Classicismo em Portugal Contexto Histórico Desenvolvimento do comércio; Reforma Protestante; Desenvolvimento científico-tecnológico Navegações Imprensa Antropocentrismo Nas artes valorização dos clássicos Renascimento / Artes A Literatura Imitação dos clássicos → temas, estrutura,... Mitologia sentido estético Formalismo Medida Nova Predomínio da Razão / Universalismo Amor platônico Luís Vaz de Camões (1525 – 1580) “E assim acabarei a vida, e verão todos que fui tão afeiçoado à minha pátria, que não somente me contentei de morrer nela, mas de morrer com ela”. A Épica Camoniana Os Lusíadas (1572) segue os modelos de Horácio e de Virgílio; Título: significa “Lusitanos”, ou seja, são os próprios lusos, em sua alma como em sua ação. (Luso=luz) Considerações Gerais Tema: Camões cantará as conquistas de Portugal, as glórias dos navegadores, os reis do passado; em outras palavras, a glória do povo português . Ação: Histórica: Viagem de Vasco da Gama. Mitológica: Disputa entre os deuses. A narrativa não segue ordem linear, cronológica. Estrutura Dez Cantos; 1102 Estrofes de oito versos; 8816 Versos decassílabos; Rimas ABABABCC; Cinco partes: Proposição Invocação Dedicatória Narração Epílogo Partes Proposição (canto I) As armas e os barões assinalados Que, da ocidental praia lusitana, Por mares nunca de antes navegados Passaram ainda além da Taprobana, Em perigos e guerras esforçados, Mais do que prometia a força humana, E entre gente remota edificaram Novo reino, que tanto sublimaram. Partes Invocação (canto I) pede inspiração às Tágides (musas do Tejo). Dedicatória (canto I) dedica o poema ao Rei D. Sebastião. Narração (cantos I ao X) narra a viagem de Vasco da Gama ao Oriente. Epílogo (canto X) parte final, poeta se mostra desiludido com sua pátria, já antevendo a decadência de Portugal. Viagem de Vasco da Gama Episódios Importantes Canto I Narração in media res; Canal de Moçambique; Concílio dos deuses Baco X Vênus Armadilha de Baco (falso piloto); Meditação sobre a condição humana. Canto I – “Meditação Moral” “No mar tanta tormenta e tanto dano, Tantas vezes a morte apercebida! Na terra tanta guerra, tanto engano, Tanta necessidade aborrecida! Onde pode acolher-se um fraco humano, Onde terá segura a curta vida, Que não se arme, e se indigne o Céu sereno Contra um bicho da terra tão pequeno?” Canto II Júpiter consola Vênus, Júpiter prenuncia o sucesso da expedição lusa; Sonho de Vasco da Gama. Formosa filha minha, não temais Perigo algum nos vossos lusitanos, Nem que ninguém comigo possa mais Que esses chorosos olhos soberanos; Que eu vos prometo, filha, que vejais Esqueceram-se gregos e romanos, Pelos ilustres feitos que esta gente Há de fazer nas partes do Oriente.” Canto III Em Melinde; Invocação à Calíope; Narração de Vasco da Gama; Início da História de Portugal; Episódio de Inês de Castro. Trecho Lírico “Tu só, puro amor, com força crua, Que dos corações humanos tanto obriga, Deste causa à molesta morte sua, Como se for a pérfida inimiga, Se dizem, fero amor, que a seta tua Nem com lágrimas tristes se mitiga, É porque queres, áspero e tirano, Tuas aras banhar em sangue humano” Canto IV Continua a História de Portugal; Sonho de Dom Manuel; Narra o dia da partida da frota; Episódio do Velho do Restelo. Velho do Restelo “- Ó glória de mandar, ó vã cobiça Desta vaidade a quem chamamos Fama! Ó fraudulento gosto, que se atiça Com uma aura popular que honra se chama! Que castigo tamanho e que justiça Fazes no peito vão que muito te ama! Que mortes, que perigos, que tormentas. Que crueldades neles experimentas!” Canto V Narra a viagem pela Costa Africana; Episódio de Fernão Veloso; Episódio do Gigante Adamastor; Voz de Camões Crítica aos que não valorizam a poesia. A lírica camoniana Influência da tradição popular portuguesa → redondilhas, cantigas,... Influência da Antigüidade Clássica; Sonetos → Medida Nova Platonismo amoroso; Visão idealizada da mulher; Análise do contraditório; Desconcerto do mundo; Amor Platônico Alma minha gentil, que te partiste Tão cedo desta vida descontente, Repousa lá no Céu eternamente E viva eu cá na terra sempre triste. Se lá no assento Etéreo, onde subiste, Memória desta vida se consente, Não te esqueças daquele amor ardente Que já nos olhos meus tão puro viste. E se vires que pode merecer-te Alguma cousa a dor que me ficou Da mágoa sem remédio de perder-te, Roga a Deus, que teus anos encurtou, Que tão cedo de cá me leve a ver-te, Quão cedo de meus olhos te levou. Inconstância Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, Muda-se o ser, muda-se a confiança; Todo o mundo é composto de mudança, Tomando sempre novas qualidades. Continuamente vemos novidades, Diferentes em tudo da esperança; Do mal ficam as mágoas na lembrança, E do bem (se algum houve) as saudades. O tempo cobre o chão de verde manto, Que já coberto foi de neve fria, E enfim converte em choro o doce canto. E, afora este mudar-se cada dia, Outra mudança faz de mor espanto, Que não se muda já como soía. Análise do contraditório Tanto de meu estado me acho incerto, Que em vivo ardor tremendo estou de frio; Sem causa, juntamente choro e rio, O mundo todo abarco, e nada aperto. É tudo quanto sinto um desconcerto: Da alma um fogo me sai, da vista um rio; Agora espero, agora desconfio; Agora desvario, agora acerto. Estando em terra, chego ao Céu voando; Num'hora acho mil anos, e é de jeito Que em mil anos não posso achar um'hora. Se me pergunta alguém porque assi ando, Respondo que não sei, porém suspeito Que só porque vos vi, minha Senhora.