Classicismo XVI Contextos - No fim da Idade Média, começam transformações que ficam mais claras no Renascimento; - Surgimento das cidades (burgos) , que proporcionavam o trânsito cultural; - Universidades: burgueses começam a tomar contato com ideais antropocêntricos, liberais; - A Igreja perde o monopólio cultural; - Filosofia – observação da Natureza -> Ciência Moderna - Desenvolvimento da imprensa, de instrumentos de navegação... - O berço do Renascimento: Florença, Itália. Grandes Renascentistas Leonardo da Vinci Michelangelo “O Juízo Final”, parede oeste da Capela Sistina Sandro Botticelli O nascimento de Vênus Nicolau Maquiavel Características do Movimento •Retomada dos ideais greco-romanos - Beleza, razão, simetria, harmonia, perfeição, geometrização, regularidade... Transforma-se o amador na cousa amada, Por virtude do muito imaginar; Forma triangular (pirâmide), atenção para as proporções, feições... Não tenho logo mais que desejar, Pois em mim tenho a parte desejada. Se nela está minha alma transformada, Que mais deseja o corpo de alcançar? Em si somente pode descansar, Pois consigo tal alma está liada. Mas esta linda e pura semideia, Que, como o acidente em seu sujeito, Assim co'a alma minha se conforma, Está no pensamento como ideia; [E] o vivo e puro amor de que sou feito, Como matéria simples busca a forma. Camões “Pietã”Michelangelo - Paganismo (deuses gregos e romanos como inspiração artística: Zeus/Júpiter; Afrodite/Vênus; Dionísio/Baco; Poseidon/ Netuno...) Canto I – Concílio dos Deuses [...] Quando os Deuses no Olimpo luminoso, Onde o governo está da humana gente, Se ajuntam em concílio glorioso Sobre as cousas futuras do Oriente. Pisando o cristalino Céu formoso, Vêm pela Via-Láctea juntamente, Convocados da parte do Tonante, Pelo neto gentil do velho Atlante. Deixam dos sete Céus o regimento, Que do poder mais alto lhe foi dado, Alto poder, que só co'o pensamento Governa o Céu, a Terra, e o Mar irado. Ali se acharam juntos num momento Os que habitam o Arcturo congelado, E os que o Austro tem, e as partes onde A Aurora nasce, e o claro Sol se esconde. [...] Os Lusíadas, Luis de Camões O Nascimento de Vênus, Sandro Botticelli Mitologia (presença de mitos gregos na poesia: Mito de Orfeu; Mito de Narciso...) Soneto CXXVII Vendo Narciso em uma fonte clara, A sombra só da própria formosura, De si vencido (Amor quis por ventura Vingar as Ninfas qu'elle desprezara.) Todo enlevado na beleza rara, Que seu peito abrasou em chama pura, Chorando disse, à sua vã figura, Por quem perdeu em fim a vida chara: O Ninfa destas águas moradora, Surda em ouvir-me, muda em responder-me, Não vês a quem não ouves, nem respondes? Não vês que sou Narciso? ah que por verme, Mil Ninfas dOutras fontes saem fora, Ε tu por me não ver, nesta t'escondes. Diogo Bernardes Formas poemáticas gregas e romanas - Ode - Lira - Elegia - Epopeia - Soneto ... Mímese (arte como recriação da natureza de forma poética – Aristóteles) Platonismo - Mundo sensível X Mundo inteligível - Amor idealizado - Mulher idealizada e inatingível Classicismo em Portugal (1527-80) 1527: Francisco Sá de Miranda volta da Itália e apresenta sua nova obra “Os Estrangeiros”, já com estilo e novidades da Renascença Italiana. 1580: morte de Camões e fim da Independência política do país, que, de mais poderoso Estado europeu, passou a mero estado do Império Espanhol. - No período do classicismo, Portugal vivia seu auge: * Dinastia de Avis; * poder centralizado; * Grandes Navegações; * comércio intenso Luís Vaz de Camões (1524?-1580) Obra Lírica I- Tradição Ibérica • forma: vilancete; uso de medida velha; • assuntos: cenários portugueses; folclore português; musas; amor associado à paisagem bucólica... II- Tradição Clássica - Formas e assuntos trazidos da Itália - Doce estilo novo - Formas: lira, ode, sonetos... - Assuntos: *Amor filosóficos, maneiristas) (definição racional, moldes lógicos, Amor é fogo que arde sem se ver; É ferida que dói e não se sente; É um contentamento descontente; É dor que desatina sem doer; É um não querer mais que bem querer; É solitário andar por entre a gente; É nunca contentar-se de contente; É cuidar que se ganha em se perder; É querer estar preso por vontade; É servir a quem vence, o vencedor; É ter com quem nos mata lealdade. Mas como causar pode seu favor Nos corações humanos amizade, se tão contrário a si é o mesmo Amor? * Mutabilidade das coisas (reflexões filosóficas sobre a passagem do tempo, a efemeridade da vida) Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, Muda-se o ser, muda-se a confiança; Todo o mundo é composto de mudança, Tomando sempre novas qualidades. Continuamente vemos novidades, Diferentes em tudo da esperança; Do mal ficam as mágoas na lembrança, E do bem, se algum houve, as saudades. O tempo cobre o chão de verde manto, Que já coberto foi de neve fria, E em mim converte em choro o doce canto. E, afora este mudar-se cada dia, Outra mudança faz de mor espanto, Que não se muda já como soía. * Desconcerto do mundo (injustiças; ser X deveria ser...) Sete anos de pastor Jacob servia Labão, pai de Raquel, serrana bela; Mas não servia ao pai, servia a ela, E a ela só por prêmio pretendia. Os dias, na esperança de um só dia, Passava, contentando-se com vê-la; Porém o pai, usando de cautela, Em lugar de Raquel lhe dava Lia. Vendo o triste pastor que com enganos Lhe fora assim negada a sua pastora, Como se a não tivera merecida, Começa de servir outros sete anos, Dizendo: — Mais servira, se não fora Para tão longo amor tão curta a vida! * Platonismo (mundo inteligível X mundo sensível; idealização da mulher e do amor) Tanto de meu estado me acho incerto, Que em vivo ardor tremendo estou de frio; Sem causa, justamente choro e rio, O mundo todo abarco e nada aperto. É tudo quanto sinto, um desconcerto; Da alma um fogo me sai, da vista um rio; Agora espero, agora desconfio, Agora desvario, agora acerto. Estando em terra, chego ao Céu voando; Numa hora acho mil anos, e é jeito Que em mil anos não posso achar uma hora. Se me pergunta alguém por que assim ando, Respondo que não sei; porém suspeito Que só porque vos vi, minha Senhora. * Maneirismo (uso de antíteses, paradoxos e hipérboles) Obra Épica Os Lusíadas, 1572 - Narra a grandeza do povo lusitano na viagem às índias liderada por Vasco da Gama. -> ufanismo e apologia aos valores lusitanos relacionados à Expansão Marítima - Maior poema épico da língua portuguesa, pelo seu valor poético. - Estrutura: * Dez cantos; * 1.102 estrofes em oitava-rima; * 8.816 versos decassílabos heróicos (tônicas); _____________6ª_______10ª - A ________________________ - B ________________________ - A ________________________ - B ________________________ - A ________________________ - B ________________________ - C ________________________ - C - Título: expressão de André de Resende -> mostra a intensão de Camões de celebrar o povo português (coletivo); - Herói: povo português. ** Vasco da Gama tem o papel de um representante dos lusitanos, mas não ocupa posição de herói da epopeia. - Tema: história de Portugal - Sebastianismo (dedicatória à D. Sebastião) - Fusionismo: mistura de elementos pagãos e cristãos; - “In media res” : narrativa começa no meio da viagem Episódios de Destaque: • Canto I – Concílio dos Deuses • Canto III – Inês de Castro • Canto IV – Velho do Restelo • Canto V – Gigante Adamastor • Canto VI – Chegada às Índias • Canto IX – Ilha dos Amores • Canto X – Máquina do Mundo Bibliografia: História Ilustrada das Grandes Literaturas – Literatura Portuguesa 1º volume, Antônio José Saraiva. Manual de Pesquisa – Filosofia e Literatura, Eberth Santos e Josana Moura História da Literatura Portuguesa, Joaquim Ferreira