O gênero reportagem: reconhecimento e elaboração O que é uma reportagem? A partir de que fatos pode-se escrever uma reportagem? Qual seu contexto de produção? Quais suas característias estruturais? Em quais meios de comunicação circula? O ponto de partida da reportagem A reportagem tem como ponto de partida a notícia. É a partir dela que se estabelece o assunto a ser tratado, como e com que enfoque. A reportagem apresenta informações mais aprofundada sobre um determinado assunto e, para tanto, utilizam-se de diversas fontes de informação que vão desde o depoimento de pessoas envolvidas com o assunto até o levantamento de hipóteses e de investigação policial (em determinados casos); O Contexto de Produção e de Circulação As reportagens circulam em revistas, sites e também em alguns jornais (normalmente, de grande porte); Os leitores das reportagens: não há um perfil específico de leitores porque este sempre estará veiculado ao meio de comunicação e ao assunto do qual se trata em uma determinada reportagem. A estrutura do texto Algumas reportagens trazem um comentário inicial chamado lide. Esse comentário pode também ser um resumo do assunto da reportagem; No primeiro parágrafo, normalmente, abordagem geral sobre o assunto; aparece uma Num segundo momento, podem aparecer as “vozes” de pessoas envolvidas com o assunto. Essas “vozes” podem ser de testemunhas ou de autoridades; Ao final, destacam-se algumas considerações às quais se chegou em razão das fontes pesquisadas e todo o conhecimento que se tem do caso. As marcas linguísticas A reportagem deve apresentar um título coerente e bastante atrativo; A presença de diferentes vozes de pessoas envolvidas com o assunto; A presença de expressões de deixam entrever a opinião do autor do texto: “é inaceitável, pode ser uma ótima solução para o caso” A morte inaceitável de Isabella “Na história da menina que queria ser bailarina, a mãe se desentendia com o exmarido por causa da pensão, ele dependia da ajuda financeira do pai e a madrasta tem um passado de agressões na própria família” Extrovertida, alegre e graciosa, Isabella Oliveira Nardoni, de cinco anos, era o centro das atenções nas reuniões de família. Carinhosa, vivia pedindo colo e distribuindo beijos. Seus programas preferidos nos fins de semana eram viajar para a praia e brincar no parquinho. Vaidosa, adorava vestidos, bolsinhas corde-rosa e era vidrada na boneca Hello Kitty. “Sou superchique”, dizia aos adultos. Ela estava empolga com um peixinho que havia ganhado de uma prima, que batizou de Biel, mas sua paixão, mesmo, era o balé. Isabella ensaiava os primeiros passos na escola e dizia a todos que queria ser bailarina quando crescesse. O sonho, tão comum a meninas desta idade, nunca se realizará. Ele foi brutalmente interrompido na noite do sábado 29, quando Isabella foi encontrada caída de bruços no jardim do prédio onde morava seu pai, Alexandre Nardoni, na Zona Norte de São Paulo. Minutos depois, ela faleceu. Isabella chegou a ser socorrida, mas não resistiu e morreu de parada cardiorrespiratória. Alexandre parecia atordoado diante da cena. Ora pedia socorro, ora colocava o ouvido no peito para checar se o coração da filha ainda batia. “Ele andava de um lado para outro desesperado, estava transtornado”, conta o sargento da PM Luiz Carvalho, a primeira pessoa a chegar ao local do crime. As circunstâncias da morte da menina ainda estão envoltas em mistério. Há duas hipóteses principais: ela ter sido jogada do sexto andar do prédio depois que a tela de proteção foi cortada com uma tesoura ou ter sido agredida e colocada no jardim. Há vários dados intrigantes: Isabella foi colocada no quarto dela, mas teria sido jogada o cômodo vizinho; Ela ter tido só uma fratura, se realmente caiu de uma altura de 20 metros; O corpo ter sinais de asfixia, com extremidades das unhas roxas, manchas no pulmão e no coração e escoriações e supostas marcas de dedos na nuca. Há vestígios de sangue no carro do pai, na fechadura da porta, no hall de entrada, no lençol do quarto dela e na tela de proteção da janela; As roupas que Alexandre usou naquele dia foram encontradas no apartamento vizinho, de sua irmã, que está desocupado; O relato dele sobre o ocorrido tem várias contradições em relação aos depoimentos de outras testemunhas. Alexandre, 29 anos, diz que chegou ao prédio por volta das 23h com a segunda mulher, Anna Carolina Jatobá, 24, Isabella e os dois filhos deles, de três anos e dez meses, depois de uma visita aos sogros, que moravam em Grarulhos, na grande São Paulo. Segundo ele, as três crianças dormiam, por isso subiu primeiro com Isabella no colo. Chegou ao apartamento de número 2, o único ocupado no andar, e acendeu os abajures do quarto dos filhos e do de Isabella, onde a deixou dormindo. Em seguida, voltou à garagem para buscar os outros, com o cuidado de trancar a porta da casa. Quando retornou ao apartamento, dez minutos depois, encontrou a porta aberta, a luz do quarto de hóspedes acesa, e não viu Isabella. Foi para o quarto ao lado e viu a rede de proteção da janela cortada. Depois, avistou o corpo da filha caído no jardim do prédio. No apartamento, não há sinais de arrombamento e nenhum objeto foi furtado. Testemunhas, segundo a polícia, deram depoimentos conflitantes com o relato de Alexandre. Um vizinho disse ter visto a família subir junta no elevador. Dois outros, um do primeiro andar do prédio e outro de uma casa vizinha, teriam gritos de criança na hora do incidente. “Pára, pai, pára, pai”, disseram ter ouvido. “Isso é porque o pai estava fazendo alguma coisa errada. Mas não se sabe se a voz era da criança que morreu”, disse o delegado Calixto Calil Filho, responsável pela investigação. Desde o início, o delegado deu a entender que acreditava no envolvimento do pai e da madrasta na morte da menina. O caso agora corre em segredo de justiça. (Isto É (Edição Especial) 09 de abril / 2008)