Freud e a Psicanálise
Sigmund Freud nasceu em
1856, na cidade de Frebera,
Moravia,
atual
República
Tcheca. Aos quatro anos se
mudo com sua família para
Viena, onde passou a maior
parte de sua vida, e morreu em
1939, em Londres, Inglaterra,
Local em que se refugiou do
nazismo por ser originário de
família judia.
Freud e a Psicanálise
Freud se formou em medicina, e foi o
contato com seus pacientes que
suscitou seu interesse em estudar
manifestações
de
desiquilíbrio
psicológicos. Estudando os relatos de
seus
pacientes
de
sintomas
neuróticos, sonhos e fantasias, Freud
desenvolveu uma teoria acerca da
estrutura da personalidade humana e
seu funcionamento, como também um
sistema para tratar distúrbios mentais.
Essa teoria recebeu o nome de
Psicanálise.
Freud e a Psicanálise
De acordo com a Psicanálise, a personalidade é entendida como
“unidade individual que se desenvolve em um determinado meio”
[D’ANDREA, 1997, p.9]. Dessa forma, não há personalidades
idênticas, já que se trata de uma unidade individual. Por se tratar
de um aspecto exclusivamente humano, a personalidade é
temporal, isto é, pertence a um ser que está inexoravelmente
submetido à geração e corrupção de si, ou seja, pertence a um
ser que nasce, cresce e perece. A
existência da personalidade está
relacionada a um meio em que
procura
se
inserir
e
se
desenvolver.
Freud e a Psicanálise
Trata-se de um elemento constituinte do homem, que se realiza
em função de uma história pessoal a ser levada em conta.
Entendemos por história pessoal os seguintes aspectos: o meio,
isto é, as condições sociais, culturais e ambientais em que o
indivíduo está imerso e em que se desenvolve, e os dados
biopsicológicos que são herdados.
Freud e a Psicanálise
Segundo a Psicanálise, toda a manifestação da personalidade se
revela em diferentes tipos de comportamentos resultantes de
experiências passadas e de estímulos atuais oriundos do meio.
Por isso deve ser estudada segundo dois pontos de vista: como
sucessão de diversas fases, do passado para o presente, e
enquanto comportamentos atuais sob a influência do meio
[D’ANDREA, 1997]. Dessa forma a personalidade resulta da
interação entre os aspectos herdados do indivíduo e o meio em
que ele se encontra, manifestando-se através de comportamentos
diferentes de sua existência.
Freud e a Psicanálise
[...] personalidade implica em estrutura e desenvolvimento. A compreensão da
estrutura é inseparável da compreensão do processo de desenvolvimento
através do qual a estrutura evolui. Qualquer manifestação do comportamento
depende da existência de algum tipo de estrutura. Assim, por exemplo, a
atividade motora está ligada à existência de um aparelho osteomuscular. Freud
concebeu também para a atividade psíquica uma estrutura a que chamou de
aparelho psíquico. [D’ANDREA, 1997, p.12].
Toda a atividade psíquica do indivíduo acontece numa estrutura
específica que suporta essa atividade. De acordo com Freud, a
aparelho psíquico é composto por três substâncias: o ID o EGO e
o SUPEREGO (termos em latim que designam, respectivamente,
isso, eu e super-eu.
O ID
O ID é a parte original do aparelho psíquico:
isso quer dizer que é a partir dele que se
originam as outras duas partes (superego e
ego), o ID é constituído pelos aspectos
psíquicos herdados e, assim, está presente
no indivíduo desde o momento em que ele
nasce. É portanto, inato e corresponde aos
impulsos mais imediatos que visam â
satisfação das necessidades orgânicas.
A esses desejos e impulsos, Freud
denominou de pulsões, os quais obedecem
ao princípio do prazer e exigem satisfações
imediatas.
O ID
No entanto os impulsos oriundos do ID não toleram a frustração de
seus desejos, e por isso, é só na medida em que o indivíduo cresce
que ele desenvolve estruturas capazes de intermediar seus
impulsos básicos e sua relação com a sociedade.
As pulsões são de natureza
sexual.
Freud
define
sexualidade como todos os
desejos
que
reclamam
satisfações e que podem ser
satisfeitos em qualquer parte
do corpo ou mesmo na sua
totalidade.
O ID
Por ser de natureza sexual, esses impulsos foram chamados de
libido, termo do latim que designa lascívia, desejo, luxúria, desejo
sexual violento.
Freud desenvolveu a ideia de sexualidade infantil, compreendida
entre os primeiros meses de vida e os seis anos de idade, período
em que ocorre as fases de desenvolvimento do ID. Tais fases se
diferenciam segundo os objetivos ou seres que dão prazer e de
acordo com os órgãos em que o prazer é sentido. São elas: fase
oral, fase anal, fase fálica.
* fase oral – em que o desejo e o prazer se situam principalmente
na boca e na ingestão de alimentos; isso significa que a boca é
zona de erotização dessa faze, e o seio materno ou seus
substitutos são os objetos de prazer.
O ID
* fase
anal – em que a área de erotização é o ânus; assim, a
criança situa o prazer e o desejo nas suas excreções e fezes e
os objetos donde retira prazer não são massas de modelar,
alimentos cremosos e similares.
* fase fálica – em que a libido se encontra predominantemente
nos órgãos genitais, de tal maneira que tanto a menina como o
menino reconhecem apenas o pênis (ou falo, por isso fase fálica)
como zona de erotização.
É durante o desenvolvimento da faze fálica, entre 3 e 5 anos, que ocorre o
processo psíquico em torno do qual se desenvolve a estruturação da
personalidade do indivíduo, a saber, o complexo de Édipo, ou ainda, o
complexo nuclear das neuroses. “O termo ‘complexo’ é empregado por Freud
para indicar que se trata de um conjunto de várias pulsões nas quais se
exprime o mesmo desejo, isto é, o desejo incestuoso pela mãe ou pai.
[CHAUI, 2995, p.169].
O ID
O complexo de castração, consiste no
temor que a criança sente da perda do
falo (nesse caso, as meninas imaginam
que também o possuem) enquanto
punição do seu desejo incestuoso..
As pulsações do ID, no decorrer do
desenvolvimento do indivíduo, começam a
sofrer restrições, censuras impostas pela
cultura, pela sociedade e é ai que outra
estrutura do aparelho psíquico se
destingue: O SUPEREGO.
O SUPEREGO
O SUPEREGO de define, por realizar a censura das pulsões
originárias do ID. Isso significa que o superego é a instância que
impede que o ID satisfaça plenamente seus desejos e “manifestase à consciência indiretamente, sob a forma moral, como um
conjunto de interdições e de deveres, e por meio da educação,
pela imagem do “eu ideal”, isto é, da pessoa moral e virtuosa.
Essa instância de repressão se
desenvolve no período de latência,
entre os seis ou sete anos e o início da
puberdade, quando ocorre uma “pausa’
no desenvolvimento sexual da criança e
a personalidade começa a se constituir
como moral e social.
O SUPEREGO
A formação do SUPEREGO ocorre quando a criança, durante
seu processo de desenvolvimento físico-psíquico, nota que
determinadas exigências do meio persistem na forma de regras
normas e padrões de comportamento, de
modo que
reiteradamente ela se vê impelida a aprender lidar com tais
demandas, o que significa nesse proceso a criança desenvolve a
capacidade de apresentar soluções socialmente aceitáveis ás
demandas do ID.
O EGO
O meio da sociedade em que o indivíduo terá que aprender a
adaptar-se às exigências que ela lhe impõe. Para que essa
adaptação ocorra, distingue-se do ID uma nova parte do aparelho
psíquico, o EGO, que tem por função agir no sentido de
intermediar a relação do ID com o mundo externo.
O
principio
da
realidade
corresponde ao propósito de
encontrar objetos que satisfação
ao ID sem, no entanto, infringir
as exigências do SUPEREGO
(depositário
de
normas
provenientes da sociedade e
internalizadas pelo indivíduo).
O EGO
A vida consciente norma consiste em encontrar o equilíbrio entre
angústia existencial e realizar a dupla função de: (I) recalcar o
ID e satisfazer o SUPEREGO; e (II) satisfazer o ID e limitar o
poder de atuação do SUPEREGO [CHAUI, 2005]. É esse
equilíbrio que possibilita ao homem atender as condições
necessárias a sua existência.
o EGO, que significa literalmente eu é o setor da personalidade
especializado em manter contato com o ambiente que cerca o indivíduo. O
ego é a porção visível de cada um de nós, convive segundo regras
socialmente aceitas, sofre as pressões imediatas do meio e executa ações
destinadas a equilibrar o convívio da pessoa com os que o cercam.
[CUNHA, 2000, p.14].
[...] energias determinantes de desejos originários do ID devem chegar ao
nível do EGO para que este possa articular ações supressoras das
necessidades então impostas. Se o ego dar conta de fazê-lo ou não, este
é um problema que diz respeito às possibilidades reais de que dispõe o
indivíduo {CUNHA, 2000, p.14}.
O EGO
A atenção da psicanálise se volta à relação entre as energias
provenientes do ID e as barreiras que o SUPEREGO lhe impõe.
Ao estabelecer uma estrutura psíquica como essa, a Psicanálise
diz que o homem é constituído também pro desejos que não
impedidos de chegar ao EGO, ou, ainda, de se tornarem
conscientes, uma vez que são barradas pelo SUPEREGO, ou
seja, pelas normas e princípios internalizados pelo indivíduo.
O EGO
O SUPEREGO age como protetor do EGO na medida em que
freia a tomada de consciência pelo EGO de pulsões que
tornariam a vida da pessoa inviável, imoral e destrutiva. Desta
maneira constitui-se uma região do aparelho psíquico repletas de
pulsões reprimidas, das quais o EGO não toma consciência.
Essa região é denominada inconsciente. “esta no
inconsciente tudo aquilo que o EGO não sabe que
existe, tudo aquilo que foi reprimido com base nas
concepções morais internalizadas pelo indivíduo”.
[CUNHA, 2000, p.15].
O EGO
Três instâncias que formam a estrutura que constitui a
personalidade dos indivíduos: o ID que é inteiramente
inconsciente, ou seja, constituído por conteúdos reprimidos
pelas censuras internas; o SUPEREGO, que como consciência
moral, apresenta “aspectos conscientes”, isto é conteúdos
sabidos como existentes pelo eu, pelo ego, e, como atividade
de repressão, com operações inconscientes e o EGO, que é a
consciência propriamente dita, constitui uma pequena parcela
de estrutura psiquica e está subjugado às pulsões do ID e à
repressão do SUPEREGO.
Fenômenos Psíquicos
O EGO se apresenta como uma pequena
parte do aparelho psíquico, que é a
consciência propriamente dita; é o eu que
se reconhece enquanto tal e que é
reconhecido no mundo em que habita.
O EGO é, pois, a ponte que conecta o mundo interior,
representado pelas demandas do ID, e o mundo exterior, de onde
percebe e internaliza as concepções morais que constituem o
SUPEREGO; é o que aprende a controlar as pulsões à medida
que percebe os reclames de sua existência no mundo; ao
perceber o meio em que a pessoa se encontra, internaliza regras,
normas que persistem durante o processo de formação de sua
personalidade e o concomitante desenvolvimento de sua
racionalidade.
Fenômenos Psíquicos
A energia que emana do ID pressiona permanentemente o
SUPEREGO e é nesse movimento que Freud vê a razão
originária de alguns fenômenos da vida psíquica, tais como o
sonho, os atos falhos, a sublimação e a neurose.
O Sonho
O sonho é a expressão da relação conflitante entre ID e o
SUPEREGO. Trata-se de uma expressão dos desejos não satisfeitos
que estão presentes no inconsciente. O sonho é, a realização de um
desejo que está reprimido, traduzindo de forma alterada, inautêntica;
isto é, no sonho, esses desejos aparecem, mas não são revelados tais
quais são se falta: “A falta de clareza do sonho é exigência feita pelo
SUPEREGO, que libera energias do ID desde que estas tenham sua
forma alterada e não cheguem no plano do consciente tal qual elas
realmente são.
Desse modo, o SUPEREGO alivia a pressão
exercida pelo ID, sem, no entanto, deixar de
cumprir sua função repressora.
O Ato Falho
Os atos falhos consistem na manifestação linguística ou escrita, de
maneira inadvertida, de desejos reprimidos que escapam ao
SUPEREGO, são lapsos através dos quais esses desejos se revelam.
“O caso mais banal é aquele em que um palestrante inicia seu
discurso dizendo: “Bem, vamos encerrar esta sessão...”. Trata-se,
nesse exemplo, de um lapso que expressa o desejo inconsciente do
palestrante de encerrar a palestra e não iniciá-la.
A Sublimação
A sublimação refere-se a um processo que ocorre no âmbito
inconsciente da vida psíquica: através do auxilio do EGO ao ID, o
impulso se modifica de tal forma que não é preciso controlá-lo, pois ele
é redirecionado para vias socialmente aceitas e obtém expressão
externa. “O indivíduo destaca-se num determinado setor da vida social,
seja ele artístico, esportivo ou intelectual, dada a concentração
psíquica que ali se forma”,
A Neurose
A neurose ´[e o resultado da luta entre o SUPEREGO e o EGO: os
sintomas neuróticos se manifestam na vida consciente do individuo
como consequência de um desequilíbrio no processo de repressão das
pulsões.
O sintoma neurótico “é um resultado visível de
desejos que, reprimidos pelo SUPEREGO,
tornam-se inconscientes e procuram uma válvula
de escape para ascenderem ao consciente”. No
caso da neurose a pessoa se aflige, sofre, mas
não reconhece as causas de sua aflição, pois os
desejos que desencadeiam o sofrimento
permanecem inconscientes. Foi justamente para
curar, ou minimizar, o sofrimento decorrente da
neurose que Freud criou a psicoterapia.
Freud e a Psicanálise
No campo educacional, o paradigma psicanalítico
viabiliza ao professor vislumbrar e organizar
referências a partir das quais ele elabora
hipóteses a respeito das relações e condutas
implicadas no processo de ensino-aprendizagem,
ou seja, hipóteses acerca de si e de sues alunos
enquanto agentes relacionais no interior do
ambiente escolar.
A contribuição da teoria psicanalítica para o
trabalho docente não diz respeito a tornar o
professor um curador de neurose, mas sim uma
pessoa atenta para entender que o processo de
ensino e aprendizagem não se resume a aspectos
técnico-metodológicos.
Freud e a Psicanálise
A psicanálise pode ser apresentada a educação como o
reconhecimento de uma ética que orienta o educador para a
percepção de uma concepção que vai na contra mão da ideia
tradicional de aprendizado, a qual considera a autoridade do
conhecimento transmitido incontestável e dispõe de rigorosos
dispositivos disciplinadores da conduta e do aprendizado. Sob a
perspectiva psicanalítica, o educador tende a reconhecer na
assimilação dos conteúdos ministrados, no fracasso do aluno,
ou mesmo no fracasso do professor, a presença de fenômenos
interpessoais influenciados por desejos nem sempre
conscientes.
A psicanálise impôs sérias limitações também às ambições e
pretensões humanas de, através de sua racionalidade e
consciência, dominar a realidade e o conhecimento acerca
dessa realidade.
Síntese
A personalidade humana ocorre segundo uma estrutura
psíquica característica que enseja três instâncias estruturais e
relacionais necessariamente, são elas: ID, EGO, e o
SUPEREGO.
O ID corresponde a totalidade do aparelho psíquico do homem
nos primeiros anos de vida, que se resume a pulsões, desejos
puramente orgânicos que obedecem ao princípio do prazer.
É do ID que derivam as outras estruturas, o EGO e o
SUPEREGO, que se desenvolvem de acordo com as
necessidades decorrentes da existência social e di
desenvolvimento racional do indivíduo: à medida em que o
homem se desenvolve, aprende a articular as demandas do ID
e as demandas sociais, obedecendo ao princípio da realidade.
Síntese
As relações travadas entre essas estruturas constituintes da
personalidade e o meio acontecem segundo elementos
inconscientes e conscientes presentes no aparelho psíquico e
é, de acordo com Freud, o sucesso das relações entre esses
elementos que determinam a saúde psíquica do homem. À
psicanálise, cabe investigar os possíveis elementos de ordem
inconsciente que possam causar distúrbios mentais que
impedem e perturbam a experiência social do individuo.
Freud e a Psicanálise –
Sugestões.
* Filme – O sorriso de Monalisa, 125 min. Direção Mike Newell,
EUA, 2003;
Freud e a Psicanálise
Download

Freud e a Psicanálise