DISCURSO DE ABERTURA ÓRGÃO DO EXECUTIVO DA REPÚBLICA DE ANGOLA SUA EXCELÊNCIA MINISTRA DA JUSTIÇA – Dr.ª GUILHERMINA PRATA EM REPRESENTAÇÃO DE SUA EXCIA SENHOR PRESIDENTE DA REPÚBLICA – ENG. JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS Venerando Juiz Presidente do Tribunal Constitucional de Angola-Dr. Rui Ferreira Venerando Juiz Presidente do Conselho Constitucional de Moçambique-Dr. Hermenegildo Gamito Veneranda Juíza Presidente do Supremo Tribunal de Justiça da Guiné Bissau- Dra. Maria do Céu Monteiro Venerando Juiz Presidente do Tribunal Constitucional de Portugal-Prof. Rui Moura Ramos Veneranda Juíza Conselheira do Supremo Tribunal de Justiça de Timor Leste-Dr.ª Natércia Gusmão Professor Doutor Joaquim Gomes Canotilho Dr. Schnutz Rudolf Durr Minhas Senhoras e Meus Senhores Excelências, É com elevada honra que em representação do Presidente da República e Titular do Poder Executivo da República de Angola, Sua Excelência Engenheiro José Eduardo Dos Santos, aqui estou presente para proceder à abertura do Seminário da Conferência das Jurisdições Constitucionais dos Países De Língua Oficial Portuguesa, que tem como tema "O Direito de Acesso à Justiça Constitucional". Trata-se de um acontecimento de singular significado e representa uma grande honra para o Tribunal Constitucional Angolano, que sobre ele recaiu a responsabilidade de promover e acolher a sua realização. A realização deste Seminário permitirá uma reflexão profunda e comum entre as distintas delegações aqui presentes, que para além de partilharem as atribuições previstas pelas Constituições dos respectivos países, haverá a possibilidade de se debater o asseguramento, a solidificação e o funcionamento dos nossos países como Estados democráticos e de direito. Não nos olvidemos que partilhamos uma história, cultura e língua comum, de lembrar que tais afinidades têm propiciado para além do incessante e permanente cruzar dos respectivos povos, múltiplas formas de intercâmbio e cooperação, tanto de carácter bilateral, como multilateral e seja em domínios específicos da esfera pública e privada, como no domínio e no plano da política global. Excelências; A construção de um Estado democrático, e de direito, que tem como fundamentos a soberania popular, o primado da Constituição e da lei, separação de poderes e interdependência de funções, a unidade nacional, o pluralismo de poderes de expressão e de organização política bem como de uma democracia representativa e participativa, não resulta do accionamento de um mecanismo automático por si só, nem tão pouco se basta com a criação de um Tribunal Constitucional ou de Órgãos Análogos, mas acima de tudo com o reforço dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos e o funcionamento regular dos órgãos incumbidos de administrar a justiça, respondendo com celeridade as preocupações de justiça dos cidadãos, contribuindo desta forma para a credibilização da justiça e o reforço da confiança dos cidadãos no sistema de justiça e dos tribunais em particular, dos nossos países. Tendo como base estes postulados o Executivo angolano tem levado a cabo um processo de Organização e reforma da Justiça, com a institucionalização do Tribunal Constitucional, a aprovação da Constituição e a subsunção à discussão pública do Anteprojecto do código penal e a revisão do Código de Processo penal bem como demais legislação, que constituem a trave mestra de todo sistema judicial num Estado de Direito e Democrático. E de salientar que um Estado de democrático e de direito exige muito mais, como a simplificação do direito ao acesso justiça, os meios processuais, cumprimento dos prazos, e outros instrumentos legais que concorrem para a materialização do direito ao acesso a justiça, em particular a justiça constitucional, evitando deste modo que a justiça seja um conceito oco desprovido de valor aos olhos do cidadão comum. Esperamos, que as matérias a serem abordadas durante o presente Seminário possam contribuir de forma construtiva e produtiva para a facilitação do acesso às normas constitucionais e com isto à realização da tão almejada justiça constitucional nos nossos países. Com estas palavras declaro aberto o Seminário da Conferência das Jurisdições Constitucionais dos Países de Língua Portuguesa.