lhe a espádua, espia-lhe o recôncavo Da axila, acende-lhe o coral da boca Questões ligadas à pátria / cultura nacional Língua Portuguesa Última flor do Lácio, inculta e bela, És, a um tempo, esplendor e sepultura: Ouro nativo, que na ganga impura A bruta mina entre cascalhos vela... Amo-te assim, desconhecida e obscura Tuba de alto clangor, lira singela Que tens o trom e o silvo da procela, E o arrolo da saudade e da ternura! RAIMUNDO CORREIA (1860-1911) Maranhão Direito / Promotor / Professor Abolicionista e republicano Chegou a ser governador da Província do Rio de Janeiro Acusado de plagiar poemas franceses Influência de Arthur Schoppenhauer Morreu em Paris, enquanto buscava tratamento para problemas de rins > foi enterrado no cemitério Père Lachaise Principais obras: - Primeiros Sonhos - Sinfonias - Aleluias TEMAS RECORRENTES Melancolia Pessimismo Questões existenciais /metafísicas / filosóficas / condição humana AS POMBAS Vai-se a primeira pomba despertada… Vai-se outra mais… mais outra…enfim dezenas De pombas vão-se dos pombais, apenas Raia sangüínea e fresca a madrugada… E à tarde, quando a rígida nortada Sopra, aos pombais de novo elas, serenas, Ruflando, as asas, sacudindo as penas, Voltam todas em bando e em revoada… Também dos corações onde abotoam, Os sonhos, um por um, céleres voam, Como voam as pombas dos pombais; No azul da adolescência as asas soltam, Fogem… Mas aos pombais as pombas voltam, E eles aos corações não voltam mais… MAL SECRETO Se a cólera que espuma, a dor que mora N´alma, e destrói cada ilusão que nasce, Tudo o que punge, tudo o que devora O coração no rosto se estampasse; Se se pudesse o espírito que chora Ver através da máscara da face, Quanta gente, talvez, que inveja agora Nos causa, então piedade nos causasse! Quanta gente que ri, talvez, consigo Guarda um atroz, recôndito inimigo, Como invisível chaga cancerosa! Quanta gente que ri, talvez existe, Cuja única ventura consiste Em parecer aos outros venturosa! ALBERTO DE OLIVEIRA (1857-1937) Rio de Janeiro Iniciou sua educação formal aos 10 anos de idade Medicina (não concluído) / Farmácia Professor de Português / História / Literatura Fundador da cadeira número 8 da Academia Brasileira de Letras Principais obras: - Meridionais - Sonetos e poemas - Versos e rimas TEMAS RECORRENTES Descrição de objetos / natureza Contenção sentimental Poemas mais famosos Vaso Grego, Vaso Chinês, O Muro O Muro É um velho paredão, todo gretado, Roto e negro, a que o tempo uma oferenda Deixou num cacto em flor ensangüentado E num pouco de musgo em cada fenda. Serve há muito de encerro a uma vivenda; Protegê-la e guardá-la é seu cuidado; Talvez consigo esta missão compreenda, Sempre em seu posto, firme e alevantado. Horas mortas, a lua o véu desata, E em cheio brilha; a solidão se estrela Toda de um vago cintilar de prata; E o velho muro, alta a parede nua, Olha em redor, espreita a sombra, e vela, Entre os beijos e lágrimas da lua.