Sistema agrossilvicultural
Cacau x Madeiráveis
Raúl René Valle, PhD
Caracterização do Sistema Agrossilvicultural
 Agrupamentos das espécies arbóreas
em categorias de ciclos de corte.
 Considerando:
 Taxa de crescimento;
 Fornecimento de produtos de acordo com o
objetivo de produção
 Ocorrência natural ou adaptação às caracte-
rísticas edafoclimáticas da região de cada
espécie.
Caracterização do Sistema Agrossilvicultural
Os ciclos de corte propostos são:
1. Ciclo curto (CC) - produção de madeira para
fins energéticos, ciclo de espécies de rápido crescimento, espaçamento de 3 x 3 ou
6 x 1,5 m – 1.111 plantas/ha;
2. Ciclo médio (CM) - produção de estacas e
mourões, ciclo de corte começando aos 8
anos e terminando aos 10 anos, espécies
de crescimento moderado a rápido, espaçamento 6 x 6 m – 278 árvores/ha;
Caracterização do Sistema Agrossilvicultural
 Os ciclos de corte propostos são:
3. Ciclo intermediário (CI) - produção de madeira
serrada, ciclos de corte começando aos 15
anos – primeiro desbaste – e terminando aos 20
anos no corte final, espaçamento 12 x 6 m, 139
árvores/ha e;
4. Ciclo longo (CL) - representa um bônus econômico e ambiental (reserva verde) ao produtor
rural, espécies de crescimento moderado a
lento, produtoras de madeira nobre, espaçamento 24 x 24 m, com 17 árvores/ha. Estas
árvores proporcionarão o sombreamento definitivo para o cacaueiro no longo prazo.
Arranjos
• Os arranjos diferenciaram entre si em relação ao ano de entrada
do cacaueiro, número de ciclos para produção de energia (CC).
As espécies madeireiras serão implantadas no ano zero.
• No arranjo A. A implantação do cacaueiro será no ano zero,
implantação de espécies CC com a função de sombreamento
provisório e plantio das espécies CM, CI e CL. O corte das
espécies de CC será no quarto ano
• No arranjo B. A implantação do cacaueiro será no ano zero,
implantação de espécies CC com a função de sombreamento
provisório e plantio das espécies CM, CI e CL. O corte das
espécies de CC (espécies para energia) fornecerão dois cortes
um aos quatro anos e o outro aos oito anos.
Arranjos
• Os arranjos diferenciaram entre si em relação ao ano de entrada
do cacaueiro, número de ciclos para produção de energia (CC).
As espécies madeireiras serão implantadas no ano zero.
• No arranjo C. A implantação do cacaueiro será no quarto ano,
após o corte das espécies de CC (ciclo para energia). As espécies
para energia fornecerão dois cortes um aos quatro anos e o
outro aos oito.
• No arranjo D. O plantio do cacaueiro será no ano 8, postergando
a produção de cacau e intensificando a produção de madeira,
com dois ciclos para produção de energia (CC) – cortes aos 4 e 8
anos e metade do corte da madeira ao 8 anos.
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10
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6m
6m
Legenda
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16
21
Ciclo Curto (CC) - fins
energéticos.
Linhas 1 a 9.
Ciclo Médio (CM) - mourões.
Linhas 1,3,5,7 e 9.
24 m

I

Ciclo Intermdiário (CI) serraria. Linhas 1, 3, 5, 7 e 9
Ciclo Longo (CL) sombreamento definitivo.
Linhas 1 e 9
Cacau
Metodologia de Avaliação Econômica
 Baseado no fluxo de caixa em horizonte temporal de
20 anos;
 Taxa de juros de 5,0% ao ano;
 No fluxo de caixa foram separados os custos e receitas provenientes tanto da produção de cacau
quanto da produção madeireira, com o objetivo de
avaliar a participação e comportamento dos elementos de cada produção componente dos sistemas.
 Na ocasião do cálculo de receita líquida, o valor do
custo de preparo e manutenção da área (comum aos
cultivos) foi adicionado igualmente aos custos de
produção do cacau e de madeiráveis.
Metodologia de Avaliação Econômica
 Os indicadores básicos de análise econômica usados
para avaliar os resultados foram o valor presente líquido (VPL), a razão benefício:custo (B/C) e a taxa interna de retorno (TIR). Utilizou-se também o período
de retorno do capital (PRC).
 O valor presente líquido (VPL) representa a concentração de todos os valores esperados de um fluxo de
caixa na data zero. Portanto, é a soma algébrica dos
valores do fluxo líquido, atualizado à taxa de desconto
 A razão B/C mede quanto se ganha por unidade de capital investido. É a relação entre o valor presente dos
benefícios e o valor presente dos custos.
Metodologia de avaliação econômica
 A TIR é definida como uma taxa de desconto que faz
com que o valor atualizado dos benefícios seja igual
ao valor atualizado dos custos. Constitui uma medida
relativa que reflete o aumento no valor do investimento ao longo do tempo, tendo em vista os recursos
demandados para produzir o fluxo de receitas.
 Para que se possa considerar um sistema de produção economicamente viável através da TIR, os
resultados obtidos devem superar a taxa básica de
remuneração ou taxa mínima de atratividade (TMA).
Composição dos Custos
 São considerados todos os recursos (insumos) e operações (serviços) do processo produtivo a partir do
preparo inicial da área.
 Os coeficientes técnicos da produção de cacau foram
obtidos no Centro de Extensão (CENEX) da Comissão
Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC),
no ano de 2012.
 O custo de transportes de insumos foi calculado em
10% sobre a soma dos custos referentes a estes.
Composição dos custos
 Estimaram-se ainda gastos eventuais (5% sobre os insumos, transporte e mão de obra), representando despesas
gerais, perdas não previstas que podem ocorrer nas culturas, causadas por pragas e/ou outros fatores.
 Custos de assistência técnica não foram incluídos. Contudo,
se for necessário poderá ser atribuído a este custo o valor
de um por cento sobre os custos de insumos, transporte e
mão de obra, de acordo com CEPLAC.
 Os valores utilizados para mão de obra (dias/homem) foram
baseados no salário mínimo vigente em 2012 (R$ 622,00)
com a adição dos encargos sociais de 45,6%.
 O custo de manutenção da área foi dividido entre os cultivos
plantados no período.
Composição dos Benefícios
 Os benefícios são constituídos pelo conjunto de produtos obtidos em cada sistema produtivo, a partir da
produção individual de cada cultivo utilizado.
 Considerou-se uma produção de amêndoa seca de
cinco arrobas/ha no ano dois, 10 no ano três, 20 no ano
quatro, 30 no ano cinco, 40 no ano seis, 50 no ano sete,
70 no ano oito, 90 no ano nove e 120 arrobas/ha no ano
10 e subseguintes ate o ano 20 em que termina o ciclo.
 O preço foi fixado em R$ 80,00/arroba.
 Para a produção de lenha (CC), estimou-se a produção
de 180 m³/ha de madeira de espécies de CC, ou seja,
281,25 st de lenha num ciclo de quatro anos, utilizando
o fator de cubicação de 0,64.
 Atribuiu-se o valor, de R$ 30,00/st, baseado nos preços
utilizados regionalmente.
Composição dos Benefícios
 Foi definido que cada árvore do CM produziria três
mourões de 2,2 metros, totalizando 831 mourões por
hectare, com valor unitário de R$ 12,00. Considerou-se
10% do volume como parte não aproveitável para
mourões, resultando como subproduto 5,26 st/ha de
lenha.
 No desbaste de 50% (69 árvores) das árvores do CI, aos
15 anos, foram produzidos 9,3 m³/ha, e em 20 anos,
12,4 m³/ha.
 O preço do metro cúbico de madeira para serraria foi
estimado, com base em valores praticados na região,
em R$ 1000,00. Atribuiu-se o valor de 25% do volume
obtido como porção não aproveitável da tora, sendo
então destinada à venda de lenha.
Receita líquida da produção madeireira e da produção de cacau, dos arranjos (A),
(B), (C) e (D) durante o período de avaliação.
O comportamento da receita líquida dos quatro sistemas
propostos e do cultivo do cacaueiro apresentou deslocamento do
fluxo de caixa em função do ano de entrada da produção de cacau
e, aumento da receita líquida no ano oito, no arranjo B e C,
proveniente do segundo ciclo de corte de madeiráveis para fins
energéticos e primeiro corte de madeira para mourões,
respectivamente.
Portanto, os valores de custo e receitas (salvo a exceção descrita
anteriormente – receita no ano 8 nos arranjos B e C), atualizados
ao ano zero, apresentam um pequeno declínio em todos os
arranjos.
A fase inicial dos cultivos de todos os sistemas, correspondente
aos primeiros anos de campo, apresentou rendimentos negativos
devido à falta de produção neste período
Fluxo de caixa atualizado à taxa de 5,0% ao ano, acumulado
dos quatro sistemas propostos.
O Arranjo C apresenta um maior tempo de retorno de
capital, no entanto tem TIR e razão B/C relativamente
atrativas
e
o
terceiro
melhor
VPL.
O arranjo D foi inferior aos demais sistemas nos critérios
apontados. No entanto tem um apelo ambiental alto devido
ao maior tempo em campo, das madeiráveis. É conhecido
que quanto menor o RCI, melhor a condição inicial da
capitalização e autogeração do sistema. No entanto, o
intercultivo com culturas anuais podem representar uma
solução para antecipar o payback, neste e no Arranjo C.
Culturas anuais intercaladas são tecnicamente viáveis,
durante os anos iniciais dos sistemas, devido à penetração
da radiação solar.
Os quatro sistemas apresentados exibiram TIR maior do
que a Taxa Mínima de Atratividade (TMA) de 6% ao ano,
adotada no projeto Campo Futuro, sendo viáveis
economicamente.
As taxas de retorno expostas permitem evidenciar uma
elevada capitalização do investimento realizado,
significando em termos financeiros que para cada unidade
monetária investida, haverá um retorno equivalente anual
de 1,15, no caso do sistema A, por exemplo.
Ou ainda, interpretando a razão B/C, o sistema A gera 1,85
unidades de benefícios para cada unidade de custo.
Por outro lado, a modelagem mostra que o cacaueiro
solteiro, manejado tecnicamente é atrativo, apesar de
apresentar um VPL relativamente baixo em comparação
com os sistemas A e B.
Custo e rendimento brutos do cacaueiro e fluxo de caixa atualizado.
Custo e benefício à taxa de 5,0% ao ano, VPL, RB/C, TIR e tempo de retorno do
capital investido (RCI, payback) em sistemas com ciclo de duração de 20 anos,
valores para um hectare.
Sistema
VP
Benefício
VP
Custo
VPL
B/C
TIR
RCI
Classificação
VPL
A
91.897
49.580
42.317
1,85
15,30
8 anos e 10
meses
2
B
96.099
51.247
44.852
1,88
16,09
8 anos e 6
meses
1
C
86.308
57.752
28.556
1,49
10,94
11 anos 4
meses
3
D
55.825
38.265
17.560
1,46
9,66
14 anos 2
meses
5
Cacau
60.748
36.988
23.760
1,64
12,00
9 anos e 8
meses
4
Mesmo com períodos de retorno do capital investido relativamente
longos, todos os arranjos são considerados viáveis levando em
consideração a razão Custo:Beneficio.
De acordo com o VPL, o melhor arranjo é o B devido à entrada do
cacaueiro no ano zero e entrada de receita nos anos 4, 8 e 10.
O segundo maior VPL foi para o Arranjo A devido à entrada do
cacaueiro e receitas das madeiráveis do CC e do CI.
O pior desempenho apresentado pelo sistema D é devido à entrada
do cacaueiro no ano 8. As receitas das moderáveis não
compensaram a recita perdida pela entrada tardia do cacau.
Estes dados mostram que a cultura do cacaueiro pode fazer parte
desde o início do consórcio, ou atrasar a produção de cacau e
intensificar ao máximo a produção de curto prazo de madeira.
Vale ressaltar, que o arranjo B, embora não apresente o menor custo
final de produção, exibe a maior margem final de benefícios líquidos
atualizados (VPL), com uma larga diferença em relação aos demais
arranjos, sendo de 36% maior que o arranjo C, 61% maior que o
arranjo D e 47 maior que o cacau.
Em relação ao arranjo A, o sistema B é comparativamente similar
com apenas 6% a mais no seu VPL.
Considerações
• Os sistemas avaliados, embora com desempenhos
econômicos
diferenciados,
são
alternativas
promissoras, capazes de incrementar economicamente
a cacauicultura. Portanto, pode se afirmar que o
princípio do modelo de produção avaliado é válido para
a cacauicultura.
• A combinação do cacaueiro com espécies madeireiras é
compatível em termos agroecológicos e econômicos, a
produção de madeira complementa a produção de
cacau.
Considerações
• Além de serem compatíveis economicamente, estes
sistemas permitem a conservação produtiva de
espécies arbóreas importantes ecologicamente,
principalmente as que compõem o ciclo longo e
intermediário
• Adicionalmente, as espécies madeireiras sugeridas são
amplamente conhecidas na região e potencializam a
adotabilidade dos sistemas. No entanto, outras
espécies arbóreas nativas com as mesmas
características de crescimento e qualidade podem ser
empregadas.
Considerações
• Na escolha, é aconselhável optar por espécies
erradicadas, ameaçadas de extinção ou sob forte
pressão antrópica, para aumentar a eficiência
ambiental dos sistemas.
• O plantio do cacaueiro deve fazer parte desde o início
do consórcio, por esta favorecer a agregação de valor
nos sistemas.
• A análise mostra que para o consórcio cacaueiro e
espécies madeireiras, o aumento do número de
rotações (ciclos de corte) de madeira, favorece a
rentabilidade dos sistemas;
Considerações
• Na escolha, é aconselhável optar por espécies
erradicadas, ameaçadas de extinção ou sob forte
pressão antrópica, para aumentar a eficiência
ambiental dos sistemas.
• O plantio do cacaueiro deve fazer parte desde o início
do consórcio, por esta favorecer a agregação de valor
nos sistemas.
• A análise mostra que para o consórcio cacaueiro e
espécies madeireiras, o aumento do número de
rotações (ciclos de corte) de madeira, favorece a
rentabilidade dos sistemas;
Considerações
• As atividades de colheita e beneficiamento, remoção da
vassoura-de-bruxa, adubação e roçagem são os
componentes de maior peso na composição do custo da
produção de cacau.
• O baixo custo da produção de madeira aliado à receita
que esta proporciona, de forma escalonada no sistema,
confirma a inserção econômica complementar do
componente florestal madeireiro.
• Devem-se utilizar espécies de maior produtividade;
Considerações
• Variar o número de espécies por ciclo em função da
receita desejada;
• Geração de produtos de maior valor agregado ou ainda,
adotar técnicas de manejo que aproveitem melhor a
curva de incremento volumétrico da espécie escolhida,
obtendo assim maiores volumes.
• Culturas anuais podem ser utilizadas para diminuir o
tempo de retorno do capital investido e aumentar a
rentabilidade dos sistemas.
Equipe
•
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•
•
Dan Érico Petit Lobão, DSc
Kátia Curvelo, MSc
Raúl René Valle, PhD; Coordenador
Wallace Setenta, MSc
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Sistema Cacau X Espécies Madereiras