ALLAN KARDEC HIPPOLYTE LEON DENIZARD RIVAIL 03 de outubro de 1804 a 31 de março de 1869 Hippolyte Leon Denizard Rivail, Allan Kardec e a Codificação Breve histórico de Hippolyte, o seu interesse pelos fenômenos mediúnicos e os trabalhos que levaram à codificação e a adoção do pseudônimo de Allan Kardec. 1854 Ouviu falar das mesas girantes através do Sr. Fortier – magnetizador Passatempo nos salões parisienses Assumiu a posição dos incrédulos que negam por não compreender os fatos “Fato contrário às leis da natureza e repugnante a minha razão” Kardec 1855 Sr. Carlotti – homem corso de natureza ardente e enérgica Falou com entusiasmo Aumentou a dúvida de Kardec Maio de 1855 Foi com o Sr. Fortier, o magnetizador, na casa da Sra. Roger – sonâmbula – encontraram Sr. Partier e Sra. Plenamaison. Sr. Partier homem de caráter grave, frio e calmo impressionou Kardec e levou-o a ter o primeiro contato com as mesas girantes Para Rivail Fatos deveriam ter uma causa Família Boudin – Espírito Zéfiro colaborou com Kardec nos primeiros trabalhos Kardec aplicou a esta ciência o método experimental que consistia em: observação – comparação – dedução encadeamento dos fatos fusão de todas as respostas Allan Kardec, o chefe druída Mauro Quintela Influenciados pela moda que varria a França, os Baudin (Émile-Charles, Clémentine e as filhas Caroline e Julie) começaram a conversar com uma mesa girante em 1853, quando ainda moravam na colônia francesa da ilha da Reunião, na costa oriental da África. Como em outros lugares, logo se constatou que a mesa era movida pelas “almas dos mortos”. Depois de algum tempo, as reuniões passaram a ser dirigidas por um espírito, que se apresentou como o guia espiritual da família. Interrogado a respeito do seu nome, o ser invisível respondeu: - Chamem-me pelo que sou, o Zéfiro da verdade. Zéfiro era o nome de um vento típico da região. O apelido pegou. Certa noite, o guia previu que seus protegidos mudariam brevemente para Paris: Émile arrumará seus negócios e entrará na escola naval, Caroline e Julie tomarão professoras mais competentes e encontrarão seus noivos. E eu procurarei contato com um velho amigo e chefe, desde o nosso tempo de druidas. Nessa época, os Baudin não tinham a menor intenção de morar na França. No entanto, uma crise no comércio do café e do açúcar, principais produtos das atividades agrícolas e comerciais de Émile-Charles, obrigou-os a mudar para a corte em 1855. Zéfiro os acompanhou. As reuniões continuaram em Paris. Numa noite, Zéfiro escreveu: - Nosso dia de glória já chegou. O Sr. Baudin pediu mais explicações. O espírito amigo respondeu: - Vamos ter, afinal, o convívio de nosso velho chefe druida! - Aquele que você esperava encontrar em Paris? - Sim, ele mesmo, em pessoa. Você vai trazê-lo aqui. Caroline vai atraí-lo. - Você pode me dizer o nome dele? - Allan Kardec! Émile achou o nome estranhíssimo e deu o diálogo por encerrado. As sessões dos Baudin davam-se num clima de total descontração e sem qualquer formalismo. Na hora combinada, a casa enchia-se de curiosos, convidados pela família ou recomendados pelos amigos do clã. Nessa época, os espíritos já tinham abandonado as mesas girantes e se comunicavam através da psicografia indireta, escrevendo num quadro de ardósia (uma lâmina de pedra, portátil). Mesas girantes bico de pena Caroline, Julie e Clémentine atuavam como médiuns, segurando uma cestinha de vime (corbelha, do francês corbeille), em cujo bico amarravam um lápis de pedra Os participantes faziam perguntas, que eram respondidas na ardósia e lidas em voz alta. Após a leitura das respostas, seguiamse comentários nos mais diversos tons, revelando o espanto de uns e o contentamento de outros. Zéfiro, o dirigente espiritual da casa, gostava de pilheriar e alfinetar os consulentes antes de dirigir-lhes a palavra Certa noite, o Sr. Denizard Rivail, educador lionês radicado em Paris, compareceu à reunião, acompanhado de sua esposa, Amelie Boudet, a convite do próprio Émile-Charles. O Sr. Baudin os havia conhecido numa sessão de mesa girante na casa da Sra. Planemaison, na qual Rivail aprofundava seu recente interesse pelos fenômenos espíritas. O espírito guia dos Baudin os recebeu efusivamente, saudando o professor com as seguintes palavras: - Salve, caro pontífice, três vezes salve! Lida em voz alta, a saudação arrancou risadas da plateia. O Sr. Baudin, meio envergonhado, explicou a Rivail que Zéfiro era muito espirituoso e tinha o costume de brincar com os visitantes. O professor não se agastou e respondeu sorrindo: - Minha bênção apostólica, prezado filho! Nova risada geral. Zéfiro, porém, redarguiu que tinha feito uma saudação respeitosa, a um verdadeiro pontífice, pois Rivail havia sido um grande chefe druida, no tempo da invasão da Gália pelo Imperador Júlio César Os druidas eram os sacerdotes do povo celta, uma etnia que habitava várias extensões da antiga Europa Essa área compreendia Portugal e Espanha (a oeste), a Cordilheira dos Cárpatos (a leste), a Bélgica (ao norte) e a Itália (ao sul), passando pela Irlanda, Inglaterra, País de Gales, Escócia, França, Dinamarca, Suíça, Áustria e Alemanha O druida Allan Kardec renasceu no século XIX para dar continuidade ao seu trabalho no campo científico, filosófico e religioso. O local escolhido foi a cidade de Lyon, na atual França, antiga Gália, no ano de 1804. Seu novo nome seria Hippolyte Léon Denizard Rivail. Educado na Suíça, mudou-se, depois, para Paris, capital cultural do mundo e durante muitos anos, o ex-druida dedicouse ao estudo e prática da educação Aos 50 anos, atraído pelos fantasmagóricos fenômenos que invadiram o globo, sua atenção voltouse integralmente para as questões transcendentais da vida. Convencido que os estranhos acontecimentos eram produzidos por espíritos, Rivail começou a fazer-lhes várias perguntas sobre as causas e características das coisas. Desse material saiu sua primeira obra sobre o assunto: O Livro dos Espíritos. Estava inaugurada a nova filosofia espiritualista, que ele chamou de Espiritismo. Sabendo que era um druida reencarnado, através da revelação do Espírito Zéfiro, Rivail preferiu assinar o livro com seu antigo nome celta, a fim de separar seu trabalho de educador do de autor espírita. Fechava-se, assim, um ciclo palingenético, pessoal e histórico. Palingenésico – de origem remota O Espírito Kardec/Rivail completava sua tarefa de condutor de almas e as grandes teses druídicas ressurgiam no bojo da novel doutrina espírita. Tudo sobre o mesmo solo gaulês Esses fatos, porém, não aconteceram sem a resistência de uma velha inimiga dos druidas. A Igreja Católica tentou denegrir o Espiritismo de várias maneiras. Mas essa já é outra história... Referências: O Livro dos Espíritos e sua tradição histórica e lendária - Silvino Canuto de Abreu, edições IFU, São Paulo, 1992. Os celtas - Venceslas Kruta, Editora Martins Fontes, São Paulo, 1979. Internet – google.com.br Auto de Fé em Barcelona Auto de fé de Barcelona foi uma expressão notabilizada por Allan Kardec para se referir à queima, em praça pública, de trezentos livros espíritas, realizada no dia 9 de outubro de 1861 em Barcelona, Espanha. Foi utilizada pela primeira vez no subtítulo do artigo "O resto da Idade Média", publicado em novembro daquele ano na "Revue Spirite". Maurice Lachâtre, editor francês, em Barcelona com uma livraria, quando solicitou a Kardec, uma partida de livros espíritas, para vendê-los na Espanha. Quando os livros chegaram ao país, foram apreendidos na alfândega, por ordem do Bispo de Barcelona, Antonio Palau Termes (1857–1862), sob a alegação de que "A Igreja católica é universal, e os livros, sendo contrários à fé católica, o governo não pode consentir porque vão perverter a moral e a religião de outros países". O mesmo eclesiástico recusou-se a reexportar as obras apreendidas, condenando-as à destruição pelo fogo. O "auto-de-fé" ocorreu na esplanada de Barcelona, às 10h30 da manhã Uma multidão vaiava o religioso e seus auxiliares aos gritos de "Abaixo a inquisição!“ O evento causou viva impressão através da imprensa de todo o mundo à época, evocando as antigas fogueiras do Santo Ofício, chamando a atenção do mundo para as obras espíritas. Kardec, em decorrência deste episódio, comentou: "Graças a esse zelo imprudente, todo o mundo, em Espanha, vai ouvir falar do Espiritismo e quererá saber o que é; é tudo o que desejamos. Podem-se queimar os livros, mas não se queimam as ideias; as chamas das fogueiras as superexcitam em lugar de abafá-las. As ideias, aliás, estão no ar, e não há Pireneus bastante altos para detê-las; e quando uma ideia é grande e generosa, ela encontra milhares de peitos prontos para aspirá-la” “Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre, tal é a lei” Kardec e Amélie Gabrielle Boudet Uma história sobre “O Livro dos Espíritos” Paris, numa fria manhã de abril de 1860, Allan Kardec, o codificador da Doutrina Espírita, estava exausto. Apesar da consolidação da Sociedade Parisiense de Estudos Espiritas e da promissora venda de livros, escasseava o dinheiro para a obra gigantesca que os Espíritos Superiores lhe haviam confiado. A pressão aumentava, cartas sarcásticas chegavam. Quando se mostrava mais desalentado, a esposa Madame Rivail, entrega-lhe uma encomenda. O professor abre o embrulho e encontra uma carta de um encadernador de livros. E lê: “Sr. Allan Kardec: Com a minha gratidão, remeto-lhe o livro anexo, bem como a sua história rogando-lhe, antes de tudo, prosseguir em suas tarefas de esclarecimento da humanidade, pois tenho fortes razões para isso”. O autor da carta relatava que, desesperado após a morte de sua esposa, planejou suicidar-se. Certa madrugada, buscou uma ponte. Ao fixar a mão direita para atirar-se sobre as águas tocou um objeto que se deslocou da amurada, caindo-lhe aos pés. Surpreendido, viu um livro. Procurando a luz de um poste leu: “esta obra salvoume a vida. Leia com atenção e tenha bom proveito. A. Laurent”. O codificador desempacotou, então, um exemplar de “O Livro dos Espíritos” ricamente encadernado. Na página do frontispício leu com emoção não somente a observação a que o missivista se referira, mas também a outra: “Salvou-me tambem”. Deus abençoe as almas que cooperaram em sua publicação. Joseph Perrier”. Após a leitura, o Professor Rivail experimentou nova luz a banhá-lo por dentro. Aconchegando o livro ao peito, raciocinava, em jubilosa esperança: “era preciso continuar, desculpar as injúrias, abraçar o sacrifício e desconhecer as pedradas”. O mundo necessitava de renovação e consolo. Allan Kardec levantou-se abriu a janela à sua frente, respirou profundamente, e, antes de retornar a caneta para o serviço costumeiro, levou o lenço aos olhos e limpou uma lágrima. Resumo da mensagem “Há um século” ditado pelo Espírito Hilário Silva. Texto completo no livro “O Espírito da Verdade” psicografado por Chico Xavier e editado pela FEB. “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”