ANDREZZA SOSSAI RODRIGUES DE CARVALHO EFEITO DA ATIVIDADE FÍSICA EM UM MODELO EXPERIMENTAL DE MIASTENIA GRAVE EM RATOS Monografia apresentada a Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de medicina para a obtenção do título de Especialista em Intervenções Fisioterapêuticas em Doenças Neuromusculares SÃO PAULO 2004 ANDREZZA SOSSAI RODRIGUES DE CARVALHO EFEITO DA ATIVIDADE FÍSICA EM UM MODELO EXPERIMENTAL DE MIASTENIA GRAVE EM RATOS Monografia apresentada a Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina para a obtenção do título de Especialista em Intervenções Fisioterapêuticas em Doenças Neuromusculares SÃO PAULO 2004 CARVALHO, Andrezza Sossai Rodrigues de. Efeito da atividade física em um modelo experimental de miastenia grave em ratos/ Andrezza Sossai Rodrigues de Carvalho – São Paulo, 2004. x, 36f. Monografia (Especialização) – Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina. Programa de pós-graduação em Intervenção Fisioterapêutica em Doenças Neuromusculares. Título em inglês: The effects of physical activity in an experimental model the myasthenia gravis in rats. 1. Miastenia Grave. 2. Modelo experimental. 3. Atividade Física. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA DEPARTAMENTO DE NEUROLOGIA/NEUROCIRURGIA CHEFE DO DEPARTAMENTO: Profa Dra. Débora Amado Scerni COORDENADORES DO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM INTERVENÇÕES FISIOTERAPÊUTICAS NAS DOENÇAS NEUROMUSCULARES: Prof. Dr. Acary Souza Bulle de Oliveira, Ms. Francis Meire Fávero Ortensis ANDREZZA SOSSAI RODRIGUES DE CARVALHO EFEITO DA ATIVIDADE FÍSICA EM UM MODELO EXPERIMENTAL DE MIASTENIA GRAVE EM RATOS PRESIDENTE DA BANCA: Prof. Dr. Alexandre Valotta da Silva BANCA EXAMINADORA: Prof. Dr. Mario Mariano Ms. Francis Meire Fávero Ortensis APROVADA EM: ____/___/___. DEDICATÓRIA Ao meu tão querido e amado pai Décio, por todo esforço e amor dedicados a mim todos os dias de minha vida. A minha amada mãe Marcelina (in memória), pelo exemplo de mulher que levarei por toda minha vida e por todas as lembranças e ensinamentos deixados por ela. AGRADECIMENTOS Primeiramente agradeço a Deus, pela saúde, tranqüilidade e perseverança concedidas a mim para a realização deste trabalho e por ser minha fortaleza nos momentos de dificuldade. Ao tão paciente Mestre, Dr. Alexandre Valotta da Silva, pelos ensinamentos, dedicação e entusiasmo durante a realização deste trabalho. A todos do Laboratório de Neurologia Experimental da UNIFESP, por terem me recebido e, cada qual, cooperado para meu aprendizado frente a um novo desafio. Aos professores Mario Mariano e José Daniel Lopes, Laboratório de Imunologia UNIFESP, por sempre estarem dispostos a me auxiliar durante toda a realização do projeto. A professora Maria Aparecida Juliano, Laboratório Biofísica da UNIFESP, e a Juliana Carlota, Laboratório de Psicobiologia da UNIFESP, pelo auxilio e colaboração prestados a mim. Ao instituto Carlo Besta Milão, pela tão importante e grande colaboração. Aos queridos amigos que fizeram parte, mesmo que indiretamente, de todo o trabalho; sempre interessados e confiantes de que tudo daria certo. SUMÁRIO DEDICATÓRIA..........................................................................................................vi AGRADECIMENTO..................................................................................................vii LISTA.........................................................................................................................ix RESUMO...................................................................................................................x 1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................1 1.1. Definição e Histórico...........................................................................................1 1.2. História natural e fisiopatologia da miastenia grave...........................................4 1.3. Procedimentos diagnósticos...............................................................................9 1.4. Formas de classificação da miastenia grave....................................................11 1.5. Terapêutica para a miastenia grave.................................................................13 1.6. Terapias complementares.................................................................................15 1.7. Miastenia grave experimental...........................................................................18 2. OBJETIVOS.........................................................................................................24 2.1 Objetivos gerais.................................................................................................24 2.2 Objetivos específicos.........................................................................................24 3. MATERIAL E MÉTODO.......................................................................................25 4. RESULTADOS PRELIMINARES E PERSPECTIVAS.........................................28 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................29 ABSTRACT..............................................................................................................35 LISTA DE ABREVIATURAS ACF adjuvante completo de Freud ACh acetilcolina AChE acetilcolinesterase AChR receptor de acetilcolina JNM junção neuromuscular MG miastenia grave MGAE miastenia grave autoimune experimental TAChR receptor de acetilcolina purificado do órgão elétrico da enguia RESUMO A Miastenia Grave é caracterizada por uma alteração na transmissão nervomúsculo, decorrente da deficiência de receptores de acetilcolina na junção neuromuscular. A terapia medicamentosa para a miastenia grave auto-imune proporciona apenas alívio sintomático, que raramente é completo, não alterando a evolução da doença. O presente projeto de pesquisa tem por objetivo estudar os efeitos da atividade física, como uma terapia adjuvante, sobre a sintomatologia e a evolução da miastenia grave através da utilização de um modelo experimental em ratos da linhagem Lewis. Para tanto, os animais do grupo experimental serão imunizados através da injeção subcutânea de uma emulsão contendo o receptor de acetilcolina purificado (TAChR) ou um peptídeo sintético com a seqüência imunogênica da molécula do receptor. Após a imunização, os animais serão pesados e avaliados do ponto de vista motor (teste de campo aberto) a cada sete dias. Decorridos 30 dias da imunização, os animais serão submetidos a atividade física em esteira rolante por trinta minutos durante trinta dias consecutivos. Como controles, serão utilizados ratos não imunizados e ratos imunizados não submetidos ao programa de atividade física. Estamos certos de que a utilização de um modelo experimental de MG trará uma grande contribuição desenvolvimento da fisioterapia aplicada às doenças neuromusculares. ao 1. INTRODUÇÃO 1.1. DEFINIÇÃO E HISTÓRICO Muitas doenças interrompem a transmissão entre os neurônios e suas células-alvo, sendo a miastenia grave (MG) uma delas. A MG é caracterizada por uma alteração na transmissão nervo-músculo, decorrente da deficiência de receptores de acetilcolina (AChR) na junção neuromuscular (JNM) (1-2). O primeiro caso de miastenia foi descrito em 1877 por Wilks, entretanto, já em 1672, Willis relatou uma doença que apresentava características semelhantes às da MG (1- 2). Durante muito tempo, a doença ficou conhecida como síndrome de ErbGoldflam. Apenas em 1895, Jolly empregou o termo MG, juntamente com o termo “pseudoparalítico”; que demonstrava a ausência de lesão estrutural à necropsia, sendo o primeiro a provar que a estimulação farádica repetida do nervo motor poderia diminuir a fraqueza muscular e ainda, curiosamente, sugeriu o uso da fisostigmina como forma de tratamento. Mais tarde Reman (1932) e Walker (1934) demonstraram o valor deste fármaco na MG (1-3). Por volta de 1900, alguns neurologistas descreveram características clínico-patológicas importantes da doença, como a relação entre a MG e a glândula do timo, e a proposta de que algum agente causava fraqueza muscular. Nessa época, ainda não se considerava a existência de uma base auto-imune para a doença, apesar da observação de infiltrados linfocitários nos músculos em exames póst-mortem (1, 4). Em 1905, Buzzard demonstrou que a fraqueza muscular, os infiltrados linfocitários e as lesões tímicas eram causadas por um agente tóxico, estabelecendo uma relação entre a MG e as doenças de Graves e Addison (1). Por volta da metade da década de 1930, duas descobertas ajudaram a identificar a MG como uma doença da transmissão neuromuscular. Walker descobriu que inibidores da acetilcolinesterase (AChE) revertem os sintomas da MG e Dale, Feldberg e Vogt demonstraram que a transmissão na JNM se dá através de um mediador químico que foi denominado acetilcolina (ACh) (5, 6). Ainda nessa época, houve o reconhecimento de que aproximadamente 15% dos pacientes adultos com MG apresentavam um tumor benigno no timo, sendo Blalock (1939) (7) o primeiro a afirmar que os sintomas dos pacientes miastênicos melhoravam após a remoção do timoma. Após esse achado, Blalock e Harvey (1950) descobriram que a remoção do timo era benéfica também para pacientes miastênicos que não apresentavam timoma (4). Entre 1940 e 1960, Harvey e colaboradores (8) descreveram detalhadamente as bases fisiológicas da doença. Descobriu-se que na MG a amplitude dos potenciais de ação compostos provocados diminuem rapidamente, diferentemente do músculo humano normal. Essa anormalidade na amplitude dos potenciais de ação assemelha-se ao padrão induzido pela dtubocurarina (curare) em músculo normal, onde há bloqueio dos receptores colinérgicos e conseqüentemente inibição da ação da Ach na JNM. A concepção de que a MG é decorrente de um transtorno imunológico foi proposta em 1960 por Simpson, seu argumento baseava-se na presença de anormalidades tímicas nos pacientes miastênicos e a associação da MG com outras doenças auto-imunes, tais como artrite reumatóide, lupus eritematoso sistêmico ou hipertireoidismo. Também sugeriu que os anticorpos competiam diretamente com o AChR, bloqueando a transmissão neuromuscular (9, 2). A descoberta crucial surgiu com Chang e Lee (1966) (10), que isolaram e caracterizaram o AChR. Esses químicos estavam preocupados com um problema de saúde pública local em Taiwan – as picadas de cobras venenosas – e descobriram que uma das toxinas que eles isolaram do veneno, a alfabungarotoxina, causava paralisia por se ligar, de maneira irreversível, aos AChR na placa motora. Em 1973 e nos anos seguintes, a natureza auto-imune da doença foi estabelecida especificamente por Fambrough e Drachman (11) , que usaram alfa- bungarotoxina radioativa para marcar AChR em placas motoras humanas e encontraram menos sítios de ligação no músculo miastênico do que nos controles. 1.2. HISTÓRIA NATURAL E FISIOPATOLOGIA DA MIASTENIA GRAVE A MG pode ser considerada uma doença rara, porém tem se observado um aumento na sua prevalência, que pode ser atribuído a uma maior acurácia diagnóstica. Atualmente, a prevalência da MG é cerca de 20 casos por 100.000 habitantes nos Estados Unidos da América, sendo que a expectativa de vida dos pacientes é quase normal. Esta doença manifesta-se em qualquer raça, idade e sexo, sendo que os casos familiares são raros. A doença apresenta um pico de incidência entre 20-30 anos para mulheres e entre 60-70 para homens. Assim, antes dos 40 anos, a MG é três vezes mais freqüente no sexo feminino, enquanto que na velhice a incidência é maior no sexo masculino. Como citado anteriormente, 15% dos pacientes adultos com MG apresentam tumor benigno do timo, predominando, dentre estes, indivíduos do sexo masculino de meia idade (12- 13) . Há diferentes formas clínicas de MG. A miastenia do recém-nascido, decorrente da passagem transplacentária de anticorpos contra AChR, é caracterizada por déficit na sucção, choro fraco, flacidez dos membros e, em alguns casos, insuficiência respiratória. Esses sintomas duram dias ou semanas, mas as crianças recuperam suas funções após esse período. A miastenia congênita é uma forma heterogênea e não auto-imune. Pesquisadores da miastenia grave congênita descobriram que, neste tipo de miastenia, há (1) deficiência de AChE na placa motora; (2) liberação reduzida de ACh pelos terminais; (3) capacidade alterada dos AChR de interagirem com a mesma ou (4) número reduzido de AChR. Há ainda a miastenia de origem medicamentosa, como aquela observada nos pacientes que recebem d-penicilamina para tratamento de artrite reumatóide, cuja manifestação clínica desaparece logo que a medicação é suspensa. A forma mais comum é a miastenia auto-imune, na qual há a ação de anticorpos contra os AChR na JNM. A maneira como se inicia a produção de anticorpos contra os AChR ainda é desconhecida. Uma possibilidade é que a ocorrência de uma infecção viral poderia alterar as propriedades da superfície da placa motora, tornando-a imunogênica; outra possibilidade é que antígenos virais ou bacterianos compartilhem epítopos com o AChR, de modo que, quando uma pessoa é infectada, os anticorpos gerados contra o organismo estranho também podem reconhecer o AChR (2, 4, 13-14). Apesar de não ter sido comprovada a maneira como se inicia a produção de anticorpos, estes parecem interferir na interação da ACh com seus receptores. Na MG, os anticorpos ligam-se aos AChR induzindo sua internalização e degradação. Assim, quando a ACh é liberada na JNM, a chance da molécula de ACh encontrar um receptor antes de ser hidrolisada pela AChE torna-se menor visto que a densidade de AChR está reduzida (4, 14) . Além disso, algumas mudanças morfológicas, tais como a alteração na geometria da placa motora, a redução das dobras juncionais e o alargamento da fenda sináptica, levam à difusão da ACh para longe da fenda e diminuem ainda mais a probabilidade da ACh interagir com receptores funcionais ainda presentes. Todas essas mudanças interferem na transmissão nervo-músculo, já que a ACh torna-se menos eficaz na estimulação da placa motora e, como resultado, o músculo esquelético enfraquece (4, 15). O início da doença costuma ser insidioso, mas há casos de evolução razoavelmente rápida, que pode ser desencadeada por distúrbios emocionais ou infecciosos, geralmente de origem respiratória. A ocorrência de casos agudos pode também ser observada na gravidez, puerpério ou ainda durante procedimentos anestésicos (1-2). A fraqueza da MG quase sempre afeta músculos cranianos, sendo que 50% dos indivíduos apresentam diplopia transitória e ptose assimétrica por fraqueza dos músculos extraoculares (2, 14, 16). Outros sintomas comuns estão relacionados à fraqueza dos músculos da face, levando a um aspecto inexpressivo da mímica, impossibilidade de soprar ou assobiar e queda da mandíbula (14, 16). Fraqueza muscular decorrente do comprometimento bulbar é comum e pode produzir regurgitação nasal de líquidos, engasgo com alimentos e secreções, disfagia e um som anasalado da voz (17). A fraqueza dos músculos laríngeos pode causar abdução anormal das cordas vocais e, após conversação prolongada, a voz desaparece gradualmente. Esses músculos são acometidos em 80% dos casos, mas em apenas 5 a 10% dos pacientes são os primeiros ou únicos músculos envolvidos (18). A fraqueza dos músculos tensores do tímpano pode fazer com que os tons fiquem abafados, bem como a debilidade do estapédio pode causar hiperacusia (18-19) A fraqueza da musculatura cervical faz com que a manutenção da cabeça seja cansativa. Dentre os músculos do tronco, os sacroespinhais são os mais acometidos. Freqüentemente há fraqueza dos músculos proximais dos membros produzindo dificuldade, por exemplo, para subir escadas e levantar os braços. Os membros quase nunca são afetados isoladamente (18-19). Nos casos mais avançados, todos os músculos são afetados inclusive o diafragma, os músculos abdominais e intercostais, bem como os esfíncteres externos da bexiga e do intestino. Quando há envolvimento dos músculos respiratórios a ponto de provocar uma ventilação inadequada, diz-se que o paciente está “em crise”. Tais crises podem ser provocadas por infecção respiratória, procedimento cirúrgico ou mesmo sem motivo aparente. A fraqueza dos músculos respiratórios nos pacientes com MG normalmente é sintomática, dependendo da gravidade da doença, pode variar desde uma dispnéia em repouso até uma dispnéia decorrente de esforço intenso. Em pacientes com MG, o volume corrente normalmente é baixo devido à redução da capacidade inspiratória e do volume de reserva expiratória. Com esta alteração do volume pulmonar, pode haver áreas de atelectasia que mudam a relação ventilação-perfusão e levam a uma conseqüente hipoxemia. A hipercapnia também pode ocorrer como resultado da hipoventilação secundária à fadiga dos músculos inspiratórios, resultando em um aumento do trabalho respiratório (20) . A fraqueza dos músculos expiratórios resulta em debilidade do reflexo da tosse com conseqüente comprometimento da retirada eficaz de secreções (21). Os músculos enfraquecidos na MG sofrem atrofia, mas os reflexos tendinosos estão geralmente preservados. Estes músculos podem ficar doloridos, em especial os músculos dos olhos e da região cervical, mas raramente a dor é uma queixa importante (1 ). Segundo Chaudlhuri e Behan (2004) (22) e Rowland (2003) (4) , outro sinal clínico importante é a fadiga anormal decorrente da estimulação repetitiva dos nervos, que produz uma resposta decrescente do potencial de ação motor provocado. A atividade repetida ou persistente de um grupo muscular influencia em seu poder de contração conduzindo-o a uma paresia progressiva, sendo que o repouso restaura, parcialmente, a força muscular. Porém, a percepção de fadiga é subjetiva, devido à sobreposição entre a noção leiga de cansaço e o sintoma clínico relevante da fadiga. Assim, os pacientes com MG geralmente queixam-se de fraqueza e não de fadiga no sentido de cansaço ou falta de energia. Remissões espontâneas podem ocorrer, mas, remissões longas e completas são raras. As remissões espontâneas, que são significativas, ocorrem durante os primeiros três anos da doença (2). 1.3. PROCEDIMENTOS DIAGNÓSTICOS O diagnóstico da MG geralmente é clínico, a partir dos sinais e sintomas da doença. Entretanto, em pacientes que apresentam fraqueza focal de certos grupos musculares, o diagnóstico pode ser difícil. Por este motivo é realizado um teste farmacológico com uma droga anticolinesterásica (piridostigmina) que, por inibir a AChE, aumenta a probabilidade de ligação da ACh com os AChR remanescentes, produzindo melhora da força muscular. O teste Tensilon é realizado através da injeção intravenosa de cloreto de endorfônio. Inicialmente, cerca de 1 a 2mg da substância são injetados durante 15 segundos, se ocorrer melhora dos sinais clínicos, o teste é considerado positivo. Caso não ocorra melhora em 30 segundos, o paciente recebe uma dose adicional de 8 a 9mg e....?????. A resposta à aplicação é avaliada a partir de um ou mais parâmetros como (1) o grau de ptose, (2) os movimentos oculares, e (3) a força de aperto manual. Os possíveis efeitos colaterais colinérgicos da substância incluem fasciculação, rubor, lacrimejamento, náuseas, vômito, cólicas abdominais e diarréia (15-16, 23) . O eletrodiagnóstico pode revelar características anormais nos pacientes com MG. Em uma transmissão neuromuscular normal, a amplitude do potencial de ação não sofre mudança ?????, mas na MG a redução na amplitude da resposta é rápida e maior que 10 a 15%. O teste é positivo em quase todos os pacientes, desde que dois ou mais músculos distais e proximais sejam examinados. A medicação anticolinesterásica deve ser suspensa pelo menos seis horas antes do teste. Os choques elétricos são feitos em uma freqüência de 3-5Hz e os potenciais de ação dos músculos são registrados (14, 16). Anticorpos contra os AChR podem ser detectados no soro de aproximadamente 80% dos pacientes miastênicos através do método Elisa (Enzyme-Linked Immunosorbent Assay). Entretanto, o nível medido de anticorpos contra os AChR, não se correlaciona com a intensidade da doença em muitos dos pacientes (2, 14, 23). 1.4. FORMAS DE CLASSIFICAÇÃO DA MIASTENIA GRAVE Em 1958, Osserman propôs a primeira classificação clínica da MG e em 1971, separou a MG do adulto da MG pediátrica, dividindo a classificação do adulto em quatro grupos (15, 24). Grupo I: fatigabilidade e debilidade nos músculos oculares externos. Estes pacientes apresentam um alto risco de desenvolver a MG tardia (40%). De acordo com Engel (1994) (2) a incidência deste grupo é de 15-20%. Grupo IIA: MG de forma generalizada e pouco intensa. Há o comprometimento dos músculos cranianos, das extremidades inferiores e do tronco poupando-se os músculos respiratórios. Os sintomas normalmente respondem aos anticolonesterásicos e a mortalidade é baixa. Segundo Engel (1994) (2) sua incidência é de 30%. Grupo IIB: MG de forma generalizada e moderadamente intensa. Há a presença de diplopia, ptose palpebral, disartria, disfagia, dificuldade para soprar, debilidade dos músculos das extremidades e intolerância aos exercícios. Sua incidência, de acordo com Engel (1994) (2), é de 20%. Grupo III: MG aguda e fulminante. Inicia-se bruscamente alcançando sua maior gravidade antes de seis meses. Apresenta grande afecção bulbar e alteração dos músculos respiratórios o que pode levar a necessidade de ventilação mecânica. Não apresenta resposta muito eficaz aos anticolinesterásicos. Os pacientes apresentam várias crises e alta mortalidade. A presença de timoma pode eventualmente ser observada. Sua incidência, segundo Engel (1994) (2), é de 11%. Grupo IV: MG tardia. A doença torna-se generalizada no primeiro ou segundo ano após o estabelecimento do quadro. A presença de timoma é mais freqüente neste grupo e o prognóstico é pior. Segundo Engel (1994) (2) é observado em 9% dos casos. Outros autores tais como Compston e colaboradores (1980) (25) e Limburg e colaboradores (1983) (26) classificam a MG de acordo com a presença ou ausência de timoma: Tipo I: presença de timoma, sem relação com sexo. A MG usualmente é intensa. Tipo II: não há presença de timoma e ocorre predominantemente em mulheres antes dos 40 anos. Tipo III: não há presença de timoma e ocorre predominantemente em homens após os 40 anos. 1.5. TERAPÊUTICA PARA A MIASTENIA GRAVE A terapia atual para a MG auto-imune proporciona algum benefício, mas não é ideal. As drogas anticolinesterásicas são usadas para o alívio sintomático, que raramente é completo, não alterando a evolução da doença. Essas drogas permitem à ACh uma disponibilidade maior na fenda sináptica e conseqüentemente uma maior probabilidade de se fixarem aos receptores remanescentes, levando a uma duração maior do impulso nervoso. O ajuste da dosagem e da freqüência deve ser adequado às necessidades do paciente ao longo do dia. Por exemplo, os pacientes com fraqueza dos músculos da mastigação e deglutição, podem beneficiar-se tomando a medicação antes das refeições, de modo que a melhora da força coincida com o horário da refeição. A dosagem excessiva pode provocar aumento da fraqueza e efeitos colaterais como diarréia, cólicas abdominais, náusea e salivação (14, 19). Corticosteróides podem ainda ser utilizados quando os pacientes não apresentam boas respostas ao uso dos anticolinesterásicos. O mecanismo de ação dos corticóides na MG não é conhecido, entretanto sabe-se que essas drogas reduzem a produção linfocitária e diminuem o tamanho do timo. Nas primeiras duas semanas da terapia com corticosteróides, os pacientes tendem a piorar e correm o risco de apresentar insuficiência respiratória grave, devendo estar em ambiente hospitalar. A melhora aparece após a segunda semana de terapia (14, 27). A plasmaferese tem sido usada terapeuticamente em pacientes com MG auto-imune. O plasma, que contém os anticorpos patogênicos, é mecanicamente separado das células sangüíneas. Após este processo, as células sangüíneas retornam ao paciente em um meio líquido adequado. Essa técnica não está isenta de efeitos colaterais, que incluem mal estar geral, alterações no sistema cardiovascular e suscetibilidade aumentada às infecções. Apresenta grande valia quando utilizada para preparar o paciente para a timectomia, por produzir uma redução, em curto prazo, nos anticorpos contra os AChR, ou no tratamento de episódios mais graves (crises) (14, 27) . Ainda não é claro porque a timectomia é benéfica. Cerca de 75% dos pacientes com MG apresentam anormalidades no timo; sendo 65% hiperplasia e 10-15% timoma epitelial. A remoção cirúrgica de timoma e a timectomia são dois procedimentos distintos que devem ser diferenciados. No caso de timoma, a remoção cirúrgica é necessária devido à possibilidade de disseminação. Na ausência de um tumor, há evidência de que até 85% dos pacientes melhoram após a timectomia e 35% podem ter remissão, mesmo sem drogas, mas essa melhora pode começar após um período de 1 a 10 anos. A timectomia está recomendada para pacientes com MG generalizada desde a época da puberdade até, pelo menos, os 55 anos, porém há controvérsias se a timectomia deve ser recomendada como regra para crianças, adultos acima de 55 anos e pacientes com fraqueza limitada dos músculos oculares (2, 14). Esses tratamentos têm permitido uma melhoria no prognóstico para os pacientes com MG. Em alguns casos, a remissão da doença pode ocorrer, mas a estabilização ou a progressão é o resultado mais freqüente (4). 1.6. TERAPIAS COMPLEMENTARES Alguns trabalhos propõem o treinamento da musculatura respiratória como tratamento coadjuvante da MG. Keenan e colaboradores (1995) (28) realizaram um estudo com dezessete pacientes (nove homens e oito mulheres) com o objetivo de avaliar a força dos músculos respiratórios (pressão inspiratória e expiratória máxima), resistência e espirometria, antes e vinte minutos após a administração de neostigmina, comparando os pacientes a indivíduos normais (grupo controle). Quatro dos pacientes apresentava apenas envolvimento ocular e os treze restantes apresentavam graus variados de MG generalizada. Os autores não encontram diferenças, nos parâmetros avaliados, entre os indivíduos com envolvimento isolado da musculatura ocular e o grupo controle, mesmo após a administração de neostigmina. Os pacientes com MG generalizada apresentavam redução da força (pressão inspiratória e expiratória máxima) e da resistência dos músculos respiratórios quando comparado ao grupo controle e após a administração da neostigmina, foi observado um aumento significativo da pressão inspiratória máxima e tendência para aumentar a pressão expiratória máxima nos pacientes com MG generalizada. Não foi observada mudança em relação a resistência dos músculos respiratórios, após a aplicação de neostigmina, quando comparada ao grupo controle. Os autores concluíram que pacientes com envolvimento isolado da musculatura ocular apresentavam força normal dos músculos respiratórios e os pacientes com MG generalizada apresentavam redução da força e da resistência dos músculos respiratórios, sendo que com a administração da neostigmina houve um aumento significativo da pressão inspiratória máxima nesses pacientes, significando que o treinamento da musculatura respiratória, principalmente dos músculos inspiratórios, em associação à neostigmina melhora a força desses músculos. Em um outro estudo, Weiner e colaboradores (1998) (20) buscaram determinar os efeitos do treinamento dos músculos respiratórios através de espirometria e classificação da dispnéia em pacientes com MG generalizada. Dezoito pacientes foram divididos em dois grupos. O grupo A incluiu dez pacientes com MG moderada que treinaram tanto a musculatura inspiratória quanto a expiratória. O grupo B incluiu oito pacientes com MG intensa que treinaram apenas a musculatura inspiratória. A conclusão desse estudo foi que o treino isolado da musculatura inspiratória ou combinado com o treino da musculatura expiratória melhora a força e a resistência dos músculos respiratórios em pacientes com MG. Esta melhora da performance da musculatura respiratória está associada com a melhora da função pulmonar e redução da dispnéia. Um estudo realizado por Eva-Lena e colaboradores (1993) (29) teve o objetivo de determinar se pacientes com MG leve poderiam aumentar sua força muscular ou resistência a fadiga com o treinamento físico. Para isso, onze pacientes foram selecionados aleatoriamente, sendo dez mulheres e um homem. Realizaram exercícios de contração muscular isométrica máxima repetida, com duração de dois a quatro segundos e dez segundos de descanso nos membros superior e inferior, usando como controle os membros superior e inferior contralaterais. Para o teste de fadiga, os pacientes foram submetidos a contrações máximas com duração de três segundos e dois segundos de descanso. Os testes foram realizados em três grupos musculares, (1) extensores do joelho; (2) flexores do cotovelo e (3) extensores do cotovelo. Todos os pacientes relataram que ganharam melhor força e resistência à fadiga durante o período de treinamento e dois pacientes disseram melhorar sua disposição para as atividades de vida diária, relatando que suas distâncias de caminhadas tinham aumentado, porém, esses resultados não foram acompanhados pelos autores. A medida de força muscular máxima mostrou que a extensão do joelho aumentou em relação ao lado não treinado, enquanto a força muscular máxima na flexão e extensão do cotovelo, mostrou apenas pequenas mudanças. A variação da fatigabilidade em cada paciente impediu conclusões adicionais e, quando comparada com o lado não treinado, mostrou apenas pequenas diferenças. Os autores concluíram que o treinamento muscular isométrico pode ser executado seguramente na MG leve produzindo certa melhora na força muscular sem efeitos colaterais negativos. Esses estudos mostram que tanto o treinamento da musculatura respiratória quanto o treinamento isométrico de determinados grupos musculares do corpo, como terapia complementar, podem ser benéfico para pacientes com MG por reduzir os sintomas da dispnéia, retardar as crises respiratórias, a necessidade de ventilação mecânica e por produzir certa melhora na força muscular dos grupos treinados. Porém a relação entre o exercício físico e a evolução da MG ainda não está clara devido a subjetividade das informação e a carência de parâmetros mais objetivos e uniformes para a avaliação dos pacientes. 1.7. MIASTENIA GRAVE EXPERIMENTAL Considerando as dificuldades e limitações do estudo envolvendo seres humanos, alguns autores têm descrito modelos experimentais de MG em animais de laboratório. Tais modelos tem sido utilizados, principalmente, na investigação de novas terapias medicamentosas para a MG. Em 1959, Nachmanson∗ teve a idéia de usar o órgão elétrico do peixe (Torpedo californica), como uma rica fonte de AChR, mas naquela época não havia métodos específicos para sua purificação, marcação ou avaliação de sua atividade (30). A partir da década de 70, a estrutura bioquímica, a localização e a quantificação dos AChR passou a ser investigada (31). As variações estruturais dos AChR são, razoavelmente, pequenas entre as espécies. Os AChR fazem parte de uma grande família de canais iônicos, portões-ligantes de neurotransmissores. O poro do canal por onde os íons fluem e os sítios ligantes para a ACh, que regulam a abertura do poro, são todos formados por uma única macromolécula. Estudos bioquímicos indicam que o AChR é uma glicoproteina de membrana formada por cinco subunidades: duas subunidades alfa, uma beta, uma gama e uma delta. A ACh apresenta grande afinidade ao terminal amino da subunidade alfa do receptor. O terminal amino de cada subunidade fica exposto na superfície extracelular da membrana Akabas (1995) (36) (30, 35) . Karlin e , demonstraram a presença de dois sítios ligantes para a ACh em cada canal. Esses sítios encontram-se entre as subunidades alfa-gama e alfadelta e, para que o canal se abra de forma eficaz, uma molécula de ACh deve se ∗ Nachmanson, D. Chemical and molecular basis of nerve activity. New York: Academic Press, 1959 ligar a cada um esses sítios permitindo, assim, o influxo de sódio, potássio e cálcio. As variações estruturais dos AChR são, razoavelmente, pequenas entre as espécies, portanto, sendo as subunidades alfa aquelas que reconhecem e se ligam a ACh, na MGAE a indução acontecerá nestes sítios de ligação (desenho 1). Em 1973, Patrick e Lindstron (32) injetaram AChR purificados do órgão elétrico do peixe Torpedo californica, que está relacionado ao músculo esquelético de vertebrados superiores, em coelhos, para a obtenção de anticorpos para o estudo das propriedades dos AChR. Surpreendentemente, a produção de anticorpos, pelos coelhos, foi acompanhada pelo surgimento de sintomas parecidos com os da MG, sendo a fraqueza revertida com a aplicação de AChE. Lennon e colaboradores (33) descreveram um modelo de MG em ratos e porcos da índia e observaram que a MGAE é similar à doença humana nas manifestações clínicas, imunopatológica e histológica. Essas características compreendem (1) a redução da amplitude dos potenciais da placa motora; (2) a redução das dobras juncionais; (3) a perda dos AChR e (4) a deposição de anticorpos nos locais pós-juncionais onde houve a perda dos AChR. Além da indução por meio dos AChR purificados do órgão elétrico da enguia (TAChR), anticorpos humanos também causam sintomas da MG. Linfócitos-B de pacientes com MG mantidos em cultura produzem anticorpos para os AChR e ao injetando-se repetidamente o soro de pacientes em camundongos, é possível reproduzir as anormalidades eletrofisiológicas nos animais (4, 34). Devido a MGAE ser similar à doença humana nas manifestações clínicas e imunopatológicas (quadro 1), representa um modelo muito usado para a observação de sua evolução clínica e para a investigação de novas imunoterapias (37-39) . As características da MGAE podem variar (1) entre as espécies; (2) entre as cepas estudadas; (3) de acordo com a origem do AChR e (4) a depender do uso de adjuvantes mas o modelo foi claramente estabelecido e o uso de AChR sintetizados produzem anticorpos contra os AChR da JNM (2, 30). Mesmo sendo possível utilizar diferentes animais para a indução de MGAE, melhores respostas são observadas quando se utiliza o modelo em ratos da cepa Lewis (quadro 2), mais especificamente em fêmeas. Esses animais são imunizados com idade entre 6-8 semanas de vida, através da aplicação na pata traseira de uma emulsão contendo TAChR purificado ou peptídeo sintético com a seqüência de aminoácidos imunogênica (DGDFAIVKFTKVLLDYTGHI). Nesse modelo três fases da MGAE têm sido observadas em ratos Lewis: aguda, latente e crônica. Após a imunização, os ratos passam por duas fases de fraqueza muscular. A primeira, transitória, é a fase aguda, com fraqueza iniciando entre 7 e 11 dias após a indução, com recuperação após três ou quatro dias. Esta fraqueza afeta, predominantemente, os membros superiores, cabeça, pescoço e músculos laríngeos e respiratórios. Os animais adotam uma postura onde a cabeça tende voltar-se para baixo e muitas vezes o queixo e o cotovelo ficam sobre o chão; há presença de giba no dorso do animal e as coxas ficam parcialmente abduzidas. Ocorre também incontinência urinária e dificuldade para engolir. Quando há tentativa de deambulação, movimentos espásticos da cabeça e dos quatro membros são observados (30, 33, 39). O uso do adjuvante completo de Freud (ACF), favorece a indução da fase aguda na MGAE, mas, pode ser que a mesma não ocorra (30, 33, 39). Na fase latente é observada uma estabilização tanto do quadro de fraqueza quanto das posturas adotadas na fase aguda. Apresenta uma duração que vai desde o término da fase aguda até o início da fase crônica. Ambas as fases, aguda e latente, são caracterizadas por desintegração das dobras juncionais e invasão de macrófagos para a remoção dos fragmentos. A fagocitose, realizada pelos macrófagos, aumenta os efeitos da destruição dos AChR pelos anticorpos. Com o término da fase aguda, os macrófagos deixam a JNM e, após dois a três dias, gradualmente há regeneração das dobras juncionais e a concentração dos AChR aumenta.(40-41). A fase crônica, progressiva, é a segunda fase de fraqueza muscular e inicia entre 28 e 30 dias após a imunização, sendo normalmente precedida, um ou dois dias, por perda de peso e sinal de doença respiratória crônica que piora com o tempo (33, 40) . Os anticorpos estão presentes na membrana pós-sináptica em grandes quantidades, iguais às observadas nas fases aguda e passiva. Mesmo os macrófagos não sendo atraídos ou ativados observa-se a degeneração progressiva das dobras juncionais. O conteúdo muscular de AChR diminui e aproximadamente 70% dos receptores remanescentes estão ligados a anticorpos (40-41) . Esses aspectos da fase crônica são semelhantes àqueles observados na MG humana crônica (42). Baggi e colaboradores (2003) (37) determinaram a intensidade da doença em ratos através de uma escala para a mensuração da fraqueza muscular. Nessa escala a pontuação clínica foi baseada na presença de (1) espasmos, (2) giba na região dorsal, (3) força muscular e (4) fatigabilidade. Para a avaliação da fatigabilidade muscular, os animais são colocados sobre a grade da gaiola, o examinador puxa o animal pela cauda e pontua a preensão das patas. Essa pontuação pode variar do nível 0 ao nível 4, sendo que no nível 0 a força é normal, no nível 1 há um médio decréscimo da força, no nível 2 há um início de fraqueza, no nível 3 o animal encontra-se em estado agonizante e no nível 4 o animal evolui para o óbito. Do ponto de vista laboratorial, a MGAE pode ser confirmada através do teste de cloreto de endorfônio e da estimulação repetitiva do nervo (EMG). Como já citado, os estudos experimentais apenas buscam a descoberta de novas estratégias imunoterapêuticas, observando assim a necessidade do desenvolvimento de um modelo experimental que nos traga respostas quanto os efeitos da atividade física sobre a fraqueza e a fadiga muscular. 2. OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL O presente projeto de pesquisa tem por objetivo estudar os efeitos da atividade física sobre a sintomatologia e a evolução da MG através da utilização de um modelo experimental em ratos da cepa Lewis. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 2.2.1 Verificar se a atividade física aeróbia, em solo, influencia as manifestações e o curso da doença; 2.2.2 Verificar se a atividade física aeróbia, em meio aquático, influencia as manifestações e o curso da doença; 2.2.3 Verificar se há diferenças entre os efeitos da atividade física aeróbia em solo e em meio aquático; 2.2.4 Verificar se a atividade física modifica a suscetibilidade ao modelo 3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1 Animais e antígenos: para o experimento, serão utilizados ratos Lewis entre 8-9 semanas de vida, sendo 8 machos e 6 fêmeas. Os animais serão obtidos do biotério da Universidade de Campinas (UNICAMP) e mantidos no biotério da disciplina de neurologia experimental da Universidade Federal de São Paulo. O TAChR (T97-116 - ) será enviado pelo Instituto Neurológico Carlo Besta, Milão – Itália. 3.2 Protocolo de imunização: duas amostras, contendo 450 microgramas de TAChR serão dissolvidas, cada uma, em 1.25 mililitros de água destilada. Será preparada uma emulsão acrescentando a esta mistura 1.75 mililitros de ACF. Antes da aplicação, os animais serão anestesiados, de forma intraperitonial, com 1.5 mililitros de dopalem e 3.0 mililitros de rompum. A aplicação será realizada em quatro locais diferentes do dorso, dois proximais as patas dianteiras e dois proximais as patas traseiras, com uma quantia de 0.2 mililitros por animal. 3.3 Evolução clínica: os animais poderão apresentar três fases distintas de evolução clínica: aguda, crônica e passiva. Poderão não desenvolver a fase aguda, apresentando somente a fase crônica da doença. 3.4 Avaliação da atividade motora: será realizada, a cada sete dias, através do teste de campo aberto, Open Field, precedendo a atividade física. Este é um teste que avalia a atividade exploratória do animal, ou seja, todas as atividades relacionadas à obtenção de informação acerca do ambiente, estas abrangem tanto as respostas reflexas imediatas, que estão relacionadas com atenção, quanto as respostas voluntárias típicas.(43) Este tipo de aparelho foi originalmente descrito por Hall (1941)∗ como uma arena circular para testar a emocionalidade do rato frente a um ambiente não familiar. A medida do estado emocional, geralmente, tinha como parâmetro as taxas de ambulação e defecação. A taxa de ambulação é obtida a partir do número de setores desenhados no chão do aparelho que são ultrapassados pelo animal. O registro pode ser realizado de forma manual (com uma folha quadriculada que produz o trajeto que o animal percorre) ou através de programas de computadores. Os tempos de imobilidade, autolimpeza e o comportamento de levantar-se nas patas traseiras; podem ser obtidos por registro em um cronômetro manual simples. 3.5 Treinamento físico: será realizado no inicio da fase crônica, trinta dias após a indução. A atividade será feita em esteira rolante durante trinta minutos, por trinta dias consecutivos. 3.6 A pesquisa bibliográfica foi realizada, tanto no acervo da UNIFESP quanto em acervo próprio. Os artigos foram pesquisados usando as bases (1) Literatura científica Latino-America e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS); Literatura internacional em Ciências da Saúde – 1966-2004 (MEDLINE); Scientific Electronic Library OnLine (SciELO) e Pubmed . ∗ Hall, CS. Temperament: A survey of animal studies. Psychol. Bull. 1941; 38:909-943. 4. RESULTADOS PRELIMINARES E PERSPECTIVAS Até o presente momento, vinte ratos da linhagem Lewis foram adquiridos do biotério da Unicamp, sendo que 14 foram imunizados com TAChR (cortesia Dr. Fúlvio baggi). Nenhum dos animais desenvolveu os sinais característicos da fase aguda e não houve ainda manifestações da fase crônica do modelo. O Início do programa de atividade física está previsto para o mês de dezembro. Apesar da descrição clássica do modelo incluir as fases agudas, latente e crônica, é descrito que os animais poderão, eventualmente, não desenvolver a fase aguda, apresentando somente a fase crônica da doença (27, 32, 36). Durante a execução do projeto, alguns pontos merecerão atenção especial, dentre eles: (1) possível reação infalmatória nas patas decorrente da injeção; (2) possível variação na resposta imunológica conforme o local de injeção (patas X dorso); (3) possível utilização de vias alternativas para imunização (p. ex. injeção diretamente no baço); (4) possível necessidade de adequar o protocolo de atividade física conforme a evolução e gravidade da doença; e (5) possíveis manifestações ainda não descritas na literatura. Apesar das dificuldades inerentes ao desenvolvimento de um modelo inédito no país, acreditamos que a rede de colaboradores de altíssimo nível com quem temos tido o privilégio de trabalhar, propiciará o bom êxito de nosso projeto. Além disso, estamos certos de que a utilização de um modelo experimental de MG trará uma grande contribuição ao desenvolvimento da fisioterapia aplicada às doenças neuromusculares. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Adams, RD. et al. 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Elapsed 30 days from immunization, the animals will be sumitted to physical activity in a rolling mat for thirty minutes during thirty consecutive days. Like controls, wil be used not immunized rats and not submitted to the physical activity program. We are right that the utilization of a experimental myasthenia gravis model will bring a great contribution to development of physiotherapy applied to neuromuscular diseases.