Ciência, Tecnologia e Sociedade BC0603 (3-0-4) Professor Dr. Demétrio G. C. de Toledo - BRI UFABC, 2015.II [email protected] Aula 10 2ª-feira, 6 de julho Módulo II: Aula 10 Blog da disciplina: https://cienciatecnologiaesociedadeufabc.wordpress.com/ ou Google: cienciatecnologiaesociedadeufabc No blog você encontrará todos os materiais do curso: • Programa • Textos obrigatórios e complementares • ppt das aulas • Links para sites, blogs, vídeos, podcasts, artigos e outros materiais de interesse 2 Módulo II: Aula 10 • Módulo II: Ciência, tecnologia, inovação e desenvolvimento econômico O lugar da tecnologia na reprodução econômica das sociedades humanas; bases tecnológicas da emergência do capitalismo industrial; ciência e tecnologia no pós-guerra. 3 Módulo II: Aula 10 Texto obrigatório: DOSI, G. (2006) “Tendências da inovação e seus determinantes: os ingredientes do processo inovador”, p. 29-53. : 24 p. Leituras complentares: MOWERY, D. C. e ROSENBERG, N. (2005) “A institucionalização da inovação, 1900-1990”, p. 23-59. 4 Giovanni Dosi (1953): paradigmas tecnológicos e trajetórias tecnológicas 5 6 Giovanni Dosi • Economista italiano, fez seu doutorado na Universidade de Sussex, Inglaterra, no SPRU (Science Policy Research Unit), fundado em 1966 por Chris Freeman. O SPRU formou ou teve como professores e pesquisadores, entre outros, Richard Nelson, Carlota Pérez, Keith Pavitt, Luc Soete. • Mudança técnica e transformação industrial: a teoria e uma aplicação à indústria de semicondutores, é sua tese de doutorado, publicado em 1984. 7 Giovanni Dosi • “(...) Iremos propor um modelo da determinação e das direções da mudança técnica (Dosi 2006: 29) 8 Giovanni Dosi • “Teorias da mudança técnica: indução pela demanda versus impulso pela tecnologia” [duas abordagens básicas]: – “A primeira, indicando as forças de mercado como principais determinantes da mudança técnica (teorias da indução pela demanda [demand-pull])” (Dosi 2006: 30) – “A segunda, definindo a tecnologia como fator autônomo, ou quase autônomo, pelo menos a curto prazo (teorias do ‘impulso pela tecnologia’ [technology-push])” (Dosi 2006: 30) 9 Giovanni Dosi • “Uma crítica às teorias da ‘indução pela demanda’”: – “Consideremos primeiro uma teoria pura da ‘indução pela demanda’. (...) A força causal nessas teorias é um suposto ‘reconhecimento das necessidades’ pelas unidades produtivas do mercado, que tomam medidas para satisfazê-las através de suas atividades tecnológicas” (Dosi 2006: 31-32) 10 Giovanni Dosi 1. “Existe no mercado, em dado momento, um conjunto de bens (...) incorporando diferentes necessidades dos compradores”; 2. “Os consumidores (...) expressam suas preferências em relação aos bens desejados (...) através de seus padrões de demanda”; 3. Aumento da renda dos consumidores leva ao aumento da demanda por aqueles bens com características preferenciais; 4. Produtores, informados por preço e demanda, constatam “as necessidades expressas pelos consumidores”; 5. “É neste ponto que tem início o processo de inovação (...) e que as firmas bem-sucedidas irão (...) trazer ao mercado seus bens novos ou aperfeiçoados (...) (Dosi 2006: 31-32) 11 Giovanni Dosi • (...) O argumento básico [da indução pela demanda] sustenta que, geralmente, existe a possibilidade de se saber a priori (antes do processo de invenção ocorrer) a direção na qual o mercado está ‘induzindo’ a atividade inventiva dos produtores”. (Dosi 2006: 32) 12 Giovanni Dosi • “Em resumo, parece haver três fragilidades básicas na versão ‘forte’ das abordagens da ‘indução pela demanda’: i. “Um conceito passivo e mecânico de ‘reatividade’ às mudanças tecnológicas vis-à-vis as condições de mercado; ii. “A incapacidade de definir por que e quando de certos desenvolvimentos tecnológicos (...) e certo timing; iii. “A desconsideração das mudanças ao longo do tempo, da capacidade de invenção, que não mantém qualquer relacionamento direto com as condições mutáveis do mercado” (Dosi 2006: 34-35) 13 Giovanni Dosi • “(...) A maioria das empresas e dos inovadores individuais que empreendem projetos de inovação percebe a existência de uma demanda potencial para seu presumível produto ou processo. Essa conclusão não surpreende. Ficaríamos relativamente surpresos com o oposto – isto é, de que empresas tentem produzir inovações que elas supostamente não seriam capazes de vender. Em geral, a percepção de um mercado potencial faz parte das condições necessárias para a inovação, mas não constitui de modo algum condição suficiente” (Dosi 2006: 35- 36). 14 Giovanni Dosi • “O ‘impulso pela técnica’ e a importância dos fatores econômicos”: – “A principal tarefa teórica com respeito às abordagens referentes ao lado da oferta consiste em evitar uma concepção unidirecional ‘ciência-tecnologia-produção’, na qual a primeira representaria uma espécie de deus ex machina exógeno e neutro. Constatamos que, de fato, há uma complexa estrutura de retroalimentação entre o ambiente econômico e as direções das mudanças tecnológicas” (Dosi 2009: 36) 15 Giovanni Dosi • “Alguns fatos estilizados sobre os processos de inovação”: 1. “O crescente papel (ao menos no século XX) de insumos científicos no processo de inovação; 2. “A crescente complexidade das atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D); 3. “Uma significativa correlação entre os esforços de P&D (...) e o produto da inovação; 16 Giovanni Dosi 4. “Uma significativa quantidade de inovações e aperfeiçoamentos originando-se do ‘aprendizado pela execução’, que geralmente se incorpora em pessoas e organizações (principalmente firmas) 5. “Não obstante a crescente formalização institucional da pesquisa, as atividades de pesquisa e inovação mantém uma intrínseca natureza de incerteza: isto se contrapõe a qualquer hipótese de um conjunto de escolhas tecnológicas conhecidas ex ante; 17 Giovanni Dosi 6. “A mudança técnica não ocorre ao acaso por dois motivos: i. As direções da mudança técnica são muitas vezes definidas pelo estadoda-arte da tecnologia já em uso; ii. A probabilidade de empresas e organizações alcançarem avanços técnicos depende, entre outras coisas, dos níveis tecnológicos já alcançados por essas empresas e organizações. 7. “A evolução das tecnologias através do tempo apresenta certas regularidades significativas e, muitas vezes, somos capazes de definir ‘trajetórias’ da mudança em termos de certas características econômicas e tecnológicas dos produtos e processos” Dosi 2009: 37-38) 18 Giovanni Dosi • “É útil fazermos uma distinção lógica entre o que podemos chamar de ‘sistema científico’, ‘sistema tecnológico’ e ‘sistema econômico’. Os esforços, as estruturas e as dinâmicas internas desses sistemas (...) são diferentes, mesmo quando estão intensamente sobrepostos.” (Dosi 2006: 39) 19 Giovanni Dosi “Uma interpretação proposta: paradigmas tecnológicos e trajetórias tecnológicas” 20 Giovanni Dosi • “A natureza e os procedimentos dos avanços tecnológicos”: – Tecnologia: “conjunto de parcelas de conhecimento – tanto diretamente ‘prático’ (...) como teórico – de know how, métodos, procedimentos, experiências de sucessos e insucessos e também, é claro, dispositivos físicos e equipamentos.” (Dosi 2006: 40) 21 Giovanni Dosi – “Os dispositivos físicos existentes incorporam as realizações do desenvolvimento de uma tecnologia, de uma dada atividade de resolução.” – “Uma parte ‘desincorporada’ da tecnologia compõese de expertise, da experiência proveniente tanto de esforços quanto de soluções tecnológicas do passado, juntamente com o conhecimento e as realizações do estado-da-arte.” (Dosi 2006: 40) 22 Giovanni Dosi • “A tecnologia, sob esse ponto de vista, inclui a ‘percepção’ de um conjunto limitado de tecnológicas possíveis e de alternativas futuros desenvolvimentos nocionais.” (Dosi 2006: 40) 23 Giovanni Dosi • “Levaremos o paralelo mais adiante, sugerindo que, em analogia com os paradigmas científicos (...), também existem ‘paradigmas tecnológicos’”. (...) Em ampla analogia com a definição do ‘paradigma científico’ de Kuhn, definiremos o paradigma tecnológico como um ‘modelo’ e um ‘padrão’ de solução de problemas tecnológicos selecionados, baseados em princípios selecionados (...) e em tecnologias selecionados.” (Dosi 2006: 41) 24 Giovanni Dosi • “Assim como o paradigma científico determina o campo de inquirição, os problemas, os procedimentos e as tarefas (os ‘quebra-cabeças’, de acordo com Kuhn), também o faz a ‘tecnologia’ (...) ou ‘agrupamento de tecnologias’: por exemplo, tecnologias nucleares, tecnologias de semicondutores, tecnologias de química orgânica sintética etc.” (Dosi 2009: 41) 25 Giovanni Dosi • “Assim como a ‘ciência normal’ constitui a ‘efetivação de uma promessa’ contida num paradigma científico, o ‘progresso técnico’ é definido por meio de um certo ‘paradigma tecnológico’. Definiremos a trajetória tecnológica como o padrão de atividade ‘normal’ de resolução de problema (isto é, do ‘progresso’), com base num paradigma tecnológico.” (Dosi 2006: 42) 26 Giovanni Dosi • “Um paradigma tecnológico (...) incorpora fortes prescrições sobre as direções da mudança técnica. (...) Os paradigmas tecnológicos também definem certa ideia de ‘progresso’. Novamente em analogia com a ciência, isso dificilmente pode ser uma medida absoluta, mas apresenta significado preciso numa determinada tecnologia.” (Dosi 2006: 42-43) 27 Giovanni Dosi • Processo de desenvolvimento de trajetórias tecnológicas – Seleção do paradigma tecnológico – Definição da trajetória tecnológica – Estabelecimento de uma fronteira tecnológica (móvel) 28 Proposta alteração Módulo III Domingo Segunda-feira 19 Terça-feira 20 21 Aula 13: ARBIX, G. “Rumo a uma estratégia de desenvolvimento baseada na inovação”, p. 13-33. in: Novos Estudos Cebrap (2010). 20 p. 26 2 Quinta-feira Sexta-feira Sábado 22 23 24 25 29 Aula 15: Casti, J. (2012) e Diamandis. P. H., Kotler, S. (2012), Foreign Affaris, julho/agosto 2015: estudos de caso 30 31 1 5 6 7 8 12 13 14 15 Aula 14: Casti, J. (2012) O colapso de tudo, "Preâmbulo: qual o X da questão?" e "Parte I: Por que o normal já não é mais tão nornal?"; Diamandis. P. H., Kotler, S. (2012) Abundância: o futuro é melhor do quer você espera, "Parte I". 27 28 3 4 Aula 16: Revisão Geral/Preparação do debate 9 Quarta-feira Aula 17: Debate Módulo III e Questão Geral (50%) 10 11 Aula 18: Entrega de notas e encerramento do curso 16 17 18 19 20 21 22 24 25 26 27 28 29 Prova substitutiva 23 30 29 Proposta alteração Módulo III • Formato do debate – Três grupos: I. Técno-otimistas II. Técno-pessimistas III. Mediadores 30 Proposta alteração Módulo III • Avaliação – Duas entregas coletivas (25%) I. Texto de defesa da posição (3-5 páginas), entrega dia 5 de agosto II. Apresentação em ppt. ou equivalente (5-7 slides), entrega dia 5 de agosto 31 Proposta alteração Módulo III • Avaliação – Uma entrega individual (25%): I. Questão Geral sobre Módulos I, II e III (1-2 páginas) 32 Para falar com o professor • São Bernardo, sala 322, Bloco Delta, 4as-feiras, das 17-19h (é só chegar) • Santo André, quinzenalmente, mesas de estudos, primeiro andar, Bloco A, 2as-feiras, das 12-13h (é só chegar) • Atendimentos fora desses horários, combinar por email com o professor: [email protected] 33