INTRODUÇÃO À ECLESIOLOGIA IGREJA CONCEITOS FUNDAMENTAIS INTRODUÇÃO: Ekklesía, tradução do hebraico qahal, significa “aviso de convocação” e “assembléia reunida”. É a convocação divina e é a assembleia dos convocados. Aparece duas únicas vezes nos Evangelhos e 144 vezes no restante do Novo Testamento. O documento do Vaticano II que nos fala especificamente sobre a Igreja é a Constituição dogmática Lumen Gentium, que assim começa: “Cristo é a luz dos povos. Por isso, este sagrado Concílio, congregado no Espírito Santo, deseja ardentemente, anunciando o Evangelho a toda criatura, iluminar todos os homens com a claridade de Cristo que resplandece na face da Igreja.E retomando o ensino dos concílios anteriores, propõe-se explicar com maior rigor aos fiéis e a toda gente a natureza e a missão universal da Igreja, a qual é em Cristo como que sacramento ou sinal, e também instrumento da união íntima com Deus e da unidade de todo o gênero humano” (Lumen Gentium 1). Mais do que definida, a Igreja, realidade divina e humana, pode ser apenas descrita. O Concílio a chama de mistério e afirma: “Não é criar uma analogia inconsistente comparar a Igreja ao mistério da encarnação. Pois assim como a natureza assumida pelo Verbo divino lhe serve de órgão vivo de salvação, de modo semelhante a estrutura social da Igreja serve ao Espírito de Cristo, que a vivifica, para fazer progredir o seu corpo místico” (Lumen Gentium 8). Várias são as imagens utilizadas para melhor conhecer a natureza da Igreja: Redil, vinha, construção, família, templo santo, Jerusalém celeste, esposa imaculada do Cordeiro. Veremos a Igreja sob sete enfoques: Como Como Como Como Como Como Como sacramento comunhão povo de Deus corpo de Cristo tradição viva sociedade instituição IGREJA COMO SACRAMENTO: É uma realidade divina portadora de salvação, que se revela de modo visível, encarnada na história. Cristo é a luz dos povos. A Igreja é, nele, sinal e instrumento da união com Deus e da unidade com o gênero humano. Jesus é o autor da salvação e a Igreja é a dispensadora visível (através dos Sacramentos) desta unidade salvífica. Cristo continua a agir através da estrutura visível da Igreja, por intermédio do seu Espírito. O Reino de Deus se manifesta nas palavras, obras, milagres e pela presença pessoal do Cristo. A Igreja é “o Reino de Cristo já presente em mistério” (Lumen Gentium 3) é o “germe e início deste Reino na terra” (Lumen Gentium 5). O Senhor ressuscitado derramou sobre os discípulos o Espírito prometido pelo Pai, e desde então, enriquece a Igreja com os dons do seu fundador, e a estabelece na terra e na história como germe e início deste reino. “A Igreja que abriga em seu seio os pecadores, santa e ao mesmo tempo necessitada de purificação, aplica-se incessantemente à penitência e à sua renovação” (GS 42). IGREJA COMO COMUNHÃO: É comunhão com Deus, da qual se participa por meio da palavra e dos sacramentos, e que leva à comunhão com os cristãos entre si e se realiza concretamente na comunhão das igrejas locais. A nível estrutural, os bispos são individualmente o princípio visível e o fundamento da unidade em suas igrejas particulares, formadas à imagem da Igreja universal. A IGREJA COMO POVO DE DEUS: É um conceito que vem desde o Antigo Testamento, e que guarda relação com a categoria da aliança. A Igreja realiza definitivamente a vocação universal a que era chamado Israel pelo seu Deus como “sinal entre as nações” (Is 11, 12),e se torna “povo messiânico, instrumento de redenção de todos” (Lumen Gentium IX). Os que crêem em Cristo e o vêem como autor da salvação e princípio de unidade e paz constituem a “estirpe eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo conquistado [...] que em tempos não o era, mas agora é o povo de Deus” (1Pd 2, 9-10). Este povo tem por cabeça o Cristo, por condição a dignidade e liberdade dos filhos de Deus, por lei o mandamento do amor e tem por fim o reino de Deus, já começado e que deve ser continuamente desenvolvido até à consumação final quando Cristo, nossa vida, aparecer. A IGREJA COMO CORPO DE CRISTO: Pela comunicação do Espírito, o Cristo constituiu com seus irmãos o seu corpo místico. Ele reparte conosco seu Espírito, que sendo um só na cabeça e nos membros, vivifica, unifica e dirige. Neste corpo, a vida de Cristo se comunica a nós de modo real, por meio dos sacramentos, especialmente o Batismo e a Eucaristia. Cristo é a cabeça deste corpo, e todos os membros, com seus diversos dons e funções, devem conformar-se com Ele. Ele enche a Igreja com seus dons para que ela procure e alcance toda a plenitude de Deus. A IGREJA COMO TRADIÇÃO VIVA: Cristo envia seus apóstolos para pregarem o Evangelho a todos os homens, como fonte de verdade salvífica, comunicando a eles seus dons divinos. O que foi transmitido pelos Apóstolos compreende tudo o que contribui para conduzir a vida e fazer crescer o povo de Deus. A Igreja, com sua doutrina, vida e culto perpetua e transmite historicamente o que ela é e o que ela crê. A Tradição viva tem em comum com a Escritura o ser princípio de continuidade e identidade entre a Igreja apostólica e as gerações posteriores até o fim dos tempos, no plano do conhecimento, do culto e da vida. Neste contexto se situa o magistério dos bispos, como garantia da sucessão apostólica. A Tradição aparece em dois sentidos: para descrever o que não está escrito na Escritura e tem origem apostólica; e para exprimir todo o processo de transmissão viva da revelação através dos tempos. A tradição é a expressão do Espírito Santo que anima a comunidade dos fiéis. Ela corre através de todos os tempos, vive em cada momento e toma corpo continuamente. Esta força vital, espiritual, que herdamos de nossos pais e que se perpetua na Igreja, é a tradição viva. A IGREJA COMO SOCIEDADE: Ela é “estrutura visível e social”, “grupo visível”, “sociedade dotada de organismos hierárquicos”, “Igreja terrena”, “estabelecida e estruturada neste mundo como sociedade”, “uma única sociedade visível de crentes unidos por uma mesma fé, pelos mesmos sacramentos e pela submissão a uma mesma hierarquia”. Toda esta concepção de sociedade não pode ser desvinculada da visão de Corpo Místico e de sacramento. A esta sociedade se incorpora não só com “o corpo”, mas também com “o coração”. As formas concretas com as quais a Igreja exercita sua missão fundamenta a importância da eclesiologia “jurídico-prática”. A IGREJA COMO INSTITUIÇÃO: Por instituição se entende um conjunto de formas e atividades típicas de uma sociedade que, ainda que se tenham desenvolvido historicamente, têm certa permanência (subdivisão de funções e poderes, tradições consolidadas, ritos e símbolos permanentes, normas morais reconhecidas, etc...). Há que se superar o risco de situar a Igreja apenas como uma realidade sociológica, pois, apesar de composta por homens, tem sua origem e fim último em Deus, e sua razão de ser e seu sentido consiste em ser “sacramento universal de salvação”. A instituição aparece como sinal identificador do Espírito, que a ajuda a identificar-se com a mensagem originária do Evangelho. É sinal da força integradora do Espírito, que incorpora cada fiel e as diversas igrejas na unidade originária da Igreja universal. É sinal da força libertadora do Espírito. Perspectiva eclesiológica do Concílio Vaticano I A contribuição eclesiológica mais significativa desse concílio é sem dúvida aquilo que se refere à infalibilidade pontifícia na constituição dogmática Pastor Aeternus. Nela, o primado papal á vinculado à Igreja e tem como finalidade a preservação da unidade dessa mesma Igreja mediante a unidade do episcopado. O primado é primazia de jurisdição (DS 3053-3055), confiado a Pedro, como poder episcopal, ordinário e imediato, que se exercita sobre pastores e fiéis em matéria de fé e de costumes (DS 30613062). Essa infalibilidade é apresentada como fruto do carisma dado a Pedro e aos seus sucessores (DS 3071) e é assegurada ao papa enquanto sucessor de Pedro, em condições precisas e delimitadas na definição. A perspectiva eclesiológica do Vaticano II Pela primeira vez na sua história secular, a Igreja deu uma definição de si mesma na constituição dogmática Lúmen Gentium e em outras constituições, decretos ou declarações. Essa definição se caracteriza pela própria estrutura da LG, evidente, sobretudo nos seus dois primeiros capítulos: cap. I: “O mistério da Igreja”; cap. II: “O povo de Deus”; cap. III: “A constituição hierárquica da Igreja e de modo especial do episcopado”; cap. IV: “Os leigos”; cap. V: “Vocação universal para a santidade na Igreja”; cap. VI: “Os religiosos”; cap. VII: “Índole escatológica da Igreja peregrina e sua união com a Igreja celeste”; cap. VIII: “A BemAventurada Virgem Maria, Mãe de Deus no mistério de Cristo e da Igreja”. Além disso, encontram-se muitos elementos de eclesiologia em outros documentos conciliares, como as outras três constituições: sobre a liturgia (SacrosanctumConcilium), sobre a revelação (Dei Verbum), sobre a Igreja no mundo (Gaudiumetspes); assim como nos decretos: sobre a atividade missionária na Igreja (Ad gentes), sobre o ministério dos bispos (Christus Dominus), sobre o ministério dos presbíteros (Presbyterorumordinis), sobre o apostolado dos leigos (Apostolicamactuositatem), sobre o ecumenismo (Unitatisredintegratio). Em todos esses documentos observa-se uma mudança decisiva na perspectiva sobre a Igreja: privilegia-se o seu caráter de mistério e, portanto, de objeto de fé, e ela não mais é apresentada diretamente como motivo de credibilidade, como acontecia no Vaticano I. Passa-se, com efeito, de uma concepção que via a Igreja principalmente como societas, e que teve reflexos muito fortes no Vaticano I e nos tratados eclesiológicos subseqüentes, a uma concepção mais bíblica, com uma raiz litúrgica, atenta a uma visão missionária, ecumênica e histórica, em que a Igreja é descrita como sacramentumsalutis (LG 1,9,48,59; SC 5,26; GS 42,45; AG 1,5) fórmula que é a base das afirmações do Vaticano II. Juntamente com essa reflexão, pouco a pouco se ressaltou que a visão eclesiológica do Vaticano II comporta um conceito renovado de communio (LG 4,8,1315,18,21,24s; DV 10; GS 32; UR 2-4,14s., 17-19,22). Esta tem um significado básico de comunhão com Deus, da qual se participa por meio da palavra e dos sacramentos, que leva à unidade dos cristãos entre si e que se realiza concretamente na comunhão das Igrejas locais em comunhão hierárquica com aquele que, como bispo de Roma, “preside na caridade” a Igreja católica (cf. LG 13). Com razão afirmou o sínodo extraordinário de 1985: “A eclesiologia de comunhão é a idéia central-fundamental nos documentos do concílio” (C.1, EV 9, 1800). Em primeiro lugar, a constituição está delimitada entre o que se refere à origem e ao fim da Igreja: o mistério da vida trinitária. Da vontade de Deus Pai “de elevar os homens à participação da vida divina” (LG 2), surge um “povo unido pela unidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (LG 4) em peregrinação “até que todos os povos tanto os que ostentam o nome cristão, como os que ainda ignoram o Salvador, se reúnam felizmente, em paz e harmonia, no único Povo de Deus, para glória da Santíssima e indivisa Trindade” (LG 69). O plano de Deus inscreve-se na história, em que Deus se revela, num povo. Este povo não é um corpo uniforme; tem os ministérios ao serviço do bem de todo o corpo eclesial (LG 18). Os leigos são indispensáveis ao serviço da obra comum (LG 30); é um povo corresponsabilizado. Todo o povo é chamado à santidade, em que “o estado constituído pela profissão dos conselhos evangélicos...., está inabalavelmente unido à vida e santidade da Igreja” (LG 44). Em segundo lugar, segundo a ordem dos capítulos, os dois primeiros apresentam o ensino sobre o mistério da Igreja; enquanto o primeiro considera o corpo eclesial a partir do mistério trinitário, o segundo apresenta o seu desenvolvimento histórico. O terceiro e quarto descrevem a estrutura orgânica da Igreja em que todos os batizados têm a mesma vocação fundamental e são associados à mesma missão; entre pastores e fiéis há uma “comunidade de relações”. O quinto e sexto capítulos tratam da missão essencial da Igreja, a santificação; no interior desta vocação comum a todos os membros da Igreja, situa-se a vida consagrada. O sétimo descreve o desenvolvimento escatológico da Igreja e o oitavo apresenta Maria “no mistério de Cristo e da Igreja”; situa Maria na caminhada escatológica da Igreja, ela que “é imagem e início da Igreja, que se háde consumar no século futuro” (LG 68). Em terceiro lugar, a ordem dos três primeiros capítulos (mistério da Igreja, povo de Deus e instituição hierárquica da Igreja e especialmente o episcopado) mostra a “mudança copernicana” do Concílio. O conceito povo de Deus, após o mistério da Igreja, indica que o povo de Deus não surge por iniciativa dos homens, mas do plano de Deus Pai. O povo de Deus, antes constituição hierárquica da Igreja e dos leigos, mostra que a comunidade eclesial e a vocação comum são prioritários face à diversidade de ministérios e vocações; a realidade primeira é o “nós eclesial” em que a unidade precede a diferença. A constituição hierárquica, após o povo de Deus, mostra que os ministérios estão ao serviço do corpo eclesial como mistério, a partir de Cristo. Revelam uma dinâmica que vai do primeiro capítulo ao segundo, do segundo ao terceiro; mas o terceiro(ministérios) leva o segundo (povo de Deus) ao primeiro (mistério) como à sua fonte. Igreja Una e Santa Acreditamos em um Deus.... Cremos em um só Senhor, Jesus Cristo...." – Credo Niceno "Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo. Há um só Deus e Pai de todos, que atua acima de todos, por todos e em todos”. (Ef 4:5-6). “Una” “descreve a unidade do Corpo de Cristo. Essas palavras do Credo falam dos seguidores de Jesus Cristo, unidos em sua crença em um só Deus, um só Senhor, no Cenáculo. No discurso final de Jesus com seus discípulos, na noite de sua prisão, ele orou três vezes pedindo que eles pudessem ser apenas "um" (Jo. 17:20-23). Ele reza para que os cristãos possuam unidade, afirmando que esta unidade irá fornecer a evidência mais convincente para o mundo que ele é o seu Salvador. Falando da Igreja o Concílio Vaticano ll nos ensina que: Esta é a ÚNICA Igreja de Cristo que no símbolo confessamos una, santa, católica e apostólica (LG, 8). Esses atributos indicam os traços essenciais, característicos, da Igreja e da sua missão, e foi Cristo que assim o quis para ela. Sem essas quatro condições não existe a Igreja de Cristo, pois foram dadas por Ele mesmo. São essas características da Igreja que garantem a sua credibilidade de dois mil anos, e a certeza de sua missão divina. A unidade e unicidade da Igreja vem da própria unidade da Trindade Santa. O único povo de Deus no Antigo Testamento (Israel), se prolonga no único povo de Deus no Novo Testamento (a Igreja). Cristo tem um só Corpo e uma só Esposa, daí vem a exigência monogâmica do matrimônio cristão, que é espelho da união de Cristo com a sua única Esposa. Deste mistério, o modelo Supremo e o princípio é a unidade de um só Deus na Trindade de Pessoas, Pai e Filho no Espírito Santo (UR ,2). A esposa de Cristo não pode ser adulterada, ela é incorrupta e pura, não conhece mais que uma só casa, guarda com casto pudor a santidade do único tálamo. A Igreja católica olha com respeito os cristãos que estão fora dos seus limites. O Catecismo nos ensina algo muito importante sobre isso: “Os que hoje em dia nascem em comunidades que surgiram de tais rupturas e estão imbuídos da fé em Cristo não podem ser arguidos de pecado de separação, e a Igreja católica os abraça com fraterna reverência e amor... Justificados pela fé recebida no Batismo, estão incorporados em Cristo, e por isso com razão são chamados com o nome de cristãos, e merecidamente reconhecidos pelos filhos da igreja católica como irmãos no Senhor” (CIC nº 818). A Igreja também reconhece que: ´Muitos elementos de santificação e de verdade existem fora dos limites visíveis da Igreja Católica´: a palavra escrita de Deus, a vida da graça, a fé, a esperança e a caridade e outros dons do Espírito Santo´ (UR, 3). O Catecismo ainda afirma que: ´O Espírito Santo de Cristo serve-se dessas igrejas e comunidades eclesiais como meios de salvação cuja força vem da plenitude da graça e da verdade que Cristo confiou à Igreja Católica. Todos esses bens provêm de Cristo e levam a Ele e impelem à ´unidade católica´ (LG, 8). A Lumen Gentium deixa bem claro que: “A única Igreja de Cristo ... é aquela que nosso Salvador, depois da sua Ressurreição, entregou a Pedro para apascentar e confiou a ele e aos demais Apóstolos para propaga-la e regê-la... Esta Igreja, constituída e organizada neste mundo como uma sociedade, subsiste na Igreja Católica governada pelo sucessor de Pedro e pelos bispos em comunhão com ele” (LG, 8). Diz ainda o decreto do Concílio sobre o Ecumenismo: “Pois somente através da Igreja católica de Cristo, auxílio geral de salvação, pode ser atingida toda a plenitude dos meios de salvação. Cremos que o Senhor confiou todos os bens do Novo Testamento ao único Colégio Apostólico, de que Pedro é o chefe, a fim de constituir na terra um só Corpo de Cristo, ao qual é necessário que se incorporem plenamente todos os que, de alguma forma, já pertencem ao Povo de Deus” (UR,3). A unidade da Igreja se revela também por vários fatores: doutrina, liturgia, governo, sucessão apostólica, etc. A Igreja possui uma única doutrina, um único Credo, a profissão de uma única fé recebida dos Apóstolos. Ninguém pode se dizer católico se não crê nessas verdades da fé. Especialmente hoje, com o novo Catecismo aprovado pelo Papa em 1992, ficou ainda mais claro e visível para a Igreja no mundo todo, a mesma doutrina, tanto em termos dos dogmas quanto da moral. A celebração litúrgica, sobretudo dos sacramentos, é outro ponto forte de unidade da Igreja. Em qualquer parte do planeta vivemos o mesmo Calendário Litúrgico, a mesma Missa, as mesmas festas litúrgicas, com pequenas variações. Outro fator de unidade é a sagrada hierarquia implantada por Jesus. A sucessão apostólica, através do Sacramento da Ordem, garante a ordem fraterna na Igreja e é a salvaguarda da unidade. O principal fator, a ´pedra da unidade´. Igreja Santa O santo Concílio Vaticano II disse que: “Igreja... é, aos olhos da fé, indefectivelmente santa. Pois Cristo, Filho de Deus, que com o Pai e o Espírito Santo é proclamado o único Santo, amou a Igreja como Esposa. Por ela se entregou com o fim de santifica-la. Uniu-a a si como seu corpo e cumulou-a com o dom do Espírito Santo, para a glória de Deus” (LG 39). É por isso que ela é chamada de “o Povo santo de Deus” (LG 12). A Igreja é o corpo de Cristo e é santificada por Ele mesmo; e, por Ele e n’Ele torna-se santificante. O Concílio nos ensina que todas as obras da Igreja tendem para a “santificação dos homens em Cristo e a glorificação de Deus” (SC,10), porque na Igreja está depositada “a plenitude dos meios da salvação” (UR,3). É, portanto na Igreja, que “adquirimos a santidade pela graça de Deus” (LG,48). Foi à Igreja que o Senhor confiou todos os meios de santificação, que de modo especial se encontram nos sacramentos. O Concílio afirma: “De fato, a Igreja possui já na terra uma santidade verdadeira, embora imperfeita” (LG,48). Mesmo que os membros da Igreja sejam pecadores, ela é santa, pois é o Corpo de Cristo, animado pelo Espírito Santo. Os seus membros ainda lutam para adquirir a santidade perfeita, que é a vocação de todos. Na profissão de fé solene, “O Credo do Povo de Deus”, o Papa Paulo V diz: “A Igreja é santa, mesmo compreendendo pecadores no seu seio, pois não possui outra vida senão a da graça: é vivendo da sua vida que seus membros se santificam; é subtraindo-se à vida dela que caem nos pecados e nas desordens que impedem a irradiação da santidade dela. É por isso que ela sofre e faz penitência por essas faltas, das quais tem o poder de curar seus filhos, pelo sangue de Cristo e pelo dom do Espírito Santo´ (Nº 19). Nesta mesma linha de pensamento, o Catecismo da Igreja afirma que: “Todos os membros da Igreja, inclusive os ministros, devem reconhecer-se pecadores” (Nº 827). Isto por causa da palavra de Deus que nos diz : “Se dizemos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós. Se reconhecemos os nossos pecados, (Deus aí está) fiel e justo para nos perdoar os pecados e para nos purificar de toda iniquidade, se pensamos não ter pecado, nós o declaramos mentiroso e a sua palavra não está em nós” (1 Jo 1,8-10). Enfim, podemos dizer que a Igreja é Santa; e esta santidade não provém dos homens, mas do próprio Cristo que nela está, de modo permanente, como Cabeça. E todo cristão, pelo batismo, é inserido pelo Espírito Santo em Cristo, fazendo-o participar dessa santidade ontológica; isto é, do próprio Ser de Cristo. No século XVI houve o forte espírito renascentista, que também abalou a vida da Igreja, trazendo para dentro dela uma tendência liberal e relativista que promoveu de certa forma a reforma protestante. É por isso que os protestantes afirmam que ´a Igreja há de ser sempre reformada´, e então, cada reformador protestante começa uma ´nova Igreja´ independente das demais. Foram milhares, de reformadores em quase cinco séculos de protestantismo, esfacelando-o cada vez mais e diluindo a doutrina da fé. Igreja Católica A palavra católico vem do grego ´catholikón´, que quer dizer ´geral´, ´universal´, em sentido contrário a ´particular´. Desde a sua origem a Igreja fundada por Jesus, sobre Pedro e os Apóstolos, é universal, católica. Foi este desejo do Senhor, quando enviou os seus apóstolos a todos os povos: ´Ide, pois e ensinai a todas as nações...´ (Mt 28,19). ´Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura´ (Mc 16,16). A catolicidade da Igreja tem vários aspectos: Geográfico e antropológico. É o aspecto externo, e que significa a abertura para todos os homens e mulheres de todos os tempos e lugares da terra. Pessoal, ontológico. Significa que a Igreja é a depositária de toda a Verdade revelada pela Bíblia (escrita), e pela Tradição (oral); e recebeu de Cristo a “plenitude dos meios da Salvação”, como enfatizou o decreto do Concílio último sobre o Ecumenismo (UR, 3). Deus deu à sua Igreja um caráter universal porque “quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade” (2Tm 2,1-5). Essa verdade que salva foi confiada à Igreja por Jesus, para ser levada a todos os homens. O Pai quis e quer o Cristo e a Igreja como “sacramento universal da salvação”. Cristo é o Salvador único de todos os homens e a Igreja é o Seu Corpo prolongado na humanidade, para salva-la. São Pedro disse aos judeus: “Em nenhum outro há salvação, porque debaixo do céu nenhum outro nome foi dado aos homens pelo qual devemos ser salvos” (At 4,12). “Porque aprouve a Deus fazer habitar nele toda a plenitude e por seu intermédio reconciliar consigo todas as criaturas, por intermédio daquele que, ao preço do próprio sangue na cruz, restabeleceu a paz a tudo quanto existe na terra e nos céus” (Col 1,19-20). Através da Igreja, Cristo, Cabeça, leva a salvação a todos. “Ele é a cabeça do corpo, da Igreja” (Col 1,17). “E sujeitou a seus pés todas as coisas, e o constituiu chefe supremo da Igreja, que é o seu corpo, o receptáculo daquele que enche todas as coisas sob todos os aspectos” (Ef 1,23). Sabemos que o desígnio de Deus é “recapitular todas as coisas em Cristo” (Ef 1,10), restaurando e reunindo tudo sob a sua autoridade, para reconduzir o mundo a Si. Para cumprir esse desígnio a Igreja abraça todas as dimensões da pessoa humana: ciência, técnica, trabalho, cultura, a fim de santifica-las, impregnando-as com o Evangelho e com a vida de Cristo. Este é um outro aspecto da catolicidade da Igreja, que as seitas não possuem, por não estarem abertas a todos os legítimos valores humanos. Elas são fechadas sobre si mesmas e desprezam muitos desses valores. A catolicidade (universalidade) da Igreja tem como conseqüências a tarefa missionária e o ecumenismo. Cristo mandou que a Igreja pregasse o Evangelho a todos os homens (Mt 28,18-20). Cada cristão é responsável por essa missão que é da Igreja toda (LG nº 17; AG nº 23). A missão da Igreja é transformar a humanidade toda “em Povo de Deus, Corpo do Senhor e Templo do Espírito Santo, para que em Cristo, Cabeça de todos, seja dada ao Pai e Criador do universo toda a honra e toda a glória” (LG, 17). Igreja Apostólica O que garantiu a unidade da Igreja católica e sua continuidade até hoje, de maneira ininterrupta, conservando intacto o “depósito da fé”, que recebeu do Senhor, é a sua apostolicidade; isto é, a sucessão apostólica. Muito cedo a Igreja tomou consciência de que a sua “identidade e missão” estava ligada ao colégio dos Doze Apóstolos, e seus sucessores, os bispos. Quando nos primeiros séculos surgia uma doutrina nova, às vezes uma heresia, o critério do discernimento era o da apostolicidade: ´esta doutrina está de acordo com o que ensinaram os Apóstolos?´ Está em conformidade com o que ensina a Igreja de Roma, onde foram martirizados Pedro e Paulo? Essas eram as perguntas mais importantes para se chegar ao discernimento. Isto porque os Apóstolos foram as testemunhas oculares do Senhor e dEle receberam diretamente tudo o que Ele ensinou e realizou para a salvação da humanidade. Os Bispos da Igreja,embora não tenham sido testemunhas diretas da ressurreição de Jesus, no entanto, pela “sucessão apostólica”, participam do Colégio dos Apóstolos. Cada Bispo, individualmente, não tem o carisma da infalibilidade, apenas o Bispo de Roma, o Papa, e o Colégio dos Bispos que sucede o Colégio dos Doze Apóstolos. Essa infalibilidade, que na maioria das vezes o Colégio dos Bispos exerceu nos 21 Concílios universais que a Igreja já realizou, se limita à definição de assuntos de fé e de moral. Ao Colégio dos Doze, Jesus disse: “Em verdade eu vos digo: tudo o que ligares na terra será ligado no céu, e tudo o que desligares na terra será desligado no céu” (Mt 18,18). É com esta autoridade, recebida diretamente de Jesus, que o Colégio episcopal se reúne em Concílios e Sínodos para “ligar na terra” o que é para o bem e a salvação dos fiéis. Para que a transmissão da Boa Nova chegasse então aos confins da terra e dos tempos, os Apóstolos foram preparando os pastores das comunidades, seus sucessores. Vejamos alguns casos: São Paulo deixa Timóteo como Bispo de Éfeso: “Torno a lembrar-te a recomendação que te dei, quando parti para a Macedônia: devias permanecer em Éfeso para impedir que certas pessoas andassem a ensinar doutrinas extravagantes” (1Tm 1,3). A principal preocupação de Paulo é com a “sã doutrina” (v.10) que Timóteo deve garantir na comunidade. Essa continua a ser a principal missão do bispo também hoje na Igreja, além de ser para o seu rebanho o pai espiritual e a pedra viva da unidade. “Por esse motivo eu te exorto a reavivar a chama do dom de Deus que recebeste pela imposição das minhas mãos” (2Tm 1,6). Aqui vemos a ordenação de Timóteo pela imposição das mãos de São Paulo. Até hoje a Igreja repete esse gesto na ordenação dos sacerdotes e bispos, e assim garante a sucessão apostólica. Paulo Também escolheu Tito para bispo de Creta: “Eu te deixei em Creta para acabares de organizar tudo e estabeleceres anciãos (sacerdotes) em cada cidade, de acordo com as normas que te tracei” (Tt 1,5). Essa passagem mostra que os Apóstolos iam definindo as normas da Igreja, que foram formando a sagrada Tradição Apostólica, tão importante e legitima quanto a própria Bíblia. Para a comunidade de Filipos, São Paulo envia Epafrodito: “Julguei necessário enviar-vos nosso irmão Epafrodito, meu companheiro de labor e de lutas...” (Fil 2,25). O autor da Carta aos Hebreus, provavelmente algum dos discípulos de S. Paulo, recomenda os fiéis aos seus dirigentes: “Sede submissos e obedecei aos que vos guiam (pois eles velam por vossas almas e delas devem dar contas)” (Hb 13,17). Nos Atos dos Apóstolos, vemos São Paulo despedindo-se emocionado dos anciãos de Éfeso (“não tornareis a ver minha face”) e recomenda-lhes o rebanho, como sua grande preocupação: : “Cuidai de vós mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastorear a Igreja de Deus, que Ele adquiriu com o seu próprio sangue. Sei que depois de minha partida se introduzirão entre vós os lobos cruéis, que não pouparão o rebanho” (At 20,28). Todas essas passagens mostram abundantemente que os bispos foram escolhidos pelos próprios Apóstolos, “constituídos pelo Espírito Santo”(At 20,28), para governar a Igreja. Nas cartas de Santo Inácio de Antioquia, falecido no ano 107, já encontramos a organização atual da Igreja. Vemos ali um Bispo residente em cada diocese e respondendo por essa parte do rebanho do Senhor. “Segui ao bispo, vós todos, como Jesus Cristo ao Pai. Segui ao presbítero como aos apóstolos. Respeitai os diáconos como ao preceito de Deus. Ninguém ouse fazer sem o bispo coisa alguma concernente à Igreja. Como válida só se tenha a eucaristia celebrada sob a presidência do bispo ou de um delegado seu. A comunidade se reúne onde estiver o bispo e onde está Jesus Cristo está a Igreja católica. Sem a união do bispo não é lícito batizar nem celebrar a eucaristia; só o que tiver a sua aprovação será do agrado de Deus e assim será firme e seguro o que fizerdes”. (Antologia dos Santos Padres, Ed. Paulinas, Pág. 44, 3ª ed. 1979, pág. 43). Esse testemunho do primeiro século da Igreja mostra bem a sucessão apostólica e a importância do bispo. Já no primeiro século vêse que sem o bispo, ordenado pelos apóstolos, ou um delegado seu, não se pode celebrar a eucaristia. No combate aos hereges gnósticos do seu tempo, Santo Ireneu (†202), no primeiro século, dizia: “Ora, todos esses hereges são de muito posteriores aos bispos, aos quais os Apóstolos entregaram as Igrejas [particulares]...Necessariamente, pois, tais hereges, cegos para a verdade, mudam sempre de direção e disseminam as doutrinas de modo discordante e incoerente. Ao contrário, o caminho dos que pertencem à Igreja cerca o universo inteiro e, possuindo a firme tradição dos apóstolos, faz-nos ver que todos possuímos a mesma fé” (Contra as Heresias). Alguns elementos são necessários para que o Bispo seja legítimo sucessor dos Apóstolos: A sucessão apostólica, comunhão de fé e de tarefas com os demais bispos e com toda a Igreja, e principalmente submissão e obediência ao Papa. 2. Seja escolhido pelo Papa e ordenado por Bispos legítimos da Igreja. 3. Conserve intacta a doutrina transmitida desde o tempo dos Apóstolos. Em todos os tempos da história da Igreja as comunidades heréticas e cismáticas procuraram imitar as aparências da sucessão apostólica, tentando enganar o povo. É o caso, por exemplo, das “Igrejas Católicas Apostólicas Brasileiras”, derivada de D. Carlo Duarte, exBispo de Maura, mas que não guarda a comunhão com a Igreja católica. Outro exemplo é o dos Bispos “patriotas” que foram instituídos por governos comunistas e sagrados por um bispo “colaboracionista”. Não estão na sucessão apostólica, pois romperam com o Papa. Assim são também os “bispos” da igreja anglicana, da igreja universal do reino de Deus, etc... Os protestantes perderam a sucessão apostólica porque romperam com a Igreja dos Apóstolos e seus sucessores. A encarnação do Verbo é uma realidade histórica que se prolonga através da Igreja e da sucessão apostólica. Jesus disse claro aos Apóstolos: “Estarei convosco até a consumação dos séculos” (Mt 28,20). Os Santos Padres da Igreja diziam: “UbiPetrus, ibiEcclesia; ubiEcclesia, ibiChristus” (Onde está Pedro está a Igreja, onde está a Igreja está Jesus Cristo”. Santo Ireneu (140-202) escreveu que: “Onde está a Igreja aí está o Espírito Santo, e onde está o Espírito Santo de Deus, aí estão a Igreja e o tesouro de todas as graças, porque o Espírito é a verdade”. Santo Agostinho (354´430) confirmava dizendo: “Onde está a Igreja aí está o Espírito de Deus. Na medida que alguém ama a Igreja é que possui o Espírito Santo”. “Fazei-vos Corpo de Cristo se quereis viver do Espírito de Cristo. Somente o Corpo de Cristo vive do seu Espírito”. São João Crisóstomo (350-407) mandava: “Não te afaste da Igreja: Nada é mais forte do que ela. Ela é a tua esperança, o teu refúgio. Ela é mais alta que o céu e mais vasta que a terra. Ela nunca envelhece”. Santo Hipólito (160 ´ 235) também dizia: “A Igreja é o local onde floresce o Espírito”. São Justino (†165) dizia que: “O mundo foi criado em vista da Igreja”. O que Santo Epifânio (+403) confirmava: “A Igreja é a finalidade de todas as coisas”. São Cipriano (†258), bispo de Cartago no norte da África dizia: “A Esposa de Cristo não pode adulterar, é fiel e casta. Aquele que se separa dela saiba que se junta com uma adúltera, e que as promessas da Igreja já não o alcança. Aquele que abandona a Igreja não espere que Jesus Cristo o recompense, é um estranho, um proscrito, um inimigo”. Deus Pai disse a Santa Catarina de Sena, nos “Diálogos”: “Foi na dispensa da hierarquia eclesiástica que eu guardei o Corpo e o Sangue do meu Filho”. Foi no seio da Igreja hierárquica que o Senhor depositou o seu mais precioso tesouro. E a mesma Santa disse certa vez: “Tenham a certeza de que quando eu morrer, a única causa de minha morte será meu amor pela Igreja”. A outra doutora da Igreja, Santa Teresa de Ávila (1515´1591) dizia: ´Eu sou filha da Igreja !´ “Em tudo me sujeito ao que professa a Santa Igreja Católica Romana, em cuja fé vivo, afirmo viver e prometo viver e morrer”. Hoje temos um novo Catecismo aprovado pelos Bispos do mundo inteiro e pelo próprio Papa, em 11 de outubro de 1992, e ninguém pode ensinar nada que não esteja em consonância com ele. Quando o Papa aprovou o Catecismo e apresentou-o através da Constituição Apostólica ´FideiDepósitum´ (O Depósito da Fé), disse que ele é: “uma exposição da fé da Igreja e da doutrina católica”... “texto de referência seguro e autêntico, para o ensino da doutrina católica”... “oferecido a todo homem... que queira conhecer aquilo em que a Igreja Católica crê”. E o Papa nos pede que o Catecismo seja usado por todos, Pastores e fiéis: “Peço, portanto aos Pastores da Igreja e aos fiéis que acolham este Catecismo em espírito de comunhão, e que o usem assiduamente ao cumprirem a missão de anunciar a fé...”(FD). Igreja Infalível Como a Igreja foi fundada por Jesus para levar os homens à salvação, pelo ´conhecimento da verdade´ (1 Tm 3,15), então, o Senhor garantiu a ela a infalibilidade naquilo, e só naquilo, que se refere à salvação dos fiéis; isto é, nos ensinamentos doutrinários. Assim, a mensagem do Evangelho não ficaria à mercê da manipulação dos homens, como sempre se tentou na história da Igreja. Sem a garantia da infalibilidade para o Magistério da Igreja, podemos dizer que teria sido inútil a Revelação Divina, pois ela seria deteriorada ao chegar até nós, e não teria a força da salvação. O Papa João Paulo II ao apresentar o novo Catecismo disse: “Guardar o depósito da fé é a missão que o Senhor confiou à Sua Igreja e que ela cumpre em todos os tempos” (FD, introdução). Esta é portanto ´a missão´ sagrada que a Igreja recebeu do Senhor: ´guardar o depósito da fé´, intacto; e isto a Igreja sempre fez e faz. É com esta finalidade que a Santa Sé possui a Sagrada Congregação Para a Doutrina da Fé, encarregada de zelar pela pureza da doutrina em todo o mundo católico É sobretudo nos Concílios que a Igreja exerce a sua infalibilidade em matéria de fé e de moral. Não se conhece na história da Igreja (de 2000 anos!) uma verdade da fé que um dos Concílios, legítimos, tenha ensinado e que outro tenha revogado. Essa ocorrência doutrinária é uma prova da infalibilidade, já que o Espírito Santo, o grande Mestre da Igreja, não se contradiz. Ele não pode revelar à Igreja uma verdade hoje, que seja diferente, na essência, daquilo que Ele revelou ontem. Essa mesma grande promessa que Ele já tinha feito a Pedro, como Cabeça visível da Igreja (cfMt 16,18), estende para todo o Colégio Apostólico unido e submisso a Pedro. E ainda mais, Jesus disse aos Apóstolos: “Quem vos ouve, a Mim ouve, e quem vos rejeita, a Mim rejeita, e quem Me rejeita, rejeita Aquele que Me enviou” (Lc 10,16). Depois dessa promessa, como não entender a infalibilidade da Igreja? Jesus garante que a palavra da Igreja é a Sua palavra. Quem rejeita o ensinamento dos Apóstolos, rejeita o próprio Senhor e o Pai que o enviou. Isto é muitíssimo sério. Rejeitar o que ensina a Igreja é rejeitar o que Jesus ensina, é rejeitar o que o Pai ensina; é rejeitar Jesus e o Pai. CREDO NICENOCONSTANTINOPOLITANO Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso, Criador do Céu e da Terra, De todas as coisas visíveis e invisíveis. Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigénito de Deus, Nascido do Pai antes de todos os séculos: Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro; Gerado, não criado, consubstancial ao Pai. Por Ele todas as coisas foram feitas. E por nós, homens, e para nossa salvação Desceu dos Céus. E encarnou pelo Espírito Santo, No seio da Virgem Maria. E se fez homem. Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos; Padeceu e foi sepultado. Ressuscitou ao terceiro dia, Conforme as Escrituras; E subiu aos Céus, Onde está sentado à direita do Pai. De novo há-de vir em sua glória Para julgar os vivos e os mortos; E o seu Reino não terá fim. Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida, E procede do Pai e do Filho; E com o Pai e o Filho É adorado e glorificado: Ele que falou pelos Profetas. Creio na Igreja una, santa, católica e apostólica. Professo um só batismo para a remissão dos pecados. E espero a ressurreição dos mortos E vida do mundo que há-de vir. Amém.'