INTRODUÇÃO À
ECLESIOLOGIA
IGREJA
CONCEITOS
FUNDAMENTAIS

INTRODUÇÃO:

Ekklesía, tradução do hebraico qahal,
significa “aviso de convocação” e
“assembléia reunida”.

É a convocação divina e é a assembleia
dos convocados.

Aparece duas únicas vezes nos Evangelhos e 144
vezes
no
restante
do
Novo
Testamento.
O documento do Vaticano II que nos fala
especificamente sobre a Igreja é a Constituição
dogmática Lumen Gentium, que assim começa:
“Cristo é a luz dos povos. Por isso, este sagrado
Concílio, congregado no Espírito Santo, deseja
ardentemente, anunciando o Evangelho a toda
criatura, iluminar todos os homens com a
claridade de Cristo que resplandece na face da
Igreja.E retomando o ensino dos concílios
anteriores, propõe-se explicar com maior rigor
aos fiéis e a toda gente a natureza e a missão
universal da Igreja, a qual é em Cristo como que
sacramento ou sinal, e também instrumento da
união íntima com Deus e da unidade de todo o
gênero humano” (Lumen Gentium 1).


Mais do que definida, a Igreja, realidade divina e
humana, pode ser apenas descrita. O Concílio a
chama de mistério e afirma:
“Não é criar uma analogia inconsistente
comparar a Igreja ao mistério da encarnação.
Pois assim como a natureza assumida pelo Verbo
divino lhe serve de órgão vivo de salvação, de
modo semelhante a estrutura social da
Igreja serve ao Espírito de Cristo, que a vivifica,
para fazer progredir o seu corpo místico” (Lumen
Gentium 8).
Várias são as imagens utilizadas para melhor
conhecer a natureza da Igreja:
Redil, vinha, construção, família, templo santo,
Jerusalém celeste, esposa imaculada do
Cordeiro.

Veremos a Igreja sob sete enfoques:

Como
Como
Como
Como
Como
Como
Como






sacramento
comunhão
povo de Deus
corpo de Cristo
tradição viva
sociedade
instituição

IGREJA COMO SACRAMENTO:
É uma realidade divina portadora de
salvação, que se revela de modo visível,
encarnada na história.
 Cristo é a luz dos povos. A Igreja é, nele,
sinal e instrumento da união com Deus e
da unidade com o gênero humano.
 Jesus é o autor da salvação e a Igreja é a
dispensadora visível (através dos
Sacramentos) desta unidade salvífica.


Cristo continua a agir através da estrutura visível
da Igreja, por intermédio do seu Espírito.
O Reino de Deus se manifesta nas palavras,
obras, milagres e pela presença pessoal do
Cristo. A Igreja é “o Reino de Cristo já presente
em mistério” (Lumen Gentium 3) é o “germe e
início deste Reino na terra” (Lumen Gentium 5).

O Senhor ressuscitado derramou sobre os
discípulos o Espírito prometido pelo Pai, e desde
então, enriquece a Igreja com os dons do seu
fundador, e a estabelece na terra e na história
como germe e início deste reino.

“A Igreja que abriga em seu seio os pecadores,
santa e ao mesmo tempo necessitada de
purificação, aplica-se incessantemente à
penitência e à sua renovação” (GS 42).

IGREJA COMO COMUNHÃO:

É comunhão com Deus, da qual se participa
por meio da palavra e dos sacramentos, e
que leva à comunhão com os cristãos entre si
e se realiza concretamente na comunhão das
igrejas locais.
A nível estrutural, os bispos são
individualmente o princípio visível e o
fundamento da unidade em suas igrejas
particulares, formadas à imagem da Igreja
universal.
A IGREJA COMO POVO DE DEUS:
É um conceito que vem desde o Antigo
Testamento, e que guarda relação com a
categoria da aliança.






A Igreja realiza definitivamente a vocação
universal a que era chamado Israel pelo seu
Deus como “sinal entre as nações” (Is 11, 12),e
se torna “povo messiânico, instrumento de
redenção de todos” (Lumen Gentium IX).
Os que crêem em Cristo e o vêem como autor da
salvação e princípio de unidade e paz constituem
a “estirpe eleita, o sacerdócio real, a nação
santa, o povo conquistado [...] que em tempos
não o era, mas agora é o povo de Deus” (1Pd 2,
9-10).
Este povo tem por cabeça o Cristo, por condição
a dignidade e liberdade dos filhos de Deus, por
lei o mandamento do amor e tem por fim o reino
de Deus, já começado e que deve ser
continuamente desenvolvido até à consumação
final quando Cristo, nossa vida, aparecer.

A IGREJA COMO CORPO DE CRISTO:
Pela comunicação do Espírito, o Cristo constituiu
com seus irmãos o seu corpo místico.



Ele reparte conosco seu Espírito, que sendo um
só na cabeça e nos membros, vivifica, unifica e
dirige.
Neste corpo, a vida de Cristo se comunica a nós
de modo real, por meio dos sacramentos,
especialmente o Batismo e a Eucaristia.
Cristo é a cabeça deste corpo, e todos os
membros, com seus diversos dons e funções,
devem conformar-se com Ele.
Ele enche a Igreja com seus dons para que ela
procure e alcance toda a plenitude de Deus.

A IGREJA COMO TRADIÇÃO VIVA:

Cristo envia seus apóstolos para pregarem o
Evangelho a todos os homens, como fonte de
verdade salvífica, comunicando a eles seus dons
divinos.
O que foi transmitido pelos Apóstolos compreende
tudo o que contribui para conduzir a vida e fazer
crescer o povo de Deus. A Igreja, com sua doutrina,
vida e culto perpetua e transmite historicamente o
que ela é e o que ela crê.
 A Tradição viva tem em comum com a Escritura o ser
princípio de continuidade e identidade entre a Igreja
apostólica e as gerações posteriores até o fim dos
tempos, no plano do conhecimento, do culto e da
vida.
 Neste contexto se situa o magistério dos bispos,
como garantia da sucessão apostólica.
A Tradição aparece em dois sentidos: para
descrever o que não está escrito na
Escritura e tem origem apostólica; e para
exprimir todo o processo de transmissão
viva da revelação através dos tempos.
 A tradição é a expressão do Espírito Santo
que anima a comunidade dos fiéis. Ela
corre através de todos os tempos, vive
em cada momento e toma corpo
continuamente. Esta força vital, espiritual,
que herdamos de nossos pais e que se
perpetua na Igreja, é a tradição viva.


A IGREJA COMO SOCIEDADE:

Ela é “estrutura visível e social”, “grupo visível”,
“sociedade dotada de organismos hierárquicos”,
“Igreja terrena”, “estabelecida e estruturada neste
mundo como sociedade”, “uma única sociedade
visível de crentes unidos por uma mesma fé, pelos
mesmos sacramentos e pela submissão a uma
mesma hierarquia”.

Toda esta concepção de sociedade não pode ser
desvinculada da visão de Corpo Místico e de
sacramento.

A esta sociedade se incorpora não só com “o corpo”,
mas também com “o coração”.

As formas concretas com as quais a Igreja exercita
sua missão fundamenta a importância da eclesiologia
“jurídico-prática”.

A IGREJA COMO INSTITUIÇÃO:

Por instituição se entende um conjunto de formas e
atividades típicas de uma sociedade que, ainda que se
tenham desenvolvido historicamente, têm certa
permanência (subdivisão de funções e poderes, tradições
consolidadas, ritos e símbolos permanentes, normas
morais reconhecidas, etc...).
Há que se superar o risco de situar a Igreja apenas como
uma realidade sociológica, pois, apesar de composta por
homens, tem sua origem e fim último em Deus, e sua
razão de ser e seu sentido consiste em ser “sacramento
universal de salvação”.
A instituição aparece como sinal identificador do Espírito,
que a ajuda a identificar-se com a mensagem originária do
Evangelho.
É sinal da força integradora do Espírito, que incorpora
cada fiel e as diversas igrejas na unidade originária da
Igreja universal.
É sinal da força libertadora do Espírito.

Perspectiva eclesiológica do Concílio Vaticano I

A contribuição eclesiológica mais significativa desse
concílio é sem dúvida aquilo que se refere à
infalibilidade pontifícia na constituição dogmática
Pastor Aeternus. Nela, o primado papal á vinculado à
Igreja e tem como finalidade a preservação da
unidade dessa mesma Igreja mediante a unidade do
episcopado. O primado é primazia de jurisdição (DS
3053-3055), confiado a Pedro, como poder episcopal,
ordinário e imediato, que se exercita sobre pastores e
fiéis em matéria de fé e de costumes (DS 30613062). Essa infalibilidade é apresentada como fruto
do carisma dado a Pedro e aos seus sucessores (DS
3071) e é assegurada ao papa enquanto sucessor de
Pedro, em condições precisas e delimitadas na
definição.

A perspectiva eclesiológica do Vaticano II

Pela primeira vez na sua história secular, a Igreja
deu uma definição de si mesma na constituição
dogmática Lúmen Gentium e em outras
constituições, decretos ou declarações.
Essa definição se caracteriza pela própria
estrutura da LG, evidente, sobretudo nos seus
dois primeiros capítulos: cap. I: “O mistério da
Igreja”; cap. II: “O povo de Deus”; cap. III: “A
constituição hierárquica da Igreja e de modo
especial do episcopado”; cap. IV: “Os leigos”;
cap. V: “Vocação universal para a santidade na
Igreja”; cap. VI: “Os religiosos”; cap. VII:
“Índole escatológica da Igreja peregrina e sua
união com a Igreja celeste”; cap. VIII: “A BemAventurada Virgem Maria, Mãe de Deus no
mistério de Cristo e da Igreja”.


Além disso, encontram-se muitos
elementos de eclesiologia em outros
documentos conciliares, como as outras
três constituições: sobre a liturgia
(SacrosanctumConcilium), sobre a
revelação (Dei Verbum), sobre a Igreja no
mundo (Gaudiumetspes); assim como nos
decretos: sobre a atividade missionária na
Igreja (Ad gentes), sobre o ministério dos
bispos (Christus Dominus), sobre o
ministério dos presbíteros
(Presbyterorumordinis), sobre o
apostolado dos leigos
(Apostolicamactuositatem), sobre o
ecumenismo (Unitatisredintegratio).


Em todos esses documentos observa-se uma
mudança decisiva na perspectiva sobre a
Igreja: privilegia-se o seu caráter de mistério
e, portanto, de objeto de fé, e ela não mais é
apresentada diretamente como motivo de
credibilidade, como acontecia no Vaticano I.
Passa-se, com efeito, de uma concepção que
via a Igreja principalmente como societas, e
que teve reflexos muito fortes no Vaticano I e
nos tratados eclesiológicos subseqüentes, a
uma concepção mais bíblica, com uma raiz
litúrgica, atenta a uma visão missionária,
ecumênica e histórica, em que a Igreja é
descrita como sacramentumsalutis (LG
1,9,48,59; SC 5,26; GS 42,45; AG 1,5)
fórmula que é a base das afirmações do
Vaticano II.

Juntamente com essa reflexão, pouco a
pouco se ressaltou que a visão eclesiológica
do Vaticano II comporta um conceito
renovado de communio (LG 4,8,1315,18,21,24s; DV 10; GS 32; UR 2-4,14s.,
17-19,22). Esta tem um significado básico de
comunhão com Deus, da qual se participa por
meio da palavra e dos sacramentos, que leva
à unidade dos cristãos entre si e que se
realiza concretamente na comunhão das
Igrejas locais em comunhão hierárquica com
aquele que, como bispo de Roma, “preside
na caridade” a Igreja católica (cf. LG 13).
Com razão afirmou o sínodo extraordinário de
1985: “A eclesiologia de comunhão é a idéia
central-fundamental nos documentos do
concílio” (C.1, EV 9, 1800).

Em primeiro lugar, a constituição está delimitada
entre o que se refere à origem e ao fim da Igreja: o
mistério da vida trinitária. Da vontade de Deus Pai
“de elevar os homens à participação da vida divina”
(LG 2), surge um “povo unido pela unidade do Pai e
do Filho e do Espírito Santo” (LG 4) em peregrinação
“até que todos os povos tanto os que ostentam o
nome cristão, como os que ainda ignoram o Salvador,
se reúnam felizmente, em paz e harmonia, no único
Povo de Deus, para glória da Santíssima e indivisa
Trindade” (LG 69). O plano de Deus inscreve-se na
história, em que Deus se revela, num povo. Este povo
não é um corpo uniforme; tem os ministérios ao
serviço do bem de todo o corpo eclesial (LG 18). Os
leigos são indispensáveis ao serviço da obra comum
(LG 30); é um povo corresponsabilizado. Todo o povo
é chamado à santidade, em que “o estado constituído
pela profissão dos conselhos evangélicos...., está
inabalavelmente unido à vida e santidade da Igreja”
(LG 44).

Em segundo lugar, segundo a ordem
dos capítulos, os dois primeiros
apresentam o ensino sobre o mistério da
Igreja; enquanto o primeiro considera o
corpo eclesial a partir do mistério
trinitário, o segundo apresenta o seu
desenvolvimento histórico. O terceiro e
quarto descrevem a estrutura orgânica
da Igreja em que todos os batizados têm
a mesma vocação fundamental e são
associados à mesma missão; entre
pastores e fiéis há uma “comunidade de
relações”.

O quinto e sexto capítulos tratam da
missão essencial da Igreja, a santificação;
no interior desta vocação comum a todos
os membros da Igreja, situa-se a vida
consagrada. O sétimo descreve o
desenvolvimento escatológico da Igreja e
o oitavo apresenta Maria “no mistério de
Cristo e da Igreja”; situa Maria na
caminhada escatológica da Igreja, ela que
“é imagem e início da Igreja, que se háde consumar no século futuro” (LG 68).

Em terceiro lugar, a ordem dos três primeiros
capítulos (mistério da Igreja, povo de Deus e
instituição hierárquica da Igreja e
especialmente o episcopado) mostra a
“mudança copernicana” do Concílio. O
conceito povo de Deus, após o mistério da
Igreja, indica que o povo de Deus não surge
por iniciativa dos homens, mas do plano de
Deus Pai. O povo de Deus, antes constituição
hierárquica da Igreja e dos leigos, mostra
que a comunidade eclesial e a vocação
comum são prioritários face à diversidade de
ministérios e vocações; a realidade primeira
é o “nós eclesial” em que a unidade precede
a diferença.

A constituição hierárquica, após o povo de
Deus, mostra que os ministérios estão ao
serviço do corpo eclesial como mistério, a
partir de Cristo. Revelam uma dinâmica
que vai do primeiro capítulo ao segundo,
do segundo ao terceiro; mas o
terceiro(ministérios) leva o segundo (povo
de Deus) ao primeiro (mistério) como à
sua fonte.

Igreja Una e Santa
Acreditamos em um Deus.... Cremos em um só
Senhor, Jesus Cristo...."
 – Credo Niceno
 "Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo.
Há um só Deus e Pai de todos, que atua acima
de todos, por todos e em todos”. (Ef 4:5-6).
“Una” “descreve a unidade do Corpo de Cristo.
Essas palavras do Credo falam dos seguidores de
Jesus Cristo, unidos em sua crença em um só
Deus, um só Senhor, no Cenáculo. No discurso
final de Jesus com seus discípulos, na noite de
sua prisão, ele orou três vezes pedindo que eles
pudessem ser apenas "um" (Jo. 17:20-23). Ele
reza para que os cristãos possuam unidade,
afirmando que esta unidade irá fornecer a
evidência mais convincente para o mundo que
ele é o seu Salvador.


Falando da Igreja o Concílio Vaticano ll nos ensina
que:
Esta é a ÚNICA Igreja de Cristo que no símbolo
confessamos una, santa, católica e apostólica (LG, 8).
Esses atributos indicam os traços essenciais,
característicos, da Igreja e da sua missão, e foi Cristo que
assim o quis para ela. Sem essas quatro condições não
existe a Igreja de Cristo, pois foram dadas por Ele mesmo.
São essas características da Igreja que garantem a sua
credibilidade de dois mil anos, e a certeza de sua missão
divina.
A unidade e unicidade da Igreja vem da própria unidade da
Trindade Santa. O único povo de Deus no Antigo
Testamento (Israel), se prolonga no único povo de Deus no
Novo Testamento (a Igreja). Cristo tem um só Corpo e
uma só Esposa, daí vem a exigência monogâmica do
matrimônio cristão, que é espelho da união de Cristo com a
sua única Esposa. Deste mistério, o modelo Supremo e o
princípio é a unidade de um só Deus na Trindade de
Pessoas, Pai e Filho no Espírito Santo (UR ,2).

A esposa de Cristo não pode ser adulterada, ela
é incorrupta e pura, não conhece mais que uma
só casa, guarda com casto pudor a santidade do
único tálamo. A Igreja católica olha com respeito
os cristãos que estão fora dos seus limites. O
Catecismo nos ensina algo muito importante
sobre isso: “Os que hoje em dia nascem em
comunidades que surgiram de tais rupturas e
estão imbuídos da fé em Cristo não podem ser
arguidos de pecado de separação, e a Igreja
católica os abraça com fraterna reverência e
amor... Justificados pela fé recebida no Batismo,
estão incorporados em Cristo, e por isso com
razão são chamados com o nome de cristãos, e
merecidamente reconhecidos pelos filhos da
igreja católica como irmãos no Senhor” (CIC nº
818).

A Igreja também reconhece que: ´Muitos
elementos de santificação e de verdade
existem fora dos limites visíveis da Igreja
Católica´: a palavra escrita de Deus, a vida
da graça, a fé, a esperança e a caridade e
outros dons do Espírito Santo´ (UR, 3). O
Catecismo ainda afirma que: ´O Espírito
Santo de Cristo serve-se dessas igrejas e
comunidades eclesiais como meios de
salvação cuja força vem da plenitude da
graça e da verdade que Cristo confiou à
Igreja Católica. Todos esses bens provêm de
Cristo e levam a Ele e impelem à ´unidade
católica´ (LG, 8).

A Lumen Gentium deixa bem claro que: “A única
Igreja de Cristo ... é aquela que nosso Salvador,
depois da sua Ressurreição, entregou a Pedro
para apascentar e confiou a ele e aos demais
Apóstolos para propaga-la e regê-la... Esta
Igreja, constituída e organizada neste mundo
como uma sociedade, subsiste na Igreja Católica
governada pelo sucessor de Pedro e pelos bispos
em comunhão com ele” (LG, 8). Diz ainda o
decreto do Concílio sobre o Ecumenismo: “Pois
somente através da Igreja católica de Cristo,
auxílio geral de salvação, pode ser atingida toda
a plenitude dos meios de salvação. Cremos que o
Senhor confiou todos os bens do Novo
Testamento ao único Colégio Apostólico, de que
Pedro é o chefe, a fim de constituir na terra um
só Corpo de Cristo, ao qual é necessário que se
incorporem plenamente todos os que, de alguma
forma, já pertencem ao Povo de Deus” (UR,3).
A unidade da Igreja se revela também por vários
fatores: doutrina, liturgia, governo, sucessão
apostólica, etc. A Igreja possui uma única doutrina,
um único Credo, a profissão de uma única fé recebida
dos Apóstolos. Ninguém pode se dizer católico se não
crê nessas verdades da fé. Especialmente hoje, com
o novo Catecismo aprovado pelo Papa em 1992, ficou
ainda mais claro e visível para a Igreja no mundo
todo, a mesma doutrina, tanto em termos dos
dogmas quanto da moral. A celebração litúrgica,
sobretudo dos sacramentos, é outro ponto forte de
unidade da Igreja. Em qualquer parte do planeta
vivemos o mesmo Calendário Litúrgico, a mesma
Missa, as mesmas festas litúrgicas, com pequenas
variações.
 Outro fator de unidade é a sagrada hierarquia
implantada por Jesus. A sucessão apostólica, através
do Sacramento da Ordem, garante a ordem fraterna
na Igreja e é a salvaguarda da unidade. O principal
fator, a ´pedra da unidade´.


Igreja Santa


O santo Concílio Vaticano II disse que:
“Igreja... é, aos olhos da fé, indefectivelmente
santa. Pois Cristo, Filho de Deus, que com o Pai e
o Espírito Santo é proclamado o único Santo,
amou a Igreja como Esposa. Por ela se entregou
com o fim de santifica-la. Uniu-a a si como seu
corpo e cumulou-a com o dom do Espírito Santo,
para a glória de Deus” (LG 39). É por isso que
ela é chamada de “o Povo santo de Deus” (LG
12).
A Igreja é o corpo de Cristo e é santificada por
Ele mesmo; e, por Ele e n’Ele torna-se
santificante. O Concílio nos ensina que todas as
obras da Igreja tendem para a “santificação dos
homens em Cristo e a glorificação de Deus”
(SC,10), porque na Igreja está depositada “a
plenitude dos meios da salvação” (UR,3).

É, portanto na Igreja, que “adquirimos a
santidade pela graça de Deus” (LG,48).
Foi à Igreja que o Senhor confiou todos os
meios de santificação, que de modo
especial se encontram nos sacramentos.
O Concílio afirma: “De fato, a Igreja
possui já na terra uma santidade
verdadeira, embora imperfeita” (LG,48).
 Mesmo que os membros da Igreja sejam
pecadores, ela é santa, pois é o Corpo de
Cristo, animado pelo Espírito Santo. Os
seus membros ainda lutam para adquirir a
santidade perfeita, que é a vocação de
todos.


Na profissão de fé solene, “O Credo do Povo
de Deus”, o Papa Paulo V diz:

“A Igreja é santa, mesmo compreendendo
pecadores no seu seio, pois não possui outra
vida senão a da graça: é vivendo da sua vida que
seus membros se santificam; é subtraindo-se à
vida dela que caem nos pecados e nas desordens
que impedem a irradiação da santidade dela. É
por isso que ela sofre e faz penitência por essas
faltas, das quais tem o poder de curar seus
filhos, pelo sangue de Cristo e pelo dom do
Espírito Santo´ (Nº 19). Nesta mesma linha de
pensamento, o Catecismo da Igreja afirma que:

“Todos os membros da Igreja, inclusive os
ministros, devem reconhecer-se
pecadores” (Nº 827). Isto por causa da
palavra de Deus que nos diz : “Se
dizemos que não temos pecado,
enganamo-nos a nós mesmos, e a
verdade não está em nós. Se
reconhecemos os nossos pecados, (Deus
aí está) fiel e justo para nos perdoar os
pecados e para nos purificar de toda
iniquidade, se pensamos não ter pecado,
nós o declaramos mentiroso e a sua
palavra não está em nós” (1 Jo 1,8-10).
Enfim, podemos dizer que a Igreja é
Santa; e esta santidade não provém dos
homens, mas do próprio Cristo que nela
está, de modo permanente, como Cabeça.
E todo cristão, pelo batismo, é inserido
pelo Espírito Santo em Cristo, fazendo-o
participar dessa santidade ontológica; isto
é, do próprio Ser de Cristo.
 No século XVI houve o forte espírito
renascentista, que também abalou a vida
da Igreja, trazendo para dentro dela uma
tendência liberal e relativista que
promoveu de certa forma a reforma
protestante.





É por isso que os protestantes afirmam que ´a
Igreja há de ser sempre reformada´, e então,
cada reformador protestante começa uma ´nova
Igreja´ independente das demais. Foram
milhares, de reformadores em quase cinco
séculos de protestantismo, esfacelando-o cada
vez mais e diluindo a doutrina da fé.
Igreja Católica
A palavra católico vem do grego ´catholikón´,
que quer dizer ´geral´, ´universal´, em sentido
contrário a ´particular´. Desde a sua origem a
Igreja fundada por Jesus, sobre Pedro e os
Apóstolos, é universal, católica. Foi este desejo
do Senhor, quando enviou os seus apóstolos a
todos os povos: ´Ide, pois e ensinai a todas as
nações...´ (Mt 28,19). ´Ide por todo o mundo e
pregai o Evangelho a toda criatura´ (Mc 16,16).
A catolicidade da Igreja tem vários aspectos:




Geográfico e antropológico.
É o aspecto externo, e que significa a
abertura para todos os homens e mulheres
de todos os tempos e lugares da terra.
Pessoal, ontológico.
Significa que a Igreja é a depositária de toda
a Verdade revelada pela Bíblia (escrita), e
pela Tradição (oral); e recebeu de Cristo a
“plenitude dos meios da Salvação”, como
enfatizou o decreto do Concílio último sobre o
Ecumenismo (UR, 3). Deus deu à sua Igreja
um caráter universal porque “quer que todos
os homens se salvem e cheguem ao
conhecimento da verdade” (2Tm 2,1-5).

Essa verdade que salva foi confiada à Igreja por
Jesus, para ser levada a todos os homens. O Pai
quis e quer o Cristo e a Igreja como “sacramento
universal da salvação”. Cristo é o Salvador único
de todos os homens e a Igreja é o Seu Corpo
prolongado na humanidade, para salva-la.

São Pedro disse aos judeus: “Em nenhum outro
há salvação, porque debaixo do céu nenhum
outro nome foi dado aos homens pelo qual
devemos ser salvos” (At 4,12). “Porque aprouve
a Deus fazer habitar nele toda a plenitude e por
seu intermédio reconciliar consigo todas as
criaturas, por intermédio daquele que, ao preço
do próprio sangue na cruz, restabeleceu a paz a
tudo quanto existe na terra e nos céus” (Col
1,19-20).

Através da Igreja, Cristo, Cabeça, leva a
salvação a todos.
“Ele é a cabeça do corpo, da Igreja” (Col 1,17).
“E sujeitou a seus pés todas as coisas, e o
constituiu chefe supremo da Igreja, que é o seu
corpo, o receptáculo daquele que enche todas as
coisas sob todos os aspectos” (Ef 1,23).
Sabemos que o desígnio de Deus é “recapitular
todas as coisas em Cristo” (Ef 1,10), restaurando
e reunindo tudo sob a sua autoridade, para
reconduzir o mundo a Si. Para cumprir esse
desígnio a Igreja abraça todas as dimensões da
pessoa humana: ciência, técnica, trabalho,
cultura, a fim de santifica-las, impregnando-as
com o Evangelho e com a vida de Cristo. Este é
um outro aspecto da catolicidade da Igreja, que
as seitas não possuem, por não estarem abertas
a todos os legítimos valores humanos.

Elas são fechadas sobre si mesmas e
desprezam muitos desses valores.

A catolicidade (universalidade) da Igreja tem
como conseqüências a tarefa missionária e o
ecumenismo. Cristo mandou que a Igreja
pregasse o Evangelho a todos os homens (Mt
28,18-20). Cada cristão é responsável por
essa missão que é da Igreja toda (LG nº 17;
AG nº 23). A missão da Igreja é transformar
a humanidade toda “em Povo de Deus, Corpo
do Senhor e Templo do Espírito Santo, para
que em Cristo, Cabeça de todos, seja dada
ao Pai e Criador do universo toda a honra e
toda a glória” (LG, 17).

Igreja Apostólica

O que garantiu a unidade da Igreja católica e sua
continuidade até hoje, de maneira ininterrupta,
conservando intacto o “depósito da fé”, que
recebeu do Senhor, é a sua apostolicidade; isto
é, a sucessão apostólica. Muito cedo a Igreja
tomou consciência de que a sua “identidade e
missão” estava ligada ao colégio dos Doze
Apóstolos, e seus sucessores, os bispos. Quando
nos primeiros séculos surgia uma doutrina nova,
às vezes uma heresia, o critério do
discernimento era o da apostolicidade: ´esta
doutrina está de acordo com o que ensinaram os
Apóstolos?´ Está em conformidade com o que
ensina a Igreja de Roma, onde foram
martirizados Pedro e Paulo? Essas eram as
perguntas mais importantes para se chegar ao
discernimento.
Isto porque os Apóstolos foram as testemunhas
oculares do Senhor e dEle receberam diretamente
tudo o que Ele ensinou e realizou para a salvação da
humanidade.
 Os Bispos da Igreja,embora não tenham sido
testemunhas diretas da ressurreição de Jesus, no
entanto, pela “sucessão apostólica”, participam do
Colégio dos Apóstolos. Cada Bispo, individualmente,
não tem o carisma da infalibilidade, apenas o Bispo
de Roma, o Papa, e o Colégio dos Bispos que sucede
o Colégio dos Doze Apóstolos. Essa infalibilidade, que
na maioria das vezes o Colégio dos Bispos exerceu
nos 21 Concílios universais que a Igreja já realizou,
se limita à definição de assuntos de fé e de moral. Ao
Colégio dos Doze, Jesus disse: “Em verdade eu vos
digo: tudo o que ligares na terra será ligado no céu, e
tudo o que desligares na terra será desligado no céu”
(Mt 18,18). É com esta autoridade, recebida
diretamente de Jesus, que o Colégio episcopal se
reúne em Concílios e Sínodos para “ligar na terra” o
que é para o bem e a salvação dos fiéis.

Para que a transmissão da Boa Nova chegasse então
aos confins da terra e dos tempos, os Apóstolos
foram preparando os pastores das comunidades, seus
sucessores. Vejamos alguns casos: São Paulo deixa
Timóteo como Bispo de Éfeso: “Torno a lembrar-te a
recomendação que te dei, quando parti para a
Macedônia: devias permanecer em Éfeso para
impedir que certas pessoas andassem a ensinar
doutrinas extravagantes” (1Tm 1,3).
 A principal preocupação de Paulo é com a “sã
doutrina” (v.10) que Timóteo deve garantir na
comunidade. Essa continua a ser a principal missão
do bispo também hoje na Igreja, além de ser para o
seu rebanho o pai espiritual e a pedra viva da
unidade. “Por esse motivo eu te exorto a reavivar a
chama do dom de Deus que recebeste pela imposição
das minhas mãos” (2Tm 1,6). Aqui vemos a
ordenação de Timóteo pela imposição das mãos de
São Paulo. Até hoje a Igreja repete esse gesto na
ordenação dos sacerdotes e bispos, e assim garante a
sucessão apostólica.

Paulo Também escolheu Tito para bispo de Creta: “Eu
te deixei em Creta para acabares de organizar tudo e
estabeleceres anciãos (sacerdotes) em cada cidade,
de acordo com as normas que te tracei” (Tt 1,5).
Essa passagem mostra que os Apóstolos iam
definindo as normas da Igreja, que foram formando a
sagrada Tradição Apostólica, tão importante e
legitima quanto a própria Bíblia. Para a comunidade
de Filipos, São Paulo envia Epafrodito: “Julguei
necessário enviar-vos nosso irmão Epafrodito, meu
companheiro de labor e de lutas...” (Fil 2,25). O autor
da Carta aos Hebreus, provavelmente algum dos
discípulos de S. Paulo, recomenda os fiéis aos seus
dirigentes: “Sede submissos e obedecei aos que vos
guiam (pois eles velam por vossas almas e delas
devem dar contas)” (Hb 13,17).
 Nos Atos dos Apóstolos, vemos São Paulo
despedindo-se emocionado dos anciãos de Éfeso
(“não tornareis a ver minha face”) e recomenda-lhes
o rebanho, como sua grande preocupação:



: “Cuidai de vós mesmos e de todo o rebanho
sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu
bispos, para pastorear a Igreja de Deus, que Ele
adquiriu com o seu próprio sangue. Sei que
depois de minha partida se introduzirão entre
vós os lobos cruéis, que não pouparão o
rebanho” (At 20,28).
Todas essas passagens mostram
abundantemente que os bispos foram escolhidos
pelos próprios Apóstolos, “constituídos pelo
Espírito Santo”(At 20,28), para governar a
Igreja. Nas cartas de Santo Inácio de Antioquia,
falecido no ano 107, já encontramos a
organização atual da Igreja. Vemos ali um Bispo
residente em cada diocese e respondendo por
essa parte do rebanho do Senhor. “Segui ao
bispo, vós todos, como Jesus Cristo ao Pai. Segui
ao presbítero como aos apóstolos. Respeitai os
diáconos como ao preceito de Deus.


Ninguém ouse fazer sem o bispo coisa alguma
concernente à Igreja. Como válida só se tenha a
eucaristia celebrada sob a presidência do bispo
ou de um delegado seu. A comunidade se reúne
onde estiver o bispo e onde está Jesus Cristo
está a Igreja católica. Sem a união do bispo não
é lícito batizar nem celebrar a eucaristia; só o
que tiver a sua aprovação será do agrado de
Deus e assim será firme e seguro o que fizerdes”.
(Antologia dos Santos Padres, Ed. Paulinas, Pág.
44, 3ª ed. 1979, pág. 43).
Esse testemunho do primeiro século da Igreja
mostra bem a sucessão apostólica e a
importância do bispo. Já no primeiro século vêse que sem o bispo, ordenado pelos apóstolos,
ou um delegado seu, não se pode celebrar a
eucaristia.

No combate aos hereges gnósticos do seu tempo,
Santo Ireneu (†202), no primeiro século, dizia: “Ora,
todos esses hereges são de muito posteriores aos
bispos, aos quais os Apóstolos entregaram as Igrejas
[particulares]...Necessariamente, pois, tais hereges,
cegos para a verdade, mudam sempre de direção e
disseminam as doutrinas de modo discordante e
incoerente. Ao contrário, o caminho dos que
pertencem à Igreja cerca o universo inteiro e,
possuindo a firme tradição dos apóstolos, faz-nos ver
que todos possuímos a mesma fé” (Contra as
Heresias).

Alguns elementos são necessários para que o Bispo
seja legítimo sucessor dos Apóstolos:

A sucessão apostólica, comunhão de fé e de tarefas
com os demais bispos e com toda a Igreja, e
principalmente submissão e obediência ao Papa.

2. Seja escolhido pelo Papa e ordenado por
Bispos legítimos da Igreja.
3. Conserve intacta a doutrina transmitida
desde o tempo dos Apóstolos.
Em todos os tempos da história da Igreja as
comunidades heréticas e cismáticas procuraram
imitar as aparências da sucessão apostólica,
tentando enganar o povo. É o caso, por exemplo,
das “Igrejas Católicas Apostólicas Brasileiras”,
derivada de D. Carlo Duarte, exBispo de Maura,
mas que não guarda a comunhão com a Igreja
católica. Outro exemplo é o dos Bispos
“patriotas” que foram instituídos por governos
comunistas e sagrados por um bispo
“colaboracionista”. Não estão na sucessão
apostólica, pois romperam com o Papa.

Assim são também os “bispos” da igreja anglicana,
da igreja universal do reino de Deus, etc... Os
protestantes perderam a sucessão apostólica porque
romperam com a Igreja dos Apóstolos e seus
sucessores.

A encarnação do Verbo é uma realidade histórica que
se prolonga através da Igreja e da sucessão
apostólica. Jesus disse claro aos Apóstolos: “Estarei
convosco até a consumação dos séculos” (Mt 28,20).
Os Santos Padres da Igreja diziam: “UbiPetrus,
ibiEcclesia; ubiEcclesia, ibiChristus” (Onde está Pedro
está a Igreja, onde está a Igreja está Jesus Cristo”.
Santo Ireneu (140-202) escreveu que: “Onde está a
Igreja aí está o Espírito Santo, e onde está o Espírito
Santo de Deus, aí estão a Igreja e o tesouro de todas
as graças, porque o Espírito é a verdade”. Santo
Agostinho (354´430) confirmava dizendo:

“Onde está a Igreja aí está o Espírito de
Deus. Na medida que alguém ama a Igreja é
que possui o Espírito Santo”. “Fazei-vos
Corpo de Cristo se quereis viver do Espírito
de Cristo. Somente o Corpo de Cristo vive do
seu Espírito”. São João Crisóstomo (350-407)
mandava: “Não te afaste da Igreja: Nada é
mais forte do que ela. Ela é a tua esperança,
o teu refúgio. Ela é mais alta que o céu e
mais vasta que a terra. Ela nunca envelhece”.
Santo Hipólito (160 ´ 235) também dizia: “A
Igreja é o local onde floresce o Espírito”. São
Justino (†165) dizia que: “O mundo foi criado
em vista da Igreja”. O que Santo Epifânio
(+403) confirmava: “A Igreja é a finalidade
de todas as coisas”. São Cipriano (†258),
bispo de Cartago no norte da África dizia:

“A Esposa de Cristo não pode adulterar, é fiel
e casta. Aquele que se separa dela saiba que
se junta com uma adúltera, e que as
promessas da Igreja já não o alcança. Aquele
que abandona a Igreja não espere que Jesus
Cristo o recompense, é um estranho, um
proscrito, um inimigo”. Deus Pai disse a
Santa Catarina de Sena, nos “Diálogos”: “Foi
na dispensa da hierarquia eclesiástica que eu
guardei o Corpo e o Sangue do meu Filho”.
Foi no seio da Igreja hierárquica que o
Senhor depositou o seu mais precioso
tesouro. E a mesma Santa disse certa vez:
“Tenham a certeza de que quando eu morrer,
a única causa de minha morte será meu
amor pela Igreja”.

A outra doutora da Igreja, Santa Teresa de
Ávila (1515´1591) dizia: ´Eu sou filha da
Igreja !´ “Em tudo me sujeito ao que
professa a Santa Igreja Católica Romana, em
cuja fé vivo, afirmo viver e prometo viver e
morrer”.

Hoje temos um novo Catecismo aprovado
pelos Bispos do mundo inteiro e pelo próprio
Papa, em 11 de outubro de 1992, e ninguém
pode ensinar nada que não esteja em
consonância com ele. Quando o Papa
aprovou o Catecismo e apresentou-o através
da Constituição Apostólica ´FideiDepósitum´
(O Depósito da Fé), disse que ele é: “uma
exposição da fé da Igreja e da doutrina
católica”...

“texto de referência seguro e autêntico,
para o ensino da doutrina católica”...
“oferecido a todo homem... que queira
conhecer aquilo em que a Igreja Católica
crê”.

E o Papa nos pede que o Catecismo seja
usado por todos, Pastores e fiéis: “Peço,
portanto aos Pastores da Igreja e aos fiéis
que acolham este Catecismo em espírito
de comunhão, e que o usem
assiduamente ao cumprirem a missão de
anunciar a fé...”(FD).

Igreja Infalível

Como a Igreja foi fundada por Jesus para levar
os homens à salvação, pelo ´conhecimento da
verdade´ (1 Tm 3,15), então, o Senhor garantiu
a ela a infalibilidade naquilo, e só naquilo, que se
refere à salvação dos fiéis; isto é, nos
ensinamentos doutrinários. Assim, a mensagem
do Evangelho não ficaria à mercê da manipulação
dos homens, como sempre se tentou na história
da Igreja. Sem a garantia da infalibilidade para o
Magistério da Igreja, podemos dizer que teria
sido inútil a Revelação Divina, pois ela seria
deteriorada ao chegar até nós, e não teria a
força da salvação.
O Papa João Paulo II ao apresentar o novo Catecismo
disse: “Guardar o depósito da fé é a missão que o
Senhor confiou à Sua Igreja e que ela cumpre em
todos os tempos” (FD, introdução). Esta é portanto
´a missão´ sagrada que a Igreja recebeu do Senhor:
´guardar o depósito da fé´, intacto; e isto a Igreja
sempre fez e faz. É com esta finalidade que a Santa
Sé possui a Sagrada Congregação Para a Doutrina da
Fé, encarregada de zelar pela pureza da doutrina em
todo o mundo católico
 É sobretudo nos Concílios que a Igreja exerce a sua
infalibilidade em matéria de fé e de moral. Não se
conhece na história da Igreja (de 2000 anos!) uma
verdade da fé que um dos Concílios, legítimos, tenha
ensinado e que outro tenha revogado. Essa
ocorrência doutrinária é uma prova da infalibilidade,
já que o Espírito Santo, o grande Mestre da Igreja,
não se contradiz. Ele não pode revelar à Igreja uma
verdade hoje, que seja diferente, na essência, daquilo
que Ele revelou ontem.


Essa mesma grande promessa que Ele já
tinha feito a Pedro, como Cabeça visível da
Igreja (cfMt 16,18), estende para todo o
Colégio Apostólico unido e submisso a Pedro.
E ainda mais, Jesus disse aos Apóstolos:
“Quem vos ouve, a Mim ouve, e quem vos
rejeita, a Mim rejeita, e quem Me rejeita,
rejeita Aquele que Me enviou” (Lc 10,16).
Depois dessa promessa, como não entender
a infalibilidade da Igreja? Jesus garante que
a palavra da Igreja é a Sua palavra. Quem
rejeita o ensinamento dos Apóstolos, rejeita
o próprio Senhor e o Pai que o enviou. Isto é
muitíssimo sério. Rejeitar o que ensina a
Igreja é rejeitar o que Jesus ensina, é
rejeitar o que o Pai ensina; é rejeitar Jesus e
o Pai.

CREDO NICENOCONSTANTINOPOLITANO
Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso,
Criador do Céu e da Terra,
De todas as coisas visíveis e invisíveis.
Creio em um só Senhor, Jesus Cristo,
Filho Unigénito de Deus,
Nascido do Pai antes de todos os séculos:
Deus de Deus, luz da luz,
Deus verdadeiro de Deus verdadeiro;
Gerado, não criado, consubstancial ao Pai.
Por Ele todas as coisas foram feitas.
E por nós, homens, e para nossa salvação
Desceu dos Céus.
E encarnou pelo Espírito Santo,
No seio da Virgem Maria.
E se fez homem.
Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos;
Padeceu e foi sepultado.
Ressuscitou ao terceiro dia,
Conforme as Escrituras;
E subiu aos Céus,
Onde está sentado à direita do Pai.
De novo há-de vir em sua glória
Para julgar os vivos e os mortos;
E o seu Reino não terá fim.
Creio no Espírito Santo,
Senhor que dá a vida,
E procede do Pai e do Filho;
E com o Pai e o Filho
É adorado e glorificado:
Ele que falou pelos Profetas.
Creio na Igreja una, santa, católica e apostólica.
Professo um só batismo para a remissão dos pecados.
E espero a ressurreição dos mortos
E vida do mundo que há-de vir.
Amém.'
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