Mobilização do Conhecimento Iniciando o caminho... A preocupação com o estudo da criança é bastante recente na história da humanidade. Alguns filósofos do século XIII e XVIII, como John Locke (1632 – 1704), Jean Jacques Rousseau (1712 – 1778) e Immanuel Kant (1724 – 1804) conforme evidencia Fontana e Cruz [1997], já conheciam ideias que John Locke influenciariam a psicologia do desenvolvimento. Mas é somente na metade do século XIX e nas primeiras décadas do século XX que autores iniciam efetivamente os estudos do desenvolvimento da criança e do comportamento infantil. As influências das tendências filosóficas de Locke, Rousseau e Kant foram o ponto de partida para o inicio das Jean Jacques construções das Teorias da Psicologia Immanuel Kant do desenvolvimento no século XX. Mobilização do Conhecimento Iniciando o caminho... Nessa época a teoria da psicologia do desenvolvimento propunham definir padrões normativos que pudessem explicar quais mudanças ocorriam, de que forma se davam e por quê. Com isso o desenvolvimento foi organizado em estágios evolutivos, enfatizando aspectos distintos do desenvolvimento humano orgânicos, motores, cognitivos, afetivos, sexuais, morais, sociais, históricos e culturais. Teoria Inatista-maturacionista Uma das concepções pioneiras do desenvolvimento humano é a teoria da maturação, que se refere a um padrão de mudanças comum a todos da mesma espécie. O crescimento do feto, por exemplo, segue um padrão de mudanças biologicamente determinado; assim, uma sequência que parece se repetir sempre em relação à maioria das crianças, como sentar, engatinhar, andar, etc., Arnold Gesell sugere a existência de certo “padrão” de desenvolvimento. Este padrão despertou o interesse de muitos pesquisadores, dentre os quais se destacou Arnold Gesell (1880-1961), primeiro teórico a defender que os fatores de maturação influenciavam diretamente a aprendizagem. Teoria Inatista-maturacionista Preocupado em compreender a evolução da criança, Gesell procurou estabelecer escalas de desenvolvimento que permitissem comparar os comportamentos esperados para certa faixa etária. Com isso o desenvolvimento passou a ser entendido como um processo de padronização, isto é, uma sequência de respostas definitivas que envolvem uma sequência fixa de padrões de crescimento físico e correspondem a um período da evolução inerente ao organismo humano. Teoria Inatista-maturacionista Ao pensar em hereditariedade ou herança genética (aquela recebida dos nossos pais, como a cor dos olhos, cabelo, o tipo sanguíneo, o formato da nariz e orelha), os teóricos da concepção inatistamaturacionista observam que, como os traços determinados geneticamente quando nascemos, as aptidões individuais e a inteligência são características herdadas dos pais e, portanto, já estão determinadas quando a criança nasce. Os dados coletados e constatados pelos pesquisadores de que os fatores inatos são determinantes nas aptidões individuais permitiram que fossem estabelecidas comparações entre as pessoas. A partir disto pessoas com uma aptidão especial teriam em sua família alguém que apresentasse o mesmo tipo de aptidão. Ainda com base nessa concepção homens e mulheres apresentariam diferenças de aptidões, assim como crianças brancas e negras apresentariam diferenças no desempenho de determinadas tarefas em razão da herança genética de suas raças. Teoria Inatista-maturacionista Nessa exposição não poderíamos de citar Alfred Binet (1857-1911), que assim como Gesell, acreditava que a inteligência e o desenvolvimento psíquico da criança eram biologicamente determinados. Como Gesell, Binet procurou descrever habilidades e comportamentos típicos de cada faixa etária, especialmente a mensuração da inteligência por meio de testes. Binet, tornou-se mundialmente conhecido após elaborar e publicar em 1905, em parceria com Teodore Simon, a primeira escala para a medida da inteligência geral, conhecida como TESTE DE QI. Qual a relação existente entre o desenvolvimento que é biologicamente determinado com os processo de aprendizagem? Segundo Fontana e Cruz [1997], ao destacarmos o papel dos fatores de maturação e hereditariedade na determinação da inteligência e do desenvolvimento, observamos que o que a criança aprende no decorrer da vida não interfere no processo do seu desenvolvimento; a aprendizagem é que depende dele. Em outras palavras, o que a criança é capaz ou não de aprender está diretamente ligado ao nível de maturação de suas habilidades e ao seu nível de inteligência. Para as autoras, “tal concepção teve o mérito de chamar a atenção para as especificações da criança, para as características, habilidades e capacidades dos educandos, colocando em destaque noções como prontidão, maturidade e aptidão” Qual a relação existente entre o desenvolvimento que é biologicamente determinado com os processo de aprendizagem? Mesmo atribuindo à escola o papel de aflorar as possibilidades do desenvolvimento da criança, as propostas pedagógicas nessa perspectiva consideram que aprender os conteúdos escolares a criança deve desenvolver determinadas capacidades, deixando a ideia de que existe uma idade precisa para se aprender e de que a criança tira proveito das situações de aprendizagem dependendo do seu nível de maturidade ou prontidão. Teoria Cognitiva ou Abordagem Piagetina A Teoria Cognitiva focaliza principalmente a estrutura e o desenvolvimento dos processos do pensamento e do conhecimento do individuo. Jean Piaget (1898-190) foi o pioneiro nessa teoria. Em sua concepção, conhecer é organizar, estruturar a realidade a partir daquilo que se vivência nas experiências com os objetivos do conhecimento. Piaget, procurando compreender como um homem construía seus conhecimentos sobre a realidade, desenvolveu a chamada epistemologia genética, que se refere a busca das origens de formação do pensamento e do conhecimento. Para ele, saber como as pessoas pensam revelaria como elas interpretam suas experiências e, portanto, explicaria como elas constroem seus valores e suas premissas. E como se dá o desenvolvimento congnitivo? O Equilíbrio Congnitivo, de acordo com Berger [2003], ocorre quando um conhecimento que você tem se ajusta a novas experiências. E quando uma nova experiência parece não se ajustar ao conhecimento existente, há um desiquilíbrio cognitivo, gerando uma confusão. É justamente a partir desse desiquilíbrio que se chega à aprendizagem: a pessoa modifica antigos conceitos e cria outros que se ajustam à nova experiência. Piaget chamou essa modificação de adaptação cognitiva, que ocorre durante toda a vida, num processo contínuo e ininterupto, e que pode se dar de duas maneiras: reinterpretação das novas experiências ajustando-se às antigas (assimilação) e modificação das antigas ideias para acomodar as novas (acomodações). Períodos ou estágios de desenvolvimento congnitivo relacionados à idade Estágio Sensório Motor: ocorre dos 0 aos 2 anos, quando o bebê começa a adquirir o controle motor e o conhecimento por meio dos reflexos inatos (sugar, pegar, chutar, etc.) e dos objetos que os rodeiam; Pré-operatório: que ocorre dos 2 aos 7 anos, quando há o surgimento da linguagem e da representação, ou seja, das funções simbólicas; Operações Concretas: ocorre dos 7 aos 11 anos, é o estágio em que a partir da realidade concreta, a criança começa a realizar operações, a raciocinar lógica e sistematicamente. Operações Formais: que ocorre a partir da adolescência, quando passamos a raciocinar com conceitos abstratos, conseguimos realizar deduções sem o apoio de objetos concretos, adquirindo a forma final do equilíbrio. Influência do conceito piagentino no desenvolvimento, aprendizagem e educação Desenvolvimento: depende essencialmente do equilíbrio. Aprendizagem: de acordo com esse conceito, o que a criança pode ou não aprender é determinado pelo nível de suas estruturas congnitivas. Ou seja, tudo o que é transmitido á criança sem que seja compatível ao seu período ou estágio de desenvolvimento biológico e congnitivo não é de fato incorporado por ela. Influência do conceito piagentino no desenvolvimento, aprendizagem e educação Ensino: a influência do conceito piagentiano nas práticas pedagógicas é imensa. Nesse sentido o papel da escola é proporcionar à criança oportunidades de agir sobre o objeto do conhecimento; o professor, por sua vez, não deve ser aquele que transmite, mas o facilitador dos processos. Assim, a criança ocupa papel fundamental na construção de seu próprio conhecimento. TEORIA PSICANALÍTICA Pioneiras NA FORMULAÇÃO psicanalítica, as teorias de Freud se referiam à percepção sensorial e às forças intuitivas, por ele denominadas impulso. Freud definiu inicialmente o impulso como um estímulo da mente proveniente do corpo e descreveu de modo relativamente sistemático essa sequência de manifestações impulsivas, considerando a infância em quatro períodos ou estágios: oral, anal, fálico e genital [FREUD, 1905/1972 apud DESSEN; JUNIOR, 2007]. Freud TEORIA PSICANALÍTICA Na fase oral por exemplo, o bebê não só recebe o alimento por meio da sucção, como também se torna emocionalmente ligado à mãe, que lhe proporciona a satisfação oral, Na fase anal, os prazeres relacionados ao controle e ao autocontrole estão relacionados ao ato de defecar e ao uso do banheiro. Durante a fase fálica, o fascínio das crianças pelas diferenças físicas entre o sexos (masculino/feminino, homem/mulher) conduz à identificação sexual e ao desenvolvimento de padrões morais. Por último, a fase genital é caracterizada por interesses sexuais maduros que se estendem até a idade adulta. Freud TEORIA PSICANALÍTICA Em relação ao ensino, Kupfer [2002, p. 38] diz que “O professor deve ser capaz, para usar a metáfora de Freud, de ensinar o catecismo a selvagens, acreditando no que faz, com paixão mesmo, sem desconsiderar que seus selvagens, às escondidas (inconsciente), continuarão adorando seus deuses antigos.[...]” Freud TEORIA PSICANALÍTICA Sugestões Leitura Indicada: KUPPER M.C.A. A aprendizagem segundo Freud. Cap.3, pág. 77-94. In: Freud e a Educação. O mestre do impossível. 3ª edição. São Paulo, Scipione, 19985. Sugestões de filme: O Sorriso de Monalisa (Mona Lisa Smile), 125 min. Direção Mike Newell, EUA, 2003, e Shine (Shine), 105 min. Direção Scott Hicks, EUA, 1996. Teoria Comportamentalista ou Behaviorista Ao Contrário do inatismo-maturacionismo que enfatiza o papel dos fatores biológicos internos, como a maturação e a hereditariedade, a abordagem que deu origem à teoria comportamentalista ou behaviorista (do inglês behavior, que significa comportamento) destaca que as ações e as habilidades dos indivíduos são determinadas por suas relações com o meio em que se encontram. John Broadus Watson (1878-1958), o fundador do movimento comportamentalista, argumentava que os psicólogos deveriam estudar somente aquilo que podiam ver e medir, referindo-se e opondo-se abertamente a Freud e à ênfase dada por ele ao inconsciente. John Broadus Watson Teoria Comportamentalista ou Behaviorista Burrhus Frederic Skinner (1904-1990), deu continuidade ao trabalho de Watson, foi o criador do método por ele mesmo intitulado de “análise experimental do comportamento”, o qual permite prever e controlar cientificamente o comportamento humano. Para Skinner, a aprendizagem pode ocorrer por condicionamento clássico ou por condicionamento operante. Fontana e Cruz [1997] acreditam que uma das marcas deixadas pelo comportamentalismo na educação escolar foi a valorização do planejamento do ensino, que deve focar com clareza os objetivos que se pretende atingir, visando também a organização das sequências de atividades e a definição dos reforçadores a serem utilizados (elogios, notas, pontos, prêmios, etc.) assim de modo a tornar mais eficiente a aprendizagem de determinados conteúdos, a utilização de reforçadores e a organização da aprendizagem por pequenos passos são Burrhus Frederic princípios decorrentes da abordagem comportamentalista. Skinner Teoria Comportamentalista ou Behaviorista Sugestões Leitura Indicada: MIZUKAMI, Maria da Graça. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: EPU, 1986. (Temas básicos de educação e ensino). Capítulo 2 pág. 19 a 36 Sugestões de filme: Laranja Mecânica (A Clockwork Orange), 138 min., Direção Stanley Kubrick, Inglaterra, 1971. E Skinner, B. F. Grandes Educadores – B.F.Skinner. 40 min. Documentário. Nittas Vídeo (DVD), 2006. Teoria Sociocultural ou Abordagem Histórico-Cultural O pioneiro da teoria sociocultural ou históricocultural, como é chamada por diversos autores, foi Lev Semenovich Vygotsky (1896-1934). Se fossemos definir sua teoria por meio de palavras-chave, seria necessário mencionas ao menos as seguintes: Lev Semenovich Vygotsky Sociabilidade; Interação; signo e instrumento; Cultura; História e funções mentais superiores. Teoria Sociocultural ou Abordagem Histórico-Cultural Para compreender melhor essa abordagem, precisamos entender as principais ideias de Vygotsky, presentes em toda sua obra. A primeira, segundo Rego [1994, p.41] [...] refere-se à relação indivíduo/sociedade. Vygotsky afirma que as características tipicamente humanas não estão presentes desde o nascimento do indivíduo, nem são mero resultado das pressões do meio externo. Elas resultam da interação dialética do homem e seu meio sociocultural. Ao mesmo tempo em que o ser humano transforma o seu meio para entender suas necessidades básicas, transforme-se a se mesmo [...] quando o homem modifica o ambiente através do seu próprio comportamento, essa mesma modificação vai influencias seu comportamento futura. Lev Semenovich Vygotsky Teoria Sociocultural ou Abordagem Histórico-Cultural A segunda ideia, de acordo com a mesma autora, refere-se à origem das funções psíquicas, que se originam nas relações do indivíduo e seu contexto sócio e cultural. O signo e os instrumentos são a terceira das cinco teses postuladas por Vygotsky, e, de acordo com ele, a relação do homem com o mundo não é uma relação direta, mas mediada por ferramentas auxiliares, que são constituídas pela aquisição de linguagem e pelas relações sociais, materiais e históricas. A quarta tese postulada diz respeito ao cérebro, visto como o principal órgão da atividade mental. Lev Semenovich Vygotsky A quinta e última tese compreende os processos psicológicos complexos, que se diferenciam dos mecanismos elementares e não podem ser chamados de reflexos. Teoria Sociocultural ou abordagem Histórico-Cultural Sugestões Leitura Indicada: MIZUKAMI, Maria da Graça. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: EPU, 1986. (Temas básicos de educação e ensino). Capítulo 5 Sugestões de filme: Grandes Educadores – Paulo Freire. 40 min. Documentário. Nittas Vídeo (DVD), s/d