SÍNDROME DA APNÉIA-HIPOPNÉIA OBSTRUTIVA DO SONO (SAHOS), RINITE ALÉRGICA E IMUNOTERAPIA: RELATO DE CASO E REVISÃO DE LITERATURA. Eduardo Baptistella,Daniel Rispoli, Paulo Camargo, Sergio Maniglia, Thanara Pruner da Silva, Gustavo Sela, Daniela Dranka, Gustavo Bernardi. Hospital Angelina Caron e Centro Médico Especializado Baptistella Curitiba - Paraná INTRODUÇÃO O estudo dos distúrbios respiratórios do sono, roncos e apnéia do sono tem se tornado importante nos dias atuais por ser cada vez mais comum na população e ter conseqüências que prejudicam a qualidade de vida. (1) A Síndrome da apnéia-hipopnéia obstrutiva do sono (SAHOS) é caracterizada por episódios recorrentes de obstrução total (apnéia) ou parcial (hipopnéia) das vias aéreas superiores (2,3) e por apresentar uma duração de no mínimo 10 segundos. (4) Apresenta uma prevalência de 9% da população masculina, com média de idade entre 30 e 60 anos, e 4% da população feminina após a menopausa. (1,2). As apnéias podem ser centrais, obstrutivas ou mistas. Nas Centrais, causada por inibição do centro respiratório, há ausência total de fluxo aéreo oronasal e do esforço respiratório. Nas obstrutivas, devido a um componente obstrutivo das vias aéreas superiores, o fluxo aéreo oronasal é cessado, porém há a persistência do esforço ventilatório. Já as mistas começam com um componente central e se tornam obstrutivas.(1) O Indice de apnéia-hipopnéia (IAH) pode ser classificado em LEVE, apresentando de 5 a 15 apnéias/hora, MODERADO, de 16 a 30 apnéias/hora, e GRAVE, acima de 30 apnéias/hora.(5) O ronco, presente em praticamente 100% dos casos de SAHOS (5), é um ruído causado pela vibração das paredes faríngeas, epiglote, língua e, principalmente, pelo palato mole e úvula, devido a uma obstrução parcial das vias aéreas superiores. COMENTÁRIOS A obstrução nasal associada à congestão é um fator de risco para eventos respiratórios associados aos distúrbios do sono, junto com a apnéia, hipopnéia e roncos. (6) Os distúrbios do sono estão relacionados à incapacidade de respirar bem durante a noite e são comuns a pessoas com RA. Causando prejuízo no sono e um impacto na vida social, profissional e no aprendizado, sendo que o tratamento da RA pode ser benéfico, melhorando a qualidade e reduzindo os distúrbios do sono. (6) Polissonografias de pacientes com RA mostraram que as apnéias obstrutivas foram mais freqüentes e duradouras nos pacientes que possuíam obstrução nasal, se comparados com os que não possuíam. Também foi superior (1,8 vezes maior) a chance de ocorrer apnéia-hipopnéia naqueles pacientes. (6) A imunoterapia é uma estratégia comprovada para o tratamento da RA (10), reduzindo os sintomas da alergia, a longo prazo, e alterando a resposta imune, diminuindo assim, a necessidade de medicamentos. (7, 11, 12) A técnica da imunoterapia consiste na injeção de pequenas quantidades de extrato de alérgenos no tecido subcutâneo, por algum tempo, objetivando amenizar os sintomas advindos da exposição a estes alérgenos. (8) . CONCLUSÃO Devido às complicações e à grande prevalência de pessoas com SAHOS, roncos e RA, se fazem necessário o tratamento adequado destas moléstias e suas complicações para uma melhor qualidade de vida destes pacientes. RELATO DE CASO D.V., masculino, 56 anos, com queixa de roncos e apnéia do sono, realizou exame de polissonografia, no Hospital IPO, no dia 03/06/2009. Durante o exame o paciente apresentou roncos intensos e constantes e uma eficácia de sono de 85,1%. Ocorreram 154 despertares breves, com um índice de despertar de 29,0/hora, e com índice de movimentos de pernas associados aos despertares de 2,3/hora. O paciente apresentou índice de apnéia/hipopnéia (IAH) de 39,7/hora, sendo considerado grave IAH > 30, sendo 36,7 apnéia/hora. Durante a noite, houve 186 apnéias obstrutivas. O paciente foi submetido ao tratamento com imunoterapia para o controle de RA e após 06 meses foi realizado um novo exame de polissonografia, no mesmo hospital, no dia 18/12/2009. Ao exame o paciente apresentou uma relativa melhora com roncos moderados e intermitentes, com uma eficácia de sono de 91,5%. Durante o exame ocorreram 133 despertares breves, com índice de 22,4/hora e com índice de movimentos associados aos despertares de 1,7/hora. O IAH observado foi de 20,7/ hora, sendo considerado moderado IAH entre 15-30, sendo 11,8 apnéia/hora. Durante o exame, houve 86 apnéias obstrutivas, 120 a menos que antes do tratamento com imunoterapia. REFERÊNCIAS 11-Burger RCP, Caixeta EC, Ninno CQMSD. A relação entre apnéia do sono, ronco e respiração oral. Rev CEFAC, São Paulo, v.6, n.3, 266-71, jul-set, 2004 2-Ferreira GDP, Ramos FA, Fomin DS, Alóe F, Pinto JA. Ronco e Apnéia-Hipopnéia Obstrutiva do Sono: Indicações da Somnoplastia e da Uvulopalatofaringoplastia com Laser de CO2. Arquiv. Inter. De Otorrino. Ano: 2001 Vol. 5 Num. 4 - Out/Dez - (8º) 3-Bittencourt LRA, Togeiro SMGP, Bagnato MC. Diagnóstico da síndrome da apnéia e hipopnéia obstrutiva do sono. Rinologia, 2002 - sono.org.br 4-CULEBRAS A. Síndrome de apnea del sueño: soluciones a corto plazo y riesgo cerebrovascular a largo plazo. Rev Neurol 2006; 42 (1): 34-41 5- Neto JAC, Castro LMN, Júnior AAS, Magalhães AF, Brum ALG, Leite CCA, Santana AV, Ferraz GR, Reis PCA. Apnéia obstrutiva do sono. Relato de 26 casos operados segundo a fase i de stanford. REVISTA BRASILEIRA DE CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO - VOL. 34 / Nº 1 / JAN./FEV./MAR./ABR. 2005 6-Nunes CC, Solé D. Rinite alérgica: indicadores de qualidade de vida. J Bras Pneumol. 2010;36(1):124-133 7-Ciprandi G, Passalacqua G. Allergy and the nose. 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