DISCIPLINA DE ECONOMIA E
ADMINISTRAÇÃO RURAL
A ADMINISTRACÃO RURAL E O
AGRONEGÓCIO
CONCEITO E APLICAÇÃO
Agronegócio é toda
relação comercial e industrial envolvendo a cadeia
produtiva agrícola ou pecuária. No Brasil, o termo
agropecuária é usado para definir o uso econômico do
solo para o cultivo da terra associado com a criação de
animais.
Introdução
É fato que o mundo vem passando por rápido desenvolvimento pautado pela
utilização intensiva de tecnologia e informação (TI). E isso tem se consolidado
como um diferencial estratégico nas organizações focadas em
desenvolvimento de negócio a médio e longo prazo.
Essa situação não é diferente no agronegócio, segmento que se torna cada vez
mais estratégico, representativo econômico, social e ambientalmente. Esse
setor recebe capitais estrangeiros, verbas privadas e governamentais para
investimento próprio, com o intuito ou visão futurista de desenvolvimento de
cadeias ou arranjos produtivos.
A tecnologia evoluiu ao ajudar o empresário rural a comercializar com maior
margem de ganho real sobre sua produção. As bolsas de valores estão, cada
vez mais, integradas, fazendo com que o produtor, ao acessar seu celular,
obtenha importantes e valiosas informações a respeito da tomada de decisão
sobre como agir para comercializar seus produtos.
Segundo Batalha (2001), o agronegócio é um conjunto de fatores geradores
de riquezas extraídas de recursos naturais e renováveis, sendo dividido em
três fases:
• “Antes da porteira”, que contempla toda a cadeia de pesquisa,
desenvolvimento, serviços e fornecimento de matéria-prima essencial à
produção agrícola comercial;
• “dentro da porteira”, onde se encontra a figura do empresário rural ou,
como ainda conhecido, o fazendeiro, que é responsável por agregado de
valor de destaque em termos econômicos, haja vista que o país é hoje um
forte exportador de commodities, oriundo do trabalho desse empreendedor
rural;
• “depois da porteira”, que é representado pelas agroindústrias,
atravessadores, distribuidores e comércio em geral.
O agronegócio, nas últimas décadas, toma proporções relevantes, porque
passou a ser estratégico seu planejamento, a fim de evitar o
desabastecimento de alimentos no planeta, assim como desenvolver
soluções energéticas verdes e sustentáveis.
Callado (2006), ao referir-se aos profissionais que atuam diretamente no
setor do agronegócio (os empresários rurais), afirma que é preciso mais rigor
e melhor gerenciamento de sua atividade, exigindo embasamento técnico,
teórico e de informação para auxiliá-los na tomada de decisão.
A administração rural contempla um conjunto de atividades que facilitam
aos produtores rurais a tomada de decisões, com a finalidade de obter
melhores resultados econômicos, mantendo a produtividade da terra. Ela
passa por várias situações de estrutura e comportamental frente à nova
ordem mundial de globalização, consumindo conceitos antigos e
reconhecendo suas teorias na busca pelo aprimoramento da organização
para a empresa rural (SILVA, 2009).
O novo conceito de administração rural aplicado à prática da
contemporaneidade dá-se a partir da quebra de vários paradigmas de
empresários rurais ainda conservadores e fiéis ao tempo de seus
antepassados, cuja forma não se traduz em competitividade e evolução da sua
atividade nos dias atuais.
Araújo (2003) reforça que os cenários evolutivos da economia representam um
avanço nas práticas conservadoras de gerir a propriedade rural e que, com
isso, o empresário deve buscar novas ferramentas que lhe propiciem
resultados práticos, rápidos e com alto teor de assertividade.
Dessa forma, a cadeia do agronegócio ganha competência para seu
desenvolvimento, de forma construtiva, sustentável e responsável.
SISTEMAS DE INFORMAÇÕES GERENCIAIS
NO AGRONEGÓCIO (Sydney dos Santos Souza, 2012.)
Cadeia Produtiva
Cadeia Produtiva, ou o mesmo que supply chain, pode ser definida como um
conjunto de elementos (“empresas” ou “sistemas”) que interagem em um
processo produtivo para oferta de produtos ou serviços ao mercado consumidor.
Em razão da globalização, evolução dos mercados consumidores, e avanços
tecnológicos de processos produtivos e dos ferramentais de gerenciamento; o
conceito de cadeia produtiva tem aprimorado.
Especificamente, para matérias primas agroalimentares e derivados, cadeia
produtiva pode ser visualizada como a ligação e inter-relação de vários
elementos segundo uma lógica para ofertar ao mercado commodities agrícolas
in natura ou processadas.
Commodities são ativos negociados sob forma de mercadorias em bolsa de
valores, como por exemplo: café, soja, açúcar e boi.
Commodity é um termo de língua inglesa que, como o seu plural commodities,
significando literalmente mercadoria, é utilizado para designar bens e as vezes
serviços para os quais existe procura sem atender à diferenciação de qualidade
do produto no conjunto dos mercados e entre vários fornecedores ou marcas.
Leis, Normas, Resoluções, Padrões de Comercialização
Órgãos de governo, Instituições de Crédito, Empresas de Pesquisa, Agências Credenciadoras
Fluxo de Mercadoria
Fluxo de Capital
Neste contexto as cadeias produtivas do agronegócio são caracterizadas por
possuírem cinco segmentos que envolvem os seguintes atores:
a)
Fornecedores de Insumos: referem às empresas que têm por finalidade
ofertar produtos tais como: sementes, calcário, adubos, herbicidas,
fungicidas, máquinas, implementos agrícolas e tecnologias.
b) Agricultores: são os agentes cuja função é proceder ao uso da terra para
produção de commodities tipo: madeira, cereais e oleaginosas. Estas produções
são realizadas em sistemas produtivos tipo fazendas, sítios ou granjas.
c) Processadores: são agroindústrias que podem pré-beneficiar, beneficiar, ou
transformar os produtos in-natura. Exemplos: (a) pré-beneficiamento - são as
plantas encarregadas da limpeza, secagem e armazém de grãos; (b)
beneficiamento – são as plantas que padronizam e empacotam produtos como:
arroz, amendoim, feijão e milho de pipoca; (c) transformação - são plantas que
processam uma determinada matéria prima e a transforma em produto acabado,
tipo: óleo de soja, cereal matinal, polvilho, farinhas, álcool e açúcar.
d) Comerciantes: Os atacadistas são os grandes distribuidores que possuem
por função abastecer redes de supermercados, postos de vendas e mercados
no exterior. Enquanto os varejistas constituem os pontos cuja função é
comercializar os produtos junto aos consumidores finais.
e) Mercado consumidor: é o ponto final da comercialização constituído por
grupos de consumidores. Este mercado pode ser doméstico, se localizado no
país, ou externo quando em outras nações.
Os atores do sistema cadeia produtiva estão sujeitos a influências de dois
ambientes: institucional e organizacional.
O ambiente institucional refere aos conjuntos de leis ambientais,
trabalhistas, tributárias e comerciais, bem como, as normas e padrões de
comercialização. Portanto, são instrumentos que regulam as transações
comerciais e trabalhistas.
O ambiente organizacional é estruturado por entidades na área de influência
da cadeia produtiva, tais como: agências de fiscalização ambiental, agências de
créditos, universidades, centros de pesquisa e agências credenciadoras.
As agências credenciadoras podem ser órgãos públicos como às secretarias
estaduais de agricultura ou empresas privadas. Essas em alguns casos possuem
a função de certificar se um determinado seguimento da cadeia atende
quesitos para comercialização e/ou exportação.
Isso ocorre, por exemplo, na certificação de: (i) produtos com Identidade
Preservada – IP; e (ii) segmentos da cadeia produtiva quanto aos atendimentos
de padrões de qualidade internacionais, tais como as séries ISO 9000.
Aplicabilidade do conceito de Cadeia Produtiva
O entendimento do conceito de cadeia produtiva possibilita:
(1) visualizar a cadeia de forma integral;
(2) identificar as debilidades e potencialidades;
(3) identificar gargalos e elementos faltantes; e
(4) certificar quanto aos fatores condicionantes de competitividade em cada
segmento.
PRODUTOR
BENEFICIADOR
ATACADISTA
CONSUMIDOR
Sob a ótica de cada participante, elemento da cadeia, a maior vantagem da
adoção do conceito está no fato de permitir entender a dinâmica da cadeia,
principalmente, na compreensão dos impactos decorrentes de ações internas e
externas, respectivamente.
Por exemplo, no caso de ações internas pode ser citado o efeito decorrente da
organização de agricultores em cooperativas. Nesta situação por meio das
cooperativas os associados:
(i) compram e comercializam insumos, (ii) armazenam e comercializam
commodities, e (iii) beneficiam ou transformam matérias primas. Isto geralmente
imprime maior grau de competitividade para o grupo de associados.
Como ações externas podem ser citadas os impactos decorrentes, por exemplo,
da:
(i) alteração ou criação de alíquotas de impostos, (ii) imposição de barreiras
alfandegárias aos produtos destinados a exportação, (iii) normatização de
procedimentos de classificação, e (iv) definição de exigências por parte do
mercado consumidor quanto aos padrões de qualidades física, sanitária e
nutricional.
CRIAÇÃO DE UMA COOPERATIVA
Leis, Normas, Resoluções, Padrões de Comercialização
Órgãos de governo, Instituições de Crédito, Empresas de Pesquisa, Agências Credenciadoras
Fluxo de Mercadoria
Fluxo de Capital
Fonte, BB, 2013.
Investimentos de R$ 7 mi em Sorriso (MT)
Da Agência Estado
A Cooperativa Agroindustrial Celeiro do Norte (Coacen), instalada em Sorriso (460
quilômetros ao norte de Cuiabá), inaugurou ontem sua moderna sede, na qual foram
investidos R$ 7 milhões em recursos próprios. A inauguração marca uma nova etapa no
processo de crescimento da organização, que foi fundada em 2005, em plena crise do
agronegócio, provocada pela queda dos preços da soja no mercado internacional.
Segundo Gilberto Peruzi, presidente da Coacen, a organização surgiu a partir do Condomínio
Celeiro do Norte, fundado em 2002 em Sorriso por 15 famílias de produtores rurais, que se
uniram para melhor comercializar a compra dos insumos e negociar a venda da produção.
Atualmente, a Coacen tem 123 cooperados, que pertencem a 45 troncos familiares. Do
grupo original que fundou o condomínio, 11 famílias ainda estão entre os cooperados. Na
área cultivada de 260 mil, os produtores associados à Coacen irão produzir nesta safra 580
mil toneladas de soja e 390 mil toneladas de milho safrinha. Peruzi afirmou que a previsão
inicial era de colheita de 490 mil toneladas de milho, mas a falta de chuvas a partir de abril
frustrou as expectativas.
O dirigente calcula que os cooperados já compraram até agora 120 toneladas de
fertilizantes, que correspondem a 80% do volume total que será utilizado para a correção do
solo no plantio da próxima safra, que começa na segunda quinzena de setembro.
Fonte: Diário de Cuiabá, Edição nº 13022 31/05/2011
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