UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EXTENSÃO RURAL E DESENVOLVIMENTO LOCAL - POSMEX GÊNERO E DESENVOLVIMENTO LOCAL: A Participação das Mulheres na Associação de Pescadores e Moradores na Comunidade de A Ver-o-mar Etienne Amorim Albino da Silva Orientadora: Maria do Rosário de Fátima Andrade Leitão. Produção Acadêmica do GPDESO/Grupo de Pesquisa Desenvolvimento e Sociedade - CNPq/UFRPE. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO CAPÍTULO I Introdução Procedimentos Metodológicos: A Ver-o-Mar Caracterizando o Estudo A Escolha do tema e da localidade CAPÍTULO II Referencial Teórico: II. a Desenvolvimento Local II. b A Participação Social inserida no Desenvolvimento Local CAPÍTULO III III. a Gênero III. b As Diferenças no enfoque de Gênero III. c Poder e Empoderamento III. d Exclusão Social numa Perspectiva de Gênero CAPÍTULO IV Apresentação e Análise dos Dados Avaliação da Pesquisa CAPÍTULO V Considerações Finais BIBLIOGRAFIA APÊNDICES Produção Acadêmica do GPDESO/Grupo de Pesquisa Desenvolvimento e Sociedade - CNPq/UFRPE. INTRODUÇÃO JUSTIFICATIVA Participação predominantemente feminina nos rumos da Associação; Conquista das mulheres; Relações sociais desiguais. Produção Acadêmica do GPDESO/Grupo de Pesquisa Desenvolvimento e Sociedade - CNPq/UFRPE. INTRODUÇÃO OBJETIVOS Compreender a dinâmica da participação das mulheres na Associação de Pescadores e Moradores da comunidade de A Ver-o-Mar e seus rebatimentos no desenvolvimento local do município; Conhecer o processo de reprodução das relações patriarcais em A Ver-o-Mar. Produção Acadêmica do GPDESO/Grupo de Pesquisa Desenvolvimento e Sociedade - CNPq/UFRPE. INTRODUÇÃO Identificar a relação entre associação e a melhoria da comunidade local; Conhecer o processo de tomada de decisões das mulheres nas reuniões; Identificar os entraves do desenvolvimento local; Aprender as representações das mulheres sobre a associação ser chefiada por uma mulher; Identificar as relações de Gênero no âmbito familiar a partir das representações das mulheres da associação de A Ver-o-Mar. Produção Acadêmica do GPDESO/Grupo de Pesquisa Desenvolvimento e Sociedade - CNPq/UFRPE. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS A VER-O-MAR Segundo Leitão (2004); as principais atividades são; A pesca no mar; A pesca de mariscos; O emprego doméstico; Comércio em barracas; Vigilantes; Acrescentamos ainda a existência de trabalho na construção civil como pedreiro, tratorista, professora, merendeira e caseiro. Produção Acadêmica do GPDESO/Grupo de Pesquisa Desenvolvimento e Sociedade - CNPq/UFRPE. CARACTERIZANDO O ESTUDO PESQUISA DESENVOLVIDA: Estudo de caso Abordagem qualitativa MÉTODOS E TÉCNICAS: Diagnóstico Rápido Participativo – DRP; Visitas de Observações; Entrevistas a partir de um roteiro semi-estruturado. Produção Acadêmica do GPDESO/Grupo de Pesquisa Desenvolvimento e Sociedade - CNPq/UFRPE. CARACTERIZANDO O ESTUDO Escolhemos para entrevista 15 mulheres e 5 homens, baseados nos seguintes aspectos principais: Mulheres casadas ou que tenham uma união estável; Mulheres participantes das reuniões da associação; Os homens foram escolhidos de forma aleatória, buscando-se ouvir diferentes relatos, pescadores, comerciante, subprefeito e um corretor de imóveis. Produção Acadêmica do GPDESO/Grupo de Pesquisa Desenvolvimento e Sociedade - CNPq/UFRPE. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA Nº Nºda entrevista Identificação Estado civil Profissão Escolaridade Idade 1. 1ª Maria José da Silva Cruz Casada Dona de casa Até a 4ª série do ensino fundamental I 40 anos 2. 1ª Joseane Maria do Nascimento Casada Dona de casa Ensino médio completo 28 anos 3. 1ª Lúcia Maria Acioly Casada Dona de casa Até a 4ª série do ensino fundamental I 54 anos 4. 1ª Helena Alexandrino dos Santos Casada Dona de casa alfabetizada 49 anos 5. 1ª e 2ª Maria José de Paula (Lia) Casada Empregada doméstica Cursa a 6ª série do ensino fundamental II 44 anos 6. 1ª Angelina Maria de Santana Casada Dona de casa Supletivo 50 anos 7. 1ª Severina Ramos da Silva Casada Merendeira Até a 8ª série do ensino fundamental II 33 anos 8. 1ª e 2ª Ana Suely N. Correia Casada Empregada doméstica Cursa a 8ª do ensino fundamental II 43 anos 9. 1ª e 2ª Maria José da Silva Filho (Zinha) Casada Dona de casa Até a 4ª série do ensino fundamental I 45 anos 10. 1ª Silvana José de F. Nascimento Casada Dona de casa Ensino Médio 30 anos Produção Acadêmica do GPDESO/Grupo de Pesquisa Desenvolvimento e Sociedade - CNPq/UFRPE. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA 11. 1ª Luzenira Maria da Silva Casada Dona de casa Ensino Médio 24 anos 12. 1ª Maria Madalena P. da Silva Nascimento Casada Dona de casa Até o 3º ano do Ensino Médio 32 anos 13. 1ª Edineci José da Cruz Casada Dona de casa Ensino Médio 45 anos 14. 1ª Eunice Francisca da Cruz Casada Dona de casa Analfabeta 50 anos 15. 1ª Eleilde Maria de Melo Casada Dona de casa Ensino Superior 46 anos 16. 2ª Nadilson José de Santana Casado Subprefeito Até a 3ª série do ensino fundamental I 39 anos 17. 2ª Adelmo Rafael de Lins Casado Comerciante Até a 7 série do ensino fundamental II 36 anos 18. 2ª Amaro José Acioly Casado Pescador Analfabeto 70 anos 19. 2ª Alberto Ulisses da Cruz Solteiro Corretor Até o 3º ano do ensino médio 36 anos 2ª Manoel dos Santos Acioly casado Pescador Analfabeto 56 anos 20. Produção Acadêmica do GPDESO/Grupo de Pesquisa Desenvolvimento e Sociedade - CNPq/UFRPE. A ESCOLHA POR A VER-O-MAR Projeto Internacional de Pesquisa sobre comunidades costeiras, financiado pela Coast Communiy Health Network (CCHN) e Reserach Developmnt Initiative (RDI), que envolve professores da Saint Mary’s University (Canadá), Universidade Federal Rural de Pernanbuco (UFRPE), Universidade de Cienfuegos (Cuba), Universidade de San Sebátian (Chile). Primeiro contato, com o acervo fotográfico. Produção Acadêmica do GPDESO/Grupo de Pesquisa Desenvolvimento e Sociedade - CNPq/UFRPE. REFERENCIAL TEÓRICO Participação Gênero Desn. local Empoderamento Exclusão Social Produção Acadêmica do GPDESO/Grupo de Pesquisa Desenvolvimento e Sociedade - CNPq/UFRPE. RESULTADOS E DISCUSSÕES 1- Compreender o processo de participação das mulheres na Associação de Pescadores e Moradores da comunidade de A Ver-o-Mar e seus rebatimentos no desenvolvimento da localidade; Associação: “Quando eu vim fundar essa Associação aqui, eu já participava de uma associação na UR-10, foi a partir dessa associação que eu me mobilizei junto com o povo para fazer uma aqui, por que lá a gente queria fazer um calçamento e o prefeito não fazia, não ligava, ficava no esquecimento, aí a gente se juntou, o povão, fizemos um protesto e a gente conseguiu. Aí foi quando eu vim botar na cabeça que uma associação pode tudo, é só querer”, 2ª-MULHER (42). “A associação é um grupo de pessoas organizadas que lutam pelo mesmo objetivo, inclusive da comunidade, de melhoria, se não trabalhar em prol da comunidade acho que não é ter uma associação (...)’, eu acho que ela tem mais poder no município do que o prefeito, porque o prefeito passa quatro anos e depois vai embora e a associação permanece, (...)”, 2ª-MULHER (42). Produção Acadêmica do GPDESO/Grupo de Pesquisa Desenvolvimento e Sociedade - CNPq/UFRPE. RESULTADOS E DISCUSSÕES Neste sentido, Leitão (2004:119) cita AMMANN (1980:57) “ Organizadas em associações as pessoas podem partilhar seus interesses, e adquirir um certo poder reivindicatório. Pois, atomizados e dispersos os indivíduos não têm voz nem peso”. Participação na Associação: - As mulheres participam, mas muitas delas não opinam nas reuniões; - Participação associada ao tempo; -Trabalho sem remuneração.’’ Produção Acadêmica do GPDESO/Grupo de Pesquisa Desenvolvimento e Sociedade - CNPq/UFRPE. RESULTADOS E DISCUSSÕES Falta de participação: “ O que ficou designado para resolver eu até tentei falar com o prefeito, fui sozinha na prefeitura falar com ele e ele não me recebeu, fui até na casa dele e ele mandou dizer que não estava. Aí fica muito difícil conseguir as coisas não é”? Segundo Peruzzo (1998): Participação Passiva, caracterizada por uma postura de espectador e de conformismo assumida pelas pessoas que simplesmente delegam poder a terceiros e; Participação Controlada,(...) o poder é exercido com limitações – é restrito e imposto por quem o detém - podendo ocorrer manipulação, quando se promove a participação para respaldar os interesses dos detentores de poder. Produção Acadêmica do GPDESO/Grupo de Pesquisa Desenvolvimento e Sociedade - CNPq/UFRPE. RESULTADOS E DISCUSSÕES Falta de Projetos; “Foi briga política a falta de projetos nesses dez anos e atualmente a dificuldade é que a atual presidente tem um probleminha, ela quer ir contra a prefeitura, ela quer fazer complô com um deputado, aí o prefeito já soube, já vai ver que nada feito, ela falou que eu e o prefeito somos farinha do mesmo saco, ela sabe que a gente faz os projetos daqui, agora se eu ligar para suspender o projeto, eu suspendo e não vem projeto nenhum, não sei pra quê essa briga”, 2ª-HOMEM (39). Para Amorós(1997) Apud. Ávila (2001); as tomadas de decisões nas quais as mulheres se restringem, estão diretamente identificadas numa trama social enredada por uma das modalidades do sexismo, sendo parte da dominação patriarcal. Produção Acadêmica do GPDESO/Grupo de Pesquisa Desenvolvimento e Sociedade - CNPq/UFRPE. RESULTADOS E DISCUSSÕES Desenvolvimento Local Geração de emprego Ao analisar as teorias de Desenvolvimento Local nesta localidade, observamos que a maioria dos relatos nos mostra que o povo relaciona desenvolvimento principalmente ao fator econômico, a geração de renda e trabalho. Mas sabemos que desenvolvimento segundo Franco (2002) é um fenômeno intricado que envolve complexidade na mudança social global, que envolve as seguintes dimensões: social, cultural, ambiental, política e econômica. Como a comunidade em estudo é carente, ela requer respostas imediatas por isto pensam primeiro no aspecto econômico. Produção Acadêmica do GPDESO/Grupo de Pesquisa Desenvolvimento e Sociedade - CNPq/UFRPE. RESULTADOS E DISCUSSÕES 2 - Conhecer o processo de reprodução das relações patriarcais em A Ver-o-Mar. Relação social patriarcalista; O chefe da família é o homem; O trabalho da mulher - invisível e desvalorizado; Para Bruschini e Rosemberg (1982) Apud. Fisher e Marques (2001) o preconceito de inferioridade designado ao sexo feminino, durante séculos, devido ao patriarcalismo e através da religião, das leis, da escola e da família, aliena, cotidianamente a própria mulher, que reproduz a superioridade masculina através da educação familiar. Produção Acadêmica do GPDESO/Grupo de Pesquisa Desenvolvimento e Sociedade - CNPq/UFRPE. CONSIDERAÇÕES FINAIS Identificamos a existência de maior participação das mulheres do que dos homens nas atividades da Associação. Mesmo com toda a participação ativa das mulheres, identificamos que o grupo formado ainda não se encontra empoderado. A partir de parâmetros definidos por Stromquist: Apud. Costa (1999) ao analisarmos o processo de empoderamento das mulheres participantes da Associação de A Ver-o-Mar destacamos que ainda falta a essas mulheres a solidificação de uma auto-imagem e confiança positiva, também necessitam desenvolver habilidades para pensar criticamente e romper com a reprodução dos valores sociais sexistas. Apesar de funcionarem em grupo, inexiste ainda a coesão do mesmo. Quanto à tomada de decisões e a realização das ações as mulheres e os homens ainda estão atreladas aos valores patriarcais. Os homens por sua vez assumem uma postura de conformismo com a realidade local, considerando que justificam sua ausência através dos seguintes argumentos: falta de tempo e desinteresse em realizar atividades comunitárias e não remuneradas. Assim, deixam a responsabilidade para as mulheres, assumindo uma postura que invisibiliza as diversas jornadas de trabalho feminino, considerando sua disponibilidade ao serviço voluntário como sinônimo de maior disponibilidade de tempo. Produção Acadêmica do GPDESO/Grupo de Pesquisa Desenvolvimento e Sociedade - CNPq/UFRPE. CONSIDERAÇÕES FINAIS Observamos um certo centralismo no que se refere ao governo municipal. As conquistas das mulheres ficam restritas ao que interessa a prefeitura, limitando a participação das mulheres no processo de desenvolvimento do local. O apoio institucional ao desenvolvimento, nestes dez anos de Associação, se limitou às ações de calçamento das ruas, construção de uma quadra esportiva, bebedouros e segurança para a escola estadual, melhoria no atendimento do posto de saúde da família entre outras, ações estas, que não podemos negar a existência de características benéficas. No entanto, muitas vezes não representa os anseios da comunidade. Produção Acadêmica do GPDESO/Grupo de Pesquisa Desenvolvimento e Sociedade - CNPq/UFRPE. CONSIDERAÇÕES FINAIS Assim percebemos que o fato das mulheres de A Ver-o-Mar estarem no “comando” da comunidade isso não possibilitou, ainda, a construção de uma consciência crítica do ser mulher, de estar na liderança de uma associação, nem proporcionou autonomia para tomar as decisões e o reconhecimento de seu protagonismo social. Acreditamos que o modelo desigual de relação social começa nesta comunidade no âmbito doméstico onde as mulheres ainda reproduzem a superioridade masculina, como sendo uma relação “natural” da relação humana. Daí surge uma indagação, como pode a mulher conseguir o empoderamento no espaço público se no seu interior pessoal e familiar, ainda continua arraigada à opressão e à submissão masculina? Produção Acadêmica do GPDESO/Grupo de Pesquisa Desenvolvimento e Sociedade - CNPq/UFRPE. FIM... MUITO OBRIGADA!! Produção Acadêmica do GPDESO/Grupo de Pesquisa Desenvolvimento e Sociedade - CNPq/UFRPE.