Efeito de citocininas na micropropagação de Mentha x gracilis IX Salão de Iniciação Científica PUCRS Sole Aline Alves Messchmidt1, Daiane Dal Molin1, Janieli Cristina Perotti1, Rejane Flores2; Tânea Maria Bisognin Garlet1(orientadora) 1 Curso de Ciências Biológicas, Laboratório de Cultura de Tecidos Vegetais, Universidade de Cruz Alta (UNICRUZ), Campus Parada Benito s/n, Cruz Alta, RS, CEP 98100.000; 2Pesquisadora Visitante do Laboratório de Cultura de Tecidos Vegetais, UNICRUZ. Introdução Mentha x gracilis Sole é um complexo híbrido originado de M. arvensis L. e M. spicata L. (Harley & Brighton, 1977), que através de uma série de cruzamentos produz indivíduos estéreis e vários quimiotipos, todos com óleos essenciais ricos em monoterpenos. As várias aplicações dos constituintes dos óleos das mentas pela indústria justificam o interesse pelos monoterpenos. Garlet et al. (2007) estudaram um quimiotipo rico em linalol e carvona de grande interesse econômico, sendo que o linalol é empregado em perfumaria, enquanto a carvona é um potente agente antimicrobiano. A micropropagação de plantas medicinais e aromáticas vem sendo difundida devido à possibilidade de produzir um grande número de plantas homogêneas e com elevada qualidade sanitária, à possibilidade de conservar o germoplasma, garantindo a manutenção da biodiversidade, além de auxiliar no melhoramento genético (Flores et al., 2006). Neste contexto, as citocininas são reguladores de crescimento que desempenham um papel fundamental no crescimento e morfogênese em cultura de tecidos, estimulando a divisão celular, bem como a indução e a proliferação de brotações adventícias (George & Sherrington,1984). Na maioria das espécies, a presença de citocininas no meio nutritivo potencializa a formação de brotações (Thorpe,1993). Desta forma, este trabalho teve como objetivo avaliar os efeitos das diferentes citocininas na micropropagação Mentha x gracilis Sole. Metodologia O trabalho foi conduzido no Laboratório de Cultura de Tecidos Vegetais da Universidade de Cruz Alta (UNICRUZ). Para a obtenção dos explantes foram utilizadas plantas jovens de Mentha x gracilis Sole, com trinta dias de idade e cultivadas em casa de vegetação. Segmentos caulinares jovens foram desinfestados conforme metodologia proposta por Flores et al. (2006). Após o procedimento de desinfestação, segmentos nodais (1 cm) de Mentha x gracilis Sole foram inoculados e cultivados em tubos de ensaio (25 x 150 mm), contendo 10 mL do meio nutritivo MS (Murashige & Skoog, 1962), acrescido de 30 g.L-1 de sacarose, 100 mg.L-1 de mio-inositol e suplementado com concentrações (0,5; 1,0 e 2,0 LM) de 6-benzilaminopurina (BAP), cinetina (KIN) e thidiazuron (TDZ). O pH foi ajustado para 5,8 e antes da adição de 7 g.L-1 de ágar. Os explantes foram mantidos em sala de crescimento com temperatura de 25±2 °C, fotoperíodo de 16 horas de luz e intensidade luminosa de aproximadamente 40 Lmol m-2 s-1. O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado com cinco repetições, sendo cada repetição formada por cinco plantas. Os dados foram submetidos à análise de variância e analisados pelo teste de Tukey em nível de 1% de probabilidade de erro. Resultados e Discussão Observou-se o desenvolvimento de brotações axilares em todos os tratamentos testados. Após 30 dias de cultivo in vitro, as plantas cultivadas em meio contendo 2 µM de TDZ apresentaram um maior número de brotações (14,1), segmentos nodais e apicais (19,12) e folhas (31,84) em relação aos demais tratamentos com KIN e BAP (Tabela 1). O efeito do TDZ na proliferação de brotos de Mentha x gracilis está de acordo com os resultados obtidos por Poovaiah et al (2006). De fato, segundo Barrueto Cid (2000), o TDZ é um citocinina muito eficiente para a proliferação e diferenciação de gemas axilares em várias espécies. Por outro lado, os melhores resultados em relação ao alongamento dos brotos foram registrados em meio suplementado com 1 e 2 LM de KIN. As plantas apresentaram uma maior percentagem de enraizamento e um maior número de raízes quando cultivadas em meio isento de citocininas ou na presença de 0,5-1,0 LM de KIN (Tabela 1). Resultados semelhantes aos encontrados no presente estudo foram registrados por Oltramari et al. (2000) na micropropagação de Acca sellowiana (Berg) Burret. Os resultados obtidos mostraram que o desenvolvimento da parte aérea foi favorecido na presença 2 LM de TDZ, contudo esta concentração reduziu o alongamento e o enraizamento das plantas. Estes resultados sugerem a necessidade de meios de cultivo distintos para as fases de multiplicação e alongamento/enraizamento das plantas in vitro. Tabela 1 – Morfogênese em segmentos nodais de Mentha x gracilis, cultivados em meio MS suplementado com concentrações de KIN, BAP e TDZ, durante 30 dias. 3M - Número de brotações Número de segmentos nodais e apicais Comprimento dos brotos (cm) 0 2,0 c 9,2 bcde 0,5 2,0 c 10,6 bc KIN 1,0 2,4 c 11,2 b 2,0 3,0 bc 11,0 bc 0,5 2,7 bc 9,5 bcd BAP 1,0 2,6 bc 6,7 ef 2,0 2,7 bc 6,8 def 0,5 4,2 b 8,4 cdef TDZ 1,0 2,0 c 6,0 f 2,0 14,1a 19,1a *Médias seguidas de mesma letra nas colunas probabilidade de erro. Comprimento do maior broto (cm) Número de folhas Porcentagem de enraizamento 2,3 bc 2,8 cd 17,0 bc 100 a 3,4 ab 4,6 b 17,3 bc 100 a 4,3 a 6,2 a 19,1 b 100 a 4,0 a 6,3 a 19,5 b 96 a 2,2 bc 3,3 bc 17,0 bc 96 a 1,9 c 2,9 cd 11,3 cd 32 bc 1,7 c 2,7 cd 10,0 d 60 ab 1,5 c 1,7 d 17,4 bc 0c 2,6 bc 3,4 bc 10,8 cd 100 a 1,5 c 1,6 d 31,8 a 0c não diferem entre si pelo Teste de Tukey em nível Número de raízes 7,8 a 7,3 a 6,0 ab 3,9bc 4,0 bc 0,7 e 1,2 de 0e 3,4 cd 0e de 1% de Conclusão As respostas morfogênicas de Mentha x gracilis variam de acordo com o tipo de concentração de citocinina adicionada ao meio nutritivo. Referências BARRUETO CID, L.P. Introdução aos hormônios vegetais. Brasília: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, 2000. p.15-75. FLORES, R.; MALDANER, J.; NICOLOSO, F. T. Otimização da micropropagação de Pfaffia tuberosa (Spreng.) Hicken. Ciência Rural, v.36, n.3, p.845-851, 2006. 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