Esmeraldo Sobrinho Podemos conceituar Cosmovisão, em geral, como um conjunto de crenças fundamentais através das quais vemos o mundo. É a forma pela qual interpretamos e percebemos a realidade ao nosso redor, seja de forma consciente ou inconsciente. James Olthuis - uma "cosmovisão funciona tanto descritivamente como normativamente.“ Kuyper – “Um sistema de vida.” A totalidade das crenças de um indivíduo constitua sua Cosmovisão individual. CRENÇA Minha ideia de totalidade Minha visão de mim mesmo Perspectiva materialista marxista –condições de vida. Na perspectiva idealista – as ideias. Na Perspectiva bíblica – Cultura e fé.(Paul Tillich, “A religião é a essência da cultura, e a cultura a forma da religião”). Questões sociais. Questões emocionais Questões ontológicas “A fé é a dimensão da nossa vida que nos dá o horizonte último de todo o que somos e fazemos”.(Althuis) As questões últimas da existência, sobre a vida e a morte, o mal e o sofrimento, a natureza humana e o seu destino estão além do poder da razão. Como as condições da experiência variam bastante, temos às vezes cosmovisões (no sentido de conjunto total de crenças) divergentes emergindo dos mesmos compromissos básicos de fé. (1) nossas crenças fundamentais, fornecidas pela orientação religiosa fundamental, através da fé, e (2) nossas experiências e condições de vida, incluindo condições materiais, sociais, emocionais, intelectuais, etc. Podemos dizer que ela serve como um mediador entre a fé e essas condições de vida. (1)A Cosmovisão repele a filosofia - neste modelo há uma tensão inevitável entre o pensamento teórico e a as crenças de vida. É o modelo presente no existencialismo. (2) A Cosmovisão coroa a filosofia - nessa perspectiva a cosmovisão é a mais alta manifestacão da filosofia. (3) A Cosmovisão flanqueia a filosofia. Conforme este modelo a filosofia e a cosmovisão devem ser distinguidas e separadas. Essa visão influenciou Husserl e Max Weber. (4) A Cosmovisão produz a filosofia. Nessa perspectiva a filosofia não fundamenta a Cosmovisão, mas dá expressão científica à Cosmovisão. É a posição de Dilthey. (5) A Cosmovisão e a filosofia. Nessa visão a filosofia é a verdadeira weltanschauung científica. É a perspectiva de Engels sobre o materialismo dialético cristianismo católico dualista e o sistema moderno natureza/liberdade. O cristianismo católico é um cristianismo de síntese. A perspectiva dualista natureza/graça divide a vida em duas esferas: a esfera “religiosa” e a esfera “secular”. Na esfera religiosa domina a igreja e a teologia. Na esfera secular está a vida pública, a ciência, a mídia, a arte, etc. Isso gera uma contradição muito forte: o católico geralmente não tenta encontrar uma coerência entre sua fé e sua vida “secular” (afinal, são duas esferas separadas); assim, ele é religioso na igreja, participa da missa, confessa-se católico, mantém alguns valores morais (às vezes). E quanto aos evangélicos? A fé evangélica tem suas origens na reforma, que foi um movimento cristão integral, nem dualista, nem monista. Entretanto, a igreja evangélica também foi infectada pelo dualismo católico natureza/graça. Isso não está presente apenas na teologia de algumas igrejas evangélicas, como os Luteranos e os Metodistas. A grande maioria dos cristãos evangélicos hoje tende a pensar que temos uma vida “espiritual”, com Deus, e uma vida “secular”. 1) Questões metafísicas (questões relacionadas com o “ser”) – o que é a realidade? Há um Deus? O que é o homem? A História caminha para algum lugar? Como eu concebo a natureza, o tempo? 2) Questões morais – há certo ou errado? O que é errado, o que é certo? De onde vem o mal? 3) Questões epistemológicas (questões relacionadas com o conhecimento) – o que eu posso saber e conhecer? Como eu posso conhecer? Nós sabemos que a Bíblia traz respostas a todas estas fundamentais. E é parte da missão cristã a correção dessas as crenças (cosmovisão) falsas, com suas conseqüências deletérias, pela Verdade de Deus, que traz vida e crescimento. Uma reforma plena da vida e da sociedade depende de uma transformação radical em nossos padrões de pensamento: E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento,...Rm.12:02ª Pois os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor. Is.55:08. CONSEQUÊNCIAS (frutos) COMPORTAMENTO (galhos) VALORES (tronco) CRENÇAS (raiz) Princípio Religioso (Terreno) Nível da crença - vamos supor que um grupo de indivíduos tem uma crença comum acerca do trabalho: “o trabalho é uma maldição.” Esta crença pode ser expressa de diversas formas. Muitas vezes, ela pode ser verbalizada diretamente pelos membros da comunidade. Nível dos valores – como o nome já diz, os valores se referem à comparação de valor entre fatos, idéias e pessoas. O que vale mais e o que vale menos? O que é melhor e o que é pior? O que é mais ou menos importante? Nível do comportamento – com o conjunto de valores acima, abre-se precedente para uma série de padrões comportamentais: corrupção, deslealdade, acomodação, indolência, falta de compromisso, vontade de querer levar vantagem em tudo, etc. Por mais que sejam coisas condenáveis, acabam sendo praticadas no dia a dia, pois a crença que está por trás ainda não foi afetada. Nível das conseqüências – pobreza, miséria, corrupção e subdesenvolvimento são apenas algumas conseqüências geradas por este padrão coletivo de comportamento. Então, como podemos combater estas coisas? Nível da Religião – a orientação religiosa fundamental de alguém pode produzir um resultado decisivo nessas condições, dependendo de qual ela é e de como é apropriada pelo indivíduo ou pela comunidade. A palavra de Deus nos avisa: “Ele (o diabo) foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere a mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira” (João 8:44) “lançou-o (o diabo) no abismo, fechou-o, e pôs selo sobre ele, para que não maisenganasse as nações até se completarem os mil anos” (Apocalipse 20:3) Por Guilherme V.R. Carvalho e Cláudio A.C. Leite 1 Olthuis, On Worldviews, p. 33. 2 Essa forma de distinguir as cosmovisões foi proposta por D. T. H. Vollenhoven. 3 Clouser, Roy, The Myth of Religious Neutrality, p. 36. 4 Para mais detalhes sobre o conteúdo, a partir deste Item, vejam: CUNHA, Maurício José Silva. (2003). O reino entre nós: transformação de comunidades pelo evangelho integral. Viçosa: Ultimato.