FUNDAMENTOS DO CÁLCULO
Aluno: Reinaldo Ançay Junior ¹
Orientadora: Ximena Mujica Serdio ²
Departamento de Matemática
¹ [email protected] ² [email protected]
Resumo
Este trabalho versa sobre vários assuntos que fundamentam o estudo de resultados sobre funções reais. Iniciando com operações sobre conjuntos, relações
binárias e seu uso para definir o conceito de função, o uso de funções para estudar a cardinalidade de conjuntos e, em particular, o uso de sequências para o
estudo de conjuntos infinitos. Finalmente, no conjunto do reais, as consequências do axioma do supremo.
1. Operações sobre conjuntos
𝑓 𝐴 = 𝑓(π‘Ž)/π‘Ž ∈ 𝐴
Sejam 𝐴 e 𝐡 dois conjuntos:
5.2 Conjuntos infinitos
Um conjunto 𝐴 é infinito quando não é vazio e não
existe uma função bijetiva 𝑓: 𝐽𝑛 β†’ 𝐴 com 𝐽𝑛 ⊊ β„•βˆ— .
β€’ Reunião: 𝐴 βˆͺ 𝐡 = π‘₯, π‘₯ ∈ 𝐴 π‘œπ‘’ π‘₯ ∈ 𝐡 ;
β€’ Interseção: 𝐴 ∩ 𝐡 = π‘₯, π‘₯ ∈ 𝐴 𝑒 π‘₯ ∈ 𝐡 ;
β€’ Diferença: 𝐴 βˆ’ 𝐡 = {π‘₯ ∈ 𝐴 / π‘₯ βˆ‰ 𝐡};
5.3 Conjuntos enumeráveis
Dizemos que um dado conjunto 𝐴 é enumerável se 𝐴 é
equivalente ao conjunto β„•βˆ—, isto é, se existe uma função
bijetora 𝑓: 𝐴 β†’ β„•βˆ— .
5.4 Conjuntos não enumeráveis
Sejam 𝑓: 𝑋 β†’ π‘Œ uma função, 𝐴 βŠ‚ 𝑋 e 𝐡 βŠ‚ 𝑋 conjuntos.
A imagem direta assume as seguintes propriedades:
Dizemos que 𝐴 é subconjunto de 𝐡, e escrevemos 𝐴 βŠ‚ 𝐡, se
para cada π‘Ž em 𝐴, π‘Ž está em 𝐡; se 𝐴 βŠ‚ 𝐡 e 𝐴 β‰  𝐡 dizemos
que 𝐴 é subconjunto próprio de 𝐡.
2. Relações binárias
Sejam 𝐴 e 𝐡 dois conjuntos não vazios, uma relação binária
𝑅 entre 𝐴 e 𝐡, é um subconjunto de 𝐴 × π΅. Por exemplo se
𝐴 = {π‘Ž1 , π‘Ž2 } e 𝐡 = {𝑏1 , 𝑏2 },
algumas relações entre 𝐴 e 𝐡 são:
β€’
β€’
β€’
β€’
β€’
𝑓 𝑋 = 𝑓 𝑋 βˆ€π‘₯ ∈ 𝑋;
Se 𝐴 é não vazio, 𝑓(𝐴) também o é;
Se 𝐴 βŠ‚ 𝐡, então, 𝑓(𝐴) βŠ‚ 𝑓(𝐡);
𝑓 𝐴 βˆͺ 𝐡 = 𝑓(𝐴) βˆͺ 𝑓(𝐡);
𝑓 𝐴 ∩ 𝐡 βŠ‚ 𝑓(𝐴) ∩ 𝑓(𝐡).
3.4 Imagem inversa por uma função
A imagem inversa de um conjunto π‘Š βŠ‚ π‘Œ pela função
𝑓: 𝑋 β†’ π‘Œ é definida por
𝑓 βˆ’1 (π‘Š) = π‘₯ ∈ 𝑋/𝑓(π‘₯) ∈ π‘Š
𝑅1 = { π‘Ž1 , 𝑏1 } βŠ‚ 𝐴 × π΅
𝑅2 = {(π‘Ž1 , 𝑏2 ), (π‘Ž2 , 𝑏1 )} βŠ‚ 𝐴 × π΅
𝑅3 = { π‘Ž1 , 𝑏1 ,(π‘Ž2 , 𝑏1 ), (π‘Ž2 , 𝑏2 )} βŠ‚ 𝐴 × π΅
Se 𝐡 = 𝐴, dizemos que 𝑅 é uma relação em 𝐴.
2.1 Propriedades das relações binárias
v. Se π‘Ž1 , 𝑏1 , (π‘Ž1 , 𝑏2 ) ∈ 𝑅 βŠ‚ 𝐴 × π΅, então 𝑏1 = 𝑏2 .
Diremos que 𝑅 βŠ‚ 𝐴 × π΄ é uma relação de equivalência sobre
um conjunto 𝐴 se satisfaz as propriedades transitiva,
simétrica e reflexiva. Já uma relação de ordem sobre um
conjunto 𝐴 é uma relação que satisfaz as propriedades
transitiva, antissimétrica e pode ou não ser reflexiva.
Dizemos que um conjunto 𝐴 é totalmente ordenado se existe
uma relação de ordem 𝑅 definida sobre 𝐴 e para cada π‘Ž1 ,
π‘Ž2 ∈ 𝐴 têm-se π‘Ž1 , π‘Ž2 ∈ 𝑅 ou π‘Ž2 , π‘Ž1 ∈ 𝑅. Dizemos que 𝑅 βŠ‚
𝐴 × π΅ é uma função se 𝑅 satisfaz a propriedade v.
3. Funções
No item 2.1 definimos função, mas a notação acima é
pouco utilizada de modo que vamos redefini-la. Sejam 𝐴 e 𝐡
dois conjunto não vazios. Uma função 𝑓 de 𝐴 em 𝐡 é uma
regra que associa a cada elemento π‘Ž ∈ 𝐴 um único elemento
𝑏 ∈ 𝐡, denotado por 𝑓 π‘Ž = 𝑏. Algumas nomenclaturas são:
β€’ Domínio: o conjunto 𝐴 recebe o nome de domínio de 𝑓 e é
denotado por π’Ÿβ„΄π“‚ 𝑓 ;
β€’ Contradomínio: o conjunto 𝐡 recebe o nome de
contradomínio de 𝑓 e é denotado por π’žβ„΄π’Ήβ„΄π“‚(𝑓);
β€’ Imagem: a imagem de 𝑓, denotada por π’₯𝓂(𝑓), define-se
como o conjunto
𝑓 𝐴 = {𝑏 ∈ 𝐡 βˆ• βˆƒπ‘₯ ∈ 𝐴 βˆ• 𝑏 = 𝑓(π‘Ž)}
β€’ Gráfico: o gráfico de 𝑓 é definido por:
𝒒 𝑓 = { π‘Ž, 𝑏 ∈ 𝐴 × π΅ / π‘Ž ∈ 𝐴, 𝑏 ∈ 𝐡 β‡’ π‘Ž = 𝑓(𝑏)}
Note que 𝒒(𝑓) βŠ‚ 𝐴 × π΅ corresponde à relação definida em
2.1. Uma notação usual para a dada função 𝑓 é
𝑓: 𝐴 β†’ 𝐡
π‘Žβ†¦π‘
3.1 Funções injetivas, sobrejetivas e bijetivas
Considere uma função 𝑓: 𝐴 β†’ 𝐡. Dizemos que 𝑓 é uma
função injetiva se, para quaisquer π‘Ž1 , π‘Ž2 ∈ 𝐴 , 𝑓 π‘Ž1 =
𝑓 π‘Ž2 β‡’ π‘Ž1 = π‘Ž2 .
A função 𝑓 é dita sobrejetiva se ℐ𝓂 𝑓 = 𝐡 = π’žβ„΄π’Ήβ„΄π“‚(𝑓).
No caso de 𝑓 ser, ao mesmo tempo, injetiva e sobrejetiva,
diz-se que 𝑓 é uma função bijetiva.
3.2 Imagem direta por uma função
A imagem direta de um conjunto 𝐴 βŠ‚ 𝑋 pela função 𝑓: 𝑋 β†’
π‘Œ é definida por
6. Conjuntos limitados
Sejam 𝐸 um conjunto ordenado e 𝐴 βŠ‚ 𝐸 com 𝐴 β‰  πœ™.
Dizemos que 𝐴 é limitado superiormente se existe 𝐿 ∈ 𝐸
tal que π‘Ž ≀ 𝐿, βˆ€π‘Ž ∈ 𝐴. 𝐿 é chamado cota (ou limitante)
superior. De forma análoga, dizemos que 𝐴 é limitado
inferiormente se existe 𝑙 ∈ 𝐸 tal que 𝑙 ≀ π‘Ž, βˆ€π‘Ž ∈ 𝐴. A 𝑙
chamamos de cota inferior.
Denomina-se 𝐴 como um conjunto limitado se 𝐴 possui
limitantes superior e inferior.
6.1 Mínimo, máximo, ínfimo e supremo
𝑅4 = { π‘Ž1 , 𝑏1 , (π‘Ž1 , 𝑏2 ), (π‘Ž2 , 𝑏1 ), (π‘Ž2 , 𝑏2 )} βŠ‚ 𝐴 × π΅
i. Reflexiva: (π‘Ž, π‘Ž) ∈ 𝑅 βŠ‚ 𝐴 × π΄, para cada π‘Ž em 𝐴;
ii. Simétrica: Se (π‘Ž1 , π‘Ž2 ) ∈ 𝑅 βŠ‚ 𝐴 × π΄, então (π‘Ž2 , π‘Ž1 ) ∈ 𝑅;
iii. Antissimétrica: Se π‘Ž1 , π‘Ž2 ∈ 𝑅 βŠ‚ 𝐴 × π΄ e (π‘Ž2 , π‘Ž1 ) ∈ 𝑅,
então π‘Ž1 = π‘Ž2;
iv. Transitiva: Se π‘Ž1 , π‘Ž2 , (π‘Ž2 , π‘Ž3 ) ∈ 𝑅 βŠ‚ 𝐴 × π΄ , então
π‘Ž1 , π‘Ž3 ∈ 𝑅;
Suponha que determinado conjunto 𝐴 assume a seguinte
propriedade: todo 𝐴𝑛 subconjunto enumerável de 𝐴 é
subconjunto próprio de 𝐴 (𝐴𝑛 ⊊ 𝐴). Neste caso, diz-se que
𝐴 é um conjunto não enumerável. Note que, isto equivale a
não existir função bijetiva de 𝐴 em 𝐽𝑛 nem de 𝐴 em β„•βˆ—.
Sejam 𝑓: 𝑋 β†’ π‘Œ uma função, U βŠ‚ π‘Œ e V βŠ‚ π‘Œ conjuntos.
A imagem inversa assume as seguintes propriedades:
β€’
β€’
β€’
β€’
β€’
𝑓 βˆ’1 πœ™ = πœ™;
Se π‘ˆ βŠ‚ 𝑉, então, 𝑓 βˆ’1 (π‘ˆ) βŠ‚ 𝑓 βˆ’1 (𝑉);
𝑓 βˆ’1 π‘ˆ βˆͺ 𝑉 = 𝑓 βˆ’1 (π‘ˆ) βˆͺ 𝑓 βˆ’1(𝑉);
𝑓 βˆ’1 (π‘ˆ ∩ 𝑉) = 𝑓 βˆ’1 (π‘ˆ) ∩ 𝑓 βˆ’1 (𝑉);
𝑓 βˆ’1 π‘Œ βˆ’ 𝑉 = 𝑋 βˆ’ 𝑓 βˆ’1 (𝑉).
4. Os números reais
Seja π‘š ∈ 𝐸. Dizemos que π‘š é um mínimo de 𝐴 se π‘š é
uma cota inferior de 𝐴 e π‘š ∈ 𝐴. Da mesma forma, dado
um 𝑀 ∈ 𝐸, diz-se que 𝑀 é um máximo de 𝐴 se 𝑀 for uma
cota superior de 𝐴 e 𝑀 ∈ 𝐴.
Denotam-se, respectivamente, o máximo e o mínimo de
𝐴 por π‘šáπ‘₯ 𝐴 e π‘ší𝑛 𝐴 . O máximo e o mínimo de
determinado conjunto, quando existem, são únicos.
Considere um elemento 𝑖 ∈ 𝐸. 𝑖 é dito ínfimo de 𝐴
(denotado por í𝑛𝑓 𝐴) se:
β€’ 𝑖 é cota inferior de 𝐴;
β€’ Se 𝑙 é cota inferior de 𝐴, então, 𝑙 ≀ 𝑖 (𝑖 é a maior das
cotas inferiores de 𝐴).
De forma análoga, 𝑆 ∈ 𝐸 é dito supremo de 𝐴 (𝑠𝑒𝑝 𝐴) se:
No conjunto dos números reais (denotado por ℝ)
estão definidas duas operações, adição (+) e multiplicação (β‹…) e uma relação de ordem (≀).
β€’ 𝑆 é cota superior de 𝐴;
β€’ Se 𝐿 é cota superior de 𝐴, então, 𝑆 ≀ 𝐿 (𝐿 é a menor das
cotas superiores de 𝐴).
4.1 Propriedades da adição e multiplicação
Assim como no caso do máximo e mínimo, o supremo e
o ínfimo, quando existem, são únicos.
Nos reais, adição e a multiplicação, respectivamente,
seguem as propriedades abaixo. Dados π‘₯, 𝑦 e 𝑧 ∈ ℝ:
β€’ Associatividade:
π‘₯ + 𝑦 + 𝑧 = π‘₯ + (𝑦 + 𝑧) e π‘₯. 𝑦 . 𝑧 = π‘₯. 𝑦. 𝑧
β€’ Comutatividade:
π‘₯ + 𝑦 = 𝑦 + π‘₯ e π‘₯. 𝑦 = 𝑦. π‘₯
β€’ Distributiva:
π‘₯. 𝑦 + 𝑧 = π‘₯. 𝑦 + π‘₯. 𝑧
β€’ Existência de elemento neutro:
π‘₯ + 0 = π‘₯ e π‘₯. 1 = π‘₯
β€’ Existência de elemento oposto / inverso:
π‘₯ + βˆ’π‘₯ = 0 e π‘₯. π‘₯ βˆ’1 = 1, π‘₯ β‰  0
β€’ Compatibilidade da ordem com as operações:
π‘₯ ≀𝑦 β‡’ π‘₯+𝑧 ≀𝑦+𝑧
7. O axioma do supremo
Todo conjunto não vazio de ℝ, limitado superiormente,
possui supremo.
π΄βŠŠβ„
π΄β‰ πœ™
β‡’ βˆƒπ‘† = 𝑠𝑒𝑝𝐴 ∈ ℝ
𝐴 π‘™π‘–π‘šπ‘–π‘‘π‘Žπ‘‘π‘œ π‘ π‘’π‘π‘’π‘Ÿπ‘–π‘œπ‘Ÿπ‘šπ‘’π‘›π‘‘π‘’
7.1 Consequências do axioma do supremo
β€’ β„• não é limitado superiormente;
β€’ Propriedade de Arquimedes: se π‘₯ > 0 e 𝑦 são dois
números reais quaisquer, então existe pelo menos um
número natural 𝑛 tal que 𝑛. π‘₯ > 𝑦;
β€’ Propriedade dos intervalos encaixantes: sejam 𝐼𝑛
intervalos fechados e limitados tais que 𝐼1 βŠƒ 𝐼2 βŠƒ β‹― βŠƒ
𝐼𝑛 βŠƒ β‹― , então
∞
π‘₯ ≀ 𝑦 e 0 ≀ 𝑧 β‡’ π‘₯. 𝑧 ≀ 𝑦. 𝑧
𝐼𝑛 β‰  πœ™
𝑛=1
4.2 O corpo ordenado dos reais
Admitiremos que a quádrupla (ℝ, +,β‹…, ≀) é um corpo
ordenado, isto é, satisfaz todas as propriedades descritas
no item 4.1 e possui uma relação de ordem definida
sobre si.
5. Sequências numéricas
Uma sequência numérica é uma função 𝑓: β„•βˆ— β†’ 𝐴,
onde β„•βˆ— = β„• βˆ’ {0} e 𝐴 é um conjunto numérico
previamente definido.
5.1 Conjuntos finitos
Um conjunto 𝐡 é finito se 𝐡 = πœ™ ou se existe uma
função 𝑓: 𝐽𝑛 β†’ 𝐡 com 𝐽𝑛 ⊊ β„•βˆ— (sequência) bijetiva.
Note que as funções bijetivas definem uma relação de
equivalência no conjunto de todos os conjuntos.
8. Tópicos de estudo futuro
Como este projeto ainda está em andamento,
estudaremos ainda o uso de sequências para estudar a
continuidade de funções reais e também estudaremos
alguns teoremas, como o teorema do confronto e o
teorema do valor médio.
9. Referências
1. DOMINGUES, Hygino Hugueros. Espaços Métricos e
Introdução à Topologia. Atual Editora LTDA, 1982.
2. GUIDORIZZI, Hamilton Luiz. Um Curso de Cálculo
Volume 1. LTC Editora, 2001.
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