Alavancagem do Mercado de Capitais O Papel das Entidades de Previdência Complementar A Petros Fundada em julho de 1970 pela Petrobras, inicialmente foi criada para administrar o fundo de pensão dos funcionários do Sistema Petrobras. No início da década de 90, por conta das privatizações das empresas do sistema Petrobras, a Petros passou a ser multipatrocinadora. Em 1999, seu primeiro cliente fora do ambiente Petrobras foi a filial brasileira da YPF, antiga petrolífera Argentina. A segunda patrocinadora foi a Centrais Elétricas Cachoeira Dourada S/A (CDSA), uma empresa do grupo espanhol Endesa. Segundo maior fundo de pensão em termos de patrimônio com R$ 68,1 bilhões de recursos administrados (setembro de 2014). Número total de Participantes: 158.797 (Ativos: 101.242 + Assistidos: 57.555). 48 Planos administrados, sendo 29 patrocinados, 18 instituídos e 1 administrativo. As estratégias de investimentos precisam estar adequadas à necessidade de caixa, expectativa de retorno e exposição à risco de cada plano para pagamento de benefícios. Evolução – Participantes x Investimentos 150.7 144.2 128.6 90.9 91.4 92.0 158.7 145.7 132.3 66.07 117.3 93.8 157.1 55.60 94.8 57.90 68.10 66.60 45.60 38.00 39.60 2007 2008 31.30 27.40 17.60 2002 20.70 2003 23.80 2004 2005 2006 Participantes (mil) 2009 2010 2011 2012 Ativos de Investimentos (R$Bi) 2013 Sep-14 Mercado Financeiro e o Longo Prazo Mecanismos privados de financiamento de longo prazo •Estratégias de desenvolvimento de um país Sistema financeiro ágil e robusto •Prover recursos para financiar os investimentos necessários para o crescimento de longo prazo Sistema financeiro funcional •Produzir ativos financeiros de diferentes perfis de risco e retorno de modo a atender a demanda do setor privado na acumulação de riqueza Mercado Financeiro e o Longo Prazo A despeito de o Brasil ter passado por um longo período de liberalização financeira e de estabilidade de preços, observa-se uma carência no desenvolvimento de mecanismos de financiamento de longo prazo na economia brasileira. O financiamento dos investimentos de longo prazo da economia brasileira permanece suportado, além do autofinanciamento, pelos fundos de pensão e pelos créditos público e externo. A visão convencional sugere que a carência de mecanismos de financiamento de longo prazo no Brasil está relacionada a aspectos microeconômicos e macroeconômicos, quais sejam: Aspectos microeconômicos: (i) complexa legislação tributária; (ii) alto custo regulatório; e (iii) elevados riscos de crédito associados à morosidade da justiça. Aspectos macroeconômicos: a insuficiência de poupança é a principal causa da escassez de recursos para financiar investimentos. Mercado Financeiro e o Longo Prazo Os enfoques convencionais são, insuficientes para explicar a dificuldade do Brasil em ampliar os mecanismos de financiamento de longo prazo. Não há consenso de que a poupança gera investimentos. Não há uma relação de causalidade entre poupança e crescimento econômico, dado que a poupança é criada pelo investimento, não o contrário. A taxa de juros não funciona como uma recompensa pelo ato de poupar – não é capaz de estimular a poupança –, mas sim como um prêmio à renúncia da liquidez (ex. títulos públicos em vez de títulos privados). Alterações na taxa de juros (curto prazo – Selic) podem estimular apenas a alocação de poupança e, por conseguinte, não se convertem em fundos destinados para financiar os investimentos de longo prazo. A decisão de investir está condicionada às expectativas das empresas em relação ao futuro, que é incerto. Neste contexto, é necessário apenas uma redução da preferência pela liquidez (Títulos Públicos) dos agentes para financiar o investimento de longo prazo. Mercado Financeiro e o Longo Prazo A Estrutura a termo das taxas de juros do Brasil representa uma situação peculiar: as taxas de juros de longo prazo são superiores às taxas de retorno esperadas dos ativos de capital fixo, que resulta na ausência de um mercado de títulos privados na economia brasileira. Isto pode estar associado a: (i) a manutenção das taxas de juros de curto prazo em patamar considerado elevado; e (ii) a exigência de um elevado prêmio de liquidez. As tentativas para enfrentar os cenários de instabilidade macroeconômica desde o início da década de 1980 levaram a economia brasileira para um arcabouço institucional inadequado – concentração tanto no mercado bancário quanto no mercado de capitais – que inibem a oferta de recursos para financiamento de longo prazo no Brasil. Os elevados prêmios pela renúncia à liquidez, que reforçam o “curto-prazismo” das operações financeiras no país, resultam dessas condições institucionais que incluem o sistema de tributação, as exigências regulatórias e os aspectos legais sobre os contratos de longo prazo. Mercado Financeiro e o Longo Prazo Pelo lado monetário, o comportamento do ciclo de juros sugerem que a economia caminha para um cenário favorável aos ativos produtivos de longo prazo. Taxa Selic e Taxa de Juros Reais Ex-Ante (deflacionada pelo IPCA esperado) 30.00 Selic Juros Reais Ex-Ante 25.00 19.75 20.00 15.00 Projeção Petros 16.00 12.13 13.75 12.99 10.00 11.25 0.00 Fonte: BCB. Elaboração: Petros/GDI 12.00 10.75 9.25 9.50 8.75 5.00 11.50 12.50 7.25 7.38 7.25 7.25 5.25 1.50 4.32 4.35 4.05 Mercado Financeiro e o Longo Prazo O modelo atual torna o setor bancário focado no curto prazo Neste contexto, há diversas implicações que inibem a migração de recursos de ativos de curto prazo para ativos de longo prazo: (i) barreiras para o desenvolvimento de mercado secundário de títulos privados; e (ii) escassez de financiamento de investimentos de longo prazo por parte do setor bancário. Assim sendo, os bancos públicos (inclusive os de desenvolvimento) e os fundos de pensão tornam-se os principais agentes financiadores destes investimentos de longo prazo. Os fundos de pensão desempenham papel importante, tanto do ponto de vista social, pelos benefícios que proporcionam aos seus participantes, quanto do econômico, por serem o mais importante investidor institucional, dispondo de recursos aplicados a longo prazo, essenciais à formação bruta de capital fixo da economia (investimento). Os fundos de pensão são os principais detentores nacionais de liquidez doméstica, sendo que suas aplicações vêm crescendo nos últimos anos. Seus investimentos atualmente representam 14% do PIB do país. Vale lembrar que no início da década de 1990 esta taxa era de apenas 3,3%. As Entidades de Previdência Complementar e o Longo prazo EFPC’s e o Longo Prazo Evolução dos Ativos das EFFP's (em R$ bilhões e em % do PIB) 17% 16% 16% 15% 15% 15% 515 457 320 558 15% 14% 14% 668 669 2012 2013 14% 698 597 455 375 2005 2006 2007 Fonte: ABRAPP. Elaboração: Petros/GDI 2008 2009 2010 2011 Jun-14 EFPC’s e o Longo Prazo – Cronologia das legislações Nr. Resolução CMN nº Regulação 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 460, 23fev78 729, 24mar82 794, 11jan83 964, 12mar84 1.025, 05jun85 1.148, 11ago86 1.362, 30jul87 8 1.612, 23jun89 2.038, 23dez93 2.109, 20set94 2.324, 30out96 2.720, 24abr2000 2.829, 30mar2001 3.121, 25set2003 3.456, 1jun2007 limites mínimos e máximos limites mínimos e máximos limites mínimos e máximos limites mínimos e máximos limites mínimos e máximos limites mínimos e máximos limites mínimos e máximos limites mínimos e máximos limites mínimos e máximos limites máximos limites máximos limites máximos limites máximos limites máximos limites máximos 16 3.792, 24set2009 limites máximos Limites de Aplicação 10<n>40: Tít.Públ.Federal; 20<n>40: Ações; n<40: Imóveis. 30<n>50: Tít.Públ.Federal; 20<n>40: Ações; n<40: Imóveis. 20<n>50: Tít.Públ.Federal; 20<n>40: Ações; n<40: Imóveis. n<35: Tít.Públ.Federal; 20<n>40: Ações; n<35: Imóveis. n<20: Tít.Públ.Federal; 20<n>40: Ações; n<35: Imóveis. n<30: Tít.Públ.Federal(1); n<25: Ações(2); n<10: Imóveis; n<7 Empr.Financ.Partic. n<30: Tít.Públ.Federal(1); n<25: Ações(2); n<20: Imóveis; n<17 Empr.Financ.Partic. n<25: Tít.Públ.Federal(1); n<25: Ações(2); n<20: Imóveis; n<17 Empr.Financ.Partic. n<35: Tít.Públ.Federal(1)(3); n<25: Ações(2); n<20: Imóveis; n<17 Empr.Financ.Partic. n>100: Tít.Públ.; n>50: Ações; n>20: Imóveis; n>10 E.F.Partic.; n>30 Oper.Patrocinadora. n>100: Tít.Públ.; n>50: Ações; n>20(descr): Imóveis; n>7 E.F.Partic.; n>10 Oper.Patrocinadora. n>100: Tít.Públ.Federal; n>60: Ações; n>16(descr): Imóveis; n>10 Empr.Financ.Partic. n>100: Tít.Públ.Federal; n>35(PCD): Ações; n>16(descr): Imóveis; n>10 Empr.Financ.Partic. n>100: Tít.Públ.Federal; n>50: Ações; n>14(descr): Imóveis; n>15 Empr.Financ.Partic. n>100: Tít.Públ.Federal; n>50: Ações; n>11(descr): Imóveis; n>15 Empr.Financ.Partic. n>100: Tít.Públ.Federal; n>70: Ações; n>20: Estruturados; n>10: Invest Exterior; n>8: Imóveis; n>15 Empr.Financ.Partic. A mudança na forma de regular os investimentos das EFPCs, facilitou o acesso aos ativos mais estruturados. Participação das EFPC’s no Mercado de Capitais Patrimônio Renda Fixa Renda Variável Até R$ 100 Mi Entre R$ 100 Mi e R$ 500 Mi Entre R$ 500 Mi e R$ 2 Bi Entre R$ 2 Bi e R$ 10 Bi Acima de R$10 Bi Consolidado 90,16% 85,39% 84,11% 82,80% 69,21% 84,94% 6,15% 10,08% 9,99% 9,17% 19,48% 9,52% Investimentos Estruturados 0,05% 0,92% 1,44% 2,73% 3,50% 1,27% 100.00% Investimentos no Exterior 0,00% 0,00% 0,00% 0,11% 0,00% 0,02% Imóveis 0,89% 1,88% 2,29% 2,85% 4,73% 2,06% 70.00% 2.92% 8.00% 0.48% 60.00% 1.85% 6.00% 90.16% 85.39% 84.11% 82.80% 69.21% 30.00% 20.00% 10.00% 2,20% 0,45% 0,59% 0,48% 0,17% 0,82% 0.17% 10.00% 80.00% 40.00% Outros 12.00% 90.00% 50.00% Operações com Participantes 0,55% 1,28% 1,58% 1,85% 2,92% 1,37% 2.00% 6.15% 10.08% 9.99% 9.17% 19.48% 0.00% Até R$ 100 Mi Entre R$ 100 Mi e Entre R$ 500 Mi e Entre R$ 2 Bi e R$ Acima de R$10 Bi R$ 500 Mi R$ 2 Bi 10 Bi Renda Fixa Renda Variável 0.45% 1.28% 4.00% 0.00% 2.20% 0.59% 1.58% 2.85% 2.29% 0.11% Imóveis Op. Participantes 4.73% 0.00% 1.88% 3.50% 0.00% 2.73% 0.55% 0.00% 1.44% 0.89% 0.92% 0.00% 0.05% Até R$ 100 Mi Entre R$ 100 MiEntre R$ 500 Mi Entre R$ 2 Bi e Acima de R$10 e R$ 500 Mi e R$ 2 Bi R$ 10 Bi Bi Inv. Estruturado Inv. Exterior Outros Desafios para as EFPCs – Realidade Petros Pouca aderência dos ativos de longo prazo aos Planos de Contribuição Definida e Variável; Metodologia de precificação dos Fundos de Investimentos em Participação (FIP); Mercado secundário de crédito insipiente; Maturação dos Planos de Beneficio Definido; Disseminação da Educação Previdenciária; Disseminação da Educação Financeira. Setor de Infraestrutura O Brasil apresenta grandes gargalos na sua infraestrutura que prejudica o crescimento econômico sustentável. Com isso, cada ano os custos de fretes são cada vez maiores e dependente do transporte rodoviário, que é considerado caro e ineficiente. Como exemplo, grande parte da produção brasileira de soja é escoada por rodovias que apresentam custo cerca de 50% maiores. Um sintoma claro desta ineficiência logística são os ganhos acima do crescimento da economia (PIB) como um todo que os operadores logísticos vêm auferindo sem aumento da eficiência. Os custos com logística no País representam 10,6% do PIB, enquanto nos EUA registrou 7,7%. Além disso, os gastos com transporte no Brasil representa 6,3% do PIB e nos EUA 4,7%. Estes números apontam que grande parte dos gastos com logística no Brasil é voltado para o transporte em geral. Em outras palavras, o Brasil tem gastos no setor superiores ao de países desenvolvidos por falta de infraestrutura. Setor de Infraestrutura - Rodovias Dificilmente as rodovias vão deixar de ser a principal artéria logística de transporte da produção, o que torna o setor atrativo para investimentos de longo prazo. As rodovias continuarão sendo um importante conector modal entre os diversos meios de transporte, principalmente para o escoamento de mercadorias no varejo. A mudança de renda e classe social aumenta a demanda por veículos que, por sua vez, necessita de rodovias mais modernas e seguras, que favorece a política de concessão ao setor privado. Fator de risco está associado nas mudanças das regras dos contratos de concessão, que podem afastar investidores. Os investimentos nos outros modais de transporte são voltados para o escoamento de produção, deixando a cargo para o modal rodoviário o transporte de pessoas que ainda é o principal meio de mobilidade de passageiros no País. Setor de Infraestrutura - Ferrovias A expectativa de melhora no cenário global para os próximos anos deverá favorecer o mercado de commodities. O novo modelo econômico chinês, voltado para demanda interna, será um importante drive para as commodities agrícolas em especial. Por outro lado, esse modelo pode reduzir fortemente o crescimento da China que piora o cenário das commodities metálicas. Além disso, há uma demanda reprimida não só pelo transporte de cargas, mas também por transporte de passageiros, o que pode ser um importante vetor para mobilidade de aproximação do interior aos grandes centros urbanos. Melhorias no escoamento da produção podem levar a ganhos de produtividade que compensem em parte os menores preços praticados no mercado internacional. Um risco eminente é a garantia dos financiamentos oferecidos pelos bancos públicos. Não há uma garantia clara que a TJLP não possa ser elevada para um patamar mais próximo à Selic. Setor de Infraestrutura - Portos O sistema portuário brasileiro é composto por 34 portos públicos. Deste total, 16 são concedidos aos governos estaduais e municipais. O restante é controlado diretamente pelas Companhias Docas, vinculadas diretamente à secretaria de Portos. Existem ainda mais de cem terminais de uso privado além de complexos portuários que operam sob concessão à iniciativa privada. Atualmente o setor portuário brasileiro movimenta cerca de 904 milhões de toneladas. Nos últimos dez anos a carga total movimentada aumentou, em média, mais de 30%. Setor de Infraestrutura - Portos De acordo com fontes do governo, a capacidade do sistema portuário público é de 370 milhões de toneladas e a demanda de 318. Em 2015 a demanda subirá para 373 milhões, ou seja, superior à capacidade atual. Espera-se suprir este gap com a licitação de 159 terminais privativos. Neste sentido, o Programa de Investimentos em Logística foi lançado com as principais diretrizes: planejamento sistêmico; ganhos de escala; licitações por maior capacidade de movimentação com menor tarifa e/ou menor tempo de movimentação; aumento da concorrência; reorganização dos portos; planejamento de longo prazo. Os bancos públicos brasileiros poderão financiar até 65% do valor do investimento com uma taxa de juros de até 2,5% a.a. mais a TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo). O mundo vive na expectativa da retomada do crescimento global. Mesmo que o cenário ainda seja volátil no curto prazo, esperamos resultados melhores no médio e longo prazos. Em ambos os cenários é necessária uma melhora na matriz logística brasileira (seja para melhorar a competitividade seja para reduzir custos) Dessa maneira o mercado de commodities deve recuperar parte dos seus preços servindo de estímulo a produção. Outro ponto importante é a expectativa de sucesso na exploração dos campos do Pré-sal que deve ser uma fonte de estímulo para o setor portuário, tanto na cabotagem como nos destinos de longo curso. Um fator que pode se mostrar determinante é o sucesso dos investimentos em infraestrutura como um todo no Brasil que podem levar a ganhos de produtividade que compensem em parte os menores preços praticados no mercado internacional. Obrigado(a)! Newton Carneiro da Cunha Diretor de Investimentos